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Fêmea Pura
Fêmea Pura
Por: Deyse Pires
Capitão 1. Disputando Território

No centro da cidade, no último andar do prédio mais alto, o presidente da Seguradora Boa Aliança, soca a mesa à sua frente. Ele está sentado em sua poltrona de executivo, debruçado sobre a primeira página de um jornal, furioso com a manchete:

GOVERNADOR É SALVO POR SEGURANÇA FANTASMA

Como deixaram tal falha na segurança acontecer? Um atentado e nenhum dos membros de sua equipe percebeu, só aquele ninja magrelo saltador. A não ser que tudo tenha sido planejado por eles, para impressionar o governador.

Não. Não era isso, porque prenderam o atirador e pela aparência dos seguranças que capturaram o meliante, estavam unidos com o ninja roubador de contratos.

Sua fúria só não o levou a um ataque cardíaco, porque sua compleição física era poderosa. Um homem de quase dois metros de altura, pesando 130 quilos de pura massa muscular, mais parecendo um "armário", como dizem alguns.

Não tinha quem não se assustasse com sua postura máscula e autoritária. Seus olhos pareciam com os de um predador, pronto para atacar sua presa. E alguns dizem que mudam de cor conforme seu humor e por isso está sempre de óculos escuros.

Ele fica de pé, abanando o jornal com a mão direita, em direção ao seu vice, um homem quase tão alto quanto ele, de compleição física forte, branco, com cabelos ondulados e louros, que não se deixou intimidar pelo chilique do chefe.

-Me explica, como isso pode acontecer debaixo de nossos olhos? - Perguntou irritado.

-Também quero saber, por isso solicitei uma investigação e marquei reunião em meia hora - respondeu tranquilo, o vice Leonardo.

-Como você pode estar tão tranquilo? Estamos perdendo espaço para essa nova empresa e você fica aí olhando para minha cara, como se nada estivesse acontecendo! - As veias saltavam de seu pescoço quando falava.

-Você que está muito nervoso sem razão, já passamos por isso antes e vencemos a concorrência, não será diferente agora. Se acalme, para podermos ir para a reunião. - Jefferson era o mais fiel amigo do CO e seu braço direito, sabe bem o porquê de toda aquela agitação e que não é o trabalho.

O homem enraivecido se alongou respirando fundo, estalou o pescoço e assumiu o controle sobre seus nervos novamente. Sentia que a selvageria que habita dentro de si, está querendo vir à tona e ele não pode deixar isso acontecer.

-Sim, você está certo, vamos para a sala de reuniões - decide, buscando se controlar.

***

Em outro ponto da cidade, num prédio antigo estilo galpão, de três andares, dentro de um escritório pequeno, cercado por telas e eletrônicos diversos, dispostos em prateleiras e mesas, estava a responsável pela fúria do CO.

-Senhora, conseguimos manchete de primeira página, creio que a assinatura do contrato com o governo está garantida. - Falou o único homem no recinto.

-O assessor do governador já me ligou confirmando. Reúna nosso pessoal no galpão, precisamos nos organizar para essa nova empreitada. Aqui, leve o planejamento - estendeu um tablet para ele - aí estão os mapas da cidade e os locais em que iremos trabalhar a segurança.

-Ok senhora. Mais alguma coisa?

-Quero que não se descuidem da concorrência, eles não vão deixar barato. Estarei participando daqui e qualquer coisa, te comunico. Pode ir.

-Sim senhora!

Ela sentou em sua cadeira móvel e iniciou sua análise das imagens nas telas. Também abriu o notebook pessoal e abriu uma imagem do canto da tela e viu o exato instante em que o CO concorrente entrou na sala de reuniões. Suas feições eram de pura fúria e não era sem razão, foi uma rasteira precisa, que o deixou na lona.

Ela sorriu e se recostou na cadeira para espiar à vontade. Adora ver machos alfas descontrolados. Enquanto seu braço direito se encarrega da distribuição do novo serviço, ela observa o que seu rival irá fazer.

O CO entrou na sala e postou-se à cabeceira da mesa, mas não sentou-se, olhou para seus líderes e perguntou:

-Alguém pode explicar o que aconteceu? - Apoiou as mãos fechadas sobre a mesa, encarando todos, com o semblante contraído.

-Desculpe CO, podemos dizer o que aconteceu, mas não como não premeditamos o crime. - Informou um deles, parecendo perdido.

-O que aconteceu eu já sei, quero descobrir o surto de lerdeza que deu em todas as equipes. Não é possível que com todos os nossos sentidos apurados, não tenhamos percebido nada. Afinal, somos lupinos.

Conseguimos sentir o cheiro do atirador, mas não dos agentes que o prenderam, muito menos do ninja que salvou o governador. O pior é que ele passou por toda nossa segurança, sem que percebêssemos qualquer movimento - informou o líder da segurança do palco.

-Então ninguém viu ou sentiu nada? - pergunta novamente o CO.

-Tem alguma coisa errada nisso… - não conseguiu completar, o vice, quando uma mulher entrou na sala.

Esguia, toda vestida em napa preta, calçada com botas pretas que chegam aos seus joelhos, uma cabeleira preta e lisa que ia até sua cintura. Longos cílios que sombreiam seus lindos olhos verdes. Trás em sua mão uma vara, com a qual b**e na mesa.

Shlep!!!!

-Tem sim, uma coisa muito errada nisso tudo e se chama efeitos herbais. Vocês são idiotas ou o que? Lobos que não sentem odores, nem ouvem ruídos fora do padrão ou sequer percebem a aproximação de estranhos? Isso só existe se forem contaminados.

Todos começaram a falar ao mesmo tempo.

Shlep!

A mulher bateu sua varinha na mesa novamente e todos se calaram.

-O que você quis dizer com efeitos herbais, Soraya? - perguntou o CO.

-A pessoa que passou a perna em vocês, usou o costume mais antigo das mulheres para enganar seus maridos, sonífero e perfume.

-Mas sonífero não faz efeito na gente! - exclamou o CO.

-Não completamente, mas diminui os sentidos de percepção. Foi o que impediu vocês de identificarem movimentos mais rápidos que o normal. - Ela sabe do que está falando e fala com segurança.

-Mas como conseguiriam fazer todos tomarem sonífero sem perceber? - Pergunta Leonardo.

-Simples, foi posto na água do bebedouro - foi a cereja do bolo de dissabores.

-Então deve ter sido alguém de dentro, pois quem conseguiria entrar aqui sem que percebessemos?

-Aí foi falha de algum convencido, que achou que não ia acontecer nada mesmo. Vejam! - Disse Soraya.

Ela pegou o controle de cima da mesa e ligou a tela, ligou o vídeo que já havia introduzido no aparelho e deu play. Eram as gravações da madrugada daquele dia, estava tudo igual, até uma sombra desfocada, quase invisível passar pela fita.

-Viram? Entrou e saiu, com uma espécie de roupa refletora, ou sei lá o nome - ela concluiu.

-Filha da p--a! Fomos sabotados - exclamou o CO, dando um soco na mesa.

-Sim e como se não bastasse, espalharam um perfume no ar, inodoro, que diminui a sensibilidade olfativa de lobos - a feiticeira identificou.

-Foi algo muito bem planejado, para nos passar a perna e quem fez, sabe tudo sobre nós - ela olhou para todos com olhar sugestivo - só não sabem que vocês têm a mim! - Dando uma gargalhada, ela se prendeu na lateral do corpo do CO, segurando em seu braço e beijando seu rosto.

***

Na saleta, a mulher ainda sorri olhando a imagem no notebook. Eles nem imaginam que estão sendo observados.

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