Ainda não havia feito a denúncia, pois em todos os momentos que cheguei a sair de casa para ir, pensava na minha relação com George e desistia da ideia.Por mais que Melissa e Carter me encorajassem durante nossas conversas, eu desistia no meio do caminho e retornava à estaca zero.Enquanto isso, o detetive tentava fazer contato comigo de todas as formas. Até mesmo mandando o seu assistente ir em minha casa para saber se eu realmente o estava ignorando. Sua última tentativa foi aparecer pessoalmente no Morgan's, no horário que eu tinha costume de ir. Por sorte Jonathan o colocou para fora com poucas palavras ditas num canto reservado do lugar.Jonathan manteve seu comportamento indiferente todas as vezes que tentei fazê-lo rir. Eu havia decretado que aquela seria uma das minhas meta para o final do ano, mesmo que parecesse impossível.Já Carter se incomodou com minhas tentativas de aproximação para com seu irmão. Por isso resolvi mostrar a todos que meu interesse era apenas uma experi
Nas portas de entrada do Morgan's deixávamos uma pequena caixa de vidro temperado com uma abertura de 40 cm de comprimento por 20 cm de largura. Nessa caixa era possível colocar o equipamento danificado para que eu pudesse analisá-lo quando estivesse presente no local.Havia um pequeno recado colado na tampa daquele objeto. Dizia para que o dono do aparelho deixasse um bilhete junto ao equipamento, com os detalhes de seu problema e um telefone para contato, pois iríamos ligar para informá-lo sobre o valor e quanto tempo levaria o conserto.Caso o cliente aceitasse, eu continuaria o trabalho. Se não, ele poderia retirar seu aparelho das oito às dezesseis horas no balcão da Assistência Técnica.Resolvi criar a caixa do quebrado quando ficou difícil ir todos os dias a biblioteca, tendo que encarar as pessoas na rua. Aquilo foi útil, principalmente depois que fiquei meses, ausente.Primeiro de tudo; eu estava indo a tantas consultas médicas para acompanhar meu tio que era quase impossível
Senti a luz invadir minha escuridão, o que me levou a pressionar os olhos para afastá-la. Meu corpo doía ao ponto de me fazer choramingar. Era como se um carro de corrida tivesse me arrastado por toda a rodovia presa a uma corda pela cintura. O ar não conseguia chegar em meus pulmões como quando fui socada no estômago naquela rua estreita, tão forte que me deixou totalmente sem fôlego. O odor de baunilha e jasmim penetraram em mim, me motivaram a enfrentar a claridade incômoda para abrir os olhos lentamente e descobrir de onde vinha aquilo. No início achei que tudo não havia passado de um sonho. Um terrível sonho. Contudo, a cama tinha uma maciez diferente. Ela massageava minhas costas delicadamente enquanto os lençóis lisos pareciam querer fugir de meu corpo com qualquer movimento. Meus olhos foram de encontro à claraboia que iluminava o quarto com a luz forte do sol. Me sentei na cama, tentando entender onde estava. Mas ao erguer minha cabeça senti a forte dor na nuca e, automatic
John me deu um tempo para pensar sobre sua proposta, mas eu não tinha muitas opções. Ao menos se aceitasse, George estaria livre para voltar e eu não correria mais risco de vida. No entanto, estaria presa à alguém durante 365 longos dias e isso era o que mais me alarmava.Respirei fundo enquanto sentia minha cabeça entrar numa enorme bola de neve, se tornando uma bagunça ainda maior do que já era, durante meus pensamentos.O dia estava chegando ao fim. Pude ver a tarde alaranjada no céu através da claraboia, e meus olhos pesavam pelo longo tempo que pensei. No entanto, não queria dormir ainda. Queria ter uma saída melhor daquela situação. Mesmo que nada viesse à minha mente, eu não parava de pensar.A porta foi aberta durante meus devaneios, e o rapaz de cabelos vermelho fogo surgiu com uma bandeja em mãos. O mesmo deixou o objeto metálico na mesa próxima à porta e sorriu para mim. Seus olhos escuros fixaram-se aos meus e eu não soube se ele era amigo ou inimigo.Ele deveria saber sob
Acordei com a mesma dor terrível na cabeça e em todo meu corpo. O calor me acariciava enquanto a claridade me acordava gradualmente. Eu abri meus olhos, me deparando com a claraboia trincada e lacrada com algo cobrindo-a do lado de fora.Não havia a menor dúvida de onde eu estava.Meu joelho esquerdo havia sido colocado em cima de um travesseiro e estava totalmente envolvido em ataduras. Havia curativos em meus arranhões dos tornozelos, braços e pescoço. Alguns machucados pequenos em meu rosto pulsavam, como se ele estivesse em chamas. E a faixa grande ainda se enrolava em minha cabeça como uma fita de cabelo. Ela latejava ao ponto de me sentir em meio a uma fanfarra.Jonathan estava sentado na poltrona do espelho com aquele olhar de culpa direcionado ao chão, sem conseguir chegar até mim. Torci o nariz com sua presença e o fuzilei com toda minha raiva. Já que era tudo o que eu poderia fazer.— Me desculpe. Não era para machucá-la. — Ele sussurrou tão baixo que eu só pude entender ao
— Você está bem? — Disse a voz suave de Tomás invadindo meu quarto. O ruivo deixou a bandeja na mesa e fechou a porta.Olhei para ele de canto, depois voltei meus olhos à janela. Tinha árvores altas como paisagem e poderia jurar que era possível ver um lago, bem distante. Deduzi, que a casa ficava nas pequenas montanhas litorâneas. Significava que não tinha vizinhos curiosos.— Não fique com raiva de mim. — O rapaz disse tentando puxar minha atenção. — Se eu fosse rico te ajudaria.— Você é uma graça.— Sabe London, Jonathan não é o tipo de pessoa que se pode desafiar. Aliás, ele não é o tipo de pessoa que se brinca. Um movimento desses homens é uma montanha que ele moveria para destruí-los.Tomás parecia querer me dizer algo que não podia. Tudo o que captei em sua explicação foi que Jonathan, era poderoso o bastante para prejudicar alguém e isso era óbvio. Afinal, eu estava sendo prejudicada.— Você não sente nada por ele? — Me perguntou por fim fazendo-me franzir o cenho. — É uma pe
— Ele parece melhor — falei para o doutor ao meu lado, enquanto andava pelos corredores do hospital. Eu tinha acabado de sair do quarto, onde meu tio havia sido colocado depois de um surto terrível. Tivemos uma longa conversa sobre momentos aleatórios de meu dia a dia e de seu futuro retorno para nossa casa. Ele estava diferente do que me acostumei.Nos últimos anos, deparei-me com um Morgan paranóico, obcecado por coisas aleatórias e que gritava absurdos repentinamente. Quando quase feriu gravemente a auxiliar de enfermagem, não tivemos outra opção. Foi preciso interná-lo às pressas.— Caio apresentou uma melhora significativa, mas sabemos que não é nada concreto — o médico iniciou. Sua mão direita pousou em meu ombro em forma de solidariedade enquanto o homem não tentava me transmitir nada em seu olhar. — Então, sejamos pacientes para que você não tenha dias difíceis futuramente.— Mas ele vai poder ir para casa? — Perguntei direto e o homem deixou sua mão cair para me livrar do con
Senti o perfume do jovem Tomás e abri os olhos levemente para encontrar o seu olhar penetrante e acolhedor. Fiquei feliz por vê-lo ali.— Preciso trocar seus curativos — ele disse calmo, me estendendo a mão. Dei-lhe um leve sorriso sentando na cama e deixei que fizesse seu trabalho retirando os curativos sujos, espalhados por minha pele.Calmamente ele limpou meus ferimentos com um pouco de água boricada e algodão. Seu toque me fez relaxar. Não era rústico, era paciente e me dava calmaria. No entanto, eu não tinha muitas pessoas para conversar ali e uma delas, era isolante demais. Então resolvi tentar mudar a situação com quem talvez pudesse ter uma boa dinâmica.— Trabalha aqui à muito tempo? — Perguntei fazendo-o sorrir. Seus cabelos ruivos pareciam como fogo quando tocados pelo sol e seu sorriso deixava o rosto claro, angelical.— Tem dois anos. Sou praticamente o imediato de Jonathan. — Franzi o cenho e Tomás bufou em tom irônico. — Sou auxiliar de enfermagem, London. Comecei a tr