Capítulo 95: A família está crescendoJúliaDez anos se passaram, mas o tempo parecia ter voado diante dos meus olhos. Cada detalhe da minha vida mudou tanto desde os dias sombrios ao lado de Hassan, até a morte dele e a ascensão de Mateus ao posto de chefe da cúpula. Agora, aqui estava eu, com mais uma surpresa da vida prestes a se confirmar.Estava no banheiro, sozinha, com um teste de gravidez nas mãos. Por mais que a experiência da maternidade não fosse nova para mim, a ansiedade e o nervosismo sempre voltavam com força total. Aquele instante entre aguardar o resultado e ver a resposta parecia uma eternidade.Do lado de fora, Ruan e Calisto, meus filhos pequenos, já grandinhos e cheios de energia, esperavam ansiosamente. Eles sabiam que eu estava desconfiando de algo há dias, e suas vozes abafadas ecoavam pela porta do banheiro enquanto tentavam controlar a curiosidade infantil.— Mãe, tá tudo bem aí? — Ruan perguntou, impaciente.— Já vai, querido, só mais um segundo.Finalmente,
Capítulo 96: Voltando para casaMarcoVoltava de Moscou, a cabeça cheia dos últimos dias. A missão, claro, não tinha terminado ainda, mas Mateus, meu cunhado, sempre sabia quando me dar um tempo pra respirar. E o que fiz com esse tempo livre? Dormi com a esposa de um dos inimigos mais importantes de Mateus. Uma senhora de meia-idade, casada há muito tempo, mas com um fogo nas ventas que eu não via há tempos.No fundo, ria sozinho enquanto ajeitava o volume da calça, ainda sentindo o cheiro dela em mim, a lembrança do corpo quente e disposto. Essa mulher... Tinha uma energia que contrastava com a idade, um desejo de viver que parecia mais intenso justamente porque sabia que não tinha muito tempo. E eu? Eu não me importava. Apenas seguia o fluxo, sem pensar muito nas consequências.Agora, a caminho de casa, estava sentado em um dos luxuosos assentos de couro do jatinho que Mateus sempre me arrumava. Mas meus pensamentos não ficavam presos ao trabalho ou à missão. Estava distraído, e não
Capítulo 97: A menina virou mulherCatarineA noite estava morna, e as luzes da festa ainda brilhavam ao longe quando o carro preto parou na minha frente. Não foi meu pai quem apareceu para me buscar, como eu já sabia que não seria, mas Tântiro, o dinamarquês durão que sempre estava à disposição da nossa família. Fazia dez anos que ele era o braço direito de Mateus, sempre leal, sempre sério, sempre... distante.Eu entrei no carro, sem dizer uma palavra, sentindo a tensão no ar. Tântiro nem olhou para mim. Os olhos dele estavam focados na estrada, as mãos firmes no volante. Sempre tão controlado, tão... inatingível. Era isso que mais me atraía nele. O fato de que, ao contrário de tantos outros homens, ele nunca parecia se abalar com minha presença, por mais provocadora que fosse.Hoje queria testar os limites dele. O silêncio no carro era sufocante, e eu sabia que ele não falaria nada a menos que eu o provocasse. A saia curta que usava subiu ainda mais quando cruzei as pernas, de prop
Capítulo 98: Casamento á vista JúliaO sol da manhã entrava pelas grandes janelas da mansão Esposito, iluminando o vasto salão com uma luz suave e acolhedora. Eu estava sentada na poltrona favorita do Mateus, relaxando após uma longa semana de compromissos e decisões. O peso de tudo que havia acontecido nos últimos anos, desde a morte de Hassan até o nascimento dos meus filhos, parecia mais leve agora. Mateus e eu finalmente estávamos em paz, criando nossa família com uma felicidade que antes parecia impossível de alcançar.Então, uma batida leve na porta me tirou dos meus devaneios. Antes que pudesse responder, Marco entrou com aquele sorriso confiante que sempre carregava. Nos últimos tempos, ele estava mais próximo de mim, e eu sentia que a nossa relação de irmãos estava cada vez mais forte.— Trouxe algo para você — disse ele, estendendo um pequeno embrulho.Peguei o presente, curiosa. A embalagem era simples, mas cuidadosamente adornada com um laço azul claro. Olhei para Marco,
Capítulo 1: Destino SeladoJúliaA chuva caía incessantemente sobre Palermo, e cada gota parecia ecoar o peso do meu destino. Eu observava a cidade através da janela do quarto de hotel, a água escorrendo pelo vidro como lágrimas silenciosas. Lá fora, a vida seguia seu curso, indiferente ao turbilhão dentro de mim. Meu coração batia descompassado, cada pulsação um lembrete da escolha que nunca tive.Escolhida desde o ventre de minha mãe, destinada a me casar com um mafioso, Mateus. O filho de um poderoso capo. A ideia sempre me pareceu absurda, um pesadelo distante, até que o dia chegou. E agora, estava aqui, prestes a me unir a um homem que mal conhecia.Meu reflexo no espelho me encarava com olhos tristes. Os longos cabelos escuros caíam sobre os ombros, contrastando com a brancura do vestido de noiva que me aprisionava. Respirei fundo, tentando encontrar algum resquício de força dentro de mim.Uma batida na porta me trouxe de volta à realidade. Abri-a para encontrar meu segurança, u
Capítulo: Segredos e SintomasJúliaUm mês se passou desde aquela noite em que minha vida mudou para sempre. Desde que me casei com Mateus, meu mundo virou de cabeça para baixo. Eu me encontrava num emaranhado de emoções e obrigações que mal conseguia compreender. E agora, para complicar ainda mais, meu corpo começava a dar sinais de uma mudança que eu precisava desesperadamente esconder.Os enjoos matinais foram os primeiros a aparecer. Acordava cedo para evitar que Mateus percebesse algo, correndo para o banheiro antes que ele acordasse. No começo, ele não notou. Estava sempre ocupado com os negócios da família, as reuniões secretas e os deveres que seu pai lhe impunha. Mas eu sabia que não poderia enganá-lo por muito tempo.Minha mãe se mudou para a nossa casa logo após o casamento, como parte da tradição de unir as famílias. Sua presença era um misto de conforto e pressão. Ela observava cada movimento meu, procurando sinais de que eu estava me adaptando à nova vida. Ela sabia que
Capítulo 2: O Dever de um MafiosoMateusMinha vida nunca foi fácil. Cresci imerso em um mundo de violência e poder, onde a fraqueza não era tolerada e a lealdade era comprada com sangue. Como filho do capo, Francisco, fui treinado desde cedo para assumir responsabilidades que poucos poderiam imaginar. E agora, com o casamento, essas responsabilidades pareciam se multiplicar.Ainda me lembro daquele dia. O sangue ainda fresco em minhas mãos enquanto me preparava para conhecer minha noiva, Júlia. A expressão no rosto do homem que matei sob as ordens de meu pai ainda assombra meus sonhos. Mas isso era a vida que conhecia, o mundo que herdei. E agora, tinha que mostrar que era digno do legado que me foi deixado.Quando vi Júlia pela primeira vez, meu coração, acostumado a brutalidade, foi atingido por algo novo. Ela estava ali, uma visão de cabelos negros e olhos cheios de temor e tristeza. Ela era um anjo, puro e delicado, jogado no meio de nossa realidade sombria. Naquela noite, enquan
Capítulo 3: Segredos no JardimJúliaA noite parecia ser a única aliada em minha vida. O jardim se tornara meu refúgio, um lugar onde eu podia caminhar e tentar organizar meus pensamentos confusos. O luar iluminava as plantas exóticas que decoravam a propriedade, criando sombras dançantes que acompanhavam meu andar inquieto. O peso da responsabilidade e do segredo que carregava era quase insuportável, e cada dia que passava, minha preocupação com a gravidez se intensificava.Caminhava lentamente, sentindo o frescor da grama sob meus pés descalços. Cada passo parecia aliviar a pressão em minha mente, mas não podia ignorar os sintomas que começavam a se manifestar. Náuseas matinais, tonturas repentinas, uma sensação constante de cansaço. Estava grávida e precisava contar a alguém. Mas a quem? A Mateus? Não, não podia. Não ainda.Meu segurança era a única pessoa com quem eu podia compartilhar minhas angústias. Sabia que nutria por ele uma paixão proibida, algo que nunca poderia ser revel