Epílogo
Bem, às vezes a vida é dura, mas
eu tenho muitas coisas para agradecer.
6 meses depois...
MALÚ estava ansiosa, andava de um lado para o outro sem parar. Falcão olhava para a amiga e revirava aos olhos. Como uma mulher no estado em que ela se encontrava poderia ser tão teimosa assim?
— Se você der mais um passo, eu juro que prego a sua bunda na cadeira — disse, fazendo-a se sentar.
— Mas que controlador — cruzou os braços e fez bico.
— Malú, você está grávida de gêmeos, com quase nove meses, e eu prometi a Miguel que ficaria de olho em você.
— Miguel, Miguel... só quer saber dele agora — bufou.
Malú se levantou de novo e andou pelo pequeno quarto no fundo da igreja. Na verdade, o
O que fizeram comigo, me criou.É um princípio básico do universo, que toda ação gera uma reação igual ou oposta.V de vingança.— Então, amigo, surpreso em me ver? — Miguel perguntou arrumando a camisa social. Pegou um copo de uísque, colocou uma dose e virou de uma vez. — Sim, estou vivo, não sou um fantasma, nem fruto da sua imaginação — o rapaz se aproximou de Lucas devagar, com um sorriso falso.Sua vontade era de falar tudo, o acusar e mandá-lo para a cadeia, mas ele precisava seguir à risca o seu plano. O ex-amigo precisava pagar por tudo que fez, não só com ele, mas com todos.Lucas estava tão surpreso em vê-lo, sua boca estava aberta em formato de “O”, os olhos, cobertos por uma fina camada de lá
— Mas eu não consigo, Miguel, simplesmente não dá — Beatriz disse, se deitando em sua cama com os olhos cheios de lágrimas.— Eu te entendo, mana — Miguel disse, se deitando ao seu lado e pegando sua mão. — Sei que não foi fácil, mas...— Não! — ela gritou. — Não me peça para pensar em você! Não tem ideia do que passei aqui com a mamãe e o papai, de como eu via a nossa família ser destruída porque sentíamos a sua falta, de como papai se afundou na bebida e a mamãe dias e dias em cima de uma cama, deprimida — Beatriz se levantou, apontando o dedo para Miguel.Miguel respirou fundo. A irmã tinha razão, fazer com que ela o ajudasse era pedir muito. Bea odiava Lucas tão ou mais do que ele, mas vendo-a naquele estado de nervos só fez a vontade de se vingar que existia de
MALÚ acordou mais cedo naquela sexta-feira, tomou seu banho tranquilamente e havia saído do banheiro quando o telefone tocou. Era Bea do outro lado da linha, pedindo para levar o sobrinho à escola. Ela achou aquilo estranho, ainda mais porque a cunhada já estava em frente à sua casa. Não que Bea não tivesse aquele costume, pelo contrário. Ela sempre fazia aquilo, porém, combinavam durante o dia com antecedência. Escutou a campainha de casa, então desceu as escadas e foi abrir. Abraçou forte a cunhada. Ela a tinha como uma irmã.— Maicon está descendo.— Ok.— Como todos estão? — Malú disse, indo para a cozinha.— Todos bem, muito bem.— Que bom, fico feliz. Já tomou café?— Sim, comi algo antes de sair. — Ela se sentou na cadeira da cozinha.— Tia, tia, tia..
Sunlight comes creeping inIlluminates our skinWe watched the day go byStories of what we didBrids - Winks MALÚ estava sem fôlego. Os beijos de Miguel a deixavam sem ar. Ela ainda não acreditava que ele estava ali, sonhou tanto com esse momento, que não conseguia acreditar. Tê-lo em seus braços novamente era indescritível.— Miguel... — ela sussurrou o seu nome entre o beijo.— O que foi? — Miguel parou e a olhou.Malú tinha um sorriso doce nos lábios e isso fez com que o seu coração se aquecesse. Miguel não sabia como aguentou tantos anos sem a sua amada. Aquele sentimento que havia dentro dele era o mesmo de quando começaram a namorar, era algo puro, genuíno, que aquecia e fazia bem.— Vamos para o quarto — ela disse saindo dos braços
Breaking every chain that you put on meYou thought I wouldn’t change but I grew on yah'Cause I will never be what you wantedThis fire, (this fire), this fireJonathan Roy - Keeping Me AliveSe você pudesse deter um desastre, você deteria? Ou deixaria acontecer?— Doutor Lucas, Doutor Lucas! — Lucas voltou a si com Caroline chamando por ele. Ouviu o barulho do monitor cardíaco acusando a morte da paciente.Ele olhou ao redor. Sua cabeça parecia que explodiria. Olhou para as suas mãos cheias de sangue. A direita tremia. Ele soltou o bisturi e se afastou da mesa de cirurgia, não entendia como fora parar ali, estava na casa dos Alazar com... com Miguel, então depois tudo se apagou.— Doutor Lucas — ela o chamou mais uma vez. — Declare a morte da paciente. — Seus olhos foram para o r
Would you take the wheelIf I lose control?If I'm lying hereWill you take me home?Jess Glynne - Take Me HomeBEATRIZ estava parada na frente do espelho de sua casa, olhando-se dos pês a cabeça. Seu novo uniforme era um macacão azul, tinha listras cinza nos joelhos, cintura e nos braços, elas brilhavam no escuro e nas laterais eram de um tom de laranja vivo. As botas eram pesadas. Ela sorriu. Sabia que sua mãe não apoiava aquela ideia, mas era aquilo ou se mudar, pois ela não conseguia ficar perto de Lucas, não depois do que ele fez com seu irmão e sua família.Ela foi tirada de seus pensamentos com Maicon, que entrou correndo no quarto da moça e a olhou dos pés à cabeça.— Uau! — ele disse encarando a tia. Tinha a boca em forma de O e olhos brilhantes.— Que foi, moleque? Nunca
There is a house built out of stoneWooden floors, walls and window sillsTables and chairs worn by all of the dustThis is a place where I don't feel aloneThis is a place where I feel at homeThe Cinematic Orchestra - To Build A HomeMIGUEL acordou sentindo beijos pelas costas. Um sorriso foi crescendo em seu rosto. Era tão bom se sentir assim: Amado.Ele se virou, encarou Malú e sorriu. Ela subiu nele e o beijou com paixão, ainda não acreditava no que aconteceu. Tê-lo ali com ela era a realização de um sonho que há muito carregava dentro de si. Achou que nunca mais sentiria a felicidade que sentia naquele momento, era uma coisa crescente dentro do peito, parecia que seu coração ia explodir.— Bom dia, meu amor! — disse após soltar os lábios dele.— Bom dia, minha vida. Acordou cedo — ela s
FALCÃO andava de um lado para o outro, estava nervoso e cansado. Às últimas vinte e quatro horas foram difíceis e cansativas. Recordou o horror dentro daqueles túneis fétidos, as pessoas mutiladas, as crianças mortas com os corpos empilhados como sacos de batatas. Ainda tinha a história de Miguel, tudo o que ele passou desde que foi deixado para morrer naquele iate...Será que a maldade de Lucas não tinha fim?O que mais ele faria para que seus planos dessem certos?Olhou para Donna e se sentiu profundamente culpado por ela. Todos aqueles aparelhos e tubos saindo dela. Talvez, se ele tivesse prestado mais atenção em Lucas, poderia ter evitado tudo aquilo. Suspirou pesadamente e seus olhos se encheram de lágrimas.Os exames de Donna estavam ruins, ela tinha anemia, ossos quebrados que mal foram curados, uma gestação sem nenhum acompanhamento médi