Grávida de um mafioso
Grávida de um mafioso
Por: Kelly romântica
Destino Selado

Capítulo 1: Destino Selado

Júlia

A chuva caía incessantemente sobre Palermo, e cada gota parecia ecoar o peso do meu destino. Eu observava a cidade através da janela do quarto de hotel, a água escorrendo pelo vidro como lágrimas silenciosas. Lá fora, a vida seguia seu curso, indiferente ao turbilhão dentro de mim. Meu coração batia descompassado, cada pulsação um lembrete da escolha que nunca tive.

Escolhida desde o ventre de minha mãe, destinada a me casar com um mafioso, Mateus. O filho de um poderoso capo. A ideia sempre me pareceu absurda, um pesadelo distante, até que o dia chegou. E agora, estava aqui, prestes a me unir a um homem que mal conhecia.

Meu reflexo no espelho me encarava com olhos tristes. Os longos cabelos escuros caíam sobre os ombros, contrastando com a brancura do vestido de noiva que me aprisionava. Respirei fundo, tentando encontrar algum resquício de força dentro de mim.

Uma batida na porta me trouxe de volta à realidade. Abri-a para encontrar meu segurança, um homem de expressão dura, mas com olhos que escondiam uma gentileza rara.

— Está pronta, senhorita Júlia? — perguntou ele, sua voz grave carregando um peso que eu conhecia bem.

Assenti, mesmo sabendo que minha resposta não importava. O destino já estava selado. Caminhei até a porta, mas antes de sair, virei-me para ele, buscando algum conforto em sua presença familiar.

— Você estará lá, certo? — Minha voz saiu mais fraca do que eu pretendia.

Ele acenou com a cabeça. — Sempre.

Desci as escadas com um nó na garganta, o som dos meus passos ecoando pelo corredor vazio. Quando entrei no salão principal, a visão me atingiu com força. A cerimônia estava prestes a começar. Os convidados, todos rostos desconhecidos, murmuravam entre si, suas vozes um zumbido indistinto em meus ouvidos. No altar, Mateus esperava. Ele era alto e imponente, com uma presença que dominava o ambiente. Seus olhos verdes estavam fixos em mim, observando cada movimento.

Ao chegar ao altar, parei ao lado dele, sentindo a intensidade de seu olhar. Eu esperava encontrar frieza, mas havia algo mais ali. Curiosidade, talvez até um toque de gentileza. A cerimônia começou, mas minhas mãos estavam trêmulas. Os votos foram trocados, os anéis colocados, e então, o momento chegou. Ele se inclinou e me beijou. Foi um beijo suave, respeitoso, muito diferente do que eu esperava. Talvez houvesse esperança, afinal.

A recepção foi um borrão de rostos e palavras. Tentei sorrir e conversar educadamente, mas meu coração estava pesado. A cada passo, sentia o olhar de Mateus sobre mim. Ele se aproximou várias vezes, tentando me confortar com palavras gentis, mas nada podia aliviar o peso em meu peito.

Finalmente, a noite chegou ao fim. Fui levada para a suíte nupcial, cada passo uma tortura. Sentei-me na cama, olhando para o reflexo no espelho. Desta vez, havia algo diferente em meus olhos. Determinação. Tomei uma decisão. Não sabia o que o futuro reservava, mas naquela noite, eu escolheria meu próprio destino.

Mateus entrou no quarto, fechando a porta suavemente. Ele caminhou até mim e sentou-se ao meu lado na cama. Havia uma suavidade em seus olhos que me surpreendeu.

— Júlia, eu sei que tudo isso é difícil para você — disse ele, segurando minha mão com delicadeza. — Mas eu prometo que não vou tomar nada que você não queira dar.

Suas palavras eram tranquilizadoras, mas não dissiparam todas as minhas dúvidas. Ainda assim, naquele momento, vi um vislumbre de humanidade nele. E isso foi suficiente para que eu tomasse minha decisão. Inclinei-me para frente e nossos lábios se encontraram em um beijo que selava não apenas um pacto, mas uma esperança de algo mais.

Naquela noite, sob a luz suave da lua que se infiltrava pelas janelas, consumamos nosso casamento. 

Quando o sol finalmente começou a surgir no horizonte, sabia que meu destino estava irrevogavelmente entrelaçado com o de Mateus. E, apesar de tudo, uma pequena faísca de esperança acendeu-se em meu coração.

Mas a manhã trouxe mais do que apenas a luz do dia. Traria desafios, perigos e uma escolha: lutar por um novo futuro ou fugir de um destino que nunca desejei.

Será que terei forças para enfrentar o futuro que me espera ao lado de Mateus?

Mateus

O dia do meu casamento começou como qualquer outro na minha vida. Sujo de sangue. No início da manhã, recebi a ordem do meu pai, Francisco, o capo dos capos. Um traidor precisava ser eliminado. Não havia tempo para hesitações. A lealdade era tudo na nossa família, e a traição era uma ofensa que exigia uma resposta rápida e implacável.

Lembro-me de cada detalhe daquele encontro. O homem, aterrorizado, implorando por sua vida. O som abafado dos tiros. E depois, o silêncio ensurdecedor. Saí de lá com o sangue dele manchando minhas mãos e minhas roupas. Eu deveria ter sentido alguma coisa. Culpa, arrependimento. Mas tudo o que senti foi a urgência do tempo. Tinha poucas horas até meu casamento, e precisava me limpar.

Ao chegar ao hotel, subi direto para o quarto que meu pai havia reservado. A água quente do chuveiro lavou o sangue, mas não a sensação de que aquele dia marcaria uma mudança irrevogável na minha vida. Me vesti rapidamente, ajustando o terno, tentando ignorar as manchas invisíveis que ainda pareciam cobrir minha pele. O relógio continuava a marcar os minutos, cada segundo me aproximando de um destino que eu não escolhera, mas que estava determinado a enfrentar.

Quando finalmente desci para o salão, avistei Júlia pela primeira vez. Ela estava no final do corredor, esperando. Seus longos cabelos escuros caíam em cascata sobre os ombros, os olhos refletindo uma mistura de medo e determinação que me deixou sem palavras. Naquele momento, senti algo que nunca havia sentido antes. Um encantamento instantâneo, uma conexão inexplicável.

Ela caminhou em minha direção, e cada passo parecia eternizar aquele momento. Quando nossos olhos se encontraram, soube que minha vida mudaria para sempre. Ela era linda, sim, mas havia algo mais. Uma força silenciosa que me atraía irresistivelmente.

A cerimônia começou, e enquanto trocávamos nossos votos, não conseguia desviar o olhar dela. Suas mãos estavam trêmulas quando colocamos os anéis, mas seus olhos, embora assustados, mostravam uma determinação que admirei profundamente. Quando me inclinei para beijá-la, fiz uma promessa silenciosa a mim mesmo: faria de tudo para torná-la feliz, para protegê-la do mundo sombrio que conhecia tão bem.

A recepção foi um turbilhão de formalidades, mas consegui roubar momentos para observá-la. Cada sorriso forçado, cada risada tensa, tudo me fazia querer conhecê-la melhor, entender seus medos e esperanças. A noite finalmente chegou ao fim, e a levei até a suíte nupcial. Meu coração estava pesado com a responsabilidade que havia assumido.

No quarto, a tensão entre nós era palpável. Eu sabia que ela estava assustada, que essa união era algo imposto a ela tanto quanto a mim. Sentei-me ao seu lado na cama, segurando sua mão com cuidado. Precisava que ela soubesse que, apesar das circunstâncias, eu respeitaria seus limites.

— Júlia, eu sei que tudo isso é difícil para você — disse, tentando transmitir a sinceridade de minhas palavras. — Mas eu prometo que não vou tomar nada que você não queira dar.

Ela me olhou, e pela primeira vez, vi uma pequena faísca de confiança em seus olhos. Nossos lábios se encontraram, e naquele beijo, tentei transmitir todo o respeito e cuidado que sentia por ela.

Consumamos nosso casamento naquela noite, sob a luz suave da lua que se infiltrava pelas janelas. E, enquanto o sol surgia no horizonte, sabia que meu destino estava irrevogavelmente entrelaçado com o dela.

Acordei com a sensação de que minha vida tomaria um rumo inesperado. Sabia que seria um caminho cheio de desafios e perigos, mas também cheio de possibilidades. E enquanto observava Júlia dormir ao meu lado, silenciosamente prometi a mim mesmo que faria de tudo para protegê-la, mesmo que isso significasse enfrentar os fantasmas do meu próprio passado.

Será que conseguirei proteger Júlia dos perigos que a cercam e encontrar a felicidade que ambos merecemos?

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