Groupie - Carol Moura
Groupie - Carol Moura
Por: Carol Moura
Prólogo

“Então você veio

E éramos puro desejo

Quando você foi

Tudo virou desespero

Então sim

Acho que te amo

Mais do que tudo

Não posso segurar

Está além de mim”

Rob Taylor

 Vocalista da Golden Wild

Existem pontos em nossas vidas, momentos, em que nós finalmente acordamos para a realidade. 

Infelizmente, na maioria dos casos, os momentos que nos fazem acordar são aqueles que, junto ao aprendizado, nos trazem a dor. Algumas dores são maiores do que as outras, é claro, mas cada um de nós lida e chora como se a nossa fosse a maior do mundo. O mesmo serve para nossos desejos e projetos. Sempre os nossos em primeiro. Não podemos evitar. Somos seres humanos, afinal de contas. Egoístas. 

Acho que Deus nos fez assim por um motivo: para que possamos entender, em algum ponto da vida, como somos, notar todos os nossos erros, nos arrepender e finalmente começar a agir da forma correta. Só que Ele também nos fez teimosos. Burros. Nem todo mundo aprende. Nem todo mundo aprende cedo.

Alguns aprendem com tragédias, outros com epifanias, uma boa parte aprende com o amadurecimento esperado da idade.

Eu aprendi perdendo o homem da minha vida. 

O mais engraçado? Eu sequer sabia que ele era o homem da minha vida. Digo, eu achava que ele era. Pensava que era apaixonada, acreditava que poderia ficar com ele para sempre, mas, quando tive a oportunidade de estar em sua companhia, descobri que nada do que eu havia idealizado era realmente verdadeiro e, desta forma, comecei a realmente me apaixonar. Por ele, não pelas minhas projeções. Suas manias, seu sorriso, seus medos e principalmente a sua simplicidade. Foi ele quem me ensinou que o mundo era maior que o meu quarto. 

E ao passo que eu caía de amor por ele, a culpa por ser uma grande fraude me consumia na mesma proporção. 

O que foi que eu fiz?

Como fui capaz de algo tão mesquinho?

Brinquei com os sentimentos de alguém. Menti, enganei, me transformei em um ser diferente para ficar com uma pessoa que sequer sabia da minha existência. Arquitetei um plano para enganar uma pessoa, uma boa pessoa, e a induzi a ficar comigo. Inventei uma situação doentia para conseguir o que eu queria, excluindo o fato de que ele era um ser humano com sentimentos que poderiam ser destruídos. 

Ele tinha escolha. E eu tirei isso dele.

Então eu o perdi. Para sempre. 

E eu perdi muito mais do que o homem que amo. Eu perdi o rumo, me perdi, ficando sozinha para arcar com as consequências dos meus atos. Nunca serei perdoada, mesmo arrependida.

E entendo, de verdade. Acho que também não me perdoaria.

Eu comecei tudo isso, me aproximei de um astro do rock porque pensei que o amava. 

Agora seguirei a minha vida tendo certeza de que o amo, mas que não posso tê-lo.

Meu nome é Marla Jensen e eu odiava quando me chamavam de groupie. Para ser honesta, merecia ser chamada de coisas muito piores. 

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