Capítulo 05

Izabel observou o filho virar um copo de uísque e ficou preocupada. Ele não era de beber assim em casa. Alguma coisa o estava preocupando. Ele sempre fora meio calado e introspectivo, mas nos últimos tempos estava com um olhar triste e distante. Ela não fez nenhum comentário, mas sabia que ele tinha saído na noite anterior com a filha de Robert e aquilo pareceu deixá-lo ainda mais nervoso. Ela tentava entender os motivos para ele estar saindo com aquele menina e uma suspeita se formava em sua mente. Será que ele estava querendo se vingar de Robert através da filha? Se assim fosse ela não permitiria de jeito nenhum. Ele não podia envolver uma garota inocente naquela ideia maluca de vingança contra uma pessoa que não era um monstro como ele pensava. Ela só não podia contar todos os detalhes assim de hora para outra, mas tentaria dissuadia-lo daquela loucura.

Aproximou-se dele e tentou tirar alguma informação.

- Oi, filho.

Ele retribuiu o abraço e beijou o rosto da mãe.

- Oi, mãe.

- Tudo bem?

- Sim, tudo bem.

- Estou achando você muito quieto esses dias.

Ele desviou o rosto.

- Nada não.

- É... você se encontrou de novo com aquela moça.

- É uma afirmação ou uma pergunta?

- Vocês saíram juntos ontem.

Ele forçou um meio sorriso.

 - Saímos sim.

- E então?

- Então nada, apenas fomos a um barzinho e pronto.

- Não acha que deveria se afastar dessa menina?

Ele sacudiu os ombros.

- Não vejo o porquê.  Tem alguma coisa que proíba a gente de se encontrar?

Izabel não respondeu, mas apertou os lábios tentando escolher as palavras para evitar falar demais.

- Nossas famílias não são as mais amigáveis, então acho que seria sensato não forçar uma aproximação.

- Eu acho o contrário, mas não gostaria de preocupá-la com essa história.

- Eu me preocupo com tudo que se relaciona a você, Taylor.

Ele abraçou novamente a mãe com carinho.

- Obrigada, mas não precisa se preocupar com esse assunto não. Eu sei o que estou fazendo.

Era esse justamente o medo de Izabel, entender o que ele estava fazendo, mas por enquanto resolveu ficar calada.

                               ***

Taylor estava deitado fazia algumas horas, mas o sono não vinha. Ele cobriu a cabeça com o travesseiro e ouviu o telefone tocar. Olhou duas vezes a tela para se certificar do nome que apareceu na tela. Angel.

Ele atendeu.

- Oi.

- Está acordado?

- Você também.

- Estava pensando.

- Em quê?

- Meu pai me proibiu de te ver de novo.

Ele não respondeu.

- Taylor?

- Oi.

- Você me ouviu?

- Sim. Ele disse o motivo?

- Falou que nossas famílias tem alguns atritos, você sabia disso?

- Você não sabia?

- Claro que não.

- Esquece isso, são coisas antigas que não dizem respeito a nós.

- Então você também acha que nós podemos ser amigos?

- Você quer?

- Quero.

- Então não precisamos ouvir o que nossos pais pensam. Somos adultos e podemos fazer nossas escolhas.

- Então podemos nos ver amanhã?

Taylor sorriu diante do tom de voz dela. Parecia uma criança perguntando se podia comer um doce e com medo da resposta.

- Sim. Posso levar você para a faculdade. Tenho algumas coisas para fazer na cidade.

- Combinado. Boa noite, Taylor.

- Boa noite, Angel.

Ele desligou e fixou o olhar no teto. Até que não deveria? ser tão entediante executar seu plano de vingança. Aquela garota era legal e ele gostava de conversar com ela, pena que tinha o sangue daquele homem odioso correndo nas veias.

                       

***

No dia seguinte, Taylor esperava Angel sair da faculdade no final da tarde. Ela tinha deixado o carro na casa dele e eles tinham vindo na sua pick-up, portanto mesmo terminando de fazer suas obrigações, ele tivera que aguardar ela sair da aula para levá-la de volta para a fazenda. Ela o encontrou cochilando com a cabeça apoiada no volante e o som do carro ligado.

Angel ficou um tempo parada observando o rapaz que estava aprendendo a admirar naquele pouco tempo que se conheciam. Ele tinha alguma coisa estranha. Era muito calado e pensativo e as vezes tinha um olhar perdido, como se tivesse pensando em outra coisa. Tinha um pouco de pena dele. Era óbvio que ele tinha um problema e não queria compartilhar com outra pessoa. Talvez se ela se aproximasse da mãe dele pudesse descobrir alguma coisa. Mas de uma coisa tinha certeza, ele tinha um coração bom. Nas raras vezes que ele tinha deixado escapar um sorriso, o brilho que viu naqueles olhos não deixava dúvidas que por baixo daquela capa de durão tinha um homem carinhoso e ela estava disposta a conquistar aquele cowboy marrento.

Aproximou-se devagar e passou o dedo pelo braço dele. Ele abriu os olhos como se esperasse que ela estivesse ali e não demonstrou surpresa ou outra emoção.

- Pronta?

- Sim, não podemos comer alguma coisa antes de ir embora?

Ele sacudiu os ombros.

- Está um pouco tarde, mas se você quer.

Ela entrou no carro e olhou para ele sorrindo.

- Vamos pegar um sanduíche, eu como na estrada mesmo.

Ela comprou dois sanduíches e dois sucos e voltou para o carro.

- Eu vou comer e depois eu dirijo pra você poder comer o seu.

- Certo. Vamos lá.

Já era quase noite e depois de alguns minutos já na estrada de chão em direção à fazenda o carro começou a tremer com um barulho estranho até parar.

- O que aconteceu? Ela indagou.

Taylor deu um soco no volante.

- Droga! Sei lá, não sou mecânico.

Ele desceu do carro e abriu o capô.

- Nossa! Está fumaçando.

Angel desceu e se aproximou dele.

- E agora?

- Agora é rezar pra ter sinal e ligar para um mecânico.

Ele tentou realizar a chamada, mas a ligação não completou.

- Pronto. Perfeito!  Não tem sinal.

Angel encostou no carro e cruzou os braços.

- Eu quero ir para casa!

Taylor parou em frente a ela.

- Não tenho tempo para garotas mimadas agora, por favor.

- Eu não sou mimada!

- Ah, não? Imagina se fosse!

- Por que você está tão irritado? não tenho culpa se seu carro quebrou.

Ele passou a mão pelo cabelo e se aproximou dela, olhando-a fixamente nos olhos.

- Você me irrita, me tira do sério!

Ela se aproveitou e resolveu provocá-lo.

- Eu? Por quê?

- Não se faça de inocente. Você quer tudo do seu jeito, eu não gosto disso!

Ela empinou o nariz.

- Tá bom, não quero mais ver você. Arrume logo um jeito de me levar pra casa.

Taylor deu uma risada exasperada e colocou um braço de cada lado dela, impedindo que ela se afastasse do caro.

- Toda corajosa, hein! Vamos ver o que diz disso.

Ele pressionou o corpo dela com o dele e colou a boca na dela num beijo duro e profundo. A boca dele movia-se com brutalidade sobre a dela e ele mordia o queixo dela enquanto segurava seus cabelos com uma mão.

Angel não esperava aquela atitude dele e ficou sem saber o que fazer. Encostada no corpo dele não teve como não perceber o quanto ele estava excitado ao sentir o membro duro dele pressionando sua barriga. Ela tentou empurrá-lo e ele a apertou mais e contra a porta do carro.

- Que foi? Onde está sua coragem agora?

Ele enfiou os dedos sobre seus cabelos e puxou sua cabeça para trás beijando a curva do pescoço e passando a língua devagar até alcançar a boca dela de novo.

Ela gemeu, arrepiada com aquele contato.

- Para, Taylor...

Ele lambeu novamente seu lábios encostando a língua na dela e apertando o quadril de encontro ao dela.

- Parar por quê? Não tá doida pra pular na minha cama?

Ela estava trêmula nos braços dele. Se era o que ela queria? Sim. Era. Mas não estava preparada para a avalanche de emoções que sentiu ao ser tocada por ele e se não estivessem parados no meio da estrada talvez não conseguisse resistir a ele.

Ela o abraçou pela cintura e alisou o peito dele pela abertura da camisa.

- Está assim tão na cara, é?

Ele deu uma gargalhada e apertou o queixo dela com uma mão.

- Cuidado, menina! Pare de brincar com fogo!

Ela olhou para a estrada e deu um pulo.

- Olha, está vindo alguém, vamos pedir ajuda.

Taylor apertou os lábios e respirou fundo. Aquela interrupção foi sua salvação ou aquela garota ia deixá-lo completamente louco.

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