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Capítulo IV- Ela está grávida

Luigi Romano

Matteo retorna no momento em que me afasto de Giovanna.

_ Como ela está? - Pergunto sobre o estado de Giorgina, nossa irmã.

_ Está agitada - Matteo responde olhando para Giovanna, depois pra mim.

_ Ela ficará com um bilhão, devolverá o restante e deixará Giorgina conosco.

_ Vai deixar sua filha? - Ele soa surpreso e preocupado. Provavelmente tão patético quanto eu.

Giovanna nunca cuidou da filha, não sei porque ficamos tão surpresos com sua atitude.

_ Não finja que se importa, só estou indo embora por sua causa - Ela fala se levantando, olhando para Matteo com cara de coitada. Não gosto disso. Matteo tem um coração mole, principalmente quando o assunto é mulher.

_ Ainda dá tempo – Ela olha pra ele esperançosa, com cara de choro. A mulher é uma artista.

_ Ainda dá tempo pra que? – Pergunto já esgotado de toda aquela ladainha.

_ Ela queria que eu me casasse com ela – Matteo fala com o semblante fechado.

_ Eu continuaria aqui cuidando de Giorgina e devolveria todo o dinheiro – Ela me olha esperançosa e eu solto uma risada.

_ Arruma tuas malas e suma daqui, porque se Matteo inventasse de casar com você, eu mesmo daria um tiro na cabeça dele – Digo e o rosto dela se retorce.

_ Ele é o capo, não você – Ela fala voltando a olhar pra ele, esperando por apoio, ou talvez pela resposta final de sua proposta descabida.

_ Acabou Giovanna. Arrume suas roupas ou vai sair daqui sem elas – Matteo falou com firmeza.

_ Eu nunca vou te perdoar por isso. Nunca vou esquecer que me usou e depois jogou fora.

_ Quem usou quem? - Matteo pergunta alterado.

_ Já chega – Eu a puxo para fora do escritório e fecho a porta. Matteo me olha contrariado e não preciso nem esperar que ele abra a boca para saber o que vai dizer.

_ Nem começa - Aviso já sem paciência.

_ Não podemos jogar ela na rua desse jeito. Ela é a mãe de nossa irmã.

_ Ela vai pra rua com um bilhão de euros – Repito pra ver se entra na cabeça dele – Além disso a escolha foi dela, não nossa.

Termino de falar olhando nos olhos dele com seriedade.

_ Foi ela quem disse que não levaria Giorgina - Falo e ele se senta na poltrona, permanecendo em silêncio com o semblante amargurado.

_ Não continue bancando o idota nas mãos dela.

_ Dessa vez, acabou – Ele garante folgando a gravata – Não aguento mais ter pesadelos com nosso pai. Nem se eu quisesse conseguiria mais – Ele reclama e eu coço a cabeça sem acreditar que ele ainda está incutido com os tais sonhos que disse que tinha tido com nosso pai.

Que seja pelos sonhos, ou que seja por Lyra, sinceramente não me importo. Qualquer coisa é válida contanto que essa mulher deixe de atazaná-lo. Desde que a malditä tirou o cabaço dele, nunca mais o deixou em paz. Sei que Eduarda me odiaria por isso, mas bendita a hora em que Lyra pisou nessa casa.

Apesar de saber o quanto Giorgina vai sofrer com a partida da mãe, pensar que nunca mais terei que olhar para a cara dessa mulher, vale cada centavo gasto. Que vá com o capeta para o quintos dos infernos e se voltar... se ela inventar de voltar, como tenho quase certeza de que o fará, eu mesmo me encarregarei de fazer com que lamente amargamente.

Passo as mãos nos cabelos tentando me recompor e meu celular toca. Olho para o display já cansado e quando vejo o nome de Diana Lizano, não consigo confiar em meus próprios olhos.

_ Alô – Respondo na certeza de que se trata de algum engano. Desde a última vez em que ficamos juntos, ela nunca mais me procurou.

_ Luigi? – A voz dela soa baixa e Matteo me olha querendo saber se é algo com que deva se preocupar. Eu o tranquilizo com a mão e me sento no sofá vazio.

_ Olá fragola - Eu a chamo de morango com um sorriso no canto da boca. Não deixa de ser divertido provocá-la - Sentiu a minha falta? – Meu humor ainda está uma merda, mas estou curioso para saber o que a fez me ligar.

_ Luigi, eu... – Ela faz uma pausa – Só estou te ligando porque acho que deveria saber.

_ Saber o que?

_ Que estou gravida de um filho seu e amanhã cedo farei o aborto – Suas palavras me pegam desprevenidos.

_ O que? – Pergunto ainda sem reação, mas ela já desligou o telefone.

Retorno a ligação imediatamente, mas não consigo.

_ Merda! - O telefone não completa a ligação, o que significa que ela certamente desligou a porra do aparelho.

_ O que houve? – Matteo pergunta ao ver o meu estado. Em vez de responde-lo, ligo para Alfredo, um dos capangas de nosso pai que eu tinha incumbido de investigar a vida dela, meses antes.

_ Me manda o endereço da doutora Lizano, agora mesmo e já se encarregue de deixar dois homens vigiando sua casa. Ela não deve sair até que eu chegue.

_ Ela mora na Suíça – Ele avisa aparentemente confuso.

_ Chegarei antes do dia amanhecer – Falo e desligo o telefone. A Suíça e a Itália são países vizinhos e mesmo que não fosse, eu daria meu jeito.

_ Espera – Matteo exige preocupado – O que foi que aconteceu?

_ Diana está grávida de um filho meu e disse que vai abortar a criança. Cuide de Giovanna e não deixa ela te fazer de trouxä.

_ Isso não vai acontecer.

_ É o que eu espero – Falo antes de sair.

Deixar Matteo sozinho naquele momento definitivamente era uma péssima ideia, mas ele já não era nenhum menino. Giovanna tinha deixado claro suas intensões, se ele ainda caísse em suas conversas, eu mesmo me encarregaria de socar sua cara.

Nosso pai estava morto, nossos inimigos sedentos por nossas cabeças. Se não cumprissimos com nossos compromissos, as coisas não terminariam bem para nós. Aquele definitivamente não era o melhor momento para sair, mas Diana estava esperando um filho meu e se o que tinha dito fosse verdade, ela pretendia abortar a criança.

Meu sangue está agitado, quase me deixando surto. Piso no chão e parece que está a um metro abaixo de meus pés. Se ela tocar no meu filho, as coisas não terminarão bem.

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