Izabel observou o filho virar um copo de uísque e ficou preocupada. Ele não era de beber assim em casa. Alguma coisa o estava preocupando. Ele sempre fora meio calado e introspectivo, mas nos últimos tempos estava com um olhar triste e distante. Ela não fez nenhum comentário, mas sabia que ele tinha saído na noite anterior com a filha de Robert e aquilo pareceu deixá-lo ainda mais nervoso. Ela tentava entender os motivos para ele estar saindo com aquele menina e uma suspeita se formava em sua mente. Será que ele estava querendo se vingar de Robert através da filha? Se assim fosse ela não permitiria de jeito nenhum. Ele não podia envolver uma garota inocente naquela ideia maluca de vingança contra uma pessoa que não era um monstro como ele pensava. Ela só não podia contar todos os detalhes assim de hora para outra, mas tentaria dissuadia-lo daquela loucura.
Aproximou-se dele e tentou tirar alguma informação.
- Oi, filho.
Ele retribuiu o abraço e beijou o rosto da mãe.
- Oi, mãe.
- Tudo bem?
- Sim, tudo bem.
- Estou achando você muito quieto esses dias.
Ele desviou o rosto.
- Nada não.
- É... você se encontrou de novo com aquela moça.
- É uma afirmação ou uma pergunta?
- Vocês saíram juntos ontem.
Ele forçou um meio sorriso.
- Saímos sim.
- E então?
- Então nada, apenas fomos a um barzinho e pronto.
- Não acha que deveria se afastar dessa menina?
Ele sacudiu os ombros.
- Não vejo o porquê. Tem alguma coisa que proíba a gente de se encontrar?
Izabel não respondeu, mas apertou os lábios tentando escolher as palavras para evitar falar demais.
- Nossas famílias não são as mais amigáveis, então acho que seria sensato não forçar uma aproximação.
- Eu acho o contrário, mas não gostaria de preocupá-la com essa história.
- Eu me preocupo com tudo que se relaciona a você, Taylor.
Ele abraçou novamente a mãe com carinho.
- Obrigada, mas não precisa se preocupar com esse assunto não. Eu sei o que estou fazendo.
Era esse justamente o medo de Izabel, entender o que ele estava fazendo, mas por enquanto resolveu ficar calada.
***
Taylor estava deitado fazia algumas horas, mas o sono não vinha. Ele cobriu a cabeça com o travesseiro e ouviu o telefone tocar. Olhou duas vezes a tela para se certificar do nome que apareceu na tela. Angel.
Ele atendeu.
- Oi.
- Está acordado?
- Você também.
- Estava pensando.
- Em quê?
- Meu pai me proibiu de te ver de novo.
Ele não respondeu.
- Taylor?
- Oi.
- Você me ouviu?
- Sim. Ele disse o motivo?
- Falou que nossas famílias tem alguns atritos, você sabia disso?
- Você não sabia?
- Claro que não.
- Esquece isso, são coisas antigas que não dizem respeito a nós.
- Então você também acha que nós podemos ser amigos?
- Você quer?
- Quero.
- Então não precisamos ouvir o que nossos pais pensam. Somos adultos e podemos fazer nossas escolhas.
- Então podemos nos ver amanhã?
Taylor sorriu diante do tom de voz dela. Parecia uma criança perguntando se podia comer um doce e com medo da resposta.
- Sim. Posso levar você para a faculdade. Tenho algumas coisas para fazer na cidade.
- Combinado. Boa noite, Taylor.
- Boa noite, Angel.
Ele desligou e fixou o olhar no teto. Até que não deveria? ser tão entediante executar seu plano de vingança. Aquela garota era legal e ele gostava de conversar com ela, pena que tinha o sangue daquele homem odioso correndo nas veias.
***
No dia seguinte, Taylor esperava Angel sair da faculdade no final da tarde. Ela tinha deixado o carro na casa dele e eles tinham vindo na sua pick-up, portanto mesmo terminando de fazer suas obrigações, ele tivera que aguardar ela sair da aula para levá-la de volta para a fazenda. Ela o encontrou cochilando com a cabeça apoiada no volante e o som do carro ligado.
Angel ficou um tempo parada observando o rapaz que estava aprendendo a admirar naquele pouco tempo que se conheciam. Ele tinha alguma coisa estranha. Era muito calado e pensativo e as vezes tinha um olhar perdido, como se tivesse pensando em outra coisa. Tinha um pouco de pena dele. Era óbvio que ele tinha um problema e não queria compartilhar com outra pessoa. Talvez se ela se aproximasse da mãe dele pudesse descobrir alguma coisa. Mas de uma coisa tinha certeza, ele tinha um coração bom. Nas raras vezes que ele tinha deixado escapar um sorriso, o brilho que viu naqueles olhos não deixava dúvidas que por baixo daquela capa de durão tinha um homem carinhoso e ela estava disposta a conquistar aquele cowboy marrento.
Aproximou-se devagar e passou o dedo pelo braço dele. Ele abriu os olhos como se esperasse que ela estivesse ali e não demonstrou surpresa ou outra emoção.
- Pronta?
- Sim, não podemos comer alguma coisa antes de ir embora?
Ele sacudiu os ombros.
- Está um pouco tarde, mas se você quer.
Ela entrou no carro e olhou para ele sorrindo.
- Vamos pegar um sanduíche, eu como na estrada mesmo.
Ela comprou dois sanduíches e dois sucos e voltou para o carro.
- Eu vou comer e depois eu dirijo pra você poder comer o seu.
- Certo. Vamos lá.
Já era quase noite e depois de alguns minutos já na estrada de chão em direção à fazenda o carro começou a tremer com um barulho estranho até parar.
- O que aconteceu? Ela indagou.
Taylor deu um soco no volante.
- Droga! Sei lá, não sou mecânico.
Ele desceu do carro e abriu o capô.
- Nossa! Está fumaçando.
Angel desceu e se aproximou dele.
- E agora?
- Agora é rezar pra ter sinal e ligar para um mecânico.
Ele tentou realizar a chamada, mas a ligação não completou.
- Pronto. Perfeito! Não tem sinal.
Angel encostou no carro e cruzou os braços.
- Eu quero ir para casa!
Taylor parou em frente a ela.
- Não tenho tempo para garotas mimadas agora, por favor.
- Eu não sou mimada!
- Ah, não? Imagina se fosse!
- Por que você está tão irritado? não tenho culpa se seu carro quebrou.
Ele passou a mão pelo cabelo e se aproximou dela, olhando-a fixamente nos olhos.
- Você me irrita, me tira do sério!
Ela se aproveitou e resolveu provocá-lo.
- Eu? Por quê?
- Não se faça de inocente. Você quer tudo do seu jeito, eu não gosto disso!
Ela empinou o nariz.
- Tá bom, não quero mais ver você. Arrume logo um jeito de me levar pra casa.
Taylor deu uma risada exasperada e colocou um braço de cada lado dela, impedindo que ela se afastasse do caro.
- Toda corajosa, hein! Vamos ver o que diz disso.
Ele pressionou o corpo dela com o dele e colou a boca na dela num beijo duro e profundo. A boca dele movia-se com brutalidade sobre a dela e ele mordia o queixo dela enquanto segurava seus cabelos com uma mão.
Angel não esperava aquela atitude dele e ficou sem saber o que fazer. Encostada no corpo dele não teve como não perceber o quanto ele estava excitado ao sentir o membro duro dele pressionando sua barriga. Ela tentou empurrá-lo e ele a apertou mais e contra a porta do carro.
- Que foi? Onde está sua coragem agora?
Ele enfiou os dedos sobre seus cabelos e puxou sua cabeça para trás beijando a curva do pescoço e passando a língua devagar até alcançar a boca dela de novo.
Ela gemeu, arrepiada com aquele contato.
- Para, Taylor...
Ele lambeu novamente seu lábios encostando a língua na dela e apertando o quadril de encontro ao dela.
- Parar por quê? Não tá doida pra pular na minha cama?
Ela estava trêmula nos braços dele. Se era o que ela queria? Sim. Era. Mas não estava preparada para a avalanche de emoções que sentiu ao ser tocada por ele e se não estivessem parados no meio da estrada talvez não conseguisse resistir a ele.
Ela o abraçou pela cintura e alisou o peito dele pela abertura da camisa.
- Está assim tão na cara, é?
Ele deu uma gargalhada e apertou o queixo dela com uma mão.
- Cuidado, menina! Pare de brincar com fogo!
Ela olhou para a estrada e deu um pulo.
- Olha, está vindo alguém, vamos pedir ajuda.
Taylor apertou os lábios e respirou fundo. Aquela interrupção foi sua salvação ou aquela garota ia deixá-lo completamente louco.
Angel conversava com Murilo e tentava fazê-lo entender que não tinha interesse nele como namorado.Eles estavam sentados num tronco de árvore perto do riacho que cortava a propriedade dos Murat e adentrava nas terras vizinhas, que pertencia à família de Taylor. Ela e Murilo se conheciam desde criança e ela sabia que ele nutria um sentimento maior por ela. Mesmo sabendo que em alguns momentos ela deu a entender que um dia seriam namorados, ela não sentia o coração acelerar quando ele chegava perto, não como sentia com Taylor. Murilo, no entanto, estava decepcionado e triste por saber que Angel não correspondia aos seus sentimentos.- Sinto muito, Murilo, mas não dá pra namorar quando se tem apenas sentimento de amigo.Ele parecia inconformado.- Já sei. Você está saindo com outro cara, não é? É aquele Taylor, eu sei.Ang
Angel estava nervosa e se atrapalhou com as palavras.- Eu... deixei minha roupa no seu banheiro, queria colocar pra secar...Taylor se afastou da porta e fez sinal para ela passar.- Pode pegar, eu coloco lá fora.Ela voltou com a roupa e olhou para ele.- Onde posso colocar?Ele estendeu a mão.- Me dá aquiEla apertou a roupa contra o peito.- Não... não vou deixar você pegar na minha calcinha, né.O olhar dele escureceu um pouco e ele se aproximou dela.- Sua calcinha está ai? Então você está...- Quer calar a boca, por favor!Ele puxou a roupa da mão dela e jogou no chão e então a puxou para seus braços colando o corpo ao dela de cima a baixo. Angel sentiu o ar faltar em seus pulmões ao sentir a ereção dele pulsando junto ao seu corpo.Ele desceu a mão
Angel estava sentada com Karen na lanchonete da faculdade e contava para amiga os últimos acontecimentos da sua vida.- Não! Não acredito que você transou com ele!Angel jogou a cabeça para trás e respirou sonhadora.- Sim, passamos a noite inteira nos amando.Karen fez um gesto de abano para um calor que não existia.- Jesus! Imagino aquele homem fazendo amor. Deve ser uma coisa!- Nossa! Ele é muito gostoso.Karen se aproximou mais e cochichou no ouvido de Angel.- O p... é grande?Angel tapou a boca, sorrindo baixinho e fez uma medida com as mãos respondendo para a amiga.- Ai Meu Deus! Não machuca não?- Machucar de verdade não, mas eu ainda estou toda quebrada.- E seus pais? Sabem?Angel torceu o nariz e revirou os olhos.- Meu pai foi me buscar lá na casa dele e me passou um serm&atil
No mês que se seguiu, Taylor e Angel praticamente não se desgrudaram. Estavam juntos o tempo todo. Ele inventava motivos para ir à cidade só para levá-la para a faculdade e geralmente na saída sempre acabavam no apartamento dele transando loucamente. As vezes faziam amor dentro do carro mesmo a caminho de casa e algumas vezes ela teve a coragem de ir até a fazenda na calada da noite e dormir com ele saindo logo cedo.Izabel tentou de todas as maneiras que o filho desistisse daquele namoro e chegou a ameaçar que se Angel continuasse a frequentar o quarto dele às escondidas, ela iria contar ao pai dela.- Para, mãe, deixa de drama!- Não é drama, Taylor, isso está errado.- Errado por quê?- Porque os pais dela não concordam com esse namoro e se alguma coisa acontecer eu vou ser acusada de estar acobertando vocês aqui.- Eu não s
Angel não costumava comer na cantina da faculdade. Preferia levar seu lanche de casa, pois seu estômago não aceitava bem aquelas comidas cheias de gorduras, mas sempre sentava por ali entre uma aula e outra para acompanhar os colegas e bater papo. Foi ali que ela conheceu Joana, uma senhora meio estranha que fazia a limpeza da cantina e retirava os pratos e copos das mesas. Angel não soube explicar, mas ela simpatizara logo de cara com Joana e passou a puxar conversa com ela, principalmente ao perceber que ela tinha um olhar triste. Parecia uma pessoa muito sofrida. Certo dia, Angel percebeu que ela estava com um olho meio roxo e não precisou imaginar muito como aquilo teria acontecido. Com certeza uma agressão feita por um marido violento. Desde então sentiu uma certa afeição e um pouco de pena daquela mulher que ainda era jovem, mas parecia carregar um grande peso nos ombros. Ela não devia ter mais que quarenta a
Taylor estava limpando as baias antigas dos cavalos que ficava nos fundos da casa da fazenda. Enfim ia revitalizar aquelas baias e trazer vida para aquela parte da fazenda esquecida desde a morte do pai. Com muito esforço, ele tinha conseguido comprar algumas éguas para inseminação, inclusive um garanhão reprodutor e já tinha várias encomendas de crias. Aos poucos sua fazenda ganhava vida novamente e o dinheiro começava a entrar. Agora ele tinha certeza que fizera a coisa certa ao abandonar a carreira de advogado na cidade e se estabelecer ali. A terra era sua paixão, ali ele sentia o coração bater mais forte e sua vida adquiria um novo sentido. Quando ele cavalgava por aquelas terras sentia-se livre e ele não se imaginava morando em outro lugar. Ainda doía em seu peito quando ele chegava nos limites que dividiam o que um dia fora terras daquela fazenda e ele não podia avanç
Fazia três dias que Angel não saía do quarto. Ela chorou todas as lágrimas que um dia pensou ser possível e recusou a comida que a mãe insistia em levar para ela.Estava ausente de si mesma e cansou de procurar uma explicação para os últimos acontecimentos de sua vida. Seria verdade que ela estava mesmo grávida aos dezoitos anos e fora cruelmente abandonada pelo homem que pensou ter se apaixonado? Por mais doloroso que fosse admitir aquela verdade, ela sabia que tudo acontecera daquela forma. Taylor tinha se aproximado dela não porque se sentiu atraído ou algo parecido, mas porque já tinha um plano em mente. Tudo foi arquitetado pensando apenas na vingança dele contra sua família. Ela relembrou detalhadamente todos os momentos, as conversas, as inúmeras vezes que tinham feito amor e procurou uma pista de que ele pudesse estar mentindo. Como ele tivera coragem de enga
Taylor descansou a perna dobrada sobre a cela do cavalo e olhou o horizonte ao longe ao entardecer. O gado pastava calmamente na campina verde à sua frente e as últimas gotas de chuva caíam silenciosas.Aqueles últimos dias tinham sido frios e chuvosos e de certa forma pareciam refletir em seu interior. Seu coração estava frio e nebuloso.Fazia um mês desde a última vez que ele vira Angel e aquilo o estava matando por dentro. No auge do seu desespero ele tinha pedido para Vanessa fazer um vídeo dela e enviar para ele e agora aquele pequeno filme de apenas vinte segundos já tinha sido reproduzido um milhão de vezes em seu celular. No vídeo ela se olhava no espelho experimentando um vestido novo e tentando ajustar em volta da barriga provavelmente na tentativa de esconder que estava grávida. Continuava linda, mas exibia um olhar triste e distante e Taylor se sentiu a pior das criatu