Capítulo Dois

Jack Collins

Ela não parece ser uma mulher comum, não imaginava que no primeiro dia que eu chegasse ao Brasil, já encontraria alguém que entende a minha língua  e que ela seria uma mulher, que forma peculiar e abrupta de conhecer uma mulher.

—Senhor Collins?—ouço o meu assistente me chamando e então olho para ele.

—Connor ,qual a probabilidade de um americano conhecer uma brasileira que entende o que ele diz e ainda ela ser atraente?

—Senhor, eu preciso responder mesmo? Achei que a sua vinda ao Brasil foi por causa da beleza e inteligência das mulheres deste país—Certamente o Connor tinha razão, mas não esperava encontrar tão rápido uma mulher que estimulasse os meus desejos primitivos e ocultos.

Fico de longe a observando, seus cabelos cacheados, seu corpo, a pele dela, começo a imaginar cenas e algumas ações que desejo fazer com ela ,talvez por eu ser um escritor, seja tão fácil imaginar o que eu faria se essa mulher fosse minha por um tempo, mas há um pequeno detalhe nela que percebo, então desvio o meu olhar e saio do banco com o Connor segurando todos os documentos e olhando para mim, sem entender nada.

—Senhor Collins, há algo que eu possa fazer? Já escolheu de quantos meses será o contrato com a mansão que escolheu passar sua temporada de pesquisa de campo aqui no Brasil?

Connor sabia que tipo de pesquisa eu costumava fazer, ele era um homem inteligente e por isso trabalhava para mim a pouco mais de oito anos, foi o único que mesmo sabendo de todos meus segredos, jamais questionou a forma como eu lido com tudo que faço ou desejo.

—Se você conseguir fazer uma máquina do tempo , para que uma mulher casada, volte a ser solteira e nunca tenha conhecido o esposo, para que ela seja a minha submissa, eu posso lhe responder a sua pergunta de quanto tempo irei fazer o contrato, caso contrário, só posso lhe dar uma resposta, para sua pergunta, quando eu encontrar alguma outra mulher.

Ele fica em silêncio e eu entro no carro, Connor dirige e logo penso naquele maldito defeito que aquela mulher tinha, ter em meus pensamentos, uma mulher que usa aliança, vai contra todos os meus princípios, apesar de que não tenho limites para nada do que eu quero, meus instintos são os piores, não amo, não sinto paixão, tudo para mim se resume a prazer e a como me sinto quando escrevo ou pratico o BDSM, com a minha submissa da vez, já estive com muitas mulheres lindas e nenhuma delas me fez sentir algo além do prazer, talvez a minha mãe tenha razão, dentro do meu coração há uma cidade inteira de gelo, onde ninguém é capaz de suportar o meu lado frio e arrogante.

Desde que meu irmão Joseph tornou-se pai, minha mãe parou de se importar comigo, ela está muito ocupada ajudando na criação do seu  neto que nasceu órfão de mãe, meu irmão tem uma uma parcela de culpa por meu coração ser frio como gelo, ver ele sofrendo com a morte da mulher que amou de forma única, que jamais ousei amar, me fez perceber que as minhas escolhas são as mais viáveis e fáceis de lidar.

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Emma Soares

Enquanto isso no banco...

—Senhor, acho que está enganado, será que poderia chamar o gerente? Não quero ofendê-lo, é que não tem como a conta estar zerada, não fiz saque nenhum, esse cartão também, sempre ficou em casa.

—Senhora Emma, trabalho neste banco a mais de dez anos, entendo que está nervosa, mas a conta que a senhora abriu anos atrás, está zerada, o que eu posso fazer por você é ver quando o saque  foi feito e quem teve acesso ao dinheiro, isso se a pessoa sacou o valor uma única vez—ele falou, enquanto digitava no computador, porém tudo o que só conseguia pensar era no Rick, ele era a única pessoa que sabia sobre a poupança que eu fiz para a minha irmã.

Naquele momento tudo o que eu precisava era acordar do pesadelo, Rick não só está me traindo, como também retirou todo valor que eu guardei por anos, algo que minha irmã se esforçou e eu trabalhei para que ela tivesse condições de se manter no curso que tanto sonhou em fazer, dentro de mim, cada gota de sangue que percorre pelas minhas veias, pareciam estar queimando, não sabia como ia olhar para minha irmã, como eu diria

a ela que todo dinheiro que ao longo dos anos ela me deu para guardar, agora não existem mais.

—Senhora Emma, consta no sistema vários saques, ao longo de dois anos, tem certeza que ninguém mais teve acesso a esse cartão?—ele me perguntou, eu apenas me levantei e agradeci a ele.

Sai do banco e fui direto para casa, peguei cada peça de roupa do Rick e coloquei nas malas, após terminar, sentei no chão da sala e chorei, respirei fundo após duas horas pensando em tudo que eu poderia vender, tentando encontrar uma solução, peguei três relógios que ele tinha ganhando do chefe, mas agora tinha certeza que não foi presente de outro homem, mas da amante dele, guardei os três e em seguida lavei meu rosto e fiquei esperando ele chegar do trabalho.

Continua...

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