BEATRIZ subiu as escadas lentamente. Após conversar com Miguel ela ficou pensativa.
Será que a morte mudava as pessoas?
Será que se acostumaria a vê-las sangrarem até morrer, como aquele policial?
Será que algum dia ela se esqueceria daquele olhar?
Duvidava muito que isso pudesse acontecer.
Parou na frente da porta do quarto do irmão e escutou risadas. Ela sorriu, deu três batidas e escutou um entre em meio as risadas.
— Para, para mamãe — o menino ria quase que sem fôlego das cócegas que a mãe fazia nele.
— Atrapalho? — perguntou, olhando a bagunça dos dois.
Malú olhou para Maicon, que sorriu e puxou a tia, fazendo-a cair desajeitadamente na cama.
Então o ataque de cócegas começou. Beatriz não queria aquilo, mas fazer o quê?
No final do fritar dos ovos, ela riu a
MARGARETH desceu as escadas de salto alto. Estava com um vestido vermelho que ia até os joelhos, um colar de ouro branco com uma pequena de esmeralda, brincos e um anel com a mesma pedra. Os olhos estavam marcados pela maquiagem pesada e um batom vermelho nos lábios.Ela passou pela sala, olhou ao redor, pegou sua bolsa, as chaves do carro e saiu de sua casa. Tudo que ela precisava era esquecer, era de uma distração, e hoje teria uma muito bela.Atravessou a cidade, não queria que ninguém a visse entrando em um hotel, afinal, sua classe não permitia ser vista em um lugar assim. Pediu a suíte de sempre, a mais luxuosa. Assim que entrou, foi direto para o bar, onde tinha uma garrafa de champanhe em um recipiente com gelo, abriu-a e deitou-se na cama de uma forma sensual.Não demorou muito para que seu acompanhante chegasse. Ela o olhou dos pés à cabeça e sorriu. Ele entrou, retirou
LUCAS chegou atrasado ao hospital no dia seguinte, quase não dormiu pensando que em breve seria o casamento de Miguel com Malú. Ele tinha que fazer algo para que aquilo não acontecesse, porém, nada vinha em sua mente.— Caroline, na minha sala, agora! — disse ríspido quando passou pela sala das enfermeiras.Caroline deu um pulo de susto, tratou logo de pegar todas as pastas dos pacientes de Lucas e o seguiu até sua sala.— Bom dia, Lucas. — Ela se aproximou para dar um beijo, mas ele virou o rosto e isso a deixou chateada.O que mais ela poderia fazer para que Lucas visse o quanto ela o amava?— Nada de bom. Me diz quais pacientes tenho hoje — seu tom era ainda mais ríspido.Caroline suspirou. Por mais que ela se esforçasse, não conseguia fazer com que Lucas a tratasse bem. Isso machucou seu coração, pois o amava de
MALÚ chegou ao hospital aos prantos e encontrou Miguel sentado na sala de espera junto com os pais.— O que aconteceu com o meu filho?! — perguntou assim que Miguel a abraçou.— Calma, Malú, ele está bem.— Não peça para que eu me acalme! — ela exclamou. —Meu filho foi atropelado e está em um hospital!— Meu amor, olhe para mim — pediu Miguel. — Fui eu que cuidei dele e está tudo bem.— Tem certeza disso? — perguntou a moça, aflita. — Fez os exames direito nele? — Malú tremeu nos braços de Miguel.— Sim, eu fiz — respondeu o rapaz. — Ele quebrou o braço quando caiu. Fora isso e uns ralados nos joelhos, ele está bem.— Você jura? — Miguel assentiu, a embalando. — Posso ver ele? — ela fungou enquanto limpava as lágri
MALÚ sorria, tremia e queria chorar.Nunca achou que seu casamento fosse, de fato, acontecer. Sentia no seu coração uma grande alegria e a cada passo que dava, relembrava o passado. Todos os momentos passaram por sua mente, desde os mais felizes até os mais tristes.Lembrou-se de como Miguel a defendeu na boate onde estavam quando se conheceram, lembrou-se da sensação do toque da mão dele naquele dia, lembrou-se do primeiro beijo, da sensação de reencontro. Sorriu. Lembrou-se então do primeiro eu te amo que ambos disseram, da primeira noite de amor, dos sonhos que tinham em comum e da vontade de viverem juntos pelo resto de suas vidas.Lembrou-se também do momento em que Lucas dissera que Miguel morreu e de como sua vida mudou a partir daquele dia, de como a tristeza invadiu sua alma, levando-a para um lugar escuro e sem vida, um lugar que quase a levou ao ponto de cometer suicíd
LUCAS olhava Miguel dançando com Malú. A forma com que os dois se olhavam e sorriam um para o outro deixava-o irritado. Virou de uma vez o copo de uísque e caminhou até os noivos, pousou a mão no ombro de Miguel e deu um leve apertão.— Posso dançar com a noiva? — perguntou sem tirar os olhos de Malú, que parou de sorrir de imediato.— Claro que sim, Lucas — Miguel se aproximou ainda mais de Malú e a beijou com ternura. — Volto logo, não se preocupe.Malú assentiu. Ela sabia sobre o que não era para se preocupar. Queria poder dizer não ao Lucas, queria que ele nunca pudesse nem encostar nela. Naquela hora sentiu um pouco de raiva de Miguel, pois, ele sabia o asco que ela sentia do seu ex-amigo e deixar com que dançassem a magoou.Lucas, por sua vez, não perdeu tempo. Passou um dos braços pela cintura d
MIGUEL estava feliz. A festa de casamento foi até à noite. Todos se divertiram muito, assim como comeram e beberam. Ele e Malú estavam na porta da casa dos Alazar se despedindo dos últimos convidados, cansados, mas felizes, e mantinham um sorriso no rosto.— Tudo foi perfeito, meu amor, muito obrigada! — Malú disse, dando um beijo em seu esposo.— Eu que agradeço o dia. Tudo foi perfeito — disse ele. — Mal acredito que finalmente me casei com você.Miguel a abraçou pela cintura enquanto a beijou, com os corpos colados balançando de um lado pelo outro. Eles riram felizes.— Mamãe, estou com sono — Maicon falou abraçado na perna da mãe.— Mas já, meu filho? — perguntou, abaixando e pegando-o no colo.— Sim, vovó disse que você vai sair com o papai. Me coloca para dormir antes? &mdash
MALÚ acordou sorrindo, estava com a cabeça em cima do peito de Miguel. O dia anterior foi um momento e tanto para ambos e ela amou cada coisinha que seu recém-esposo fez. Era impossível não amar Miguel cada dia mais.A moça sentiu uma mão subir e descer de leve em sua coluna. Arrepiou-se com isso. Miguel a apertou em seus braços e deu um beijo carinhoso no topo de sua cabeça. Malú sorriu.— Bom dia, meu amor — ele disse com a voz carregada de sono.— Bom dia — falou, beijando seu peito desnudo e passando a mão pela lateral do seu corpo com amor.— Dormiu bem?— Como se você tivesse deixado, não é mesmo?Ela sorriu, maliciosa, e subiu em Miguel, beijando-o intensamente. O rapaz passou os braços pela cintura de Malú e inverteu as posições.— Temos que tirar o atrasado, que
DAVID entrou como um furacão em seu escritório, tinha uma pasta preta volumosa em mãos e alguns papéis importantes. Ele se sentou na frente do computador e, com agilidade, começou a redigir um contrato. Tudo que tinha estava ali, sua construtora era sua vida.Dedicou-se desde que ele e seu melhor amigo, Robert, decidiram o que fariam da vida, correu atrás, lutou, deu duro para que a construtora desse lucro e sabia que todo o esforço que fizeram há alguns anos, estava dando bons lucros no momento.Porém, tudo que David fazia na vida era friamente calculado, não fazia nada que não fosse em benefício próprio, era egoísta, só pensava em si e no que poderia obter com suas atitudes.Casar-se com Laura foi uma dessas escolhas. Ele não gostava dela, nunca a amou, nem a respeitou. Para ele, tudo era uma fachada. Casou-se por dinheiro, o que ela tinha de sobra e