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Capítulo 4. Disputa

Heili sentiu-se verdadeiramente coagida, mas achou melhor não discutir e seguir, até que ouviu um grunhido atrás de si e logo outro acompanhou e mais um… transformou-se imediatamente, rasgando suas roupas, pulando para a frente escapando do ataque surpresa. Voltou-se desviando-se de outro ataque e assim precisou se defender do ataque de seis lobos ao mesmo tempo.

Mesmo o beta e o outro homem uivando, não obedeceram. Heile foi obrigada a lutar com eles, mas não era o que queria, por isso rugiu alto liberando sua dominância de fêmea alfa. Todos se abaixaram expondo seus pescoços, menos um, que lançou-se sobre ela em um salto, tentando morder sua perna. Ela desviou-se ao mesmo tempo que abocanhou seu pescoço.

O lobo ficou arriado no chão sangrando, mas não estava morto.

Ela recolheu sua dominância, se virou e seguiu pelo caminho indicado antes. O grupo demorou alguns segundos para se recuperarem e seguirem atrás. O beta perguntou mentalmente a seus subordinados:

-O que foi isso?

-Ela não tem cheiro e não é marcada, uma fêmea desgarrada sozinha disponível - com essas palavras achou que tinha explicado tudo.

-E porque acharam que ela iria aceitá-los? Não perceberam que é uma alfa? Bem feito, mereciam ter apanhado mais. - Atestou Zelão rindo.

Conforme Heili se adiantava no caminho, as árvores foram ficando escassas e um declive surgiu, mostrando um vale. Era uma imagem muito linda, pela natureza viva e pela presença de uma Alcatéia grande entre as árvores. Ela parou para observar e analisar de cima todo o lugar, caso precisasse fugir.

Casas grandes de arquitetura moderna, que se misturavam à natureza, sem parecer uma intrusão indevida, mas quase no topo da montanha, uma mansão se destacava, iluminada e com entrada pela frente e por trás, uma rua que serpenteia a montanha, arborizada, leva até a casa.

Essa era a única casa de alvenaria, as outras todas eram de madeira. O beta Zelão indicou que seguisse pelas escadas e adentrasse a casa. Uma mulher aparentando uns quarenta anos, os recebeu na porta e indicou que fossemos até a sala de visitas. O beta explicou a situação e Heili foi levada a um quarto de hóspedes.

***

Enquanto Heili estava em sua empreitada, Ramón estava irritado mais uma vez, à frente de sua mesa, conversando com seu beta.

-Não consigo entender o que deu errado! Verifiquei tudo, não me passou pela cabeça, que aquele lugar seria a residência de alguém. - Pensou e repensou e não achou uma resposta.

-Realmente é um prédio bem grande e pelo que o tal Camargo falou, moram outras pessoas lá e também tem a academia da ONG de ação humanitária. - Seu beta amigo, retrucou.

-Tinha até crianças treinando, me senti um cocô, entrando naquele lugar igual um troglodita, assustando as crianças - ele franzia a testa enquanto falava, cheio de revolta.

-Acho melhor você ir para casa e descansar. Areja a cabeça, descansa o corpo e você pensará melhor. - Aconselhou Leonardo.

-Acho que você tem razão. Vou para casa descansar. Depois do fiasco, é melhor pensar melhor na próxima ação. - Que seria investigar mais aquele vigilante e o lugar.

Levantou-se e saíram juntos da sala. Os funcionários estavam inseguros quanto ao cumprimentar seu CO e se retiraram do caminho, deixando-o livre para eles passarem.

Os dois seguiram para uma churrascaria, convidado pelo alfa e comeram regaladamente e só então foram, cada um para o seu lado. O alfa para seu descanso e o beta para a empresa, cobrir a folga do chefe.

Ramón estava cansado e dormiu direto, só acordando no dia seguinte, já disposto e com idéias para prosseguir na sua pesquisa. Ligou para o chefe de segurança e pediu que lhe enviasse pelo e-mail particular, as imagens das câmeras existentes ao redor do prédio que haviam visitado no dia anterior.

Enquanto isso, executou sua rotina matinal e se colocou à frente do computador em seu escritório. As imagens chegaram, eram das câmeras de segurança pública e dos prédios vizinhos. Não havia nada de diferente. Eles chegando, eles saindo e mais nada.

Resolveu ver o vídeo de horas antes da sua visita e um certo carrinho azul lhe chamou a atenção. Eles cruzaram com ele, mas não haviam reparado de onde viera. Verificou se tinham vídeo dos dias anteriores e percebeu o mesmo carro.

Parou o vídeo e deu zoom para ver a placa que estava bem legível. Tirou uma foto e ligou para um delegado amigo pedindo a identificação da placa e enviou a foto.

Não demorou e a imagem do registro do carro, assim como a carteira de motorista, chegou. O nome era Heili Camacho, 24 anos, solteira e o mais importante: endereço e telefone.

A primeira coisa que fez foi ligar para o número e quem atendeu foi a gravação da empresa de telefonia, este número está desligado…, nada. Então procurou no aplicativo maps, o local do endereço. Achou!

Tinham fotos do local, mas ele precisava das imagens, se houvesse, das câmeras da vizinhança ou de satélite. Mais uma vez ligou para seu chefe de segurança e enviou o endereço pedindo as imagens da última semana.

Enquanto esperava, aproveitou para almoçar e verificou as imagens do prédio, na data presente. Notou um movimento maior de adultos e crianças de uniforme indo para a escola. Percebeu o tal Camargo, levando duas delas pelas mãos. Tirou várias fotos deles.

O video chegou!

Ele abriu a imagem e começou assistindo a mais antiga. O carro azul saindo da garagem pela manhã e voltando à noite. Passou horas assistindo, até que ao amanhecer do dia do evento do governador, saiu mais cedo. Voltou aos vídeos do prédio e verificou se haviam imagens daquele dia e sim, haviam.

Parou a imagem no carro azul entrando na rua lateral e depois adiantou a imagem e viu uma moto, pilotada por uma pessoa toda de negro, para um ninja só faltavam a mascara e a espada nas costas. Adiantou mais e lá estava ele voltando.

Já era final de tarde. Ele desceu, subiu em sua moto e seguiu para o endereço da tal Heili e ficou em uma rua transversal, oculto por uma sombra, esperando, mas o carro não apareceu. Resolveu se aventurar.

Foi até o prédio, que tinha um porteiro e era fechado. Tocou o interfone e perguntou pela senhorita Heili, o porteiro disse que ela havia viajado e não tinha data certa para voltar. Perguntou se tinha viajado a trabalho e o porteiro desconfiou, perguntando quem ele era. Desconversou e foi embora.

Precisaria de outro plano.

O CEO foi até o prédio da concorrência para tentar falar mais uma vez com o administrador. Resolveu ser direto e perguntar pela Heili Camacho. Tocou a campainha e um garoto de 12 anos atendeu. Identifiquei-o como o filho do Camargo, que apareceu logo depois vestindo roupa de ginástica.

Reparou que ele estava suado, devia estar treinando. Seu desodorante devia ser bom, pois não sentia odor nenhum, nem dele e nem do garoto.

— Olá, boa noite, sei que é um horário inconveniente, por isso peço desculpa. 

—Tudo bem CEO Ramón, em que posso lhe ser útil dessa vez? — perguntou Camargo, desconfiado.

— É sobre seu administrador, ele está? 

— Não, nosso administrador está viajando a negócios. 

— Acaso a senhorita Camacho volta logo? Preciso mesmo conversar com ela — jogou verde…

E colheu maduro quando Camargo arregalou os olhos, com expressão de incredulidade. Acertou na abordagem, conseguindo o resultado que queria. Camargo não sabia o que dizer e findou não respondendo nada.

— O senhor por favor volte outro dia, já lhe dei meu cartão, ligue antes, com licença — fechou a porta na cara do homem.

Agora que teve certeza de que ali era a sede da firma concorrente, deu alguns telefonemas e foi para seu apartamento, daquela noite não passaria.

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