Segredos no Jardim

Capítulo 3: Segredos no Jardim

Júlia

A noite parecia ser a única aliada em minha vida. O jardim se tornara meu refúgio, um lugar onde eu podia caminhar e tentar organizar meus pensamentos confusos. O luar iluminava as plantas exóticas que decoravam a propriedade, criando sombras dançantes que acompanhavam meu andar inquieto. O peso da responsabilidade e do segredo que carregava era quase insuportável, e cada dia que passava, minha preocupação com a gravidez se intensificava.

Caminhava lentamente, sentindo o frescor da grama sob meus pés descalços. Cada passo parecia aliviar a pressão em minha mente, mas não podia ignorar os sintomas que começavam a se manifestar. Náuseas matinais, tonturas repentinas, uma sensação constante de cansaço. Estava grávida e precisava contar a alguém. Mas a quem? A Mateus? Não, não podia. Não ainda.

Meu segurança era a única pessoa com quem eu podia compartilhar minhas angústias. Sabia que nutria por ele uma paixão proibida, algo que nunca poderia ser revelado. No entanto, ele era meu confidente, meu apoio silencioso. Certa noite, tomei uma decisão arriscada e fui até o quarto de empregados, onde ele descansava após um dia longo de trabalho.

Bati na porta suavemente, meu coração batendo acelerado. Ele abriu a porta, seus olhos imediatamente preocupados ao me ver.

— Júlia, o que está fazendo aqui a essa hora? — ele sussurrou, puxando-me para dentro rapidamente.

— Eu... eu precisava falar com você. Estou ficando louca com tudo isso — murmurei, sentindo as lágrimas começarem a brotar.

Ele me conduziu até uma cadeira, sentando-se ao meu lado e segurando minhas mãos trêmulas.

— Você está grávida, não está? — ele perguntou, sua voz baixa e cheia de preocupação.

Assenti, incapaz de segurar as lágrimas. Ele suspirou profundamente, apertando minhas mãos com mais força.

— Júlia, você precisa contar para Mateus. Ele tem o direito de saber.

— Eu sei, mas... tenho medo. E se ele não quiser essa criança? E se... — minha voz falhou, incapaz de terminar a frase.

— Mateus é um homem difícil, mas ele te ama, eu vejo isso. E ele não faria mal a você ou ao bebê — ele respondeu, tentando me acalmar.

— Mas eu ainda não consigo. Não agora. Promete que não vai contar a ninguém? — implorei, meus olhos encontrando os dele em um pedido silencioso.

— Prometo. Mas não pode esconder isso para sempre, Júlia. Mais cedo ou mais tarde, ele vai descobrir.

Agradeci com um abraço apertado, sentindo um pouco do meu peso ser aliviado. Mas sabia que a paz seria temporária. Saí do quarto do segurança e voltei ao jardim, tentando encontrar coragem para enfrentar a realidade.

Minhas caminhadas noturnas se tornaram cada vez mais frequentes. Era um escape, um lugar onde eu podia pensar sem interrupções. Uma noite, enquanto caminhava entre as sombras das árvores, ouvi passos. Congelei, o medo tomando conta de mim. Mas então vi Mateus, sua figura alta e imponente se aproximando.

— Júlia, o que está fazendo aqui fora tão tarde? — ele perguntou, a preocupação evidente em sua voz.

— Eu... não conseguia dormir. Precisava de um pouco de ar — menti, tentando parecer tranquila.

Ele sorriu, seus olhos suavizando enquanto me olhava.

— Você é uma mulher intrigante, sabia? — ele disse, puxando-me para um abraço inesperado. — Não precisa esconder nada de mim. Confio em você.

Essas palavras me feriram de uma maneira que ele não poderia imaginar. A culpa de esconder algo tão importante de alguém que confiava tanto em mim era quase insuportável. Mas sorri e retribuí o abraço, tentando ignorar a dor que apertava meu coração.

Minha mãe, por outro lado, parecia não me dar trégua. Sempre que podia, me encurralava pelos cantos da casa, querendo saber tudo sobre meu relacionamento com Mateus. Era sufocante, e eu não sabia como lidar com suas perguntas invasivas.

— Júlia, você e Mateus... estão bem? — ela perguntava, os olhos cheios de preocupação maternal.

— Sim, mãe, estamos bem. Não precisa se preocupar — respondia, tentando manter minha voz firme.

Mas sabia que não podia manter essas mentiras para sempre. Estava ficando cada vez mais difícil esconder os sintomas da gravidez, especialmente de alguém que passava tanto tempo observando cada detalhe da minha vida.

Enquanto Mateus lidava com suas obrigações mafiosas, eu tentava encontrar uma maneira de lidar com a verdade. Uma verdade que estava se tornando cada vez mais impossível de esconder. E em meio a tudo isso, uma pergunta me assombrava: quanto tempo ainda poderia manter esse segredo antes que tudo desmoronasse?

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