Meus dedos estrangulavam as caixinhas ao passo que observava cada movimento de Weben, aguardando por algo que me fizesse ficar mais calma, pois, à essa altura, eu me perdia novamente em medo e nervosismo.
— Weben? — chamei por ele e baixei meu olhar até seus pés.
Eu realmente esperava que ele me transmitisse calma, mas ele estava 2 vezes pior que eu e batia freneticamente com o pé no chão, enquanto mordiscava os nós de seus dedos.
— Oi.
— Você não quer conversar primeiro? — falei com a voz mais suave que o normal e seu olhar veio até meu, acompanhado de dúvida.
— Sobre oque exactamente você quer conversar?
— Não sei. Alguma ideia? — me sentei do seu lado na cama, fazendo com que se virasse em minha direcção.
— Nenhuma.
— É a primeira vez que passa por isto, também?
— Quase isso. Mas em quê exactamente isso vai resulta
— Eu sempre digo para você avisar sempre que for chegar tarde! Depois vai dizer que eu falo muito, mas você não ouve, Vivi. Você não estava a sentir-se bem, que tivesse dito que foi para casa de Tânia descansar. Quando é que vão aprender a ouvir quando falo? — minha mãe falava e fazia pausas para formular melhor seu sermão.Enquanto isso, eu ouvia com a atenção presa no seu traseiro e lembrava de tudo que me tinha acontecido naquele dia. Apoiava meu rosto nas mãos e sentia alguns dos meus sentidos ativos: audição quase esgotada pelas palavras que invadiam meus tímpanos de forma excessiva; o paladar necessitado que era obrigado a satisfazer-se com a saliva que saía tão insípida quanto o beijo de Weben; e o funcionamento excessivo da mente que chegava até a dar uma dorzona de cabeça. Não sabia nem se aquilo era um sentido, para mim tanto fazia.— Me senti mal, mãe, e eu não tinha levado o telefone por isso não liguei e nem mandei mensagem
Chamada on— Pode falar, estou a ouvir. — falei de olhos fechados e com a mão acariciando a têmpora, como resultado da impaciência.— Primeiramente, quero pedir desculpas por aquilo que eu fiz e disse ontem...— Teve teus motivos. Não entendo, mas deixemos. Pode prosseguir. — fiz uma pausa e voltei a falar — Mas antes tenho uma pergunta:... — movimentei o indicador no ar enquanto olhava para cima —...tudo bem?— Por favor Evie. Eu estou a tentar falar de algo sério. — falou e suspirou impaciente, pelo que parecia.— Oky. — revirei os olhos, os sentindo rolarem secos — segundamente?— Deram positivo...os testes. E você vai ter que tirar.Engoli o gole de saliva e me endireitei na cama.— Eu não vou fazer isso! —respondi olhando para meus pés com o cenho franzido.— Evie
— Oque você vai fazer agora? — se direcionou a mim, plantando as mãos na cintura.— Eu não sei. — passei as mãos pelas laterais do meu rosto, buscando por uma noção do que devia fazer, mas fracassando.— Perceba...— se agachou na minha frente e suspirou antes de continuar —...quando for hora de contar para seus pais,você não pod... — cortei assim que percebi que ela insistia no mesmo assunto de Weben.— Eu não vou contar nada! — rebati.— Você vai esconder a barriga durante nove meses e vai esconder o bebé também quando for a nascer? — perguntou pela primeira vez, meu amigo, todo calmo e esbanjando de uma seriedade incomum enquanto limpava seus sapatos.
Ficamos numa conversa por mais de 40 minutos, sobre coisas que variavam e me fizeram esquecer totalmente dos estudos. Eu estava sentada no chão, encostada na base da cama e Agnes parecia estar a comer. Era perceptível pela forma como sua voz saía enquanto me contava como foi sua primeira vez.— No final ele nem era tudo oque eu esperava. Tipo, toda menina virgem já tem um tamanho pré-definido na sua cabeça sempre que imagina o momento em que deixará se ser. Mas eu me decepcionei muito? Era exactamente o oposto do que eu esperava. — disse e pôs-se a rir — Mano, eu praticamente fiz tudo sozinha e como bónus, tive que dizer o quão feliz eu estava e que seria algo inesquecível e que ele era incrível e blá blá blá... — espalmei minha barriga enquanto ria calmamente, sendo acompanhada por ela do outro lado da lin
Oito dias depoisMeus pés não paravam um momento sequer de bater freneticamente no chão, enquanto meus dedos tremiam e meu olhar estava fixo em duas pessoas que decidiam oque aconteceria comigo nas horas seguintes.Cleyton, como sempre, prometeu que me ajudaria a achar alguém que me ajudasse com o processo de aborto. Se não fosse por um amigo crescido dele, que tinha uma irmã que passou pela mesma experiência que eu, ficariamos mais alguns dias numa busca desgastante.Minha mãe era parteira do Hospital Central de Maputo, oque facilitaria muito a minha situação. Porém, estava fora de questão pedir a sua ajuda por motivos bem óbvios. Numa das poucas vezes em que pude estar com ela no seu local de trabalho, ela estava naquele mesmo hospital no qual me escontrava. Tirava um tempo de seu expediente par
De frente para minha prima e através de seu olhar, incentivou-me a iniciar com as apresentações.— Dispenso o olá, porque já disse. Esse aqui é o Cleyton meu único amigo...— do meu lado esquerdo estava meu amigo, forçando lisonjas que pouco possuía — e essa é Tânia...— Já nos conhecemos. — falou minha amiga olhando para o chão com o cenho franzido.— Como assim? — cruzei os braços no peito e a encarei aguardando por uma resposta. Agnes ainda mantinha seu sorriso como se debochasse de algo.— Sim, é verdade, Vivi. — confirmou ela e riu logo depois pela frustração de Tânia.— Vocês vão explicar ou...? — me virei para Tânia ainda com os braços cruzados no peito, deixando Cleyton para trás enquanto ouvia seus chiados de impaciência.— É que o mundo é pequeno o suficiente para permitir que eu reencontrasse a pessoa com a qual Dilan me traiu. — o sorriso de
— E como foi que ela soube que você está grávida?— Ela e o irmão dela vieram para cá num final de semana. Não me lembro muito bem, mas acho que havia guardado o teste por baixo das minhas roupas e minha mãe acabava de engomar, então queria guardar minha roupa lá. Então eu tirei o teste de lá e coloquei por baixo da almofada logo que eles chegaram, comprimentos e blá blá blá, aí eu decidi ficar com eles no quarto e quando eles entraram ela foi se sentar na cama e o teste estava por baixo na almofada que ela levou para colocar no colo dela e ela viu. Fim. — contei com o desinteresse evidente e com a atenção no laptop do meu pai, pois ele tinha me mandado digitar algo.— Então ela tem um irmão, sim? — Sim, gêmeo del...Espera aí, você ouviu oque eu disse? — parei por um momento para prestar atenção na sua resposta.— Sim, idiota.— Oque foi que eu
Com desentendimento no olhar, minha mãe se virou e arqueou as sobrancelhas como se expressasse oque evitava questionar. Só que ela acabou por conciliar a fala e a expressão ao perguntar.— Oque disse?— Mãe? — vasculhei o chão com o olhar em busca de algo que não fosse oque eu havia de facto dito — Perguntei se não tem uma tesoura.Meu nervosismo foi se manifestando em atos como esfregar as mãos e sorrir de forma exagerada até demais. Minha mãe encostou seu corpo no batente e coçou sua testa, me permitindo perceber que tentava lembrar onde tinha uma.— Não sei, talvez na minha bolsa. — ergueu seu olhar até sustentar o meu — Foi isso que disse? — cerrou seus olhos e meu estômago mudava de temperatura por segundo.— Sim. Porquê a pergunt