Would you take the wheelIf I lose control?If I'm lying hereWill you take me home?
Jess Glynne - Take Me Home
BEATRIZ estava parada na frente do espelho de sua casa, olhando-se dos pês a cabeça. Seu novo uniforme era um macacão azul, tinha listras cinza nos joelhos, cintura e nos braços, elas brilhavam no escuro e nas laterais eram de um tom de laranja vivo. As botas eram pesadas. Ela sorriu. Sabia que sua mãe não apoiava aquela ideia, mas era aquilo ou se mudar, pois ela não conseguia ficar perto de Lucas, não depois do que ele fez com seu irmão e sua família.
Ela foi tirada de seus pensamentos com Maicon, que entrou correndo no quarto da moça e a olhou dos pés à cabeça.
— Uau! — ele disse encarando a tia. Tinha a boca em forma de O e olhos brilhantes.
— Que foi, moleque? Nunca
There is a house built out of stoneWooden floors, walls and window sillsTables and chairs worn by all of the dustThis is a place where I don't feel aloneThis is a place where I feel at homeThe Cinematic Orchestra - To Build A HomeMIGUEL acordou sentindo beijos pelas costas. Um sorriso foi crescendo em seu rosto. Era tão bom se sentir assim: Amado.Ele se virou, encarou Malú e sorriu. Ela subiu nele e o beijou com paixão, ainda não acreditava no que aconteceu. Tê-lo ali com ela era a realização de um sonho que há muito carregava dentro de si. Achou que nunca mais sentiria a felicidade que sentia naquele momento, era uma coisa crescente dentro do peito, parecia que seu coração ia explodir.— Bom dia, meu amor! — disse após soltar os lábios dele.— Bom dia, minha vida. Acordou cedo — ela s
FALCÃO andava de um lado para o outro, estava nervoso e cansado. Às últimas vinte e quatro horas foram difíceis e cansativas. Recordou o horror dentro daqueles túneis fétidos, as pessoas mutiladas, as crianças mortas com os corpos empilhados como sacos de batatas. Ainda tinha a história de Miguel, tudo o que ele passou desde que foi deixado para morrer naquele iate...Será que a maldade de Lucas não tinha fim?O que mais ele faria para que seus planos dessem certos?Olhou para Donna e se sentiu profundamente culpado por ela. Todos aqueles aparelhos e tubos saindo dela. Talvez, se ele tivesse prestado mais atenção em Lucas, poderia ter evitado tudo aquilo. Suspirou pesadamente e seus olhos se encheram de lágrimas.Os exames de Donna estavam ruins, ela tinha anemia, ossos quebrados que mal foram curados, uma gestação sem nenhum acompanhamento médi
All that I ever wasIs here in your perfect eyes,they're all I can seeSnow Patrol - Chasing Cars MIGUEL estava olhando o filho dormir. Depois de muita conversa e choro, o menino disse que estava cansado e com dor de cabeça, então ele o levou para o seu quarto. Assim que o colocou sobre a cama, foi puxado e abraçado pelo pequeno, que adormeceu tão rápido grudado ao pai. O rapaz se sentiu grato pelo menino compreender tudo tão fácil e concluiu que Maicon era realmente fantástico.Encarou o filho, que dormia em cima dele. A forma como respirava, o jeito como seus olhos se remexiam, inquietos por causa dos sonhos, a forma como seus cabelos caíam em seu rosto, sua boca carnuda...Maicon era mesmo muito parecido com Miguel quando pequeno e notando isso, o rapaz afagou a cabeça do filho e pensou que tudo que estivesse
LUCAS olhou para Miguel sentado confortavelmente em seu sofá. Sorriu e levou as mãos à cintura. Aquilo, para ele, só poderia ser uma piada.— Como assim, Miguel? — indagou o Dr. — Você não me disse que está sem memória? — ele lutava para falar calmamente, mas o que queria era terminar o que começou anos atrás.— Sim, mas eu disse que não lembro do acidente, como se tivesse sido apagado da minha memória — respondeu o rapaz. — E como a sua especialidade é a mesma que a minha, Dr. Juan disse que eu poderia ficar com você, assim pode me ensinar tudo que aprendeu nesses anos — explicou Miguel ao ex-amigo. — Eu estou apto para trabalhar, só não posso sozinho.— Eu não sei se isso é bom para você — disse, voltando a se sentar em sua mesa e desligando o computador.&mdas
BEATRIZ subiu as escadas lentamente. Após conversar com Miguel ela ficou pensativa.Será que a morte mudava as pessoas?Será que se acostumaria a vê-las sangrarem até morrer, como aquele policial?Será que algum dia ela se esqueceria daquele olhar?Duvidava muito que isso pudesse acontecer.Parou na frente da porta do quarto do irmão e escutou risadas. Ela sorriu, deu três batidas e escutou um entre em meio as risadas.— Para, para mamãe — o menino ria quase que sem fôlego das cócegas que a mãe fazia nele.— Atrapalho? — perguntou, olhando a bagunça dos dois.Malú olhou para Maicon, que sorriu e puxou a tia, fazendo-a cair desajeitadamente na cama.Então o ataque de cócegas começou. Beatriz não queria aquilo, mas fazer o quê?No final do fritar dos ovos, ela riu a
MARGARETH desceu as escadas de salto alto. Estava com um vestido vermelho que ia até os joelhos, um colar de ouro branco com uma pequena de esmeralda, brincos e um anel com a mesma pedra. Os olhos estavam marcados pela maquiagem pesada e um batom vermelho nos lábios.Ela passou pela sala, olhou ao redor, pegou sua bolsa, as chaves do carro e saiu de sua casa. Tudo que ela precisava era esquecer, era de uma distração, e hoje teria uma muito bela.Atravessou a cidade, não queria que ninguém a visse entrando em um hotel, afinal, sua classe não permitia ser vista em um lugar assim. Pediu a suíte de sempre, a mais luxuosa. Assim que entrou, foi direto para o bar, onde tinha uma garrafa de champanhe em um recipiente com gelo, abriu-a e deitou-se na cama de uma forma sensual.Não demorou muito para que seu acompanhante chegasse. Ela o olhou dos pés à cabeça e sorriu. Ele entrou, retirou
LUCAS chegou atrasado ao hospital no dia seguinte, quase não dormiu pensando que em breve seria o casamento de Miguel com Malú. Ele tinha que fazer algo para que aquilo não acontecesse, porém, nada vinha em sua mente.— Caroline, na minha sala, agora! — disse ríspido quando passou pela sala das enfermeiras.Caroline deu um pulo de susto, tratou logo de pegar todas as pastas dos pacientes de Lucas e o seguiu até sua sala.— Bom dia, Lucas. — Ela se aproximou para dar um beijo, mas ele virou o rosto e isso a deixou chateada.O que mais ela poderia fazer para que Lucas visse o quanto ela o amava?— Nada de bom. Me diz quais pacientes tenho hoje — seu tom era ainda mais ríspido.Caroline suspirou. Por mais que ela se esforçasse, não conseguia fazer com que Lucas a tratasse bem. Isso machucou seu coração, pois o amava de
MALÚ chegou ao hospital aos prantos e encontrou Miguel sentado na sala de espera junto com os pais.— O que aconteceu com o meu filho?! — perguntou assim que Miguel a abraçou.— Calma, Malú, ele está bem.— Não peça para que eu me acalme! — ela exclamou. —Meu filho foi atropelado e está em um hospital!— Meu amor, olhe para mim — pediu Miguel. — Fui eu que cuidei dele e está tudo bem.— Tem certeza disso? — perguntou a moça, aflita. — Fez os exames direito nele? — Malú tremeu nos braços de Miguel.— Sim, eu fiz — respondeu o rapaz. — Ele quebrou o braço quando caiu. Fora isso e uns ralados nos joelhos, ele está bem.— Você jura? — Miguel assentiu, a embalando. — Posso ver ele? — ela fungou enquanto limpava as lágri