— Alô! Papai. — Comecei a chorar. — Eu matei um cara.
Sabe, quando você começa em uma escola nova, nunca, jamais em sua vida você imaginaria que no primeiro dia de aula você mataria um cara. Bem, apesar de ser uma caçadora, vinda de uma família de caçadores, aquilo era bizarro.
— Querida, se acalme e me conta o que está acontecendo. — A voz tranquila do meu pai desta vez não conseguiu me acalmar nenhum pouco.
— EU MATEI UM CARA. — Gritei para o telefone. Ouvir meu pai do outro lado da linha dizer algo para alguém.
— Querida, estamos indo para ai, onde você está? — Perguntou meu pai.
— No banheiro feminino. — Respondi. Caminhei até as pias e sentei debaixo dela e agarrei meus joelhos. — Papai... — Choraminguei.
— Estamos indo para ai docinho. — Meu pai desligou.
Eu já tinha matado vampiros, lobisomens, metamorfos, capelobo, nossa esse último deu trabalho. Mas nunca tinha matado um humano. Ainda mais do jeito que aconteceu. Eu devo ter comido a alma dele.
Escutei o alarme de incêndio tocar, não me movi do meu lugar. Sabia que quem tinha feito isso era o meu tio Alex. Quando estávamos em apuros, era totalmente normal desviar a atenção de onde estávamos para que a equipe de salvamento viesse nos pegar.
Eu com toda certeza iria para a cadeia. Não tinha como me safar desta. Apesar que meu tio Alex poderia dar um jeito em tudo, mas como ele ia dar um jeito em minha cabeça? Eu matei um cara, um gostoso e maravilhoso cara. Isso era bem típico de mim. A primeira vez que sinto atração por alguém eu o mato.
Deitei minha cabeça em cima dos meus joelhos. Lá fora escutei a baderna do povo saindo por causa do falso incêndio.
Aquilo era tudo culpa do meu pai. Se eu tivesse ficado em casa estudando por lá, como toda a minha vida eu tinha feito, isto não teria acontecido. Neste momento estaria com o tio Jack fazendo alguma experiência com explosivo, ou estudando alguma forma de hackear sistemas com o tio Alex, ou então rindo das tentativas do meu pai ensinar a mim e minha mãe cozinhar. Mas não, estava neste momento presa no banheiro com um cara morto.
A minha vida até aquele ponto tinha sido muito feliz. Desde pequena eu treino de tudo um pouco para combater as criaturas da noite. Chamamos elas assim porque a maioria das vezes saímos para caçá-las a noite, porém não quer dizer que são somente da noite.
Uma vez saímos para caçar um curupira que estava matando todos que chegasse perto de sua casa no meio de alguma floresta no Mato Grosso do Sul. Se ele tivesse se mantido somente nos homens do desmatamento, a equipe nem tinha prestado muita atenção nele, daremos uma chamada e explicaremos que ele tinha que maneirar nas mortes para não chamar muita atenção, mas a criatura ficou louca e matava geral. Matou uma mãe que estava apenas colhendo algumas frutas para que seus filhos tivesse algo que comer.
Aquela tinha sido a minha primeira missão. Com doze anos, fui a mais jovem caçadora. Me orgulhava tanto disso. Aquela noite foi perfeita, saímos todos para caçar, até o tio Alex foi junto, geralmente ele não gosta de sair em bando. Rastreamos, preparamos uma armadilha e bingo, pegamos o danado. Matar ele, foi difícil, o bicho era ligeiro, no fim, tio Jack o distraiu o tempo suficiente para que eu cortasse a cabeça dele.
Ai vai uma dica de graça, quando você lida com alguma criatura da noite o mais certo é sempre cortar a cabeça para que ela não retorne e venha te encher o saco depois. Ouvi a porta do banheiro se abrindo e por ela passando minha família, primeiro papai, depois mamãe e por último tio Jack.
Meu pai veio até mim, seu rosto tranquilo não expressava nenhuma recriminação. — O que foi que houve docinho?
— Eu matei um cara. — Me lancei em seus braços e comecei a chorar novamente. Eu raramente chorava, desde pequena fui ensinada a ser forte e a batalhar pelo que eu queria, seja por causa de um doce ou de uma nove milímetros com cabo de marfim data de cem anos atrás, ou seja, tinha algo muito errado comigo.
— Não matou. — Tio Jack que estava do lado do meu cara falou. — Ele só está desacordado. — Olhei por cima do ombro do meu pai e vi meu tio tirar os dedos do pescoço dele.
— Três minutos. — A voz do tio Alex foi auditiva pelo rádio que estava na mão da minha mãe.
— Vamos sair daqui. — Meu pai falou.
Sequei as lágrimas com a mão e levantei. Agarrei minha mochila e jaqueta. Meu tio e meu pai pegaram o menino e saíram do banheiro, minha mãe veio até mim e me abraçou a cintura. Saímos do prédio da escola pelos fundos. A van da empresa do meu pai estava estacionada com as portas abertas. Todos nós corremos para dentro e meu Tio Alex saiu cantando os pneus.
— Tem certeza que ele está vivo? — Perguntei em dúvida para o meu tio.
Todo mundo estava olhando para o garoto deitado no assoalho da van, Meu pai e meu Tio Jack de um lado e eu e minha mãe do outro.
— Tenho sim. — Tio Jack apontou para o peito do garoto e eu percebi o movimento de inspiração e expiração dele. Um alívio me percorreu.
— Docinho. — Meu pai chamou a atenção. — O que foi que aconteceu?
Olhei para ele e depois para o meu tio, e sentir meu rosto esquentar. Como eu iria falar para todos ali que eu estava dentro do banheiro dando uns pegas em um cara que eu nem sabia o nome. Que se tivesse acontecido tudo aquilo, provavelmente eu estaria naquele momento perdendo minha virgindade com um completo estranho.
— Eu não sei. Foi tudo meio confuso. — Disse abaixando a cabeça e encarando os meus jeans.
— O safado ai te atacou? — Ouvir um rosnado do meu tio Jack.
— Não. Quem atacou foi eu. — Lembrei da maneira que me agarrei ao corpo dele e o beijei e meu embaraço ficou ainda maior. Ficamos todos em silencio, podia sentir os olhares para mim. Queria me esconder.
A van parou e eu olhei. Tio Alex que virou para nós. — Chegamos, vou me certificar que ninguém viu a gente.
— Certo. — Meu pai abriu a porta da van. — Vamos levar este rapaz para dentro e entender o que está acontecendo. — Sentir um frio na barriga quando ele olhou para mim.
Observei eles levando o meu cara para dentro de casa. Comecei a andar ao lado da minha mãe e quando os rapazes saíram da linha de visão eu agarrei o braço dela e a parei.
— Eu o beijei. — Disse nervosa. — Eu simplesmente o ataquei. Sentir meu corpo estanho e precisava, não sei. — Comecei a andar de um lado para outro balbuciando as palavras que nem para mim fazia muito sentido. — Meus olhos ficaram violetas. Meu corpo pegando fogo e ele estava ali na minha frente e falando comigo. A voz dele. — Olhei para minha mãe em desespero. — Que voz, rouca parecendo a de um cantor de rock.
— Lari. — Minha mãe colocou as mãos em meus ombros e me parou. — Respira querida. — Eu fiz o que ela me mandou. — Agora me conte desde o começo. — E eu contei tudo para ela, desde o momento em que o tio Jack me deixou na escola até o momento em que eu liguei para eles.
— Foi isso. — Dei de ombros. — Eu só o beijei. — E nós demos um belo de um amasso. Ainda podia sentir aquela mãos grandes apertando os meus seios, os lábios beijando meu pescoço e aquela ereção dele pressionando a minha entrada.
Ouvimos barulho de vidro quebrando e xingamentos masculinos vindo de casa. Corremos as duas para dentro, já pegando nossas facas dentro de nossas botas nos preparando para o pior, mas nada nos preparou para o que virmos no meio da sala de estar.
Meu pai e meus tios estavam parados na sala olhando o meu cara, este estava sem camisa, mostrando o peitoral gloriosamente nu dele. Eu até levei a mão na boca para verificar se não estava babando, porque ele era lindo demais, queria lamber tudo aquilo e realmente era muita loucura. Definitivamente eu estava pirando. Que um bom motivo para justificar aquela conclusão? O garoto na minha frente tinha asas.
Isso mesmo galera, lindas e perfeitas asas de um branco puríssimo, quando a luz batia nelas dava um reflexo de arco-íris, a coisa mais linda e impressionante que eu já vi na minha vida.
— Ai meu Deus! — Exclamei surpresa. — Você é um anjo.
— E você um maldito demônio. — Ele veio em minha direção meio que voando ou saltando e me atacou, saímos rolando da sala em uma confusão de pernas, braços e asas e fomos parar no meio do hall de entrada da casa.
Meus anos de treinamentos com os homens da minha família me deram grandes vantagens sobre o meu cara, quando paramos de rolar eu estava em cima dele com a minha faca em seu pescoço e lutando com a urgência e beijar aquela boca carnuda. Meu corpo traidor estava começando a reagir a ele.
— Sai de cima de mim demônio. — Ele rosnou e tentou se levantar, rangi meus dentes para segurar o gemido. — Que porra você é? — Ele me perguntou mais uma vez.
— Ela é uma súcubo. — Minha mãe disse ao se aproximar da gente. — Acho bom você não fazer movimentos bruscos. — Ela estava apontando uma arma para ele. — Ou então terei que limpar seu cérebro do meu chão e isso vai me deixar muito puta da vida, já que fiz minhas unhas ontem.
O cara olhou primeiro para mim e depois para minha mãe e largou a minha blusa que estava agarrando. Estendeu as mãos para cima em rendimento. Endireitei a minha postura, mas ainda não sai de cima dele, uma que eu estava gostando de onde me encontrava e outra que seria mais fácil de contra atacar se ele lançasse um ataque contra a gente.
— O que é você? — Foi a minha vez de perguntar.
— Sou um Nefilim.
— Um meio anjo e meio humano? — Ele balançou a cabeça em afirmativa. — Não sabia que vocês existiam.
— Eu não sabia que um demônio vivia no meio de humanos. — Ele retrucou.
— Meio humana e meio demônia para você. — Dei um sorriso doce e mordi meu lábio, vi com intensa satisfação as pupilas do meu anjinho dilatarem. Ah! Prevejo confusão pela frente.
O anjinho se sentou comigo no colo, ele fechou os olhos bonitos e fez uma cara de concentração, as lindas asas brancas emitiram um brilho, eu pisquei os olhos e elas tinham sumido. Lancei meu corpo a frente para olhar suas costas e vi uma grande tatuagem em forma de asas em suas costas. Parecia um tribal de linhas negras em sua pele escura, a vontade de lamber cada linha. A queimação no meu corpo voltou, olhei para os olhos dele e foi como se o mundo em nossa volta sumisse.Nossas bocas foi em direção uma da outra, o beijo cheio de necessidade começou, nossas línguas travaram um dança sensual. O cheiro dele se misturou com o aroma do chocolate. Suas mãos subia e descia por minhas costas, nossos corpos estavam grudados e se esfregava. Larguei a boca dele e olhei para os seus olhos, segurei o seu rosto e vi a fumacinha vermelha sair novamente da boca dele. Quando ia aspirar ela sentir uma dor no braço.
— Não vai não. — Tio Jack estava possesso, era só notar a veia latejando em sua têmpora. — Nenhum de vocês vai sair atrás de um demônio do sexo.— Tio Jack, não estou pedindo sua permissão e nem de convidado. — A grosseria doeu no meus ouvidos, mas eu não podia viver zumbizando homens por aí. — Tio Alex vai comigo, você é papai fica em casa.— Por que eu vou ficar em casa? — Meu pai perguntou levantando do sofá.— Acho que mamãe não vai gostar de você indo atrás de uma súcubo. — Dei de ombros.— Ela tem razão. — Minha mãe levantou. — Será uma noite de meninas, que tal?— Super topo. — Pulei animada. Dona Linda as vezes era chata, mas eu acho que isso é porque ela é mãe e tem que ser a adulta r
Eu tenho que dar o braço a torcer, minha mãe tinha razão, o vestido vermelho cai muito bem. Olhei para as pessoas ao meu redor muito bem vestidas. As mulheres em vestidos, saias com blusinhas, quase não vi meninas de calça. Os homens estavam de couro ou jeans, camiseta. Todos com colares neons ou pinturas fluorescentes. A música alta Tecno tocava sem parar, as pessoas pulava sem parar ao som dela. Um grande telão mostrava várias imagens aleatórias. Barracas ao redor vendia bebidas e comidas.Fazíamos um trio bonito, meu tio Alex loiro, alto e gato. Minha mãe morena, mais baixa que nós dois mesmo com salto, parecia que tinha uma frase estampada gostosa na testa dela. E eu. Bem estava muito delicinha. Lembrei automaticamente do moreno que eu tinha agarrado no banheiro da escola, queria que ele me visse agora, poderosa, sendo olhada e cobiçada por todos que me via passar.— Va
Olhei para os quatro capelobos em suas formas de criaturas da noite. Difícil lutar com um, pois além de fortes eram muito rápidos. A tromba deles, parecida como a de um tamanduá bandeira, servia como um terceiro braço. Em falar de braços, os bichos chatos tinha verdadeiras montanhas de músculos. Seus pés tinha o formato de patas de vaca. Nossa versão brasileira de minotauro só que sem chifres. Eles eram ótimos caçadores, devido ao faro.— Base Mayday. — Falei no meu comunicador. — Quatro capelobos, um civil e o anjo comigo.— Lari, saia daí já. — Meu pai gritou em meu ouvido.Nem ferrando. Não ia deixar os metamorfos levar a melhor. — Beijo me ligue papis. — Desliguei o comunicador e avaliei minhas opções, mesmo que os outros dois tivesse treinamento, seria quase impossível derrotar os capelobos,
A viagem para minha casa foi muito tensa. Meu tio Jack querendo agarrar o pescoço de Eliana e ela o mesmo, mas por motivos diferente, ela para saciar a fome de súcubo e ele aparentemente de raiva. Eu querendo agarrar Luck pelo mesmo motivo que minha mais nova amiga demonia.Felizmente tudo era muito perto na pequena cidade. Então foi uma viagem de minutos. Agora estavam todos na sala da minha casa eu e Eliana em um canto e o restante e os demais e outro.— Pronto. — Meu pai apareceu com as injeções em um bandeja de aço inoxidável. Tirei a minha jaqueta e dei o meu braço esquerdo para ele. O direito estava dolorido dá de manhã. Sentir a picada e depois um ardência do liquido entrando em meu músculo.— O que é isso? — Eliana perguntou.— Um composto de hormônio para que você não fiquem neste frenesi. &mda
Finalmente consegui chegar a sala de aula sem grandes incidentes. Tirando o fato que de manhã não tinha roupa para sair de casa, já que tudo ficou pequeno e me recusei ir de vestido. No final sai de cada com uma jardineira jeans, uma blusa vermelha com o símbolo do flash que mostrava minha barriga e meu tênis All Star de caveirinha. Meu tio Jack brigou feio com Eliana, para tirar ele de casa pedi carona para a escola. Eu precisava ter um papo sério com o meu tio mais tarde.Dei uma passada na secretaria para pegar meus horários, eu estava no terceiro sala C, e caminhei para o local indicado. Claro que me perdi, isso é a minha cara. O bom disso que descobrir onde ficava a biblioteca. A escola estadual de Abraham tinha o mesmo estilo das escolas americanas, ou seja, longos corredores cheios de armários do dois lados. As paredes pintadas de azul e branca, que são as cores da escola, dois andares, quadra poliesp
— Eu não posso deixar você sozinha por cinco segundo que você já arruma confusão. — Luck apareceu atrás de mim vindo não sei donde. Virei minhas costa e olhei para ele. Suas asas estavam de fora. — Segurasse em mim. — Não tive reação, ele me abraço e saímos voando.Há poucas coisas na vida que eu goste bastante. Tipo bolo de chocolate com cobertura extra, atira com uma 12 mm, explodir coisas, ver a cabeça de um sangue suga rolando, mas voar nos braços do meu anjinho foi para o topo. Em menos de segundos estávamos no meio das nuvens, graças aos anjos que o dia estava nublado. Era só o que me faltava aparecer na TV.— Acho bom você se segurar. — Luck disse ao meu ouvido. Me abracei em seu pescoço. Rodeei minhas pernas em sua cintura e curtir a viagem. — Suas amigas estão atrás de n
Luck pegou minha mão e me conduziu pela porta do telhado. Do outro lado tinha uma escada. Ele morava no décimo terceiro andar, o último andar do prédio. O apartamento dele. Sim ele morava sozinho já que a mãe morreu, o pai era o rei do inferno e a irmã uma louca só tinha ele. Deu vontade de abraçar ainda mais o meu anjinho, depois que eu soube de sua história.Dei uma risadinha quando entrei e avistei tudo na mais perfeita ordem. A sala tinha dois sofás com aquelas almofadas gigantes e maciais. Uma grande televisão de tela plana em uma parede e um móvel com videogame e aparelho de som potente. Um tapete cinza felpudo no chão. Aliás, tudo era cinza, branco e preto, ou seja, sem graça. Dava para ver a cozinha, já que era conjugada. Deu para ver alguns eletrodomésticos, perfeitamente alinhados e uma grande geladeira em inox.— Do que voc&ecir