Fazia três dias que Angel não saía do quarto. Ela chorou todas as lágrimas que um dia pensou ser possível e recusou a comida que a mãe insistia em levar para ela.
Estava ausente de si mesma e cansou de procurar uma explicação para os últimos acontecimentos de sua vida. Seria verdade que ela estava mesmo grávida aos dezoitos anos e fora cruelmente abandonada pelo homem que pensou ter se apaixonado? Por mais doloroso que fosse admitir aquela verdade, ela sabia que tudo acontecera daquela forma. Taylor tinha se aproximado dela não porque se sentiu atraído ou algo parecido, mas porque já tinha um plano em mente. Tudo foi arquitetado pensando apenas na vingança dele contra sua família. Ela relembrou detalhadamente todos os momentos, as conversas, as inúmeras vezes que tinham feito amor e procurou uma pista de que ele pudesse estar mentindo. Como ele tivera coragem de enga
Taylor descansou a perna dobrada sobre a cela do cavalo e olhou o horizonte ao longe ao entardecer. O gado pastava calmamente na campina verde à sua frente e as últimas gotas de chuva caíam silenciosas.Aqueles últimos dias tinham sido frios e chuvosos e de certa forma pareciam refletir em seu interior. Seu coração estava frio e nebuloso.Fazia um mês desde a última vez que ele vira Angel e aquilo o estava matando por dentro. No auge do seu desespero ele tinha pedido para Vanessa fazer um vídeo dela e enviar para ele e agora aquele pequeno filme de apenas vinte segundos já tinha sido reproduzido um milhão de vezes em seu celular. No vídeo ela se olhava no espelho experimentando um vestido novo e tentando ajustar em volta da barriga provavelmente na tentativa de esconder que estava grávida. Continuava linda, mas exibia um olhar triste e distante e Taylor se sentiu a pior das criatu
Angel olhou o relógio pela milésima vez. Estava esperando sua vez de ser atendida no consultório médico onde sua mãe tinha marcado uma consulta para acompanhar a gravidez. Ela tinha adiado aquela visita o quanto pôde, mas sabia que uma hora teria que ir ao médico. Pelas contas, ela estava com dois ou três meses e seria muito arriscado não saber se tudo estava bem com ela e o bebê. - Angel Cavalcanti Murat.A secretária anunciou seu nome e ela levantou respirando fundo e segurando a mão que Marta lhe estendia.
Joana não sabia o que fazer para contar ao companheiro que tinha sido despedida do trabalho. Sabia que ele a colocaria na rua sem dó nem piedade e ela novamente teria que viver pedindo um prato de comida em portas de restaurantes. Não suportava mais aquela vida. Era muito sofrimento para uma pessoa carregar por uma vida inteira. Nada tinha dado certo para ela. Talvez aquela fosse a forma que Deus tinha achado de fazê-la pagar pelos erros do passado. Talvez sua sina fosse vagar pelo mundo sem direito ao um lar ou uma noite de paz. Vanessa observou Murilo brincando com Theo. Ele ajudava o menino a construir um curral com pedacinhos de madeira e colocava os animaizinhos de plásticos que ele mesmo tinha comprado de presente para ele.Não estava entendendo aquele comportamento de Murilo de uns tempos para cá. Desde o dia que eles tinham dançado juntos no bar por insistência de Angel que ele não saía mais de perto dela. Estavam namorando? Não, pois nem sequer tinham se beijado desde então, mas ele não saía da sua casa. Ia buscá-la para o trabalho, aparecia de repente sem avisar e trazia mimos para o Theo. Considerada a maior feira de tecnologia rural do Centro-Oeste, a TECNOSHOW seria realizada naquele fim de semana em Goiânia. Angel adorava aquelas feiras e desde pequena ia com os pais.Era um ambiente alegre, cheio de gente falando alto, crianças correndo, muita bebida e fazendeiros ávidos para comprar animais e máquinas agrícolas.Seu pai era um frequentador assíduo tanto para expor animais, como para comprar novos.Naquele ano, porém a animação de Angel estava quase zero e ela chegou a dizer para a mãe que não queria ir. Marta, no entanto, não cogitou pensar na questão.- Lógico que você vai, nem pensar em ficar aqui trancada só porque está grávida.Angel tomava café na cozinha na companhia da mãe e de Laura.- Mãe, não posso nem vestir uma calça.- Ora, vai vestir um vestidoCapítulo 16
Capítulo 17
Angel abriu os olhos e tentou se lembrar dos últimos acontecimentos. Virou a cabeça e percebeu que estava deitada na cama de um hospital e sua mãe estava sentada em uma cadeira ao seu lado.Sua cabeça girava um pouco, mas ela se lembrou do motivo de estar ali. Taylor!Tentou sentar na cama e percebeu que tinha um soro preso ao seu braço.Marta se aproximou ao vê-la sentada na cama.- Espere um pouco, Angel, você desmaiou, precisa ficar quieta.- Cadê ele mãe? O que aconteceu?Nesse momento seu pai entrou no quarto e parecia muito nervoso.- Pai, fala logo! Taylor está bem?Ele se aproximou e sentou na cama ao lado dela.- Ele está bem, está aqui no hospital também.- O que aconteceu?- Nada demais, ele só desmaiou e teve alguns ferimentos pelo corpo, mas não quebrou nada.Angel levantou da cama.
Dois dias depois, Taylor saiu do hospital e voltou para casa com a mãe. Izabel estava cada dia mais preocupada com o filho. Se ele já era calado por natureza, nos últimos tempos apenas respondia com monossílabos tudo o que ela perguntava.Ele desceu do carro ainda mancando e andando com certa dificuldade.Izabel se limitou a segui-lo para dentro de casa.Ele começou a subir as escadas lentamente.- Taylor!Ele parou, mas não se virou.- Fale, minha mãe.- Você está bem?Ele então voltou-se e desceu os dois degraus que tinha subido. Parou em frente a mãe e a olhou curioso.- A mãe da Angel me disse que nós deveríamos conversar.Izabel desviou os olhos.- Conversar sobre o que?- Boa pergunta, o que você teria para conversar comigo?Izabel virou as costas e foi em direção a cozinh
Angel se despediu dos amigos com a desculpa que precisava resolver algo para a mãe e se dirigiu a mais um hospital na tentativa de obter notícias da senhora Joana. Depois de esperar mais de meia hora na recepção novamente veio a notícia de que não havia ninguém ali com aquelas características. Respirando fundo ela entrou no carro e decidiu continuar. Iria ao último hospital público de Goiânia, pois seria improvável ela estar em uma clínica particular.Estacionou em frente ao hospital Estadual Alberto Rassi e se dirigiu á recepção.Último capítulo