Tudo bem, é louvável e lindo que ele tenha respeitado o meu não como resposta, mas, poxa! Eu não estou conseguindo êxito em nada aqui.
Pensei nessas coisas, levianamente, enquanto caminhava pelo navio.
Argh!
Andei até minha cabine, tentando controlar o grito de raiva preso em minha garganta.
Sou mesmo muito estúpida.
Eu sou obrigada a concordar com esse pensamento antigo. Pena que aquela Marla pensava que era estúpida pelos motivos errados.
Passava um pouco das nove horas, e eu não apareceria antes da meia-noite. Isso dava tempo suficiente para ele aparecer e esperar por mim, o que era pouco provável, por um bom tempo. Aproveitei as horas que faltavam para desenhar alguns detalhes na minha tela. Era a primeira vez que eu desenhava daquele jeito, tão cru e sincero. Pensei em apagar mais de uma vez, mas não tinha coragem, estava de fato ficando muito, muito bom.
Por volta das dez e meia, fui tomar um longo banho, separei o meu vestido preto à la Victoria Beckham no auge das Spice Girls e meus saltos pretos. Por sorte, escolhi, dentre os sapatos de minha coleção, os mais confortáveis e bons para dançar.
Arrumei meus cabelos no estilo mais bagunçado possível e fiz uma maquiagem marcando bem meus olhos e deixando minha boca sem cor. Eu pretendia beijá-lo, e acho que ele não gostaria de ter aqueles lindos e perfeitos lábios manchados, não é? Fiquei mais algum tempo em minha cabine, esperando dar o horário certo para poder sair. Eu queria que todos já estivessem na festa, para não ter que esperar tanto tempo.
A festa estava puro glamour e energia, música agitada, um número de pessoas da nossa faixa etária considerável fazia com que eu me perguntasse onde todos eles estavam antes daquele evento. A maior parte realmente estava abaixo dos cinquenta anos, mas havia muita gente acima dos trinta. Jovens mesmo, da nossa idade, eram um número menor, ainda assim uma quantidade que eu não esperava.
Dei uma boa olhada pelo local e avistei Lance e James, até mesmo Peter Lucca, mas nada de Robert. Parei no bar e pedi um drink qualquer antes de me aproximar de onde os meninos estavam.
Assim que terminei minha bebida, fui na direção deles, mas senti uma mão segurar a minha antes de chegar ao grupinho. Olhei para trás com expectativa e murchei assim que percebi que era Peter. Olhei novamente para o local onde eles estavam parados, me perguntando em que momento ele havia se separado do resto da banda.
— Olá, para você. — Mediu o meu corpo.
— Oi! — respondi, tentando parecer animada.
— Sozinha?
— Na verdade, não, estava indo dizer olá aos seus amigos. Lance e James. — Ele se aproximou, e eu repeti, sabendo que não havia escutado.
— Você os conhece? Digo. Pessoalmente? — Era óbvio quem eles eram. Eu não fingiria não os conhecer, apenas que não ligava muito para quem eles eram.
— Sim... os conheci na piscina, hoje.
— Hum... — Ele esticou o braço na direção do grupo, e nos encaminhamos para lá.
— Olá, Marla Marley... — Lance cumprimentou, sorrindo.
Ótimo, Sarah Lee havia contado que Rob errara meu nome.
— Rob achou mesmo que você viria.
Jesus! Ele falou mesmo de mim? Jura mesmo que ele falou alguma coisa de mim?
— E ele? Onde está? — Tentei parecer pouco interessada, mas Lance percebeu o meu blefe e sorriu para mim.
— Rob não vem, eu acho! Reclamou de dor de cabeça.
Eu ficaria brava, mas havia espaço apenas para decepção.
— Oh!
— Nadia está com ele — Peter informou com um tom malicioso que ele pensava ser muito sexy.
Não é nem um pouco sensual para mim, amigo.
— Espero que fique bem. — O pior era que eu nem conseguia disfarçar o meu desgosto. Até então, simplesmente tudo que havia feito para conseguir a atenção dele fora em vão, e pior, ele estava com Nadia, a parasita, alpinista social.
Mas eu era diferente dela? Talvez não fosse uma alpinista social, mas não deixava de estar errada em minha conduta também. Meu estômago se contorceu um pouco com aquela realização.
— Você sempre foi, ou foi aqui no navio? — Lance perguntou, notando minha frustração.
— O que? — Perguntei, tentando voltar meu foco.
— A fim do Rob.
— Eu? Pff... não.. eu...
Ele gargalhou, provando quão patética eu realmente estava.
— Tudo bem! Vamos fingir que essa conversa não existiu, mas, sabe... se você quer um conselho...
— Eu não quero! — Me defendi bruscamente. Embora soubesse o que estava acontecendo, não queria que ninguém me dissesse. — Desculpa! Mas isso é meio que...
— Ei, eu entendo. Vamos dançar? — Olhei em volta e vi que James e Peter conversavam e Sarah Lee se aproximava com... Nadia? Se Nadia estava ali, aonde estava Rob?
Provavelmente dispensou a perseguidora e ficou trancado em sua cabine. Resolvi que a noite havia acabado para mim, mas não queria deixar claro que estava indo embora porque Robert não estava.
Além disso, não queria deixar Lance chateado, ele fora legal comigo desde o começo, então dançamos duas músicas antes que eu desse uma desculpa:
— Eu vou ao banheiro e já volto — comuniquei, colocando meu sorriso mais sinceramente falso.
— Tudo bem! Boa noite! Durma bem, Marla Marley. — Eu sorri, sem graça, e me afastei, me perguntando se eu era tão fácil assim de ser lida. Se fosse, o papel que estava encenando ali era muito mais ridículo do que tinha consciência.
Enfim, saí do grande salão, frustrada. Mas não queria ir para a minha cabine, havia passado a manhã toda lá. Resolvi andar por um hall do navio e me deparei com uma sala cujo papel de parede era todo desenhado.
Os desenhos se repetiam ao longo da metragem da sala e havia apenas um quadro de moldura preta com o mesmo desenho do papel de parede no centro da sala. Busquei em minha mente onde havia visto aqueles desenhos, mas a impaciência fez com que eu me aproximasse da obra para ver. Era uma réplica do desenho de Paul McCartney. Lembrei que havia lido em um site que a obra do músico havia sido leiloada. Eu analisei o quadro com o olhar clínico, tentando identificar a genialidade na obra, mas, com todo o respeito, cheguei à conclusão que seus desenhos me apeteciam tanto quanto as músicas da banda.
— Você sabe que é falso, não sabe? — Aquela voz perfeita me fez saltar e me virar, assustada. Encarei os olhos brilhantes e misteriosos de Rob-Tay e respirei fundo, tentando me controlar antes de responder.
— É claro que sei. Meu pai não paga a LMU para eu me deixar enganar com réplicas.
— Loyola Marymount University? Gravamos um clipe lá no ano passado.
Acredite em mim, baby: eu sei!
— Eu ouvi falar — falei, parecendo não me importar. Sabia que ele estava ali para descansar, ficar lembrando que ele era um astro do rock não era uma opção inteligente.
— E por que não está na festa? — indagou, mudando de assunto.
Porque você não estava lá.
— Hum... sem clima. Fui mesmo para não fazer desfeita ao seu convite. — Cobrei o fato de ele não aparecer. Não que tivesse insistido que eu fosse, mas ele havia me convidado de qualquer forma.
— Me desculpe. Eu também não estou com saco para isso.
Ok, Marla, mais dez minutos de conversa, dê um suspiro e diga boa noite. Ele obviamente tem muito em mente, no momento. Não é hora para flertar. Respeite o espaço do cara.
— Acho que está na minha hora... — Suspirei. Queria que ele pedisse que eu não fosse, tinha esperança que me convidasse para ficar.
— Tudo bem, acho que também vou me recolher.
Por favor, não. Me peça para ficar, Rob.
Hora de sair do plano. Ele parecia precisar conversar.
— Pensando bem, quer ir na piscina? A noite está agradável, poderíamos fazer companhia um ao outro. Estou cansada, mas sem sono, para ser sincera. — Rezei para não ser rejeitada.
— Gostei da ideia.
Gostou? Isso!
— Vamos então? — Tive que me controlar para não gritar Iaba daba du na frente dele e nem fazer uma dancinha estúpida.
Em silêncio, fomos em direção à piscina, percorrendo o shopping do navio. As lojas estavam fechadas, mas as vitrines estavam iluminadas. Enquanto passávamos por elas, eu fiz esforço para ignorar os mostruários, tentando manter a minha mente em foco. Então parei quando vi. Um par maravilhoso de sapatos. Eram ankle boots coloridas, brilhantes e muito indiscretas. Algo que eu definitivamente não usaria em qualquer outra época, mas que, naquele momento, me chamara a atenção. Estranho. Nada tinha a ver comigo. Mesmo assim as quis.
— Gostou dos sapatos? — Olhei para ele, que, sorridente, aguardava a minha resposta. — Eu gostei. — Rob complementou.
— Gostou? — Olhei para ele, achando estranho.
— Não para mim, mas acho que fica legal em uma garota. — Seu sorriso era sexy, e seus olhos analisaram o meu rosto por um momento antes de descer pelo meu corpo. — Certamente ficariam bem em você.
Sorri e abaixei a cabeça, tentando me concentrar no que estava acontecendo. Aquilo foi um flerte. Nós nos encaramos por mais alguns segundos e voltamos a nossa caminhada e conversa fiada. Antes de nos afastarmos demais, dei uma última olhada no par brilhante de botas me imaginando com eles.
— Ansiosa para a parada em Key West?
Fui sincera ao negar:
— Não. Na verdade, acho que vou ficar pelo navio mesmo — respondi enquanto nos sentávamos nas espreguiçadeiras em frente à piscina. O tempo estava frio, especialmente à noite, mas a temperatura não havia caído demais ainda. Era suportável.
Nos acomodamos confortavelmente e deitamos olhando para o céu. O silêncio era confortável entre nós.
— O céu está feio — suspirou.
— Hu-hum! Nada de estrelas.
— Pois é... — Meu Deus! Será que ele é mentalmente incapaz de desenvolver um assunto?
Bom, se ele era, eu normalmente estava longe de ser, sempre fui uma tagarela articulada. Rob estava me deixando incapaz. Havia treinado e sonhado com aquele momento, mas tudo saía fora do planejado. Eu precisava fazer alguma coisa. Tinha quinze dias com ele, agir era necessário.
— Não saia daqui! — ordenei, apontando o dedo para ele. Algo tinha que ser feito, aquele teatro de menina tímida e displicente certamente não estava surtindo efeito. Ele ficou me olhando de olhos arregalados, mas assentiu. Saí correndo o máximo que pude em meus saltos e vestido até a minha cabine e troquei de roupa, colocando um short, uma camiseta e chinelos. Peguei todas as garrafas de bebida alcoólica que havia no minibar e voltei, rezando para todos os deuses existentes que ele ainda estivesse lá.
Sorri ao perceber que esperava por mim e me aproximei notando seus olhos fechados. Sentindo a minha aproximação, ele me fitou de cima a baixo, sorrindo torto.
Deus! Me ajude e não me deixe olhar para luz. Eu vou morrer com aquele olhar.
— Vodca, uísque e... acho que isso é Martini — narrei, equilibrando as garrafinhas em minhas mãos sem conseguir ler direito seus rótulos.
— Eu certamente preciso beber, acho que minha dor de cabeça é falta de álcool, na verdade. — Arqueou a sobrancelha e sorriu abertamente. Seus olhos brilhavam com travessura.
Tomei um gole direto da garrafa e passei para ele, o álcool desceu queimando. Propositadamente, deixei meus cigarros na cabine. O ato fora imaturo e doente, mas eu tinha planejado uma insinuação.
— Posso? — indaguei, estendendo meus dedos para o cigarro dele. Tirando-os de seus lábios, passou para mim. Olhando-o fixamente, traguei seu cigarro e, enquanto devolvia a ele, soltei a fumaça sem desviar os olhos. Rob sorriu balançando a cabeça em negação e mordi a língua para não perguntar o que se passava em sua mente. Tinha que haver uma forma daquele homem falar. Ele percebera meu flerte, seu olhar e sorriso diziam que sim. Sua postura começava a relaxar mais perto de mim e me dava esperanças.
♫♪♫
Jesus! Como Robert Taylor fala!
Na terceira garrafinha, ele já estava falando mais do que minha mãe. Tudo bem, então havíamos bebido muito mais do que minhas garrafinhas de álcool. Chamamos um garçom para nos trazer uma garrafa de uísque e estávamos na metade dela. Gargalhávamos enquanto ele falava besteiras aleatórias das outras pessoas que passavam por nós ou da minha imitação horrível de sotaques.
— Você fica bizarra tentando falar assim.
— Desculpe por não conseguir ser tão charmosa quanto os franceses quando falam. — Ele me olhou, soltando um riso com um bufo.
— E eu? Você me acha charmoso? — perguntou com a voz baixa. Aquilo era um flerte ou um questionamento errôneo causado pelo álcool? Mesmo assim, não pude evitar o sentimento de vitória dentro de mim: Rob apreciava a minha companhia.
— Um pouquinho — brinquei.
— Só um pouquinho? — insistiu. Estávamos tontos, ele mais do que eu. No entanto, nada me impedia de fingir o contrário. “Bêbada”, eu poderia forçar um pouco mais a barra sem que ele percebesse.
— Falando sério? — Olhei para ele. — Você não tem mesmo noção do quanto é lindo? — Extrapolei. Eu sei. Mas não consegui segurar. Não quando ele estava brincando comigo daquela forma, não quando parecia tão relaxado.
Robert sorriu e passou as mãos no cabelo, olhando para a piscina sem me responder, mostrando sua timidez. O ar de repente ficou pesado e não estávamos tão confortáveis mais, graças às minhas palavras de menininha apaixonada. Eu bufei, me levantando e jogando minhas sandálias para o lado, me atirei na piscina. Voltei à superfície, tentando sorrir sedutoramente para ele na intenção de convidá-lo a entrar comigo.
— Sua maluca!
— Vem! — chamei, me atirando para trás, nadando de costas.
— Nem pensar — Rob negou, então fiz minha melhor pose determinada.
— Vou ficar embaixo d’água prendendo o ar até você entrar. Será omissão de socorro.
— Não seja infantil. — Rob torceu o seu lábio, me fazendo recuar na brincadeira. — Estamos alcoolizados e não devemos brincar com esse tipo de coisa, Marley.
Tudo bem, ele tinha razão. Fazendo beicinho eu nadei até a escada e subi os degraus. Quando eu estava de frente por ele, o abracei e nos empurrei para a piscina. Mergulhamos juntos e, quando voltamos à superfície, Rob parecia assustado com a minha atitude.
— Sua louca! Maluca! — gritou, mas logo estava rindo. Eu gargalhei e o puxei pela blusa para beijá-lo sem dar tempo de ele me parar. Quando percebeu, eu o estava imprensando contra a borda da piscina, invadindo a sua boca com minha língua enquanto minhas mãos agarravam a sua camiseta molhada. Meus lábios brincaram com os dele, porém, ainda não estava sendo retribuída. Parei o beijo, sentindo meu coração se quebrar. Ele não me queria. Como fui pensar que meu plano daria certo?
Sem conseguir esconder a minha frustração, comecei a largar a gola da sua camisa surrada e a me afastar. Então, algo pareceu mudar em seu rosto, o maxilar se tornou duro, tenso, suas narinas inflaram e seus olhos, de repente, eram puro fogo.
— Caralho, vem aqui, Marley.
Puxou-me para seu corpo, beijando minha boca com vontade crua. Querer selvagem, com direito a gemidos, dentes, língua, uísque e cloro de piscina. Dando-me o exato gosto da perfeição. Fazendo com que meu corpo reagisse, dei um longo suspiro e imaginei explosões de fogos de artifício acima de nós.
Provar os lábios daquele homem fez com que eu realmente me apaixonasse. Não era o amor platônico que eu sentia pelo astro do rock, como uma menina boba. Era o real sentimento de quando beijamos uma pessoa, um homem normal, de carne e osso, sem toda a magia da música e da fama em cima dela. Robert tomou meu coração de forma verdadeira. O que eu sentira a partir daquele momento era genuíno. Senti-o gemer quando descaradamente lacei seu quadril com as minhas pernas. Era para a água da piscina estar fria, contudo, me sentia totalmente quente. Ele me beijava com tamanho fogo, tamanho querer, que rezei e até pensei em estalar os dedos para que o tempo parasse naquele exato momento, o que, para minha decepção, não aconteceu. Nosso beijo se prolongou por mais alguns minutos, e, enquanto eu mordia o seu lábio inferior, ele apertava a minha bunda com força. Parecia que algo havia explodido dentro dele. Será que ele também sentia que aquele era o melhor beij
Um dia. Um maldito dia inteiro se passou, e eu tive que me manter trancada no quarto para que ninguém visse meu rosto inchado. Maldito corticoide! Maldita amêndoa. Maldito carma! Sim! Foi um filho de uma puta de um carma! Não querendo destruir minha tela com o meu mau humor, descartei a possibilidade de pintar naquele dia. Entediada, resolvi escrever mais. Escrevi sobre os meus conflitos, pensamentos e sentimentos por Robert, e assisti alguns filmes, ainda tentando me distrair. Mas meus pensamentos não paravam. Robert não saía de minha mente. Sarah Lee me ligou perguntando o que havia acontecido, e eu menti, disse que precisava de um tempo para criar e que em breve eu sairia da toca. Fugi o quanto pude para que ninguém fosse me procurar e ver a minha familiaridade com Sloth, de Os Goonies. Rob não me ligou, mas mandou um oi por Sarah. Enquanto ela falava comigo do ramal da piscina, os outros m
Faltavam seis horas, quarenta e três minutos e oito segundos para abrir a porta da minha cabine e dar de cara com Robert. Não o rockstar, não o homem mais sexy do mundo eleito por dois anos consecutivos pelas revistas. Não o vocalista da Golden Wild. Apenas Robert. O intenso, atencioso e resmungão Robert Taylor. O Rob de carne e osso, como Lance havia mencionado. Aquela noite merecia algo especial, então fui até o deque sete do navio para algumas comprinhas no shopping. Os sapatos já estavam definidos, eu queria algo para combinar com eles e impressionar Rob. Aquele par de ankle boots era a prova de que eu simplesmente não sabia nada sobre ele. Minha imaturidade não me permitia entender que eu poderia ser a Marla que gostava de rock, bebia cerveja direto do gargalo, se preocupava com alguém além dela mesma e usava Converse e, ao mesmo tempo, também gostar de vestidos caros, cabelos bem-cuidados e bons vinhos. Para mim, naquele momento, eu
— Hum... — Eu me espreguicei em seus braços. — Bom dia! Abri os olhos e me deparei com uma imagem que a Marla perseguidora nunca teria conseguido uma fotografia: a versão Robert amassada e inchada de dormir. Sorrindo para mim com os olhos apertados e quase totalmente escondidos pelos cabelos, Rob suspirou quando peguei a ponta do lençol e coloquei na frente da minha boca, tentando evitar que meu hálito matinal chegasse a ele. Eu realmente queria que ele pensasse que eu não tinha hálito matinal? — Você se preocupa muito, pequena Marley. — Puxou o pano e beijou meus lábios. Mas me recusei a abri-los de qualquer maneira. — Tem escovas de dentes descartáveis novas no meu banheiro. Assenti, levantei enrolada no lençol e corri para o banheiro. Achei a escova e dei uma olhada nas coisas dele. Vaidade não era o seu forte, não havia uma abundância de cremes e perfumes, apenas um kit de um perfume de grife e uma espuma de barba. Pe
Entrei em minha cabine, batendo a porta atrás de mim enquanto tentava sufocar inutilmente um grito. — Porra! — Deixei sair o mais alto que eu conseguia. Andei até minha tela e tirei o lençol. Olhei por alguns momentos pensando o que eu faria. Peguei um tubo de tinta preta e me senti tentada a manchar todo o trabalho. Mas não tive coragem. Eu não conseguiria estragar aquilo. Gemi, frustrada, sentindo as lágrimas enchendo os meus olhos, e respirei fundo tentando pará-las. Sentei em frente ao notebook e escrevi o que veio em minha cabeça. “Robert nunca será meu. O fato de ter o encontrado nos braços de Nadia só me confirmou isso. Ela, ao menos, não fingia ser outra pessoa, embora todas as vezes que ele de fato prestou atenção em mim foram quando meus planos deram errado. Irônico, eu diria. Porém não menos sofrido. Queria voltar no tempo. Mas não para vir ao cruzeiro e ser eu mes
A. Melhor. Transa. Da. Minha. Vida.Começou selvagem, nossas necessidades sendo colocadas em prioridade. Depois foi leve, lento, carinhoso... Como eu imaginava em meus sonhos, mas realmente não esperava que aconteceria.Robert me olhava com devoção. Eu deixava alguns suspiros escaparem enquanto nos olhávamos incansavelmente, deitados na cama, nus, apenas com nossas palavras não ditas, uma conversa de sinais, de olhares. Ele sorriu para mim, dando a entender que algo seria dito.— Tenho uma proposta. — Começou — Poderíamos, sei lá... nos curtir enquanto estamos aqui.Sim! Eu aceito.— Hum... como assim? Tipo, ficarmos juntos?— Sim! Digo, mas só eu e você. Sabe... tipo, sem outras pessoas...— Tipo sem Nadia? — Eu sabia que era infantil, mas gostava de ouvir ele dizendo que não tinha nada com ela.— E sem Peter! — retrucou a minha pergunta sarcasticamente.— Não tenho nada com Peter. — Saiu mais ríspido do que eu queria.— E eu não tenho nada com a Nadia
Nos dias que se seguiram, tudo foi perfeito. Estávamos juntos o tempo todo, e eu procurava o surpreender sempre. Nossa última escapada havia sido nas poltronas do teatro vazio do navio. Ainda ofegante, ele mordeu meu ombro e o beijou em seguida. — Você sempre me surpreende. Vou retribuir — sussurrou em meu ouvido. — Agora? — perguntei, incrédula. — De onde vem tanto fôlego? — Não! Se fosse agora, não seria surpresa. Mas vou te surpreender. — Me abraçou com mais força, e ficamos ali olhando o mar de assentos do teatro vazio. Eu me sentia serena. — Fique aqui — Rob disse depois de um tempo, se levantando e correndo pelas fileiras de poltronas até chegar no palco. Ele subiu sem usar os degraus e foi até a parte de trás, se embrenhou entre as cortinas e sumiu. — Rob? — gritei por ele. — Você disse que a surpresa não seria agora. — Não é. Procurando uma coisa. E... aqui está. Você está com sorte. Eu sabia daquilo. Estava com
Três semanas depois... Eu tremia enquanto permanecia sentada na cadeira do consultório. Dr. Gelrer sorria, tentando me acalmar. Mamãe, no fundo, sabia do resultado assim como eu. Era impossível um que fosse diferente depois dos enjoos e da menstruação atrasada. Ela se mantinha muda, parecendo ignorar a minha existência ao seu lado, mas, mesmo assim, permanecia lá. Eu não entendia o motivo. Apoio, certamente não era. Ela sequer falava comigo desde que eu voltara. — Bem, Marla... O resultado deu positivo. Você está grávida de doze semanas, aproximadamente. — Baixei a cabeça e apertei meu ventre com as mãos. “E agora?” Procurei não olhar para minha mãe, ela estava certamente furiosa. — Mas eu sempre tomei pílula e... — Bem, eu não preciso mencionar a porcentagem de eficácia dos métodos contraceptivos, e você pode ter esquecido de tomar alguns dias, ou desregulou a sua menstruação, mudança de ares também ajudam e... — O clique veio insta