“Então você veio
E éramos puro desejo
Quando você foi
Tudo virou desespero
Então sim
Acho que te amo
Mais do que tudo
Não posso segurar
Está além de mim”
Rob Taylor
Vocalista da Golden Wild
Existem pontos em nossas vidas, momentos, em que nós finalmente acordamos para a realidade.
Infelizmente, na maioria dos casos, os momentos que nos fazem acordar são aqueles que, junto ao aprendizado, nos trazem a dor. Algumas dores são maiores do que as outras, é claro, mas cada um de nós lida e chora como se a nossa fosse a maior do mundo. O mesmo serve para nossos desejos e projetos. Sempre os nossos em primeiro. Não podemos evitar. Somos seres humanos, afinal de contas. Egoístas.
Acho que Deus nos fez assim por um motivo: para que possamos entender, em algum ponto da vida, como somos, notar todos os nossos erros, nos arrepender e finalmente começar a agir da forma correta. Só que Ele também nos fez teimosos. Burros. Nem todo mundo aprende. Nem todo mundo aprende cedo.
Alguns aprendem com tragédias, outros com epifanias, uma boa parte aprende com o amadurecimento esperado da idade.
Eu aprendi perdendo o homem da minha vida.
O mais engraçado? Eu sequer sabia que ele era o homem da minha vida. Digo, eu achava que ele era. Pensava que era apaixonada, acreditava que poderia ficar com ele para sempre, mas, quando tive a oportunidade de estar em sua companhia, descobri que nada do que eu havia idealizado era realmente verdadeiro e, desta forma, comecei a realmente me apaixonar. Por ele, não pelas minhas projeções. Suas manias, seu sorriso, seus medos e principalmente a sua simplicidade. Foi ele quem me ensinou que o mundo era maior que o meu quarto.
E ao passo que eu caía de amor por ele, a culpa por ser uma grande fraude me consumia na mesma proporção.
O que foi que eu fiz?
Como fui capaz de algo tão mesquinho?
Brinquei com os sentimentos de alguém. Menti, enganei, me transformei em um ser diferente para ficar com uma pessoa que sequer sabia da minha existência. Arquitetei um plano para enganar uma pessoa, uma boa pessoa, e a induzi a ficar comigo. Inventei uma situação doentia para conseguir o que eu queria, excluindo o fato de que ele era um ser humano com sentimentos que poderiam ser destruídos.
Ele tinha escolha. E eu tirei isso dele.
Então eu o perdi. Para sempre.
E eu perdi muito mais do que o homem que amo. Eu perdi o rumo, me perdi, ficando sozinha para arcar com as consequências dos meus atos. Nunca serei perdoada, mesmo arrependida.
E entendo, de verdade. Acho que também não me perdoaria.
Eu comecei tudo isso, me aproximei de um astro do rock porque pensei que o amava.
Agora seguirei a minha vida tendo certeza de que o amo, mas que não posso tê-lo.
Meu nome é Marla Jensen e eu odiava quando me chamavam de groupie. Para ser honesta, merecia ser chamada de coisas muito piores.
— Você pirou de vez! — minha mãe gritou, provavelmente percebendo o monstro que havia criado. Respirei fundo e tentei recuperar uma paciência, que, como uma boa garota imatura, eu não tinha. — Está completamente desequilibrada! Desequilibrada? Não. Delirante, com certeza. — A passagem foi comprada, mamãe. Eu vou, e não há nada que você possa fazer sobre isso. Não entendo o porquê de tanto escândalo, é apenas uma viagem — justifiquei entediada, não querendo dar ouvidos ao que ela me dizia. — Justamente o fato de você não entender o motivo do meu protesto prova o meu ponto! Deus! — disse, alterada. Um longo período de silêncio passou antes que ela voltasse a falar. — Marla. Filha... — Seu tom de voz mudou, e eu soube que ela tentaria uma abordagem diferente. Revirei meus olhos para ela. Minha mãe não era condescendente. Tirania era mais o seu lance. — Quando você acordará para a realidade? Já não está adulta demais para isso? Pelo amor de D
Descobri da pior forma possível que eu deveria ter chamado uma amiga para embarcar comigo. Mas quem arcaria com o valor absurdo? Tudo bem, então, sejamos sinceros: eu tinha algum amigo para me acompanhar? Minhas colegas da universidade não tinham exatamente simpatia por mim, e eu havia jogado fora minhas amizades de quando era mais nova para me adequar a minha mãe. Então novamente o sentimento de que estava lá pelos motivos errados me bateu. Quando cheguei ao restaurante, maravilhoso por sinal, a hostess me perguntou se eu queria mesa para duas pessoas, e isso foi o mesmo que levar uma porrada na cara, afinal, quem iria a um cruzeiro sozinho? Sem um namorado, amigo ou família? Aparentemente eu. Calmamente respondi que estaria sozinha, e a simpática atendente não me mostrou qualquer reação à minha resposta, então solicitei que fosse no deque de fora e ela prontamente indicou o caminho para que eu a seguisse. O som forte das ondas batendo con
Ao chegar a minha cabine, liguei meu notebook. Como estava sozinha, sem alguém para conversar, sem Cameron para me ouvir surtar sobre o que estava acontecendo, resolvi criar uma conta e começar um blog. Por que não? Eu poderia escrever meus dias no cruzeiro e publicar. Não! Péssima ideia. Expor a vida de Rob seria um tiro no pé. Mas precisava desabafar, contar o que estava acontecendo comigo, mesmo que ninguém fosse realmente ouvir ou ler. Comecei a digitar em um arquivo em branco. O que eu diria, porém? Escreveria sobre a fraude que me tornei? Como era errado o que estava fazendo, mas o desejo e a teimosia não me deixavam parar? Então pensei em escrever sobre Rob. O que ele estaria fazendo naquele momento? ♫♪♫ Eu não consegui fechar os olhos durante a noite. Pela manhã, me sentia uma merda de tão cansada, mas não poderia dormir, tinha que circular pelo n
Tudo bem, é louvável e lindo que ele tenha respeitado o meu não como resposta, mas, poxa! Eu não estou conseguindo êxito em nada aqui. Pensei nessas coisas, levianamente, enquanto caminhava pelo navio. Argh! Andei até minha cabine, tentando controlar o grito de raiva preso em minha garganta. Sou mesmo muito estúpida. Eu sou obrigada a concordar com esse pensamento antigo. Pena que aquela Marla pensava que era estúpida pelos motivos errados. Passava um pouco das nove horas, e eu não apareceria antes da meia-noite. Isso dava tempo suficiente para ele aparecer e esperar por mim, o que era pouco provável, por um bom tempo. Aproveitei as horas que faltavam para desenhar alguns detalhes na minha tela. Era a primeira vez que eu desenhava daquele jeito, tão cru e sincero. Pensei em apagar mais de uma vez, mas não tinha coragem, estava de fato ficando muito, muito bom. Por volta d
Provar os lábios daquele homem fez com que eu realmente me apaixonasse. Não era o amor platônico que eu sentia pelo astro do rock, como uma menina boba. Era o real sentimento de quando beijamos uma pessoa, um homem normal, de carne e osso, sem toda a magia da música e da fama em cima dela. Robert tomou meu coração de forma verdadeira. O que eu sentira a partir daquele momento era genuíno. Senti-o gemer quando descaradamente lacei seu quadril com as minhas pernas. Era para a água da piscina estar fria, contudo, me sentia totalmente quente. Ele me beijava com tamanho fogo, tamanho querer, que rezei e até pensei em estalar os dedos para que o tempo parasse naquele exato momento, o que, para minha decepção, não aconteceu. Nosso beijo se prolongou por mais alguns minutos, e, enquanto eu mordia o seu lábio inferior, ele apertava a minha bunda com força. Parecia que algo havia explodido dentro dele. Será que ele também sentia que aquele era o melhor beij
Um dia. Um maldito dia inteiro se passou, e eu tive que me manter trancada no quarto para que ninguém visse meu rosto inchado. Maldito corticoide! Maldita amêndoa. Maldito carma! Sim! Foi um filho de uma puta de um carma! Não querendo destruir minha tela com o meu mau humor, descartei a possibilidade de pintar naquele dia. Entediada, resolvi escrever mais. Escrevi sobre os meus conflitos, pensamentos e sentimentos por Robert, e assisti alguns filmes, ainda tentando me distrair. Mas meus pensamentos não paravam. Robert não saía de minha mente. Sarah Lee me ligou perguntando o que havia acontecido, e eu menti, disse que precisava de um tempo para criar e que em breve eu sairia da toca. Fugi o quanto pude para que ninguém fosse me procurar e ver a minha familiaridade com Sloth, de Os Goonies. Rob não me ligou, mas mandou um oi por Sarah. Enquanto ela falava comigo do ramal da piscina, os outros m
Faltavam seis horas, quarenta e três minutos e oito segundos para abrir a porta da minha cabine e dar de cara com Robert. Não o rockstar, não o homem mais sexy do mundo eleito por dois anos consecutivos pelas revistas. Não o vocalista da Golden Wild. Apenas Robert. O intenso, atencioso e resmungão Robert Taylor. O Rob de carne e osso, como Lance havia mencionado. Aquela noite merecia algo especial, então fui até o deque sete do navio para algumas comprinhas no shopping. Os sapatos já estavam definidos, eu queria algo para combinar com eles e impressionar Rob. Aquele par de ankle boots era a prova de que eu simplesmente não sabia nada sobre ele. Minha imaturidade não me permitia entender que eu poderia ser a Marla que gostava de rock, bebia cerveja direto do gargalo, se preocupava com alguém além dela mesma e usava Converse e, ao mesmo tempo, também gostar de vestidos caros, cabelos bem-cuidados e bons vinhos. Para mim, naquele momento, eu
— Hum... — Eu me espreguicei em seus braços. — Bom dia! Abri os olhos e me deparei com uma imagem que a Marla perseguidora nunca teria conseguido uma fotografia: a versão Robert amassada e inchada de dormir. Sorrindo para mim com os olhos apertados e quase totalmente escondidos pelos cabelos, Rob suspirou quando peguei a ponta do lençol e coloquei na frente da minha boca, tentando evitar que meu hálito matinal chegasse a ele. Eu realmente queria que ele pensasse que eu não tinha hálito matinal? — Você se preocupa muito, pequena Marley. — Puxou o pano e beijou meus lábios. Mas me recusei a abri-los de qualquer maneira. — Tem escovas de dentes descartáveis novas no meu banheiro. Assenti, levantei enrolada no lençol e corri para o banheiro. Achei a escova e dei uma olhada nas coisas dele. Vaidade não era o seu forte, não havia uma abundância de cremes e perfumes, apenas um kit de um perfume de grife e uma espuma de barba. Pe