Descobri da pior forma possível que eu deveria ter chamado uma amiga para embarcar comigo. Mas quem arcaria com o valor absurdo? Tudo bem, então, sejamos sinceros: eu tinha algum amigo para me acompanhar? Minhas colegas da universidade não tinham exatamente simpatia por mim, e eu havia jogado fora minhas amizades de quando era mais nova para me adequar a minha mãe. Então novamente o sentimento de que estava lá pelos motivos errados me bateu.
Quando cheguei ao restaurante, maravilhoso por sinal, a hostess me perguntou se eu queria mesa para duas pessoas, e isso foi o mesmo que levar uma porrada na cara, afinal, quem iria a um cruzeiro sozinho? Sem um namorado, amigo ou família? Aparentemente eu. Calmamente respondi que estaria sozinha, e a simpática atendente não me mostrou qualquer reação à minha resposta, então solicitei que fosse no deque de fora e ela prontamente indicou o caminho para que eu a seguisse.
O som forte das ondas batendo contra o casco do navio andando a muitas milhas por hora somado ao cheiro da maresia pareceram me deixar ainda pior, fazendo com que eu questionasse minhas decisões. Olhando para a área interna do navio, reparei nos outros passageiros procurando pelos membros da GW, mas tudo o que eu encontrei foram pessoas em trajes alinhados. Abaixando a cabeça, analisei o que eu vestia com um suspiro.
Não estava ruim, nem nada. Usava um jeans colado, os sapatos de salto pretos e genéricos, os únicos que eu havia trazido para o cruzeiro, uma blusa preta soltinha no corpo e uma jaqueta de couro por cima. Todavia, as outras mulheres no restaurante vestiam o que eu queria vestir naquele momento: seda, bons cortes e estilistas famosos.
De acordo com o itinerário, o cruzeiro teria dois jantares a rigor. O primeiro era aquele, o de boas-vindas, mas eu não havia trazido muitas opções de roupas para esse tipo de evento e não poderia repetir figurinos. É claro que poderia comprar algo no shopping do navio, mas a falta de opção acabava por me ajudar com a personagem que eu estava interpretando, uma vez que Rob não gostaria de qualquer uma daquelas mulheres ali, não com elas vestidas de forma pomposa como estavam.
Eu tinha certeza que seria aquela que ele notaria.
Ao me acomodar à mesa, retirei meu telefone, o cartão da cabine e a carteira de cigarros de dentro do bolso interno da jaqueta e deixei tudo em cima da mesa. Olhei por algum tempo para a pequena caixa, pensando que aquilo era uma coisa que eu não precisaria fingir. Eu realmente fumava. Era um dos únicos hábitos que ainda mantinha, mesmo com a desaprovação da minha mãe.
Novamente meus pais vieram à minha mente. A solidão da mesa do restaurante estava pouco a pouco me colocando em dúvida sobre tudo o que havia planejado. Eu era uma decepção para eles desde que me conhecia por gente. Qualquer decisão que eu tomasse parecia errada. Quando era adolescente, não me vestia de acordo com os padrões das Patricinhas de Beverly Hills, e isso decepcionava minha mãe. Papai, por outro lado, dava alguns sorrisos quando via nossas brigas, como se gostasse de minha atitude. Quando resolvi agradar minha mãe, ela ficou feliz em me fazer de sua nova boneca, e logo que me tornei sua cópia, papai simplesmente parou de sorrir. Então, escolhendo ir naquele cruzeiro, eu consegui desagradar os dois de uma vez só.
Estar sozinha ali só me pareceu mais uma daquelas más decisões que eu sempre tomava.
♫♪♫
Eu não tive pistas do paradeiro de Rob, sua banda ou possíveis amigos naquele momento. Enquanto analisava o menu dado por um garçom, olhei ao redor para tentar localizar o vocalista.
Se o filho da mãe do meu informante me deu a dica errada, vou arrancar as tripas dele e dar de comer aos cães de rua, juro que... Oh, meu Deus! São eles!
Engoli em seco ao ver aquele grupo de jovens andarem em direção a uma das mesas perto da minha, e todas as minhas dúvidas sobre estar ali foram colocadas de lado.
Sim! Deus! Obrigada, ele estava próximo a mim!
Um a um, foram entrando no local e sentando. James Masters, o baterista, foi o primeiro a aparecer, seus cabelos longos, brilhantes e lisos até a cintura faziam inveja a qualquer modelo de comercial da L’Oréal. Por que os homens sempre tinham os cabelos mais brilhantes, afinal de contas?
Peter Lucca, com todo o seu narcisismo, foi o próximo, se aproximando rapidamente e se jogando em uma das cadeiras de forma desdenhosa, como se tudo aquilo fosse menos que ele.
Babaca! Argh!
Eu odiava Peter, ele era nojento. Tudo bem, ele tocava baixo perfeitamente e era agradável de olhar, com seu um metro e noventa, olhos verde-escuros e cabelos negros desleixados, mas era um imbecil e competia com Robert em tudo. Sempre tentava se destacar nas entrevistas, sempre queria aparecer mais no palco. Dava nojo.
Logo entraram Lance Van Tie e Sarah Lee Masters. Lance era o cara fofo do piano e teclados, seus cabelos eram curtos e arrepiados, sua pele era mais morena que a dos outros integrantes, seus olhos eram negros e ele tinha um corpo de matar, mas o sorriso era de amolecer qualquer coração.
Sarah Lee era uma coisinha pequena e romântica, seus cabelos em corte médio e espetado sempre levavam um grande laço colorido que brincava com o estilo Branca de Neve e contrastava com o seu corpo quase todo tatuado. Ela era a segunda guitarra e voz, além de melhor amiga de Robert. Eu morreria de ciúmes se ela não fosse completamente apaixonada por James Masters, o baterista, seu marido.
Então ele apareceu.
Deus, que homem é este? Eu precisei perguntar. Mesmo tendo milhares de fotos dele, nunca conseguia me acostumar com a sua beleza.
— Senhorita? — O garçom tentou chamar a minha atenção, mas apenas levantei a minha mão e o dispensei. O cara era esperto e não tentou novamente.
Os olhos de Rob miravam lugar algum. Seus cabelos estavam desgrenhados e com a aparência de sujos, a barba estava por fazer, e a roupa era a mesma de sempre: jeans-bunda-gostosa, camisa apertada mostrando as tatuagens e tênis Converse Joe Ramone. Rapidamente me permiti fantasiar em ter meu nome desenhado em sua pele também, como se ele fosse fazer aquilo em algum momento, mas meu sonho foi interrompido como um disco arranhado no momento em que Nadia Vince apareceu grudada em seu braço.
Por que essa cadela continuava no pé dele?
Nadia Vince era uma modelo insuportável que participou como co-estrela do último videoclipe da GW e, desde então, não desgrudou do pé do Robert. Rob era sempre muito educado em frisar para a imprensa que ele e Nadia eram apenas bons amigos. Nadia dizia o mesmo, mas fazia questão de deixar escorrer malícia em suas palavras, dando a entender que estava falando aquilo apenas para manter as aparências.
Vadia perseguidora!
Como se eu não fosse uma perseguidora também. Acho que minha raiva tinha a ver com o fato de Nadia e eu sermos parecidas, mas ela estar muito na minha frente, afinal, não era eu aquela pendurada no braço de Rob, que eu gostava de pensar como se fosse meu homem.
Bufei, e isso fez com que chamasse atenção de todos na mesa dele. Imediatamente, todos me olharam. Tentando disfarçar, eu levantei a mão e chamei o garçom.
— Senhorita?
— Hum... Vai demorar muito o meu pedido?
— A senhorita não pediu ainda.
Ah! Ótimo. Perfeito. Pega na mentira. Primeiro fora, Marla! Parabéns!
— Eu pedi sim, mas não foi para você, eu acho. — Sorri e não esperei que ele respondesse. — Pode me trazer uma Corona com limão, por favor. — Eu não gosto de cerveja. Tudo bem... Eu gosto um pouco, bem pouco, ou havia esquecido que gostava. Costumava ser a minha bebida preferida antes de mamãe me ensinar que mulheres de classe bebiam espumantes, vinhos e Martinis, não cerveja direto da boca da garrafa. Acabei então me afeiçoando ao espumante, era elegante e tinha um bom gosto. Entretanto, novamente, eu pensava que deveria evitar beber algo assim, pois não chamaria a atenção de Rob.
Ou foi o que eu pensei...
— Você pode nos trazer um bom espumante? Ou mesmo champanhe? Estamos comemorando nossas férias. — Ouvi Rob pedir ao seu garçom.
O quê? Champanhe? Mas que merda! Quando foi que ele foi visto bebendo esse tipo de coisa?
A primeira pista que eu realmente tive sobre não saber nada sobre Robert foi aquela, mas a ignorei. Claro que ignorei. Estava cega de amor... Ou apenas cega. Mesmo assim, não recuei.
Ok, hora de ser vista.
Eu precisava chamar a atenção dele para mim. Pegando o cigarro da caixa sobre a mesa, fiz um pequeno teatro procurando pelo meu isqueiro, me preparando para ir pedir a ele. Simplesmente iria até a sua mesa, pediria pelo fogo, o deixaria acender e não faria contato visual, como se ele fosse ninguém além de um passageiro qualquer.
Patético, eu sei.
Mas antes de eu sequer me levantar, o garçom me salvou de mim mesma e voltou com a minha bebida e um sorriso imbecil no rosto, me oferecendo o seu próprio fogo. Quase o mandei enfiar aquele isqueiro onde o sol não bate.
— Obrigada! — Acho que ele se assustou com a intensidade do meu agradecimento, pois deu um jeito rápido de sair dali e quase bateu a cara na porta de vidro. Coitado do homem. Em certos momentos, as pessoas deveriam ser afastadas de mim.
Suspirando, tentei não parecer patética ao estar ali sozinha. No lugar de ser o que eu realmente era, tentei parecer rebelde, aquele tipo de garota que desejava não ser importunada. Rob deveria se sentir tentado a se aproximar de mim, e a melhor forma seria não lhe dando atenção. Ele era um astro e não procurava por isso, não queria chamar mais atenção do que já chamava. Tudo precisava parecer ideia dele.
Os outros passageiros que estavam na mesma ala externa pareciam alheios ao fato de serem os membros da GW ali, e este era mais um motivo para eu ignorá-los, o que não era fácil. Eu era como a maldita Ally McBeal: enquanto me mantinha sentada e confiante em meu lugar, em minha mente estava saltando em cima dele e professando meu amor eterno.
Cameron sempre dizia que eu precisava de ajuda psicológica, e, em breves momentos de lucidez, eu realmente acreditava que ele estava certo.
— Então? Quem vai curtir na piscina hoje à noite? — Ouvi a voz irritante de Nadia Vince perguntar.
— Hum... Acho que está um pouco frio mesmo agora, Nadia. Mais tarde, então, vai estar mais frio ainda. Estamos em alto-mar. Lembra? — Lance respondeu.
— É só para conversar um pouco e fumar, Lan. — Rob entrou na conversa, tentando convencer o amigo.
— Hum... Não vou. Hoje estou passando o convite, obrigado.
— Nem eu — Sarah disse em seguida.
— Se Sarah não vai...
Todos riram quando James falou.
— Claro que você também não vai, cachorrinho... — Peter completou, rindo. — Mas eu concordo, estou cansado demais.
— Ok! Ninguém vai, então! — Rob exclamou, levantando as mãos, e eu murchei.
— Ah, Rob. Vamos... — Nadia pediu enquanto se aproximava. Rob fez uma cara de pânico, me deixando um pouco mais tranquila quanto à relação dos dois.
— Hum, estou meio cansado, Nadia...
— Mas você estava agora mesmo empolgado para ir. — Sério que ela estava fazendo beicinho? Patética!
— Eu posso lhe fazer companhia, Nadia, querida. — Peter interrompeu, jogando todo o seu charme para a modelo e competindo com Robert, é claro. Ele sempre fazia isso. Porém, dessa vez, eu estava agradecida.
♫♪♫
Mais alguns minutos se passaram, e me vi inquieta demais para ficar ali, apenas ouvindo a voz dele. Então me levantei, tirando forças sem saber de onde, e caminhei lentamente, tentando passar confiança e talvez conseguir algum efeito antes de ir para cama, mas sabendo que a tentativa número um fracassara completamente.
O objetivo era chamar a atenção. Bem, consegui. Chamei a de Peter. Não era difícil pegar o olhar de alguém em um navio onde a maior parte dos passageiros era muito mais velha.
Peter, que rapidamente deixou de flertar com Nadia para falar comigo enquanto eu passava por sua mesa, sorriu de forma que pensava ser sedutora para mim. O cara era lindo, mas tinha que ter uma cadeira a mais só para que seu ego pudesse sentar à mesa. Me dava vontade de vomitar.
— Ei! — chamou em uma voz charmosa. Eu o encarei com seriedade, não demais, ele poderia ser meu aliado, mesmo que não soubesse.
— Oi? — cumprimentei como se não me importasse com quem eles eram.
— Noite agradável, não? — Todos à mesa me olhavam, inclusive Rob. No momento em que nossos olhos se encontraram, meu coração pulou uma batida. Algo diferente clicou dentro de mim.
— Muito agradável — disse, sem tirar os olhos de Robert e levei a Corona até meus lábios. Algum efeito provavelmente surtiu, Rob me deu o seu sorriso torto e completamente sexy desviando seus olhos de mim em seguida.
Ok! Acalme-se, não morra agora. E não pareça uma louca o encarando.
— Você está sozinha por aqui, baby?
Tudo bem, quem deu permissão para o palhaço me chamar assim?
— Meu nome é Marla. E sim, estou sozinha — respondi secamente. Lance soltou um ronco ao deixar escapar sua risada. Nadia ficou me observando dos pés à cabeça enquanto James e Robert olhavam para Peter como se quisessem rir de sua cara depois de minha resposta seca.
— Quer se juntar a nós? — A única mulher da mesa que importava, perguntou.
Own! Sarah Lee, você é tão fofa!
Em minha mente, eu pulava em seu pescoço enquanto agradecia a ela pela gentileza. Provavelmente me viu sozinha durante o jantar e ficou com pena. Pelo que acompanhava da banda, Sarah era sempre aquela que parecia mais preocupada com os fãs, certa vez ela parou o show no meio de uma música para socorrer uma garota que estava sendo assediada. Ela mandou seus seguranças tirarem o cara do show e convidou a garota para ir aos bastidores conhecê-los, não foi apenas doce da sua parte, foi a sua obrigação como mulher se erguer para ajudar a outra. Na época pensei que a garota era uma sortuda, agora eu apenas me sinto envergonhada por pensar de tal forma. Nenhuma mulher assediada tem sorte de nada. O que Lee fez era o que todas nós deveríamos fazer umas pelas outras.
Eu estava louca para aceitar o convite, teria sido espontâneo se eu o fizesse, entretanto, eu tinha um plano, e neste plano, não poderia parecer uma mariposa deslumbrada correndo diretamente para a luz: provavelmente eu ficaria histérica em algum ponto e pularia no pescoço do Robert.
— Oh! Não, obrigada. Estava me retirando já. Boa noite! — Sorri para todos e dei uma última checada em Rob, que analisava o oceano, sem realmente se importar em me devolver o cumprimento. Rapidamente esquecendo-se de que eu estava lá.
Placar:
Robert 01 X 00 Marla.
Ao chegar a minha cabine, liguei meu notebook. Como estava sozinha, sem alguém para conversar, sem Cameron para me ouvir surtar sobre o que estava acontecendo, resolvi criar uma conta e começar um blog. Por que não? Eu poderia escrever meus dias no cruzeiro e publicar. Não! Péssima ideia. Expor a vida de Rob seria um tiro no pé. Mas precisava desabafar, contar o que estava acontecendo comigo, mesmo que ninguém fosse realmente ouvir ou ler. Comecei a digitar em um arquivo em branco. O que eu diria, porém? Escreveria sobre a fraude que me tornei? Como era errado o que estava fazendo, mas o desejo e a teimosia não me deixavam parar? Então pensei em escrever sobre Rob. O que ele estaria fazendo naquele momento? ♫♪♫ Eu não consegui fechar os olhos durante a noite. Pela manhã, me sentia uma merda de tão cansada, mas não poderia dormir, tinha que circular pelo n
Tudo bem, é louvável e lindo que ele tenha respeitado o meu não como resposta, mas, poxa! Eu não estou conseguindo êxito em nada aqui. Pensei nessas coisas, levianamente, enquanto caminhava pelo navio. Argh! Andei até minha cabine, tentando controlar o grito de raiva preso em minha garganta. Sou mesmo muito estúpida. Eu sou obrigada a concordar com esse pensamento antigo. Pena que aquela Marla pensava que era estúpida pelos motivos errados. Passava um pouco das nove horas, e eu não apareceria antes da meia-noite. Isso dava tempo suficiente para ele aparecer e esperar por mim, o que era pouco provável, por um bom tempo. Aproveitei as horas que faltavam para desenhar alguns detalhes na minha tela. Era a primeira vez que eu desenhava daquele jeito, tão cru e sincero. Pensei em apagar mais de uma vez, mas não tinha coragem, estava de fato ficando muito, muito bom. Por volta d
Provar os lábios daquele homem fez com que eu realmente me apaixonasse. Não era o amor platônico que eu sentia pelo astro do rock, como uma menina boba. Era o real sentimento de quando beijamos uma pessoa, um homem normal, de carne e osso, sem toda a magia da música e da fama em cima dela. Robert tomou meu coração de forma verdadeira. O que eu sentira a partir daquele momento era genuíno. Senti-o gemer quando descaradamente lacei seu quadril com as minhas pernas. Era para a água da piscina estar fria, contudo, me sentia totalmente quente. Ele me beijava com tamanho fogo, tamanho querer, que rezei e até pensei em estalar os dedos para que o tempo parasse naquele exato momento, o que, para minha decepção, não aconteceu. Nosso beijo se prolongou por mais alguns minutos, e, enquanto eu mordia o seu lábio inferior, ele apertava a minha bunda com força. Parecia que algo havia explodido dentro dele. Será que ele também sentia que aquele era o melhor beij
Um dia. Um maldito dia inteiro se passou, e eu tive que me manter trancada no quarto para que ninguém visse meu rosto inchado. Maldito corticoide! Maldita amêndoa. Maldito carma! Sim! Foi um filho de uma puta de um carma! Não querendo destruir minha tela com o meu mau humor, descartei a possibilidade de pintar naquele dia. Entediada, resolvi escrever mais. Escrevi sobre os meus conflitos, pensamentos e sentimentos por Robert, e assisti alguns filmes, ainda tentando me distrair. Mas meus pensamentos não paravam. Robert não saía de minha mente. Sarah Lee me ligou perguntando o que havia acontecido, e eu menti, disse que precisava de um tempo para criar e que em breve eu sairia da toca. Fugi o quanto pude para que ninguém fosse me procurar e ver a minha familiaridade com Sloth, de Os Goonies. Rob não me ligou, mas mandou um oi por Sarah. Enquanto ela falava comigo do ramal da piscina, os outros m
Faltavam seis horas, quarenta e três minutos e oito segundos para abrir a porta da minha cabine e dar de cara com Robert. Não o rockstar, não o homem mais sexy do mundo eleito por dois anos consecutivos pelas revistas. Não o vocalista da Golden Wild. Apenas Robert. O intenso, atencioso e resmungão Robert Taylor. O Rob de carne e osso, como Lance havia mencionado. Aquela noite merecia algo especial, então fui até o deque sete do navio para algumas comprinhas no shopping. Os sapatos já estavam definidos, eu queria algo para combinar com eles e impressionar Rob. Aquele par de ankle boots era a prova de que eu simplesmente não sabia nada sobre ele. Minha imaturidade não me permitia entender que eu poderia ser a Marla que gostava de rock, bebia cerveja direto do gargalo, se preocupava com alguém além dela mesma e usava Converse e, ao mesmo tempo, também gostar de vestidos caros, cabelos bem-cuidados e bons vinhos. Para mim, naquele momento, eu
— Hum... — Eu me espreguicei em seus braços. — Bom dia! Abri os olhos e me deparei com uma imagem que a Marla perseguidora nunca teria conseguido uma fotografia: a versão Robert amassada e inchada de dormir. Sorrindo para mim com os olhos apertados e quase totalmente escondidos pelos cabelos, Rob suspirou quando peguei a ponta do lençol e coloquei na frente da minha boca, tentando evitar que meu hálito matinal chegasse a ele. Eu realmente queria que ele pensasse que eu não tinha hálito matinal? — Você se preocupa muito, pequena Marley. — Puxou o pano e beijou meus lábios. Mas me recusei a abri-los de qualquer maneira. — Tem escovas de dentes descartáveis novas no meu banheiro. Assenti, levantei enrolada no lençol e corri para o banheiro. Achei a escova e dei uma olhada nas coisas dele. Vaidade não era o seu forte, não havia uma abundância de cremes e perfumes, apenas um kit de um perfume de grife e uma espuma de barba. Pe
Entrei em minha cabine, batendo a porta atrás de mim enquanto tentava sufocar inutilmente um grito. — Porra! — Deixei sair o mais alto que eu conseguia. Andei até minha tela e tirei o lençol. Olhei por alguns momentos pensando o que eu faria. Peguei um tubo de tinta preta e me senti tentada a manchar todo o trabalho. Mas não tive coragem. Eu não conseguiria estragar aquilo. Gemi, frustrada, sentindo as lágrimas enchendo os meus olhos, e respirei fundo tentando pará-las. Sentei em frente ao notebook e escrevi o que veio em minha cabeça. “Robert nunca será meu. O fato de ter o encontrado nos braços de Nadia só me confirmou isso. Ela, ao menos, não fingia ser outra pessoa, embora todas as vezes que ele de fato prestou atenção em mim foram quando meus planos deram errado. Irônico, eu diria. Porém não menos sofrido. Queria voltar no tempo. Mas não para vir ao cruzeiro e ser eu mes
A. Melhor. Transa. Da. Minha. Vida.Começou selvagem, nossas necessidades sendo colocadas em prioridade. Depois foi leve, lento, carinhoso... Como eu imaginava em meus sonhos, mas realmente não esperava que aconteceria.Robert me olhava com devoção. Eu deixava alguns suspiros escaparem enquanto nos olhávamos incansavelmente, deitados na cama, nus, apenas com nossas palavras não ditas, uma conversa de sinais, de olhares. Ele sorriu para mim, dando a entender que algo seria dito.— Tenho uma proposta. — Começou — Poderíamos, sei lá... nos curtir enquanto estamos aqui.Sim! Eu aceito.— Hum... como assim? Tipo, ficarmos juntos?— Sim! Digo, mas só eu e você. Sabe... tipo, sem outras pessoas...— Tipo sem Nadia? — Eu sabia que era infantil, mas gostava de ouvir ele dizendo que não tinha nada com ela.— E sem Peter! — retrucou a minha pergunta sarcasticamente.— Não tenho nada com Peter. — Saiu mais ríspido do que eu queria.— E eu não tenho nada com a Nadia