— Não queria te pressionar, apenas estava tentando ser razoável e conversar civilizadamente.— Não há nada para conversar sobre isso. Você quer que eu use o coração do George para salvar a Ângela, mas eu te digo: isso é impossível!Ao ouvir o tom resoluto de Jaqueline, emoções complexas surgiram nos olhos de Roberto:— Por que é impossível? É para proteger o George ou porque você está com raiva de mim e propositalmente não quer salvar a Ângela? Você desejava que ela morra?Se fosse a segunda opção, embora Roberto se irritasse, no fundo, sentia uma ponta de satisfação secreta, pois isso significava que ele ainda ocupava um lugar no coração de Jaqueline, que ela sentia inveja e ciúmes.Assim como ele invejava George. Se George morresse, não seria ruim para ele.— Ei, o que você está dizendo? — Isabelly interveio com raiva. — Não pense em usar o coração do meu irmão para salvar sua amante, não vou permitir.— Você não tem poder para decidir isso!Roberto agarrou os ombros de Jaqueline e d
— A chance que você fala é a vida do George! Ele não merece essa chance?!Entre a remota possibilidade de George acordar e a vida de Ângela, para Jaqueline não havia dilema algum. Por mais tênue que fosse a esperança, ela não desistiria de George. A vida ou a morte de Ângela não significava nada para ela. Ela não era tão nobre assim.Em momentos cruciais, cada pessoa priorizaria proteger quem lhe importava mais.Apenas médicos, ao se depararem com dois estranhos feridos, optariam por salvar aquele com maiores chances de sobrevivência, abandonando o caso mais difícil.Roberto cerrou os punhos ao dizer:— Você odeia tanto a Ângela assim? Tudo isso é minha culpa. Se for para odiar alguém, odeie a mim.— Minha decisão não vai mudar, independentemente de eu odiar você ou não. Mesmo que não fosse Ângela, minha resposta seria a mesma.Vendo a frieza de Jaqueline, Roberto ficou incrédulo:— Você mudou. Você era tão bondosa. Deveria saber que não é só a Ângela que espera por um transplante, há
"Por que tudo aconteceu de forma tão conveniente? George ter esse acidente justo agora, coincidindo com a urgente necessidade de transplante cardíaco de Ângela, e justamente o coração de George ser compatível com ela? Será que tudo isso faz parte de um plano de Roberto?"Ela não parava de pensar."Quase todas as pessoas fazem exames médicos, e os dados são armazenados no sistema. Será que Roberto, para salvar Ângela, usou seus contatos para investigar extensivamente pessoas compatíveis, até descobrir que George era adequado? Mas enquanto ele estivesse vivo, não poderia ser um doador. Então, para salvar Ângela, ele seria capaz de fazer algo tão terrível?"Roberto era um idiota, mas não era mau. Jaqueline não queria suspeitar que Roberto fosse uma pessoa tão cruel, mas as circunstâncias a forçavam a considerar essa possibilidade.Ela sentia que tudo aquilo era coincidência demais.Uma coincidência pode ser um acidente, mas várias coincidências juntas poderiam ser uma conspiração bem plan
Jaqueline Valente estava encolhida na cama, acariciando levemente sua barriga. Ela suspirou de alívio, feliz por saber que o bebê estava bem. Na noite anterior, Roberto Santana havia retornado e queria ter um momento de intimidade com ela. Eles não se viam há dois meses e ela não teve coragem de recusar ele.Roberto já tinha terminado de se arrumar. Vestido com um terno cinza feito sob medida, ele exibia uma figura alta e esbelta, elegante e atraente. Sentado em uma cadeira, ele trabalhava em seu tablet, deslizando os dedos na tela de forma lenta e preguiçosa, exalando uma aura de sensualidade.Ele notou a mulher na cama, enrolada no cobertor, com apenas a cabeça de fora. Seus olhos negros e brilhantes o observavam atentamente. Com um tom indiferente, ele disse: — Acordou? Levanta e vem tomar café da manhã.— Está bem. — Respondeu Jaqueline, corando enquanto se levantava da cama e vestia seu pijama.Na sala de jantar, Jaqueline continuava a cutucar os ovos no prato com seu garfo, enq
Ela abaixou a cabeça e deu um sorriso amargo.O que mais ela poderia desejar? Poder se casar com ele já havia esgotado toda a sorte que ela teria na próxima vida.Seus pais eram funcionários comuns do grupo SK. Em um incêndio, ficaram presos na sala de controle, mas antes de morrer conseguiram desligar um sistema importante, evitando a liberação de substâncias tóxicas e prevenindo mais mortes.Na época, a mídia noticiou o ocorrido por muitos dias e a última conversa dos seus pais com o mundo exterior ficou registrada.Com apenas 10 anos, ela teve que ir morar com sua tia.No entanto, a tia era fumante, alcoólatra e viciada em jogos de azar. Um ano depois, perdeu todo o dinheiro da indenização do grupo SK em apostas.Quando ela tinha 11 anos, sua tia a abandonou diretamente na porta da sede do grupo SK.Jaqueline ficou esperando na porta da empresa por dois dias, abraçada a sua mochila. Estava faminta e exausta, até que o presidente do grupo SK passou por ali e a levou para casa.Desde
— Eu não quis dizer isso. — Jaqueline estava um pouco irritada.Se ela tivesse essa intenção, como poderia ter deixado ele se aproximar na noite passada, estando grávida?Roberto não disse mais nada, carregou ela de volta para o quarto e a colocou na cama, cada movimento era suave e atencioso.Jaqueline quase levou toda a sua força para conter as lágrimas.Ele arrumou as roupas dela e sua mão grande acidentalmente tocou sua barriga.O coração de Jaqueline deu um salto e ela rapidamente empurrou a mão dele.Mesmo com sua barriga ainda plana, ela se sentia instintivamente culpada, preocupada que ele descobrisse algo.Roberto fez uma pausa.— O que houve?Estava para se divorciar, então agora não o deixava tocar ela?— Nada, apenas não dormi bem, minha cabeça está um pouco confusa. — Ela inventou uma desculpa.— Vou chamar um médico para vir aqui, você não está com uma boa aparência. — Ele disse e colocou a mão na testa dela, a temperatura estava normal, mas ele sentia que algo estava err
— Eu ainda te vejo como um primo, assim como você me vê como uma prima.A garganta de Jaqueline estava ficando cada vez mais dolorida, a ponto de quase não conseguir emitir mais um som, caso contrário, ela se revelaria, levantaria o cobertor e correria para os braços dele, chorando e dizendo “Eu nunca te vi como um primo, te amo!”.Ela se conteve para não fazer algo tão humilhante, já que ele tinha outra mulher em seu coração, por que ela deveria se rebaixar para manter ele?— Assim está bom. — Roberto esboçou um leve sorriso. — Você pode encontrar um homem que você realmente ame.O coração dolorido de Jaqueline foi cortado mais uma vez.Ela sorriu e disse:— Sim, está bom.Então ele poderia ficar com seu amor livremente.— Jaque. — Ele a chamou de repente.— Sim? — Ela respondeu com dificuldade.— Eu... — Ele de repente parou.Ela ficou em silêncio e esperou.— Eu vou embora agora, descanse bem.Roberto se virou e saiu.Jaqueline se encolheu debaixo do cobertor e começou a chorar.Ela
Osvaldo se endireitou e disse:— O acordo tem erros de digitação, preciso levá-lo de volta para corrigir, desculpe.Jaqueline ficou sem palavras.Erros de digitação?Ela pensou que havia alguma reviravolta.Haha, ela ainda estava se iludindo com uma esperança tola.Depois que Osvaldo saiu, Jaqueline voltou para o quarto. Ela não sabia como tinha passado o dia, mas almoçou e jantou direitinho.Talvez por causa da tristeza extrema, ou por ter comido demais, ela, que nunca tinha tido náuseas intensas, vomitou violentamente a noite toda.Enquanto vomitava, ela chorava. No final, se encolheu no chão, tremendo enquanto abraçava a barriga.Já passava das onze. Antes, se ele estivesse fora depois das dez, sempre ligava para avisar onde estava.Agora não precisava mais.De repente, o toque do celular ecoou.Jaqueline aguçou os ouvidos, o som do toque ficava cada vez mais claro.Ela se levantou rapidamente do chão e correu do banheiro para pegar o celular na cama.O identificador de chamadas mos