Inicio / Lobisomem / Fêmea Pura / Capítulo 3. Caçada
Capítulo 3. Caçada

Do jeito que planejou, Ramón fez. Não foi fácil, pois o vigilante que ele seguiu, sabia despistar qualquer um que o estivesse seguindo, mas não o alfa da Alcatéia sol e lua, famosa por saber se localizar em qualquer lugar. Assim foi que, chegaram ao prédio sede dos Vigilantes. Ramón passou de moto na frente do prédio, depois que o funcionário entrou e foi embora.

Depois de uma noite de vigilância, não estava cansado, fazia parte do gene lupino, o viver noturno. Ele conseguia viver bem tanto de dia como de noite e conseguia ficar sem descansar por três dias seguidos, sem se sentir cansado.

Foi para seu apartamento, tomou banho, comeu e foi para o trabalho. Lá chegando, entrou sem cumprimentar ninguém e foi direto ao seu escritório, onde investigou tudo que pode sobre o endereço do prédio da firma concorrente.

Descobriu que o prédio foi a leilão, anos atrás, pois estava abandonado e possuía muitas dívidas com o banco. Quem arrematou, pagou em dinheiro vivo, o que era estranho devido ao montante, mas devia constar o nome no registro de imóveis e na inscrição de imposto predial.

Acionou seus contatos e chegou ao nome de uma mulher, Heili Camacho, que fez a transferência do prédio para Ernesto Camargo, que tudo indica, reside no local. Pronto, pegou o meliante, pensou. Ligou para seu chefe de segurança, que também é seu beta, e pediu meia dúzia de homens para uma investida.

Reuniu-se com os homens na sala de reuniões e traçaram as coordenadas da visita que fariam a concorrência. Todos foram para seus veículos, armados e saíram. Estavam eufóricos, pois são lobos ferozes que amam uma boa briga.

***

Em seu escritório, Heili assistiu todo o planejamento do alfa e chamou Camargo. Assim que o beta chegou, informou:

-Eles estão vindo, faça tudo como foi combinado, estou saindo. - ordenou a alfa.

-Ok alfa, esperarei contato. - Se virou e foi providenciar o combinado para recepcionar a concorrente inconformado.

Ela saiu por uma porta camuflada na parede e desceu pela escada em caracol, saindo direto na garagem, entrou em seu carro e saiu pelo portão lateral, seguindo pela rua , em direção contrária a que os homens vinham, entrou na via principal e cruzou com eles, que nem deram atenção ao carrinho azul que passava por eles.

Heili seguiu até seu apartamento, estacionou o carro na garagem, subiu, se trocou, pegou a mochila que já estava pronta e chamou um táxi. Seguiu para a rodoviária, iria em direção ao município vizinho a sua antiga Alcatéia. Teria que percorrer uma distância grande, por dentro da floresta nativa, mas em dois dias, o mais tardar, chegaria lá.

Quando desceu do ônibus, se instalou em um pequeno hotel, próximo a floresta e dormiu o restante do dia, pois só sairia à noite e o melhor era se preparar para a jornada que enfrentaria. Pediu que a acordassem às seis horas e preparassem uma refeição reforçada, com bastante proteína, para ela. Deitou e dormiu.

Ao acordar com o toque do telefone, atendeu e agradeceu. Esticou o corpo e viu que estava bem relaxada. Confiava em seu beta e no trabalho de sua Alcatéia, sabia que podia deixar tudo sob o controle deles. Eles também confiavam em sua alfa, apesar de só a verem em forma de sua loba.

Sabiam que ela iria encontrar um lugar fixo para eles, apesar de todos estarem bem na cidade, preferiam estar só entre os seus e não ter que esconder sua raça.

Largariam tudo para seguir sua alfa e terem sua própria cidade.

Heili tomou banho, vestiu uma roupa simples, comeu e saiu. Seguiu pela beira da estrada, onde haviam moradores só de um lado, do outro lado já era a mata. Chegou a uma reentrância na mata, onde os moradores fizeram um parquinho bem rústico, parou, observou a sua volta e quando viu que não havia ninguém próximo, tirou a roupa, guardou na mochila e transformou-se em sua loba.

A loba pegou a mochila com a boca e foi entrando na mata de árvores baixas e muito mato. Se agachava para passar por baixo dos galhos espinhosos e adiantou-se até chegar em uma área de floresta mais densa, porém com árvores mais altas e com menos mato, assim pode correr. Precisava se esconder, pois aquela região não era conhecida pela presença de lobos.

Correu a noite toda, ultrapassou a floresta fechada e entrou em uma área de cactos longos e espinhosos, com o chão pedregoso e com pequenas plantas rasteiras. Precisou andar devagar, prestando atenção para não esbarrar nos cactos, nem furar as patas ou cair nas pedras. Levou duas horas percorrendo aquele trecho, até chegar a um terreno de capim rasteiro e verde.

Atravessou todo aquele trecho com o dia amanhecendo e precisou correr para chegar a mata fechada novamente, onde havia uma subida íngreme por uma floresta densa, que parecia nunca ter sido penetrada. Mas ela conhecia aquele lugar, de quando era criança e seu pai a trazia ali para ensiná-la a desbravar lugares ermos.

Procurou um lugar para descansar até a tarde, pois o sol já estava forte e não queria correr riscos, mesmo porque, precisaria caçar para se alimentar e os animais se escondem durante o dia. Assim, encontrou um lugar perto de umas rochas e se encolhendo em uma reentrância da rocha, dormiu.

No final da tarde, acordou e procurou o riacho que tem ali perto, pois ouvia o rumor das águas. Andando devagar e cuidadosamente, prestou atenção nos animais ao redor e conseguiu pegar um coelho gordo no caminho. Serviria como aperitivo.

Depois de saciada e limpa, seguiu seu caminho por dentro da floresta, com calma, desviando dos obstáculos, chega a uma área mais desbastada da vegetação, formando uma clareira. Achou estranho e não adentrou ao centro, antes foi pela lateral, percorrendo o caminho junto às árvores. Foi quando algo chocou-se em sua lateral, empurrando-a para o centro da clareira.

Ela não teve tempo de perceber o que acontecia e uma rede caiu sobre ela e a arrastou, envolvendo-a e derrubando-a, prendendo-a ao chão. Num segundo ela estava rodeada de lobos com suas presas expostas e orelhas levantadas.

Dois homens chegaram ao mesmo tempo que Heili se deu conta que estava presa uivou, debatendo-se. Mas quanto mais movimentos fazia, mais ficava presa. Um dos homens correu e falou:

-O que pensam que estão fazendo? Não se trata assim alguém que não conhecemos as intenções. Primeiro conversamos, para saber o que faz por esta área. - Falou o homem alto, de musculatura definida, mulato, com cabelos longos de dreads.

-Acalmem-se, vamos soltá-la. Ficará quieta se a soltarmos? - Perguntou o segundo homem a Heili.

Ela rosnou, mas logo se aquietou e assentiu com a cabeça. A rede foi retirada e ela pode se aprumar e olhando para sua mochila, que estava na boca de um dos lobos, rosnou para ele, acenando com a cabeça para a mochila.

-Entendo, você quer mudar e precisa das roupas, - dirigiu-se ao homem - traga a mochila.

Entregou-lhe a mochila e ela dirigiu-se para trás de uma árvore larga, ocultando-se dos olhos curiosos. Voltou à forma humana e vestiu-se com a roupa que tirou da mochila. Uma legging, blusão e tênis. Voltou a presença do grupo e foi falar com o homem que deu a ordem de soltá-la.

-Olá, obrigada. Eu estou só de passagem, não sabia que havia uma Alcatéia aqui. - Heili comunicou-se com educação.

-Desculpe nossos lobos, não estão acostumados com outros lobos adentrando nosso território. Meu nome é Zelão, sou o beta da Alcatéia sol e lua.

-Prazer, meu nome é Cassandra Roriz, estou indo visitar a Alcatéia Luz Lunar.

-Dá-nos a honra de ser nossa hóspede por um dia e conhecer nosso alfa? Ele chegará assim que souber de sua presença - convidou o beta.

-Na verdade estou com pressa. - Desculpou-se Heili, não sabia que povo era aquele e não queria se mostrar.

-Venha por aqui Cassandra, um dia a mais não irá lhe causar muito atraso, te daremos uma carona depois - o beta insistiu, a direcionando por um caminho entre as árvores saindo da clareira. Praticamente coagindo ela, com sua educação.

Sigue leyendo en Buenovela
Escanea el código para descargar la APP

Capítulos relacionados

Último capítulo

Escanea el código para leer en la APP