— Aquele paciente parece ter sido vítima de um ataque. No momento ainda não sabemos quem ele é, e a polícia está procurando seus familiares. Assim que obtivermos a assinatura dos familiares, a cirurgia poderá ser realizada imediatamente!Jaqueline, observando a empolgação deles, sentiu um peso no coração."Da perspectiva deles, é natural que estejam felizes, mas aquele ferido que eles mencionam, vítima de um ataque, simplesmente perdeu a vida em vão. No fim das contas, é a vida de uma pessoa em troca da vida de outra. Realmente, desde que não seja alguém importante para si, não importa quem morra."O médico continuou:— Os órgãos daquele paciente estão muito saudáveis. Se a família autorizar, suas córneas e todos os órgãos internos, até mesmo sua pele, poderão ser utilizados, salvando a vida de muitas pessoas.Roberto perguntou:— Você disse que ele foi vítima de um ataque?O médico assentiu:— Sim, julgando pelos ferimentos, ele deve ter sido atacado, e não tinha nenhum documento cons
— Por que você não diz nada? — Vendo o silêncio de Jaqueline, Roberto segurou seus ombros. — Eu te contei todos os meus pensamentos, mas você nunca me disse os seus. Então agora, me diz, o que você realmente pensa.— Chega. — Jaqueline o empurrou com força. — Você é irritante. Cuida da sua Ângela e para de me incomodar.Jaqueline se virou e saiu correndo.— Jaqueline. — Roberto estava prestes a segui-la quando uma voz fraca veio do quarto do hospital. — Roberto, onde você está?Roberto suspirou, olhou para o quarto e depois para a direção em que Jaqueline havia saído."Parece que a Jaqueline realmente não quer me ver. Tudo bem, deixar ela esfriar a cabeça também é bom. Eu tenho medo que, se eu pressionar demais, ela só fuja cada vez mais."Roberto entrou no quarto e se sentou ao lado da cama:— Ângela.— Roberto, o que é aquilo? — Ângela viu uma grande caixa de presente muito bonita, não muito longe.Roberto mudou de assunto:— Ângela, tenho uma boa notícia pra você, encontramos um cor
No consultório médico.— Sra. Jaqueline, eu compreendo perfeitamente seus sentimentos, mas como médico, preciso explicar para senhora a situação. O Sr. George, devido ao grave trauma cerebral, entrou em coma profundo de terceiro grau. Não apresenta reflexo pupilar à luz, nem reflexo corneano, de deglutição, de tosse ou reflexos tendinosos. Ele não possui respiração espontânea e só pode ser mantido vivo através de medicamentos e aparelhos. Embora seu coração ainda esteja batendo, o cérebro já não responde. Nessa situação, assim que desligarmos as máquinas, seu coração vai parar imediatamente de bater.Como esposa de George, Jaqueline tinha o direito de tomar decisões médicas em situações de emergência quando ele não pudesse fazê-lo por si mesmo.Bastava sua assinatura de consentimento para que a cirurgia de transplante de órgãos pudesse ser realizada imediatamente.Mas isso também significava que ela estaria desistindo de George.Os olhos de Jaqueline estavam vermelhos e inchados de tan
Assim que Jaqueline saiu do consultório, uma figura correu em sua direção.— Jaqueline.Isabelly havia chegado às pressas depois de receber a ligação de Jaqueline.Ao chegar, ela imediatamente notou o rosto de Jaqueline coberto de lágrimas.— Isabelly. — Jaqueline a abraçou fortemente.Jaqueline explicou a situação para Isabelly.As duas foram imediatamente para o quarto do hospital ver George.— Irmão, você consegue me ouvir? Por favor, acorde. A culpa é toda minha, eu não procurei por você com dedicação suficiente.Antes, ela pensava que George era um homem forte e não teria problemas, que Jaqueline estava exagerando em suas preocupações. Nunca imaginou que algo assim aconteceria."Se eu tivesse procurado meu irmão seriamente, perguntado a todos por aí, talvez tivesse conseguido descobrir onde ele estava e ele não teria se machucado."Jaqueline deu tapinhas suaves nas costas de Isabelly:— Isabelly, não é sua culpa. Você conseguiu contatar seus pais?Quando Jaqueline reconheceu Georg
Roberto não tinha escolha e decidiu falar pessoalmente com o familiar.Porém, ele não esperava que a esposa do paciente mencionada pelo médico fosse Jaqueline, o que significava que o ferido era George!Um silêncio mortal tomou conta do quarto do hospital.Jaqueline olhou atônita para Roberto, só então percebendo que uma das três pacientes era Ângela.Roberto certamente faria tudo ao seu alcance para salvar Ângela.Portanto, a relação entre ela e Roberto já não era mais apenas de ex-marido e ex-esposa, mas de adversários!— Jaqueline. — Roberto se aproximou e olhou para a pessoa na cama. — Não imaginei que fosse o George. O que aconteceu?Jaqueline enxugou as lágrimas e balançou a cabeça: — Não sei, disseram que ele foi atacado.— Então é isso. — Ao ver George deitado na cama, Roberto se sentiu um pouco chocado.Mas ele não sentiu muita coisa, e certamente não estava triste como Jaqueline.Porque para Roberto, George era seu inimigo.Contudo, ele também não se sentia satisfeito, afina
— Não queria te pressionar, apenas estava tentando ser razoável e conversar civilizadamente.— Não há nada para conversar sobre isso. Você quer que eu use o coração do George para salvar a Ângela, mas eu te digo: isso é impossível!Ao ouvir o tom resoluto de Jaqueline, emoções complexas surgiram nos olhos de Roberto:— Por que é impossível? É para proteger o George ou porque você está com raiva de mim e propositalmente não quer salvar a Ângela? Você desejava que ela morra?Se fosse a segunda opção, embora Roberto se irritasse, no fundo, sentia uma ponta de satisfação secreta, pois isso significava que ele ainda ocupava um lugar no coração de Jaqueline, que ela sentia inveja e ciúmes.Assim como ele invejava George. Se George morresse, não seria ruim para ele.— Ei, o que você está dizendo? — Isabelly interveio com raiva. — Não pense em usar o coração do meu irmão para salvar sua amante, não vou permitir.— Você não tem poder para decidir isso!Roberto agarrou os ombros de Jaqueline e d
— A chance que você fala é a vida do George! Ele não merece essa chance?!Entre a remota possibilidade de George acordar e a vida de Ângela, para Jaqueline não havia dilema algum. Por mais tênue que fosse a esperança, ela não desistiria de George. A vida ou a morte de Ângela não significava nada para ela. Ela não era tão nobre assim.Em momentos cruciais, cada pessoa priorizaria proteger quem lhe importava mais.Apenas médicos, ao se depararem com dois estranhos feridos, optariam por salvar aquele com maiores chances de sobrevivência, abandonando o caso mais difícil.Roberto cerrou os punhos ao dizer:— Você odeia tanto a Ângela assim? Tudo isso é minha culpa. Se for para odiar alguém, odeie a mim.— Minha decisão não vai mudar, independentemente de eu odiar você ou não. Mesmo que não fosse Ângela, minha resposta seria a mesma.Vendo a frieza de Jaqueline, Roberto ficou incrédulo:— Você mudou. Você era tão bondosa. Deveria saber que não é só a Ângela que espera por um transplante, há
"Por que tudo aconteceu de forma tão conveniente? George ter esse acidente justo agora, coincidindo com a urgente necessidade de transplante cardíaco de Ângela, e justamente o coração de George ser compatível com ela? Será que tudo isso faz parte de um plano de Roberto?"Ela não parava de pensar."Quase todas as pessoas fazem exames médicos, e os dados são armazenados no sistema. Será que Roberto, para salvar Ângela, usou seus contatos para investigar extensivamente pessoas compatíveis, até descobrir que George era adequado? Mas enquanto ele estivesse vivo, não poderia ser um doador. Então, para salvar Ângela, ele seria capaz de fazer algo tão terrível?"Roberto era um idiota, mas não era mau. Jaqueline não queria suspeitar que Roberto fosse uma pessoa tão cruel, mas as circunstâncias a forçavam a considerar essa possibilidade.Ela sentia que tudo aquilo era coincidência demais.Uma coincidência pode ser um acidente, mas várias coincidências juntas poderiam ser uma conspiração bem plan