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Capítulo 5. Imprevisto

Após entrar no quarto e olhar tudo, Heili decidiu tomar um banho. Separou outra muda de roupa na mochila e foi para o banheiro. Sempre preferiu pensar nas decisões a tomar, com a água caindo sobre sua cabeça.

Resolveu partir assim que escurecesse e sairia pela janela. O acesso às árvores era próximo e poderia pular. Seguiria para outro lugar, contrário a sua Alcatéia antiga, mas na cidade próxima, seu apartamento continuava lá, esperando-a.

Saiu do quarto, voltando à sala, onde o beta a esperava.

— Venha, você deve estar com fome e Elise fez um bom café da manhã para nós.

Encaminhou-a até a sala de jantar e a mesa estava posta com louça e talheres, mas a comida estava em um buffet lindo. Tinha variedade de frutas, frios, pães, bolos e alimentos quentes como ovos, salsichas, linguiças e churrasquinho na chapa.

— Nossa, quanta comida! — ela exclamou admirada.

— Sirva-se à vontade — disse o beta.

Ela não se fez de rogada, pegou um prato e serviu algumas frutas que cobriu com mel e semente de linhaça.

Sentou-se e comeu. Depois serviu-se dos alimentos quentes e pegou um pãozinho integral para acompanhar e voltou à mesa.

Elisa veio e serviu-lhe café conforme o seu gosto. Estava tudo uma delícia até ouvirem passos se aproximando.

— O alfa chegou, Cassandra, agora  você irá conhecê-lo.

Quando ele adentrou a sala, eles ficaram de pé. Ela olhou para ele e procurou disfarçar o espanto. O alfa era o seu concorrente derrotado e pessoalmente era muito maior do que aparecia nas fotos. Másculo e lindo. Sua dominância prevalecia e deixava a loba alfa inquieta.

Ele por sua vez, olhou para ela com um sorriso, não a reconhecendo, pois a foto que está na carteira de motorista dela, é muito diferente de sua imagem de agora.

— Bom dia! Soube que encontraram uma intrusa, só não me disseram que era tão linda — puxou o ar, mas não conseguiu sentir o cheiro dela.

— Obrigada — ela achou melhor falar pouco.

— Sente-se, continue seu café, vou me servir e já lhe acompanho — pegou um prato e se serviu, sem prestar atenção ao que pegava.

Ele fez o que disse, mas seu lobo estava agitado dentro dele, algo naquela mulher o inquietava. Seus sentidos estavam despertos e voltados para ela. Quem seria e o que fazia ali? Voltou com seu prato para a mesa e sentou-se à cabeceira, sendo logo servido de café pela Elisa.

— Que bom que chegou alfa, fez boa viagem? — Perguntou Elisa se insinuando.

— Ótima, Elisa, obrigada, pode se retirar. — dispensou a garota inoportuna.

Ela fechou a cara, colocou o bule sobre a mesa e saiu aborrecida. Aos olhos de Heili, a mulher sentiu-se no direito de ser íntima. Isso significava que ela já esteve na cama do patrão.

— Então, Cassandra, não é? — Perguntou o alfa.

— Sim.

— Segundo me informaram, você está indo para a Alcatéia Luz Lunar, tem hora marcada para resolver alguma coisa? — Queria que ela ficasse mais tempo.

— Não tenho hora marcada, mas quero conhecê-la, dizem que é muito boa. — Ela foi precisa no falar sem dizer nada.

— Pretende fazer parte de lá? És uma andarilha sem Alcatéia? — A curiosidade dele estava aguçada.

Depois de dar uma gargalhada, ela olhou nos olhos dele e respondeu:

— Quais são suas intenções com todas essas perguntas? — Sorriu para ele querendo dizer que estava entendendo onde ele queria chegar com aquela conversa.

— Curiosidade! Muita curiosidade confesso. Zelão, você fez muito bem em convidá-la para ficar, obrigada. — Foi um sinal de: retire-se, deixe-nos a sós.

— Os homens estão esperando no salão, alfa, com licença. 

O beta sentiu que estava incomodando e obedeceu, levantou-se, acenou com a cabeça em despedida e saiu.

— Seus liderados te conhecem bem. — Falou Heili.

— Sim. Mas vamos retornar a nossa conversa. Você não me respondeu, és uma andarilha sem Alcateia? — Insistiu ele.

— E você não me respondeu o que pretende com tantas perguntas? — rebateu ela.

— Mas eu perguntei primeiro, linda dama, mas como sou um cavalheiro, lhe responderei. — Ele falou franzindo a testa e espremendo os olhos.

— Hummm, obrigada cavalheiro.

— Estou muito intrigado com você. Não sinto seu cheiro, não sei de que Alcatéia é e meus homens continuam brigando para cortejá-la. Então, pode me responder agora? — ele mudou o tom da conversa, ficando sério.

— Eu já tenho uma Alcatéia, mas gosto de conhecer outras para fazer alianças. — Ela respondeu sem dizer nada. 

— E porque não sinto seu cheiro? — ele estava cada vez mais atraído pela fêmea.

— Deve ser pelo mesmo motivo que não sinto o seu. — Respondeu ela com ar divertido.

Foi a vez dele rir. Olhou para ela demonstrando o quanto estava interessado e admirando ela.

— Você tem toda razão — tirou um colar do pescoço e colocou sobre a mesa.

Ela encarou aqueles olhos cor de mel, procurou pelo máximo de controle possível, pois sua loba uivava dentro dela, gritando , meu, meu, meu. Mas ela não queria um companheiro, principalmente ele.

— Não vai tirar o seu? — Pediu ele, decepcionado por ela não ter reagido ao seu cheiro.

— Não uso objetos enfeitiçados — respondeu.

— Como assim, o que você usa? Não sentiu nada com meu cheiro. — Ele começou a se exaltar.

— Senti sim, um delicioso perfume de eucalipto com peroba do campo, adoro, mas não sou sua companheira, sinto muito, ou melhor, não sinto nada.

Ele ficou furioso, ela sentiu seu cheiro, seu lobo estava louco para marcá-la e ela diz que não? Esperou tanto por sua companheira, que não seria rejeitado dessa maneira. Iria conquistá-la.

— Senhor Ramón Toltes, o senhor já possui muitas companheiras, elas estão espalhadas pelo vento, nas folhas e capas de revistas. — Seu deboche era evidente, e ainda acenou com a mão representando o vento.

— Então me conheces e por isso me rejeitas com tal facilidade? — Questionou ele controlando sua raiva.

— Não, não te rejeitaria por causa do que fizeste no passado, mas não sou sua companheira — desta vez, falou sem entonação de zombaria, tentando atrair sua credibilidade.

Ele levantou-se com muito impulso e força do corpo e derrubou a cadeira em que estava sentado à cabeceira da mesa.

Seu tamanho enorme era bem visível, usava calça de moletom e camiseta, que marcavam seu corpo. Seus cabelos castanhos claros, com mechas loiras, estavam soltos cobrindo os ombros.

Estava visivelmente excitado e a fúria expressa em seus rosto, também mudaram a cor de seus olhos, do caramelo para um vermelho intenso. Foi até ela, puxou a cadeira para trás e colocou-a de pé junto ao seu corpo, segurando-a pela cintura.

Seus olhos se encontraram, os dela cinzentos, os dele vermelhos, com seu lobo à flor da pele. Ficaram se encarando, medindo forças, até que ele, segurando sua nuca, a suspendeu pela cintura, com o braço a sua volta e esmagou seus lábios com sua boca dura.

Inclinou sua cabeça para encaixar melhor seus lábios e a forçou com a língua até que ela abrisse a boca e deixasse ele entrar. Foi um beijo profundo, que ela experimentou com surpresa, pois nunca havia sido beijada, nunca deixou nenhum homem se aproximar a esse ponto.

Ela saboreou o gosto de café que impregna sua boca e começou a amolecer em seus braços. Ele percebeu e abaixando seu braço até suas nádegas, suspendeu-a, para que suas pernas rodeassem sua cintura e continuou saboreando aquela boca carnuda, com suavidade agora.

Quando ele se afastou e olhou para ela, viu a surpresa em seu olhar. Ela nunca havia sido beijada, nunca sentira a emoção de uma entrega mútua entre dois seres. Ele sorriu e colocou o rosto em seu pescoço, aspirando fundo, mas não sentiu o aroma de sua companheira.

— Não consigo sentir seu cheiro natural, mas sinto o cheiro de sua excitação. Senti o sabor da pureza de seus lábios e quero continuar saboreando você todinha. — Ramón não conseguiu se conter diante de uma fêmea tão intrigante.

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