Trinta e nove

CLARA

- Vai, entra logo - A Martinha me empurrou farmácia à dentro e eu quase tomei um tombo.

Virei a encarando com uma cara feia e só aí eu entendi a pressa. O Neguinho tava passando com os meninos na rua, e o Sorriso apontava pra cá igual um maluco.

Eu soube do rolo deles desde a festa da Ritinha, quando peguei os dois agarrados no corredor que dava pro banheiro. Depois a Ana me contou todo o resto, junto da própria Martinha.

- Vai ficar sem falar com ele até quando? - Perguntei olhando pra ela e dela para a rua. Ela deu de ombros.

- Quando ele parar de ser medroso e falar com o meu paizinho, eu paro de negar voz - Ela disse rindo sem humor.

Fiquei triste por ela, né. Ninguém merece um homem sem atitude, sem uma postura. E além do mais, o que poderia acontecer de ruim se ele fosse falar com o meu pai?

- Ele vai superar, o Talibã não é nenhum monstro - A puxei pela mão e ela riu, indo até o balcão comigo.

A farmacêutica nos olhou e eu fiquei calada, fazendo a Martinha revirar os olh
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