Ao chegar a minha cabine, liguei meu notebook. Como estava sozinha, sem alguém para conversar, sem Cameron para me ouvir surtar sobre o que estava acontecendo, resolvi criar uma conta e começar um blog. Por que não? Eu poderia escrever meus dias no cruzeiro e publicar.
Não!
Péssima ideia.
Expor a vida de Rob seria um tiro no pé. Mas precisava desabafar, contar o que estava acontecendo comigo, mesmo que ninguém fosse realmente ouvir ou ler. Comecei a digitar em um arquivo em branco. O que eu diria, porém? Escreveria sobre a fraude que me tornei? Como era errado o que estava fazendo, mas o desejo e a teimosia não me deixavam parar?
Então pensei em escrever sobre Rob.
O que ele estaria fazendo naquele momento?
♫♪♫
Eu não consegui fechar os olhos durante a noite. Pela manhã, me sentia uma merda de tão cansada, mas não poderia dormir, tinha que circular pelo navio, me fazer presente.
Chequei o relógio e vi que eram apenas sete da manhã. Não havia chance alguma de Robert estar acordado naquele horário, ou seja: de nada adiantaria eu ficar circulando por ali. Pulei na cama novamente e me enrolei no edredom macio, me virando por meia hora antes de desistir de tentar dormir. A ansiedade estava acabando comigo mais uma vez.
Levantei e fui até a pequena sala da cabine, abri minha caixa de grafites e montei meu cavalete, colocando a tela em branco em cima dele. Olhei para as luvas finas de silicone que eu costumava usar e optei por deixá-las de lado. Fazia algum tempo desde que sujara minhas mãos com pó de grafite pela última vez, não era interessante sujar minhas unhas com a manicure em dia. Quando peguei o pedaço do material de desenho na mão, senti algo diferente. Como se eu fosse a Marla de dezesseis anos. O tempo em que minhas preocupações sequer eram preocupações de verdade. A época em que o meu único amor era o desenho. Em que eu não tinha nenhuma pressão sobre mim, quando não era perfeita e ninguém esperava nada mais do que desastre vindo das minhas ações. Eu tinha esquecido de como era bom.
Passei meus dedos pela tela branca e fechei meus olhos, sentindo o tecido grosso e áspero. Era óbvio o que preencheria aquela tela. Só que agora seria diferente, seria vivo. Real. Como há muito tempo eu não sentia.
Quando dei por mim, já passava das seis da tarde, o sol havia se despedido, e eu tinha passado o dia todo preparando a tela para receber as tintas que em breve dariam um colorido em meu desenho.
Fui tomar um banho me sentindo faminta. Olhei para o vestido de grife pendurado em frente ao armário e suspirei alto. Desejava usá-lo. Dizer que odiava tudo sobre a vida que eu havia escolhido para mim ao me tornar um clone da minha mãe era tão errado quanto o que eu estava fazendo naquele momento, com aquele plano. Mesmo assim, não me importei e segui com ele. Apanhei uma calça skinny azul-marinho desbotada, coloquei o Converse velho e minha blusa antiga da Janis Joplin, uma que eu ainda usava para dormir, me olhei no espelho e sorri involuntariamente: por anos, aquelas foram as minhas roupas preferidas, eu amava escutar Janis Joplin, andar pelas noites de Los Angeles, beber vinho e fumar escondido com meus antigos amigos.
Meus cabelos estavam muito mais curtos que antes, finos, marrons e repicados, o que me dava um ar mais adulto, além de estar na moda. Mas senti falta de tê-los compridos com as pontas coloridas.
Naquele momento, passei a sentir saudades de outras coisas que eu há muito tempo sequer pensava. Havia mudado meu foco para ter boas notas e fazer um nome, assim como a minha mãe, mas, de alguma forma, esqueci de amadurecer. Pensava que crescer era aquilo e continuei sendo apenas uma menina mimada e fútil. Estava bom para os meus pais enquanto eu era daquela forma, mas fazia o que eles queriam. Quando decidi que desejava Robert, como se ele fosse um carro novo, me tornei nada mais do que um provável escândalo para a família.
Isso não era apenas culpa deles.
Era minha também.
Decidindo deixar de lado minhas reflexões, peguei meus cigarros, telefone, keycard e saí do quarto. Programei o aparelho para a velha playlist que há muito eu não ouvia, então, Little Girl Blue com a voz inconfundivelmente rouca de Janis Joplin começou e meu corpo se arrepiou todo e não contive o sorriso.
Por mais de quarenta minutos, vaguei pelos corredores das cabines do navio na esperança de cruzar com ele sem querer, mas nada. Por alguns segundos, caí na real de que não daria certo o meu plano e pensei que estava fazendo uma loucura. Mas, quando cheguei à piscina e dei de cara com ele, Lance e James, todos os meus temores e lógica evaporaram novamente. Respirei fundo, coloquei a postura que eu pensava ser de mulher adulta e equilibrada e passei por eles, desejando uma boa noite como faria com qualquer um. Todos responderam, e finalmente consegui colocar em ação a tática completamente ridícula do “fogo”.
— Alguém pode me emprestar um isqueiro? — perguntei olhando para eles.
— Bom, eu não fumo mais. — Lance levantou as mãos.
Bom garoto, pensei.
— Eu tenho! — James disse, procurando o isqueiro, mas seus olhos me checavam como se estivessem analisando meus movimentos, minha atitude.
Filho da puta! Não me analise.
— Aqui. — Rob me entregou seu cigarro aceso.
Puta merda! Puta merda!
Peguei o cigarro de seus dedos, trouxe a ponta até o meu, traguei duas vezes antes de finalmente acender o meu cigarro. Pensei umas cinco vezes antes de devolver o dele.
— Obrigada.
Ele sorriu de volta e murmurou um “sem problemas”. Mas seus olhos agora me analisavam, como se finalmente tivesse me notado. E eu? Pensei que ia surtar. Mas, novamente, aquele sentimento diferente estalou em mim. Era como se eu estivesse sabendo da sua existência pela primeira vez.
Assenti e me afastei, indo sentar em uma espreguiçadeira mais afastada deles. Em parte porque queria continuar com o meu show, em parte – a maior – porque entendia o que eu estava sentindo. Logo me aconcheguei na espreguiçadeira, rezando para que Rob não fosse embora. Ele estava tão perto, e eu precisava explorar os novos sentimentos dentro de mim.
Tão, tão, tão perto! Tão diferente do que eu imaginava.
Eles ficaram. Tentei me concentrar nas músicas do meu smartphone, mas foi impossível. Ainda que Janis Joplin fosse perfeita, eu queria ouvir a voz dele. Saber o que ele estava falando, se ele havia notado a minha presença. Suspirei e tirei os fones do meu ouvido, os três olharam na minha direção e se aproximaram.
— Então? O que faz aqui sozinha? — perguntou James.
— Aqui, aqui? Ou aqui no cruzeiro? — Os homens se olharam, tentando entender o que eu havia falado, e ergueram os ombros. — Bom, não faz diferença, afinal estou sozinha em ambas situações — respondi, sorrindo.
— E por quê? — indagou, devolvendo o sorriso para mim.
Na verdade, eu estou nesta missão patética, perseguindo o seu amigo vocalista, que, aparentemente, não quer saber de qualquer mulher que o tenha escutado em uma rádio. Eu deveria parar com toda a encenação e palhaçada, mas sou mais teimosa do que coerente.
— Estou descansando um pouco. Sei lá... Tirando tempo para criar. Trabalho de pesquisa de campo para uma criação.
— Hum...
— O que você cria? — Aquela voz me fez tremer e quase chorar de emoção. Rob se esticou um pouco em sua cadeira para me olhar melhor. Com um suspiro, tentei controlar minha emoção e responder.
— Eu desenho — disse, dando de ombros como se não fosse grande coisa. — Pinto! Nada de mais.
— Legal — falou, pouco interessado, e se encostou na cadeira novamente.
Continuei em um papo animado com James e Lance. Robert parecia absorto em seu mundo, fitando o céu totalmente escuro e sem estrelas. Olhei para ele por um momento e me perdi no assunto com os meninos.
— Não dê atenção ao Rob. Ele está passando por um momento difícil — Lance disse baixinho para que seu amigo não escutasse.
— Entendo.
Suspirei e me senti mal. Forçar a barra fingindo não conhecer qualquer um deles era ultrapassar a linha do respeito. Tudo bem que eu estava prestes a ultrapassar de qualquer maneira, mas à medida que caminhava com aquele plano, sutilmente ele mudava. Meu objetivo não era fingir ignorância sobre a existência da banda, apenas fazê-los perceber que eu os conhecia, porém, não ligava para quem eram. Respeitar o espaço do vocalista e a sua inteligência parecia uma tática melhor do que me fazer de ignorante.
Saber que Rob estava passando por momentos ruins me fez recuar um pouco. O que ele pensaria se descobrisse que uma fã doida e falsa pagou uma fortuna para entrar em um cruzeiro só para conquistá-lo? No mínimo, se jogaria no mar. Ou me jogaria. E eu não o culparia.
— Bem, vamos, Lan? — chamou James, se levantando. — Sarah deve estar quase vindo me buscar.
— Oh, sim, tem um livro que estou querendo começar. Você vem, Rob?
— Nah. Vou ficar mais um pouco com nossa amiga aqui.
Congelei e esquentei em questão de segundos. Será que algum deles notou que meus olhos quase saltaram para fora de suas órbitas? Esperava que não.
— Ok! Até o jantar, então. — Lance se afastou com um sorriso que Rob retribuiu. James estendeu a mão para mim.
— Prazer...? — Na noite anterior, ele não deve ter prestado a atenção em meu nome.
— Marla — respondi, sorrindo. Para ele e Lance, meu sorriso amistoso era gratuito. Eles realmente eram caras legais.
— Sou James. Ele é Lance, e o nosso solitário e amargurado, Rob.
Rob revirou os olhos para ele e desviou os olhos, novamente acendendo mais um cigarro.
— Olá! — cumprimentei-os, levantando a mão rapidamente e logo a deixando cair. — É um prazer conhecê-los pessoalmente.
Quando os garotos foram, finalmente, sentei ao lado de Rob e me segurei para não puxar assunto com ele. Afinal, se quisesse, ele falaria algo.
Os minutos foram se passando, e a minha agonia aumentava consideravelmente. Comecei a me mexer mais do que o normal para um ser humano com mais de cinco anos, até que desisti de esperar. Quando estava me levantando para sair, ele finalmente falou:
— Você desenha o quê, exatamente?
Parei subitamente de me mexer para começar a gaguejar, fazendo com que ele suspirasse e sorrisse.
Aquilo definitivamente não estava em meus planos.
— Bom, eu... er... eu pinto! — Balancei a cabeça positivamente.
Ótimo, Marla. Sua ideia de parecer indiferente está sendo muito convincente.
— Sim... Isso eu já sei. O que você pinta?
— Telas! — Rob me olhou, incrédulo, e soltou uma risada debochada.
— Não acredito que conheci uma pessoa menos comunicativa do que eu.
Ri, sentindo meu rosto corar.
Eu deveria parecer descolada e fodona. Mas estou conseguindo ser o Chandler, de Friends, e eu nem gosto de Friends.
— Desculpe. Geralmente, eu pinto pessoas.
— Legal, mas você pinta com aquela licença poética e deixa o modelo desfigurado ou pinta o retrato da pessoa real?
Eu deveria me sentir ofendida com aquela pergunta? Olhei para ele, querendo lhe dar uma resposta espirituosa, mas me calei, sentindo meu corpo todo esquentar quando dei de cara com aquele sorriso torto no melhor estilo comedor de Robert Taylor. Estava acostumada com aquele sorriso em vídeos, entrevistas e shows.
Mas dirigido a mim?
Apenas para mim?
Cara, eu realmente não tinha ideia no que estava me metendo.
— No geral, deixo as pessoas como elas são de fato. Não uso a licença poética para desfigurá-los, apenas para deixá-los melhores. — Mexi em meus cabelos nervosamente, tentando controlar o que estava sentindo dentro de mim.
— Parece legal. Gosto de arte, principalmente pintura. — Essa era nova, eu não tinha noção disso. — Você trouxe trabalho para cá? Ou só veio adquirir inspiração?
Eu vim perseguir, seduzir e usufruir de você até que perceba que eu sou o amor da sua vida, pensei de imediato, depois simplesmente me senti mal com o pensamento.
O que está acontecendo comigo?
— Eu trouxe trabalho — respondi no lugar do meu surto.
— Legal.
— Sim... — Chocante. Eu era sempre a oradora da turma, líder de qualquer movimento estudantil na faculdade, sempre apresentava meus seminários com categoria, argumentava com os meus pais como ninguém e estava conversando daquela forma?
PA-TÉ-TI-CO!
A porta automática que dividia a piscina de um dos bares do navio se abriu, e a música que tocava lá dentro vazou para onde estávamos, nos fazendo olhar para quem estava chegando. Era Sarah Lee.
— Rob! Olá... amiga do Rob — cumprimentou, sorrindo.
— Sarah, está é Marley.
— Como o Bob? — Sarah perguntou. Ninguém lembrava de mim da noite passada?
Isso é ridículo.
Na verdade, era só o resultado de um plano falho.
— É Marla, na verdade. — Juro que deu vontade de chorar.
— Desculpe! Sarah, esta é Marla, embora eu goste mais de Marley, Marla, esta é Sarah. — Seus lábios franziram um pouco tenso com as palavras. Ele estava visivelmente avesso a toda essa história de sucesso.
— Olá, Sarah. Prazer em te conhecer — falei, olhando para a garota que sorria de forma amigável para mim. Eu falava a verdade naquele momento, eu realmente estava feliz em conhecê-la. Não histérica ou ansiosa. Apenas feliz.
— Bem, nós vamos na festa dos jovens no outro lado do navio, todos os dez ou quinze que devem estar aqui. Vocês vêm?
Tudo bem, existia mais gente jovem nesse navio do que eu realmente gostaria. E se Rob se interessasse por alguma garota que não fosse eu? Bom, de fato ele não parecia interessado nem em mim de qualquer maneira, mas eu ainda tinha esperança.
— Uma festa. Parece legal! — Entrei no assunto, olhando entusiasmada para ele.
— Argh! Não estou no clima, Sarah Lee. — Merda! Deveria ter esperado ele ter respondido primeiro.
— Você vai, Robert. Nem que eu o arraste pelos cabelos — ameaçou.
Não. Os cabelos, não! Não toque nos cabelos dele.
Robert suspirou e assentiu.
— Você precisa parar com essa coisa deprimente, Rob. Pare já com isso. — Sarah continuou, parecendo ter esquecido de minha presença.
— Tudo bem, mas vou odiar o tempo inteiro.
— Ótimo! Odeie o que você quiser. Nos vemos lá.
Com um suspiro, fiquei em pé e segui para a saída da piscina.
— Eu acho que vou... Enfim, nos esbarramos por aí. Talvez na festa, mais tarde. — Tentei parecer desinteressada enquanto falava sem olhar para trás, mas rezando internamente para que ele me chamasse, pedisse que eu não fosse. Que ficasse com ele ali o resto da noite e cabulasse a festa. Ou mesmo que fôssemos juntos.
— Hey! — Meu sorriso quase doeu quando se abriu em meu rosto.
Ele me chamou!
Me chamou!
Olhei para trás sem saber como parar em pé, de tanta emoção.
— Esqueceu o seu telefone aqui. — Levantou com o aparelho em sua mão.
PORRA!
Container de água fria.
— Ah! Obrigada — murmurei, voltando a me aproximar.
— Nos vemos lá? Digo, na festa? — questionou, franzindo a testa.
Sim! Ele me quer lá.
Hora de bancar a difícil.
— Eu não sei... Estou sozinha, e uma festa solitária não parece mais atrativa do que minha cama nesse momento. — Fiz a minha cara mais inocente e mordi o lábio inferior.
— Isso não é verdade. Você fez amizades... Bem, talvez não amizades profundas, mas você conhece a mim, Lan, James e Sarah Lee. Pode vir conosco.
Dei um suspiro, como se pensasse no assunto.
— Eu não sei... talvez... — Continuei minha encenação.
— Certo, vejo você por aí, então — disse e saiu em direção às portas.
Hey! Volte aqui!
Rob se apresentava a cada momento como uma pessoa completamente diferente da que eu costumava idealizar. Pouco a pouco, meu plano ruía, e eu, no fundo, sabia disso. O teatro inconsequente não estava me levando a lugar algum, mas eu apenas não conseguia me parar.
Tudo bem, é louvável e lindo que ele tenha respeitado o meu não como resposta, mas, poxa! Eu não estou conseguindo êxito em nada aqui. Pensei nessas coisas, levianamente, enquanto caminhava pelo navio. Argh! Andei até minha cabine, tentando controlar o grito de raiva preso em minha garganta. Sou mesmo muito estúpida. Eu sou obrigada a concordar com esse pensamento antigo. Pena que aquela Marla pensava que era estúpida pelos motivos errados. Passava um pouco das nove horas, e eu não apareceria antes da meia-noite. Isso dava tempo suficiente para ele aparecer e esperar por mim, o que era pouco provável, por um bom tempo. Aproveitei as horas que faltavam para desenhar alguns detalhes na minha tela. Era a primeira vez que eu desenhava daquele jeito, tão cru e sincero. Pensei em apagar mais de uma vez, mas não tinha coragem, estava de fato ficando muito, muito bom. Por volta d
Provar os lábios daquele homem fez com que eu realmente me apaixonasse. Não era o amor platônico que eu sentia pelo astro do rock, como uma menina boba. Era o real sentimento de quando beijamos uma pessoa, um homem normal, de carne e osso, sem toda a magia da música e da fama em cima dela. Robert tomou meu coração de forma verdadeira. O que eu sentira a partir daquele momento era genuíno. Senti-o gemer quando descaradamente lacei seu quadril com as minhas pernas. Era para a água da piscina estar fria, contudo, me sentia totalmente quente. Ele me beijava com tamanho fogo, tamanho querer, que rezei e até pensei em estalar os dedos para que o tempo parasse naquele exato momento, o que, para minha decepção, não aconteceu. Nosso beijo se prolongou por mais alguns minutos, e, enquanto eu mordia o seu lábio inferior, ele apertava a minha bunda com força. Parecia que algo havia explodido dentro dele. Será que ele também sentia que aquele era o melhor beij
Um dia. Um maldito dia inteiro se passou, e eu tive que me manter trancada no quarto para que ninguém visse meu rosto inchado. Maldito corticoide! Maldita amêndoa. Maldito carma! Sim! Foi um filho de uma puta de um carma! Não querendo destruir minha tela com o meu mau humor, descartei a possibilidade de pintar naquele dia. Entediada, resolvi escrever mais. Escrevi sobre os meus conflitos, pensamentos e sentimentos por Robert, e assisti alguns filmes, ainda tentando me distrair. Mas meus pensamentos não paravam. Robert não saía de minha mente. Sarah Lee me ligou perguntando o que havia acontecido, e eu menti, disse que precisava de um tempo para criar e que em breve eu sairia da toca. Fugi o quanto pude para que ninguém fosse me procurar e ver a minha familiaridade com Sloth, de Os Goonies. Rob não me ligou, mas mandou um oi por Sarah. Enquanto ela falava comigo do ramal da piscina, os outros m
Faltavam seis horas, quarenta e três minutos e oito segundos para abrir a porta da minha cabine e dar de cara com Robert. Não o rockstar, não o homem mais sexy do mundo eleito por dois anos consecutivos pelas revistas. Não o vocalista da Golden Wild. Apenas Robert. O intenso, atencioso e resmungão Robert Taylor. O Rob de carne e osso, como Lance havia mencionado. Aquela noite merecia algo especial, então fui até o deque sete do navio para algumas comprinhas no shopping. Os sapatos já estavam definidos, eu queria algo para combinar com eles e impressionar Rob. Aquele par de ankle boots era a prova de que eu simplesmente não sabia nada sobre ele. Minha imaturidade não me permitia entender que eu poderia ser a Marla que gostava de rock, bebia cerveja direto do gargalo, se preocupava com alguém além dela mesma e usava Converse e, ao mesmo tempo, também gostar de vestidos caros, cabelos bem-cuidados e bons vinhos. Para mim, naquele momento, eu
— Hum... — Eu me espreguicei em seus braços. — Bom dia! Abri os olhos e me deparei com uma imagem que a Marla perseguidora nunca teria conseguido uma fotografia: a versão Robert amassada e inchada de dormir. Sorrindo para mim com os olhos apertados e quase totalmente escondidos pelos cabelos, Rob suspirou quando peguei a ponta do lençol e coloquei na frente da minha boca, tentando evitar que meu hálito matinal chegasse a ele. Eu realmente queria que ele pensasse que eu não tinha hálito matinal? — Você se preocupa muito, pequena Marley. — Puxou o pano e beijou meus lábios. Mas me recusei a abri-los de qualquer maneira. — Tem escovas de dentes descartáveis novas no meu banheiro. Assenti, levantei enrolada no lençol e corri para o banheiro. Achei a escova e dei uma olhada nas coisas dele. Vaidade não era o seu forte, não havia uma abundância de cremes e perfumes, apenas um kit de um perfume de grife e uma espuma de barba. Pe
Entrei em minha cabine, batendo a porta atrás de mim enquanto tentava sufocar inutilmente um grito. — Porra! — Deixei sair o mais alto que eu conseguia. Andei até minha tela e tirei o lençol. Olhei por alguns momentos pensando o que eu faria. Peguei um tubo de tinta preta e me senti tentada a manchar todo o trabalho. Mas não tive coragem. Eu não conseguiria estragar aquilo. Gemi, frustrada, sentindo as lágrimas enchendo os meus olhos, e respirei fundo tentando pará-las. Sentei em frente ao notebook e escrevi o que veio em minha cabeça. “Robert nunca será meu. O fato de ter o encontrado nos braços de Nadia só me confirmou isso. Ela, ao menos, não fingia ser outra pessoa, embora todas as vezes que ele de fato prestou atenção em mim foram quando meus planos deram errado. Irônico, eu diria. Porém não menos sofrido. Queria voltar no tempo. Mas não para vir ao cruzeiro e ser eu mes
A. Melhor. Transa. Da. Minha. Vida.Começou selvagem, nossas necessidades sendo colocadas em prioridade. Depois foi leve, lento, carinhoso... Como eu imaginava em meus sonhos, mas realmente não esperava que aconteceria.Robert me olhava com devoção. Eu deixava alguns suspiros escaparem enquanto nos olhávamos incansavelmente, deitados na cama, nus, apenas com nossas palavras não ditas, uma conversa de sinais, de olhares. Ele sorriu para mim, dando a entender que algo seria dito.— Tenho uma proposta. — Começou — Poderíamos, sei lá... nos curtir enquanto estamos aqui.Sim! Eu aceito.— Hum... como assim? Tipo, ficarmos juntos?— Sim! Digo, mas só eu e você. Sabe... tipo, sem outras pessoas...— Tipo sem Nadia? — Eu sabia que era infantil, mas gostava de ouvir ele dizendo que não tinha nada com ela.— E sem Peter! — retrucou a minha pergunta sarcasticamente.— Não tenho nada com Peter. — Saiu mais ríspido do que eu queria.— E eu não tenho nada com a Nadia
Nos dias que se seguiram, tudo foi perfeito. Estávamos juntos o tempo todo, e eu procurava o surpreender sempre. Nossa última escapada havia sido nas poltronas do teatro vazio do navio. Ainda ofegante, ele mordeu meu ombro e o beijou em seguida. — Você sempre me surpreende. Vou retribuir — sussurrou em meu ouvido. — Agora? — perguntei, incrédula. — De onde vem tanto fôlego? — Não! Se fosse agora, não seria surpresa. Mas vou te surpreender. — Me abraçou com mais força, e ficamos ali olhando o mar de assentos do teatro vazio. Eu me sentia serena. — Fique aqui — Rob disse depois de um tempo, se levantando e correndo pelas fileiras de poltronas até chegar no palco. Ele subiu sem usar os degraus e foi até a parte de trás, se embrenhou entre as cortinas e sumiu. — Rob? — gritei por ele. — Você disse que a surpresa não seria agora. — Não é. Procurando uma coisa. E... aqui está. Você está com sorte. Eu sabia daquilo. Estava com