Luigi Romano
Matteo retorna no momento em que me afasto de Giovanna.
_ Como ela está? - Pergunto sobre o estado de Giorgina, nossa irmã.
_ Está agitada - Matteo responde olhando para Giovanna, depois pra mim.
_ Ela ficará com um bilhão, devolverá o restante e deixará Giorgina conosco.
_ Vai deixar sua filha? - Ele soa surpreso e preocupado. Provavelmente tão patético quanto eu.
Giovanna nunca cuidou da filha, não sei porque ficamos tão surpresos com sua atitude.
_ Não finja que se importa, só estou indo embora por sua causa - Ela fala se levantando, olhando para Matteo com cara de coitada. Não gosto disso. Matteo tem um coração mole, principalmente quando o assunto é mulher.
_ Ainda dá tempo – Ela olha pra ele esperançosa, com cara de choro. A mulher é uma artista.
_ Ainda dá tempo pra que? – Pergunto já esgotado de toda aquela ladainha.
_ Ela queria que eu me casasse com ela – Matteo fala com o semblante fechado.
_ Eu continuaria aqui cuidando de Giorgina e devolveria todo o dinheiro – Ela me olha esperançosa e eu solto uma risada.
_ Arruma tuas malas e suma daqui, porque se Matteo inventasse de casar com você, eu mesmo daria um tiro na cabeça dele – Digo e o rosto dela se retorce.
_ Ele é o capo, não você – Ela fala voltando a olhar pra ele, esperando por apoio, ou talvez pela resposta final de sua proposta descabida.
_ Acabou Giovanna. Arrume suas roupas ou vai sair daqui sem elas – Matteo falou com firmeza.
_ Eu nunca vou te perdoar por isso. Nunca vou esquecer que me usou e depois jogou fora.
_ Quem usou quem? - Matteo pergunta alterado.
_ Já chega – Eu a puxo para fora do escritório e fecho a porta. Matteo me olha contrariado e não preciso nem esperar que ele abra a boca para saber o que vai dizer.
_ Nem começa - Aviso já sem paciência.
_ Não podemos jogar ela na rua desse jeito. Ela é a mãe de nossa irmã.
_ Ela vai pra rua com um bilhão de euros – Repito pra ver se entra na cabeça dele – Além disso a escolha foi dela, não nossa.
Termino de falar olhando nos olhos dele com seriedade.
_ Foi ela quem disse que não levaria Giorgina - Falo e ele se senta na poltrona, permanecendo em silêncio com o semblante amargurado.
_ Não continue bancando o idota nas mãos dela.
_ Dessa vez, acabou – Ele garante folgando a gravata – Não aguento mais ter pesadelos com nosso pai. Nem se eu quisesse conseguiria mais – Ele reclama e eu coço a cabeça sem acreditar que ele ainda está incutido com os tais sonhos que disse que tinha tido com nosso pai.
Que seja pelos sonhos, ou que seja por Lyra, sinceramente não me importo. Qualquer coisa é válida contanto que essa mulher deixe de atazaná-lo. Desde que a malditä tirou o cabaço dele, nunca mais o deixou em paz. Sei que Eduarda me odiaria por isso, mas bendita a hora em que Lyra pisou nessa casa.
Apesar de saber o quanto Giorgina vai sofrer com a partida da mãe, pensar que nunca mais terei que olhar para a cara dessa mulher, vale cada centavo gasto. Que vá com o capeta para o quintos dos infernos e se voltar... se ela inventar de voltar, como tenho quase certeza de que o fará, eu mesmo me encarregarei de fazer com que lamente amargamente.
Passo as mãos nos cabelos tentando me recompor e meu celular toca. Olho para o display já cansado e quando vejo o nome de Diana Lizano, não consigo confiar em meus próprios olhos.
_ Alô – Respondo na certeza de que se trata de algum engano. Desde a última vez em que ficamos juntos, ela nunca mais me procurou.
_ Luigi? – A voz dela soa baixa e Matteo me olha querendo saber se é algo com que deva se preocupar. Eu o tranquilizo com a mão e me sento no sofá vazio.
_ Olá fragola - Eu a chamo de morango com um sorriso no canto da boca. Não deixa de ser divertido provocá-la - Sentiu a minha falta? – Meu humor ainda está uma merda, mas estou curioso para saber o que a fez me ligar.
_ Luigi, eu... – Ela faz uma pausa – Só estou te ligando porque acho que deveria saber.
_ Saber o que?
_ Que estou gravida de um filho seu e amanhã cedo farei o aborto – Suas palavras me pegam desprevenidos.
_ O que? – Pergunto ainda sem reação, mas ela já desligou o telefone.
Retorno a ligação imediatamente, mas não consigo.
_ Merda! - O telefone não completa a ligação, o que significa que ela certamente desligou a porra do aparelho.
_ O que houve? – Matteo pergunta ao ver o meu estado. Em vez de responde-lo, ligo para Alfredo, um dos capangas de nosso pai que eu tinha incumbido de investigar a vida dela, meses antes.
_ Me manda o endereço da doutora Lizano, agora mesmo e já se encarregue de deixar dois homens vigiando sua casa. Ela não deve sair até que eu chegue.
_ Ela mora na Suíça – Ele avisa aparentemente confuso.
_ Chegarei antes do dia amanhecer – Falo e desligo o telefone. A Suíça e a Itália são países vizinhos e mesmo que não fosse, eu daria meu jeito.
_ Espera – Matteo exige preocupado – O que foi que aconteceu?
_ Diana está grávida de um filho meu e disse que vai abortar a criança. Cuide de Giovanna e não deixa ela te fazer de trouxä.
_ Isso não vai acontecer.
_ É o que eu espero – Falo antes de sair.
Deixar Matteo sozinho naquele momento definitivamente era uma péssima ideia, mas ele já não era nenhum menino. Giovanna tinha deixado claro suas intensões, se ele ainda caísse em suas conversas, eu mesmo me encarregaria de socar sua cara.
Nosso pai estava morto, nossos inimigos sedentos por nossas cabeças. Se não cumprissimos com nossos compromissos, as coisas não terminariam bem para nós. Aquele definitivamente não era o melhor momento para sair, mas Diana estava esperando um filho meu e se o que tinha dito fosse verdade, ela pretendia abortar a criança.
Meu sangue está agitado, quase me deixando surto. Piso no chão e parece que está a um metro abaixo de meus pés. Se ela tocar no meu filho, as coisas não terminarão bem.
Diana LizanoA sala de jantar é fria. Todos os cômodos daquela casa são. Me sento ao lado de Alberto e olho para a louça refinada a minha frente. Aquele lugar é um cemitério de lembranças.As entradas são servidas e minha mãe parabeniza Alberto por ter assumido a liderança das empresas de sua família. Todos estão olhando pra ela e esperando o momento de agradecerem por suas palavras. É sempre assim. Ela é sempre o centro das atenções. Ainda que alguém comece a falar antes dela, em pouco segundos ela sempre dá um jeito de se emponderar da conversa.Ela manipula a todos o tempo todo. Cada um fala somente o tanto que ela julga necessário. É estranho como ela consegue fazer isso. As vezes me pergunto se faz propositalmente ou se só não consegue se controlar._ Você está bem? – Alberto pergunta em voz baixa se voltando em minha direção. A sensação que tenho é a de que meu coração está sendo esmagado.Por mais que eu tente, não consigo olhar pra ele._ Eu gostaria que me concedesse um momen
Diana Lizano Tento dormir aquela noite. Fecho os olhos e me afogo nas próprias lágrimas. Como eu pude chegar nessa situação? Em oito anos de namoro com Alberto, nunca tivemos relação sem preservativo. Coloco as mãos sobre meu ventre e não acredito que isso tenha acontecido. Não consigo aceitar que tenha ficado com Luigi sem nenhuma proteção. É lamentável e imperdoável a minha situação. Luigi com toda certeza deve ter uma dúzia de filhos espalhados pelo mundo. Gangsters como ele, adoram meter seus espermas nas mulheres e sumirem no mundo. Levanto da cama furiosa comigo mesma e busco ar na varanda. Ele foi tão rápido e tão intenso que quando vi, já estava dentro de mim. A breve lembrança daquela noite faz minhas pernas fraquejarem. Não gosto de lembrar das duas vezes em que dormimos juntos, porque meu corpo fica constrangedoramente sensível. Já cheguei a acordar excitadä no meio da noite depois de sonhar com o cafajeste. Ele parece uma assombração perturbando o meu juízo. Não dá para
Diana LizanoEu já estava deitada na maca, com as pernas abertas. A dra. Ruschel já tinha se paramentado e a enfermeira preparava a medicação. Meu coração estava destruído. Aquele não era o dia da morte de um feto e da minha também.Eu poderia encontrar desculpas para tudo, mas no fundo eu sempre seria a mulher que tinha abortado uma criança. Não sei como as mulheres que faziam esse tipo de procedimento sobreviviam a isso. Eu estava psicologicamente destruída.Deitada naquela maca, eu virei o rosto para o lado e fechei os olhos, no exato momento em que a porta do consultório se abriu. Meu coração quase saiu pela boca quando vi Luigi na minha frente. Ele estava furioso, com sua arma apontada para a médica. Puxei minhas pernas e tentei acalmá-lo. Ele estava armado e eu tremendo.Ele não me deixou nem mesmo trocar de roupas e me levou para fora da clínica. Minha mãe tentou impedi-lo, mas ele nem mesmo relutou. Luigi era louco, mais louco do que eu podia imaginar.Ele me colocou dentro de
Luigi RomanoO que ela fez, não tem perdão. A arrogante pensa que meu filho é algum vestido que pode escolher se vai vestir ou não? Vicenzo pode não ter nascido ainda, mas o papai está aqui para garantir os seus direitos.Eu mesmo me encarregarei de deixar as coisas bem claras pra ela. Não quer ser mãe. Não seja. Não preciso dela pra criar meu filho. Mas ela vai ter essa criança, nem que eu tenha que virar seu cão de guarda.Ela anda no quarto perdida dentro da minha camisa, baixinha e gostosa, mas não vale nada. Porque pra mim, uma mulher que mata um ser inocente dentro da barriga é pior do que um criminoso. Essa é uma covardia incomparável, matar um ser que nem mesmo se formou ainda, sem qualquer chance de se defender.Vou para o banheiro e a deixo fazendo seus protestos para as paredes. Ela me xinga e me chama de louco. Vomita suas escroticës sem papas na língua afiada. Minha única preocupação é se isso faz mäl para a criança._ Onde está a chave? – Ela esmurra a porta.Quando perce
Luigi RomanoO celular toca e eu pressiono o botão no volante aceitando a chamada, imaginando se tratar de Matteo. Quando ouvi a voz de Isabela, o corpo logo enrijeceu. Eu tinha dito que jantaria com ela na noite anterior. Passei a mão nos cabelos olhando para o lado e engoli em seco.“Merda!”_ Eu te esperei a noite toda – Ela reclama do outro lado da linha com a voz manhosa, me trazendo de volta._ Tive um imprevisto – Respondo com o corpo tenso. Diana olha pra mim visivelmente interessada na conversa.Diana e eu não tínhamos nada até ontem a noite, mas agora ela está com um filho meu em sua barriga. Não sei exatamente como ficará nossa situação, mas com certeza não posso ficar flertando com outra ao lado dela antes de termos uma conversa e esclarecermos as coisas._ Tô molhadinha Luigi – Isabela fala gemendo do outro lado._ Tudo bem, te ligo assim que puder – Respondo desligando o telefone. Diana está ao meu lado, se ouve a conversa, a situação ficaria estranha.Ela me olha e perc
Diana LizanoEstou de pé na calçada da rua estreita. Bellano é uma cidade turística, com a arquitetura mais voltada para o estilo alemão. As ruas, casa e lojas já estão abarrotadas de enfeites de natal e luzes piscantes. A neve começa a cair e as pessoas andam de um lado para o outro com sorrisos eufóricos. A felicidade no rosto deles é tão linda que me deixa anestesiada. Eu... eu queria tanto, mesmo que por um dia, descobrir como é isso.Não é a primeira vez que me pego parada olhando para os outros. Vendo mães andando de mãos dadas com seus filhos. Irmãos brincando e até brigando. Vendo amigas abracadas cochichando e rindo. Não sei como é isso e nunca vou saber. A única pessoa que tenho semelhante a isso é Marta, mas eu quase não passo tempo com ela por causa do trabalho.Meu peito dói, como se tivesse um buraco dentro dele e meus olhos enchem de lágrimas. Eu tenho pavor dessa data. É a época do ano que mais me machuca, em que mais me sinto sozinha. É como se fosse o momento do ano
Diana LizanoLuigi é louco e a determinação em seu olhar consegue abalar todos os meus nervos. O olhar dele me devora com uma força que faz minhas pernas literalmente fraquejarem._ Luigi – Matteo o chama, me lembrando de que eu preciso respirar._ Depois do almoço vamos conversar – Ele fala antes de ir ao encontro do irmão.Olho para Matteo e seu olhar não é nada caloroso. Imagino que seja por algo que Luigi tenha dito, não sei, mas uma coisa é certa, ele não tem nenhuma empatia por mim e isso me causa uma sensação estranha de desconforto._ A senhora vai nos ajudar a montar a mesa? – Lolita pergunta e eu olho pra ela mais perdida do que tudo. Não sei montar mesas. Na casa de minha mãe são sempre os funcionários quem são os responsáveis por isso._ Como eu posso ajudar? – Pergunto um tanto perdida.A velhinha faz sinal pra que eu a siga, Lolita dá algumas ordens as outras moças e nos segue._ Como ela se chama? – Pergunto a Lolita._ Marietta Romano – Lolita responde e a velhinha faz
Luigi Romano_ Já conversou com ela? – Matteo pergunta assim que entramos no escritório._ Não. Vou fazer isso daqui a pouco. Sampaio deu algum retorno?_ Não e isso está me preocupando._ Você não pode esperar as coisas acontecerem. Vai ter que viajar para Roma ainda hoje e pegar o desgraçadö com a boca na botija._ Eu? – Matteo me olha sério. Ele franze o cenho fechando a cara, apoiado na mesa escura. A mim ele não engana. Conheço meu irmão, cresci junto com ele. Matteo é mole, sempre foi._ Se você não chegar em Roma essa madrugada, você vai perder o domínio que temos lá._ Drug já avisou que se eu pisar lá sou um homem morto. Ele está com sua gangue em peso na cidade e possui o apoio de várias famiglias. Ontem liguei para Vitton, exigi que cuidasse da situação lá e ele fez corpo mole. Sem os Caccini, estaria sozinho em Roma e isso é suicídio._ Se você não pisar lá, é um homem morto de qualquer jeito, ou você acha que se perdermos o domínio de Roma, vai conseguir manter a credibil