Diana Lizano Tento dormir aquela noite. Fecho os olhos e me afogo nas próprias lágrimas. Como eu pude chegar nessa situação? Em oito anos de namoro com Alberto, nunca tivemos relação sem preservativo. Coloco as mãos sobre meu ventre e não acredito que isso tenha acontecido. Não consigo aceitar que tenha ficado com Luigi sem nenhuma proteção. É lamentável e imperdoável a minha situação. Luigi com toda certeza deve ter uma dúzia de filhos espalhados pelo mundo. Gangsters como ele, adoram meter seus espermas nas mulheres e sumirem no mundo. Levanto da cama furiosa comigo mesma e busco ar na varanda. Ele foi tão rápido e tão intenso que quando vi, já estava dentro de mim. A breve lembrança daquela noite faz minhas pernas fraquejarem. Não gosto de lembrar das duas vezes em que dormimos juntos, porque meu corpo fica constrangedoramente sensível. Já cheguei a acordar excitadä no meio da noite depois de sonhar com o cafajeste. Ele parece uma assombração perturbando o meu juízo. Não dá para
Diana LizanoEu já estava deitada na maca, com as pernas abertas. A dra. Ruschel já tinha se paramentado e a enfermeira preparava a medicação. Meu coração estava destruído. Aquele não era o dia da morte de um feto e da minha também.Eu poderia encontrar desculpas para tudo, mas no fundo eu sempre seria a mulher que tinha abortado uma criança. Não sei como as mulheres que faziam esse tipo de procedimento sobreviviam a isso. Eu estava psicologicamente destruída.Deitada naquela maca, eu virei o rosto para o lado e fechei os olhos, no exato momento em que a porta do consultório se abriu. Meu coração quase saiu pela boca quando vi Luigi na minha frente. Ele estava furioso, com sua arma apontada para a médica. Puxei minhas pernas e tentei acalmá-lo. Ele estava armado e eu tremendo.Ele não me deixou nem mesmo trocar de roupas e me levou para fora da clínica. Minha mãe tentou impedi-lo, mas ele nem mesmo relutou. Luigi era louco, mais louco do que eu podia imaginar.Ele me colocou dentro de
Luigi RomanoO que ela fez, não tem perdão. A arrogante pensa que meu filho é algum vestido que pode escolher se vai vestir ou não? Vicenzo pode não ter nascido ainda, mas o papai está aqui para garantir os seus direitos.Eu mesmo me encarregarei de deixar as coisas bem claras pra ela. Não quer ser mãe. Não seja. Não preciso dela pra criar meu filho. Mas ela vai ter essa criança, nem que eu tenha que virar seu cão de guarda.Ela anda no quarto perdida dentro da minha camisa, baixinha e gostosa, mas não vale nada. Porque pra mim, uma mulher que mata um ser inocente dentro da barriga é pior do que um criminoso. Essa é uma covardia incomparável, matar um ser que nem mesmo se formou ainda, sem qualquer chance de se defender.Vou para o banheiro e a deixo fazendo seus protestos para as paredes. Ela me xinga e me chama de louco. Vomita suas escroticës sem papas na língua afiada. Minha única preocupação é se isso faz mäl para a criança._ Onde está a chave? – Ela esmurra a porta.Quando perce
Luigi RomanoO celular toca e eu pressiono o botão no volante aceitando a chamada, imaginando se tratar de Matteo. Quando ouvi a voz de Isabela, o corpo logo enrijeceu. Eu tinha dito que jantaria com ela na noite anterior. Passei a mão nos cabelos olhando para o lado e engoli em seco.“Merda!”_ Eu te esperei a noite toda – Ela reclama do outro lado da linha com a voz manhosa, me trazendo de volta._ Tive um imprevisto – Respondo com o corpo tenso. Diana olha pra mim visivelmente interessada na conversa.Diana e eu não tínhamos nada até ontem a noite, mas agora ela está com um filho meu em sua barriga. Não sei exatamente como ficará nossa situação, mas com certeza não posso ficar flertando com outra ao lado dela antes de termos uma conversa e esclarecermos as coisas._ Tô molhadinha Luigi – Isabela fala gemendo do outro lado._ Tudo bem, te ligo assim que puder – Respondo desligando o telefone. Diana está ao meu lado, se ouve a conversa, a situação ficaria estranha.Ela me olha e perc
Diana LizanoEstou de pé na calçada da rua estreita. Bellano é uma cidade turística, com a arquitetura mais voltada para o estilo alemão. As ruas, casa e lojas já estão abarrotadas de enfeites de natal e luzes piscantes. A neve começa a cair e as pessoas andam de um lado para o outro com sorrisos eufóricos. A felicidade no rosto deles é tão linda que me deixa anestesiada. Eu... eu queria tanto, mesmo que por um dia, descobrir como é isso.Não é a primeira vez que me pego parada olhando para os outros. Vendo mães andando de mãos dadas com seus filhos. Irmãos brincando e até brigando. Vendo amigas abracadas cochichando e rindo. Não sei como é isso e nunca vou saber. A única pessoa que tenho semelhante a isso é Marta, mas eu quase não passo tempo com ela por causa do trabalho.Meu peito dói, como se tivesse um buraco dentro dele e meus olhos enchem de lágrimas. Eu tenho pavor dessa data. É a época do ano que mais me machuca, em que mais me sinto sozinha. É como se fosse o momento do ano
Diana LizanoLuigi é louco e a determinação em seu olhar consegue abalar todos os meus nervos. O olhar dele me devora com uma força que faz minhas pernas literalmente fraquejarem._ Luigi – Matteo o chama, me lembrando de que eu preciso respirar._ Depois do almoço vamos conversar – Ele fala antes de ir ao encontro do irmão.Olho para Matteo e seu olhar não é nada caloroso. Imagino que seja por algo que Luigi tenha dito, não sei, mas uma coisa é certa, ele não tem nenhuma empatia por mim e isso me causa uma sensação estranha de desconforto._ A senhora vai nos ajudar a montar a mesa? – Lolita pergunta e eu olho pra ela mais perdida do que tudo. Não sei montar mesas. Na casa de minha mãe são sempre os funcionários quem são os responsáveis por isso._ Como eu posso ajudar? – Pergunto um tanto perdida.A velhinha faz sinal pra que eu a siga, Lolita dá algumas ordens as outras moças e nos segue._ Como ela se chama? – Pergunto a Lolita._ Marietta Romano – Lolita responde e a velhinha faz
Luigi Romano_ Já conversou com ela? – Matteo pergunta assim que entramos no escritório._ Não. Vou fazer isso daqui a pouco. Sampaio deu algum retorno?_ Não e isso está me preocupando._ Você não pode esperar as coisas acontecerem. Vai ter que viajar para Roma ainda hoje e pegar o desgraçadö com a boca na botija._ Eu? – Matteo me olha sério. Ele franze o cenho fechando a cara, apoiado na mesa escura. A mim ele não engana. Conheço meu irmão, cresci junto com ele. Matteo é mole, sempre foi._ Se você não chegar em Roma essa madrugada, você vai perder o domínio que temos lá._ Drug já avisou que se eu pisar lá sou um homem morto. Ele está com sua gangue em peso na cidade e possui o apoio de várias famiglias. Ontem liguei para Vitton, exigi que cuidasse da situação lá e ele fez corpo mole. Sem os Caccini, estaria sozinho em Roma e isso é suicídio._ Se você não pisar lá, é um homem morto de qualquer jeito, ou você acha que se perdermos o domínio de Roma, vai conseguir manter a credibil
Diana LizanoMinhas surpresas não acabam esse dia. A nona levanta e começa a retirar a mesa. Não consigo entender porque está fazendo isso. Uma das copeiras para ao meu lado e espera que eu pegue o prato e o coloque na bandeja que está segurando.Eu nunca fiz isso, nem quando era criança. Lembro que a primeira vez que toquei no prato para ajudar os empregados, ela me repreendeu severamente dizendo que agora eu era sua filha, não a órfã de um orfanato._ O que houve, Diana? – Lolita para ao meu lado e leva a mão ao prato diante de mim._ Não – Eu quase grito. Todos param para nos olhar – Eu faço isso – Digo e uma onda de emoções me atingem. As lágrimas vem e eu não consigo segurá-las. Acho que todos estão vendo, mas ninguém diz nada.Não sei o que está acontecendo comigo. Essa casa é tão estranha e mesmo na ausência de um pai e uma mãe, o que eu sinto aqui, nunca senti em lugar nenhum.Enxugo o rosto e sigo para a cozinha com uma das travessas que estava na mesa. Lolita me segue e depo