Donatella Romanova Enquanto eu me trocava para o jantar, minha mente vagava para as lições que Anastacia havia me ensinado desde cedo. ― Sempre diga aos homens o que eles querem ouvir, Donatella ― ela costumava sussurrar, seus olhos escuros e experientes me encarando no espelho enquanto eu tentava entender como isso funcionava. ― Eles acreditam no que você diz quando você fala com doçura, mesmo que seja mentira. Era uma regra que eu havia seguido minha vida inteira. Fingir, manipular, usar as palavras como um escudo e, às vezes, como uma arma. Mas, com Roman... algo era diferente. Não havia espaço para manipulação. Ele via através de mim. Ainda assim, parte de mim se agarrava àquilo que Anastacia me ensinara, como se fosse a única defesa que restava. Eu terminei de prender as meias 3/4 na cinta-liga, o tecido macio da lingerie vinho contrastando com minha pele pálida. O vestido vinho que escolhi tinha uma fenda lateral, uma provocação discreta. Coloquei minhas botas de couro, a
Roman Ostrov Eu a peguei pelo braço com força, o suficiente para garantir que ela soubesse que eu não estava brincando. A raiva fervia em minhas veias, e cada fibra do meu ser exigia controle. Mas o controle estava longe de ser o que eu sentia naquele momento. Enquanto a arrastava pelo corredor em direção ao quarto, as palavras saíam como veneno. — Eu disse que você estava vestida para matar, doçura — falei, com uma calma assustadora. — Mas o verdadeiro assassino aqui sou eu. Empurrei a porta do quarto com o ombro e a joguei contra a parede. Me aproximei dela lentamente, o olhar cravado em seus olhos. — Sabe quantas maneiras eu conheço de matar alguém, Donatella? — murmurei, aproximando o rosto do dela, quase encostando. — Centenas. Cada uma delas mais eficaz que a outra. E, ainda assim, você me aparece com isso? Envenenamento? É um serviço porco. Ela tentou manter a postura, mas eu vi o pavor momentâneo em seus olhos. Ela sabia que tinha cometido um erro. E eu a faria pagar por
Roman Ostrov O segurança entrou no quarto com passos rápidos e, ao olhar para Donatella em meus braços, sua expressão ficou sombria.— Sr. Ostrov, um médico aqui não vai ter tudo o que precisa. É melhor levá-la ao hospital agora. — sua voz era firme, mas havia um toque de urgência que me deixou ainda mais desesperado.Eu não esperei por mais palavras. Com Donatella nos braços, saí do quarto, meu coração martelando no peito. O ar parecia sufocante, e cada segundo que passava parecia um golpe contra o tempo. Ela estava praticamente inerte, seu corpo frio, sem reação.— Segurem as portas! — berrei para os seguranças, enquanto corríamos para fora da casa. O motorista já estava esperando ao lado do carro, e sem pensar duas vezes, coloquei Donatella no banco de trás, me apressando em entrar ao seu lado.— Vamos! Agora! — ordenei, minha voz dura, sem qualquer hesitação.O carro saiu em disparada, as luzes da cidade passando como vultos ao redor de nós. Eu segurava Donatella em meus braços,
Roman Ostrov Donatella estava de volta em casa, mas algo parecia diferente nela desde o hospital. O silêncio ainda era uma constante entre nós, mas não o mesmo tipo de silêncio gélido e hostil que ela costumava usar como arma. Era um silêncio pesado, carregado de arrependimento. Eu sabia que o que ela havia feito não era apenas uma tentativa de escapar de tudo, mas um pedido desesperado de ajuda. E agora, eu estava determinado a fazer com que ela entendesse que não precisava passar por isso sozinha. Encontrei Donatella na sala de estar, sentada em silêncio, com as mãos entrelaçadas no colo. Seu olhar estava perdido, distante, mas assim que entrei, ela me encarou. Seus olhos já não carregavam o mesmo ódio que costumavam ter. — Donatella... — chamei suavemente, me aproximando. — Este é Alexander. Ele é psiquiatra. — Eu sou louca? Antes que eu pudesse responder, Alexander interveio com uma calma profissional, seus olhos gentis pousando sobre ela. — Donatella, você não é lo
Roman Ostrov Moscou | Conselho da Bratva Eu entrei na sala de reuniões do conselho da Bratva, cada passo meu ecoando pelas paredes pesadas de mármore. Os Capitães estavam todos lá, suas expressões fechadas, mas havia uma tensão palpável no ar. Sabiam que a reunião não era para boas notícias, e eu sabia que alguns deles carregavam o peso da culpa por dentro. O ataque aos galpões havia sido um golpe duro, e agora o foco estava em descobrir quem dentro da Bratva estava traindo o juramento de lealdade. Eu me sentei à cabeceira da mesa, sentindo todos os olhares sobre mim. A sala estava mergulhada em um silêncio mortal. Era o tipo de silêncio que precede uma tempestade, e eu estava prestes a trazer essa tempestade para eles. — Pegamos um dos responsáveis pelos ataques aos nossos galpões de armazenamento — anunciei, sem rodeios, minha voz cortando o silêncio. Alguns Capitães trocaram olhares inquietos, outros mantiveram suas expressões frias e impenetráveis. Mas eu percebi o sufic
Roman Ostrov Eu a puxei para o chuveiro, a água caindo quente sobre nós, misturando-se ao suor e ao desejo que já queimava dentro de mim. Donatella se moveu rapidamente, suas mãos trabalhando para remover qualquer vestígio de sangue em minha pele, mas era muito mais do que isso. Era como se ela estivesse tentando me purificar, apagar as marcas da violência que me acompanhavam. Mas, ao mesmo tempo, cada toque dela me levava para mais perto do descontrole. Suas mãos eram suaves, mas firmes, como se soubessem exatamente o que fazer para me provocar, para atiçar o que havia de mais primitivo dentro de mim. Eu a encostei contra a parede fria do chuveiro, a água escorrendo pelos nossos corpos. Meu corpo pressionado contra o dela, e naquele momento, todo o autocontrole que eu tentava manter se desfez. O desejo tomou conta de mim, intenso e selvagem, como se o mundo ao nosso redor tivesse desaparecido. Só havia nós dois, o calor de nossos corpos e o som da água caindo. — Donatella...
Donatella Romanova Eu estava jogada no chão úmido do porão, as cordas apertadas em meus pulsos e tornozelos, queimando minha pele a cada movimento. Não resistia mais. Apenas sobrevivia. A escuridão ao meu redor era sufocante, e o silêncio opressor parecia a única companhia fiel que restava. Estava sozinha, verdadeiramente sozinha. O som de passos ecoou pelo porão, rompendo o silêncio com um peso sombrio. Meu coração disparou. Mais soldados da Bratva. Aqueles uniformes, que um dia significaram proteção, agora eram o prenúncio de dor e terror. Meu corpo se enrijeceu quando eles entraram, mas uma voz diferente se destacou, menos ameaçadora, quase cuidadosa. — Sra. Romanova — um dos homens se aproximou, seus olhos analisando meu estado. — Vim tirá-la daqui. As palavras ressoaram como um soco. Sra. Romanova? A forma como ele falou comigo, a reverência em sua voz, me deixou desconcertada. Eu deveria ser tratada como uma prisioneira, como alguém que não merecia respeito. Algo havia m
Roman Ostrov Donatella teve uma noite difícil. Seus pesadelos incessantes, as marcas da dor emocional que ela carrega, demoraram a se acalmar. Só depois de horas, sua respiração voltou a um ritmo tranquilo, e o sono a envolveu novamente. Mesmo assim, eu mal dormi, precisava ficar de olho nela. Não correria o risco de que ela fizesse mais alguma estupidez. Ao amanhecer, me levantei antes de todos, deixando ordens claras: ninguém deveria acordar minha esposa. Ela precisa descansar. Boris Petrov, meu Sub-chefe, havia feito progressos interessantes com o prisioneiro que capturamos. Eu, Roman Ostrov, fui criado nas sombras do terror, moldado pelas mãos cruéis de Ivan Ostrov para ser um assassino. Mas foi a máfia italiana que me ensinou algo mais — a arte de ser um líder. Não um simples chefe, mas um líder impiedoso, alguém que sabe que o poder não é dado, ele é tomado, conquistado, e consolidado com sangue. Agora, sentado na cadeira de Chefe da Bratva, eu já tinha o poder. Mas a