Capítulo 5: O Medo Que Transforma
O som de vozes elevadas na sala ao lado me despertou de meu torpor noturno. Era tarde da noite, e a casa estava silenciosa, exceto pelo murmúrio intenso e preocupado que vinha do escritório do meu sogro. A curiosidade me impulsionou a me aproximar da porta, movendo-me em silêncio para não ser notada. Encostei-me à porta entreaberta, a respiração lenta e o coração acelerado.
— O que você quer dizer com "Mateus desapareceu"? — a voz de meu sogro, Francisco, era uma mistura de raiva e desespero.
— Não temos confirmação, mas os rumores são sólidos. Ele foi capturado por um dos Moretti, lá no Norte. — A voz de um dos homens de confiança de Francisco estava tensa, carregada de uma preocupação que eu nunca havia ouvido antes.
Senti um frio intenso se espalhar pelo meu corpo. As palavras pareciam ecoar em minha mente, cada sílaba pesada como um golpe no estômago. Mateus havia sido sequestrado? O pânico tomou conta de mim, misturado com um sentimento de impotência. Eu havia sido afastada de tudo que conhecia e agora o homem com quem eu estava casada enfrentava um destino incerto.
— Temos que agir rapidamente, — continuou Francisco. — Não podemos deixar que isso se arraste. Mateus é fundamental para nossos negócios e, mais importante, é meu filho.
Tentando controlar o tumulto de emoções, me afastei silenciosamente da porta e me dirigi ao meu quarto, onde meu segurança, Marco, estava de plantão. Eu sabia que ele tinha acesso a informações importantes e podia oferecer um apoio crucial.
— Marco, — minha voz estava tremendo, e ele levantou a cabeça, surpreso ao me ver entrar. — Acabei de ouvir algo terrível. Meu marido foi capturado pelos Moretti.
Os olhos de Marco se alargaram com a revelação. Ele parecia estar processando a notícia, seu semblante mudando de surpresa para uma determinação fria e calculada.
— Acabei de receber a mesma informação — ele disse, seu tom grave e imperturbável. — Não podemos esperar que a situação piore. Temos que agir agora.
Olhando para ele, senti uma mistura de gratidão e desespero. Eu confiava em Marco mais do que em qualquer outra pessoa, e a ideia de trabalhar com ele para elaborar um plano de fuga trouxe um pequeno alívio em meio ao caos.
— O que vamos fazer? — perguntei, a ansiedade evidente na minha voz. — Se os Moretti descobrirem onde estou, podem fazer mal ao bebê. Não podemos permitir isso.
Marco olhou-me com uma intensidade que me fez sentir que ele estava decidindo cada palavra com cuidado.
— Precisamos sair daqui antes que eles saibam que você está aqui. Se for preciso, vamos criar uma distração. Já pensei em alguns caminhos alternativos que podem nos levar para fora da cidade sem levantar suspeitas.
Eu balancei a cabeça, absorvendo suas palavras. A situação era desesperadora, mas o plano de Marco me dava uma esperança tênue.
— O que você precisa que eu faça? — perguntei, decidida a seguir suas orientações para garantir minha segurança e a do bebê.
— Primeiro, você precisa se preparar para uma possível fuga. Vou tratar de criar uma distração, mas você precisa estar pronta para se mover rapidamente. — Marco fez uma pausa e olhou para mim com um semblante resoluto. — Confie em mim, Julia. Vamos encontrar uma forma de sair dessa situação e garantir a sua segurança.
Senti um frio na espinha ao imaginar o que os Moretti poderiam fazer se colocassem as mãos em mim. A cada minuto, a urgência da situação aumentava, e eu sabia que não havia tempo a perder. A sensação de ser caçada, de estar em perigo iminente, era esmagadora.
Enquanto começava a organizar as coisas, minha mente estava cheia de dúvidas e medos. O que aconteceria se fracassássemos? E o que aconteceria com Mateus, com a família e com o futuro que eu nunca quis, mas que agora parecia estar em perigo real?
À medida que a noite avançava, a realidade do meu mundo desmoronava ao meu redor. Eu tinha que lutar por mim, pelo bebê e pela minha própria sobrevivência. Seria possível escapar do destino cruel que parecia me perseguir?
Capítulo 6: A Fuga SilenciosaO peso do silêncio na casa me fez sentir que cada parede estava me observando. Eu sabia que precisava partir antes que fosse tarde demais. Não tive coragem de me despedir de ninguém, principalmente de minha mãe. Ela estava tão envolvida com a sua própria agitação, com a vida que eu havia deixado para trás, que a ideia de dizer adeus parecia insuportável.Após me certificar de que tudo estava pronto, esperei o momento certo e, com a noite caindo, deixei a casa sem fazer barulho. Marco me esperava com o carro, e a cada passo que dava, meu coração batia mais rápido, pulsando com uma mistura de medo e alívio. A estrada à frente parecia interminável, mas eu não podia parar.Cheguei ao hotel em uma cidade distante, onde a familiaridade das ruas era substituída pela estranheza do novo ambiente. O edifício era discreto, mas confortável. Ao entrar no quarto, a solidão se fez presente de forma implacável. Eu não tinha Marco comigo e, embora soubesse que ele estava
Capítulo 7: Refugio e RevelaçõesA limusine deslizou silenciosamente pela estrada sinuosa que levava à casa de campo, e eu me permiti uma breve pausa para refletir sobre a última semana. O peso das últimas decisões estava ainda fresco na minha mente, e a realidade do que havia feito começava a se assentar com mais clareza.Quando meu sogro, Francisco, me encontrou em meu novo refúgio, o tom de sua voz era uma mistura de reprovação e alívio. Ele expressou sua desaprovação pela rapidez com que eu havia fugido, mas também parecia aliviado por eu ter tomado uma decisão tão drástica. O que ele não sabia era que minha fuga não foi apenas uma tentativa de escapar da situação imediata, mas também um esforço desesperado para proteger a mim mesma e ao bebê que ainda não havia revelado sua presença.Francisco entrou na limusine com uma expressão de autoridade e uma postura rígida que me fazia sentir como se estivesse constantemente sendo vigiada. Sua presença era imponente, e o silêncio que pair
Capítulo 8: O Capo AtacadoEstava a caminho de casa, com a mente imersa em pensamentos sobre como manter minha família e minha organização seguras. A viagem pelo centro da Itália, normalmente uma rotina tranquila, parecia estranhamente inquietante naquela tarde. Meu motorista, Lorenzo, um homem de confiança que esteve ao meu lado por anos, dirigia com a precisão de sempre, enquanto meus homens, atentos, mantinham a vigilância.A segurança era prioridade máxima. Em cada curva e em cada rua, meus olhos observavam os arredores, procurando qualquer sinal de perigo. Era uma vida de constante alerta, um fardo pesado, mas necessário. A tensão era quase palpável, mesmo que não houvesse uma ameaça visível.De repente, o silêncio foi quebrado pelo som ensurdecedor de explosões. O carro foi sacudido violentamente, e eu fui jogado para frente, meu corpo impactando o assento com força. Gritos de dor e surpresa ecoaram ao meu redor enquanto os veículos da escolta eram engolidos por chamas e destroç
Capítulo 9: Decisão ImpensadaA manhã estava incrivelmente silenciosa, um contraste absoluto com a tempestade de emoções que me assolava. Estava na sala de estar da casa de campo, tentando me distrair com a vista tranquila dos jardins, mas minha mente estava longe, perdida nas preocupações e incertezas. O telefone tocou, quebrando o silêncio e meu coração quase parou. Atendi rapidamente, sentindo uma onda de alívio e medo ao mesmo tempo.— Senhora Julia, temos notícias — disse um dos homens de confiança de Mateus. — O Capo Francisco foi libertado. Mas... precisamos falar sobre o motivo disso.O sangue deixou meu rosto. Francisco tinha sido libertado? Isso deveria ser uma boa notícia, mas o tom da voz do homem indicava que havia algo mais, algo muito sério.— Libertado? — perguntei, tentando manter a voz estável. — O que aconteceu?— Ele foi libertado pelo inimigo. Moretti. — O homem hesitou, claramente desconfortável. — O senhor Francisco não queria que a senhora soubesse, mas achamos
Capítulo 10: Um Encontro InesperadoJúliaMinha vida havia se tornado uma montanha-russa de emoções e segredos. Desde a captura de Mateus, e as tentativas frustradas de me comunicar com o tal Moretti, eu tentava manter a normalidade, mesmo sabendo que minha gravidez estava se tornando cada vez mais evidente. Decidi sair para fazer compras no shopping, uma tentativa de esquecer a realidade por algumas horas.Enquanto andava pelas lojas, avistei uma loja de roupas infantis e, sem pensar duas vezes, entrei. Escolhi um pequeno pagão, imaginando o nosso bebê usando aquela roupinha. Estava prestes a pagar quando senti uma presença atrás de mim.— Senhora Julia, acho melhor irmos embora agora — sussurrou Marco, meu segurança, visivelmente tenso.Antes que pudesse responder, uma voz fria e sarcástica interrompeu.— Pagão, hein? Planejando algo que seu marido desconhece?Virei-me devagar, encarando um homem alto e elegante. Seus olhos carregavam um brilho malicioso que me fez gelar.— Quem é v
Capítulo 11: A Jogada de MorettiMorettiO shopping estava lotado, um mar de rostos anônimos passando apressadamente de loja em loja. Meu olhar, porém, estava fixo em um alvo específico. Julia, a esposa de Mateus, estava comprando roupas de bebê. Um sorriso irônico se formou em meus lábios ao vê-la esconder a pequena peça de roupa em sua bolsa. A ironia do destino era inegável.Observava Julia de longe, vendo-a escolher um pagão. Quem diria que a esposa de Mateus estava grávida? Aproximar-me dela no shopping foi um movimento calculado. Precisava descobrir até que ponto ela sabia do que estava acontecendo.Aproximei-me silenciosamente, observando a tensão do homem de terno e gravata que a acompanhava sendo um servo fiel, aquela observância crescia cada vez que minha presença se fazia valer naquele antro. Ele olhou ao redor, procurando uma saída, mas eu já estava ali, bloqueando seu caminho.— Senhora Julia, acho melhor irmos embora agora — ouvi o segurança dela sussurrar.Aproveitei a
Capítulo 12: A Rendição de MorettiMorettiDepois do acordo, trouxe Mateus de volta para sua terra natal, a Itália.Os gemidos de dor de Mateus ecoavam pelas paredes do esconderijo subterrâneo em Palermo. Eu estava sentado em uma cadeira, observando-o com um sorriso cruel enquanto ele lutava contra as cordas que o imobilizavam. A cena era quase teatral: um mafioso endurecido, agora reduzido a uma pilha de fraqueza e sofrimento.— Olhe para você, Mateus — minha voz era uma mistura de ironia e desprezo. — Acha que ainda tem algum poder aqui?Mateus ergueu a cabeça, seus olhos inflamados de raiva e dor. Ele tentou gritar algo, mas a frustração apenas fez com que sua voz saísse como um sussurro impotente.— Recentemente, eu tive o prazer de encontrar sua esposa, Julia — continuei, minha expressão, uma máscara de falsa simpatia. — Ela estava passeando alegremente por uma loja, escolhendo roupas para o bebê.A expressão de Mateus mudou para um misto de confusão e raiva. Ele estava clarament
Capítulo 13: O Peso das DúvidasJúliaA volta de Mateus trouxe uma tempestade para minha vida. Eu havia deixado a casa de campo e levado comigo meu segurança pessoal, Marco. Mateus retornou com dúvidas que abalaram nosso relacionamento. Ele estava ferido, não apenas fisicamente, mas emocionalmente, e eu mal conseguia explicar o que me levou a guardar segredo sobre a gravidez.A tensão entre nós era palpável, e a mágoa nos olhos de Mateus me partia o coração. Eu queria explicar tudo, mas as palavras não saíam. Cada tentativa de diálogo se transformava em uma discussão amarga, e eu sentia que tudo estava desmoronando ao nosso redor.Uma noite, enquanto estávamos na sala, a atmosfera era pesada. Mateus estava sentado, com uma expressão fechada, enquanto eu tentava encontrar coragem para falar.— Mateus, nós precisamos conversar — comecei, a voz trêmula.Ele me olhou, os olhos cheios de dor e desconfiança.— Conversar sobre o quê, Julia? Sobre como você escondeu essa gravidez de mim? Ou s