Taylor não concordava, mas mesmo assim foi com Angel visitar Joana, que ainda se encontrava na casa de abrigo.
Antes de descer do carro ele virou-se para ela aborrecido.
- Custava esperar o bebê nascer, Angel! Você está nos últimos dias de gravidez, para que se estressar com essa história?
Angel segurou a mão dele.
- Por favor, Taylor, você prometeu me ajudar.
- E estou ajudando, mas essa mulher é muita confusa. Ela não se lembra de nada, como vamos ajudá-la?
- Ela disse que vai me mostrar uma foto da filha dela, isso talvez ajude.
Ele suspirou impaciente e desceu do carro.
- Vamos logo acabar com isso!
Angel segurou a mão do marido e andou lentamente para a entrada da casa. Sua barriga agora estava realmente incomodando e ela sentia um peso no baixo ventre que a impedia de andar rápido. Sua respiração estava mais curta
Robert Cavalcanti Murat Neto nasceu quatro horas depois pesando 3,5kg e medindo 52 cm. A médica ainda tentou que fosse um parto normal, mas acabou sendo uma cesariana como tinham programado. Angel ficou acordada o tempo todo e acompanhou todos os detalhes do parto. Taylor não quis entrar na sala de cirurgia. Não teria estômago para vê-la sendo cortada e ficou na porta andando de um lado para outro.Meia hora depois, a pediatra saía da sala com um pacotinho envolto em uma manta. Taylor se aproximou e tentou pegá-lo.- Calma, papai, precisamos limpar e vestir seu filho, espere mais um pouco.- Como está minha mulher?- Está ótima, logo vai vê-la.E então ela sumiu no corredor e Taylor apertou o peito ansioso. Nunca mais ele pensaria em ter um filho. Não aguentaria tanta tensão de novo.Marta e Robert estavam esperando na sala de entrada da clí
O resultado do exame demorou mais do que o esperado e um mês depois Angel foi com Taylor ao abrigo para conversar com Joana.Como já era de costume eles a visitarem, nem passaram pela recepção indo direto para o quarto dela.Angel empurrou a porta e chamou por ela.- Dona Joana?Ela não respondeu e eles entraram procurando no banheiro.Angel franziu a testa.- Ela não está aqui.Taylor olhou em volta.- Talvez esteja no jardim, vamos.Depois de procurar em todos os lugares eles resolveram ir até a recepção.A mulher estava lá com os olhos grudados no celular, alheia a qualquer coisa que acontecia ao redor.Angel bateu na mesa irritada.- Ei, onde está Dona Joana?Ela levantou os olhos distraída.- Foi embora.O coração de Angel disparou.- Embora como? Para onde?
Joana abriu a porta do apartamento e entrou carregando as inúmeras sacolas que tinha trazido da rua. Colocou todas em cima do sofá e foi até a geladeira tomar um copo de água. Estava um calor infernal naqueles últimos dias de dezembro e ela estava suada e ofegante. Também depois de passar o dia vagando entre as lojas da cidade não podia estar de outra forma.Deixou-se cair no sofá e abriu o celular conferindo o saldo da sua conta. Tinha gastado demais. Pensou nas inúmeras peças de roupa e sapato que tinha comprado e mentalmente calculou a fatura do seu cartão de crédito para o mês seguinte. No entanto ela se acalmou pensando que iria ficar um mês ou dois no vermelho, mas aquilo não era nada para alguém que nunca tivera um centavo no bolso.Abriu uma das sacolas e pegou uma calça jeans que tinha comprado em 10x. Era linda e era a calça dos seus son
Naquele tarde, Angel saiu da faculdade e Taylor a esperava cochilando dentro da caminhonete. Ela riu baixinho ao relembrar aquela mesma cena a mais de dois anos, ele dormindo no volante enquanto a esperava sair da faculdade. Ela parou em silêncio e observou o homem que tinha conquistado seu coração. Continuava o mesmo. Lindo, sensual, bruto a seu jeito, mas cheio de amor e cuidados para sua família. Não tinha do que reclamar. Tinha um marido perfeito.Ele pressentiu sua presença e abriu os olhos.- Ei, estava aí me observando, foi?Angel riu.- Estava. Não pode?Ela deu a volta e entrou no carro.- Onde está nosso filho?Taylor riu enquanto acariciava o rosto dela com dois dedos.- Hoje é sexta e eu o despachei para a casa da sua mãe. Vamos ficar um pouco sozinhos.Angel estava radiante.- Oba! Nós vamos sair? Vamos on
Taylor puxou a rédea do cavalo e parou observando a planície verdejante ao longe. Estava parado no limite das terras que um dia separaram a Fazenda Boa Esperança e a Fazenda Campo Belo. O gado pastava tranquilamente e o capim tremulava com os últimos raios de sol que saíam do horizonte. O coração de Taylor estava em paz. Não porque ele tinha recuperado todas as terras que um dia pertenceram a sua família, mas principalmente por saber que elas nunca tinham sido retiradas dele, ao contrário, estiveram sempre ali protegidas da insanidade de um homem consumido pelo ódio.Não tinha lembranças boas do seu passado. Agora podia enxergar que o amor que sempre sentiu por Rodolfo era unilateral. Revivendo detalhes da sua vida, ele percebeu que em nenhum momento Rodolfo tinha dito que o amava. Nunca o abraçou de forma calorosa e o que ele achava que era da sua própria natu
O tempo passou como um passe de mágica.Angel agora estava formada e trabalhava com os animais das fazenda, além de prestar outros atendimentos para fazendeiros vizinhos.Taylor tinha investido na criação de cavalos de raça e agora ele vendia embriões até para fora do país.Robert estava agora com cinco anos e era o melhor amigo do Theo. Melhor amigo era só maneira de dizer porque Theo já ia fazer nove anos e as vezes ralhava com ele porque ele não conseguia acompanhar todas as peraltices que ele fazia.Vanessa tinha resistido quanto pode, mas acabou aceitando o pedido de casamento de Murilo e eles agora estavam as voltas com os preparativos do casamento. A mãe de Murilo ainda não aceitava de bom grado o namoro do filho com Vanessa, mas Murilo tinha dado um ultimato para ela, avisando que se ela continuasse ofendendo a mulher que ele amava ele ia sair de casa
Taylor Belinari amarrou as rédeas do cavalo ao tronco da árvore e sentou no chão encostado no tronco do velho pé de mangueira. Era final de tarde e o tom alaranjado enfeitava o céu e trazia calmaria ao ambiente. Uma calma que não se estendia para o interior de Taylor. Ele estava inquieto. Não que aquilo fosse novidade, já que fazia muito tempo que ele não sentia paz interior. Olhou ao longe e viu as planícies verdejantes tremulando sob os raios do sol poente. Era uma visão linda de encher os olhos. As últimas chuvas tinham revitalizado o capim e ele agora exibia um verde escuro digno de uma boiada. Pena que ali só existiam duas ou três vacas que não dariam conta do farto capim que se descortinava à sua frente. Ele não lembrava, há quanto tempo não parava para admirar aquelas terras. Nos últimos anos sua vida fora longe dali e as poucas visitas eram rápidas e práticas, apenas para resolver problemas e ajudar a mãe com as decisões de uma fazenda velha e falida.
Angel Murat estava eufórica. Enfim ia poder sair à noite sem os pais. Lógico que tinha sido uma quebra de braços sem tamanho com o pai Robert para que ele a deixasse sair para um barzinho com as amigas.- Mas pai, eu agora já tenho dezoito anos, posso sair à noite sim.Robert tinha achado graça na forma como ela falou.- Você fez dezoito anos na semana passada, mocinha, não pode sair por aí em bares com esses seus amigos que só pensam em beber e namorar.- O que tem beber e namorar?- Não tem nada, mas você precisa ir devagar e além do mais você já tem namorado.Ela tinha torcido o nariz.- Eu não disse ainda que vou aceitar a namorar com o Murilo.- Você sabe que ele estava só esperando você ficar maior para pedir você em namoro, não é?- Sei sim, mas o Murilo é