CLARA- Rael, eu preciso fazer um exame de sangue pra ter certeza. O teste não é tão confiável - Falei enquanto fazia círculos com a minha unha em sua barriga.Estávamos deitados a algum tempo na cama e ele não tirava as mãos da minha barriga.- Pô cara, é mesmo - Concordou passando a mão na cabeça, e eu senti uma pontinha de tristeza em sua voz.- Ei, não fica assim! - Levantei e sentei em seu colo - Se for pra ser, vai ser! Se não, temos tempo o suficiente... - Falei.Beijei sua barriga e ele riu levando suas mãos até as minhas coxas, subindo as mesmas para a minha cintura.- Quando o teu pai souber, ele vai me matar - Ele falou rindo, apertou a minha cintura e logo me puxou para um beijo.Sua mão adentrou os meus cabelos e a outra continuou em minha cintura, e logo selou os nossos lábios, iniciando um beijo lento.Sua mão puxou o meu cabelo e a outra apertou a minha cintura com força, me fazendo suspirar em meio ao beijo. Paramos o mesmo por falta de ar e eu sorri, me sentando em
RAELFomos andando até passar as três ruas e ao chegar no pé do morro, coloquei a Rita nos braços. Cumprimentei os soldados que estavam de plantão e segui, subindo pra rua da minha casa. Primeiro eu iria dar de jantar a Rita, e quando ela terminasse aí sim eu iria falar com o Talibã e os crias.Assim que chegamos em casa, mandei logo a Rita ir tomar banho, guardei os materiais dela e fui fazer o jantar.Coloquei a água de café no fogo e água em uma panela pra fazer cuscuz. Molhei a massa, esperei um pouco e logo despejei tudo dentro da panela.Enquanto o cuscuz cozinhava, fiz o café e fui assar a carne.- Papai, cadê o meu vestido azul? - Minha filha perguntou e eu voltei a minha atenção para ela, que tinha seus cabelos molhados sobre os olhos e impaciente, os afastava a cada dois minutos.- Olha lá no guarda-roupa! Guardei ele lá ontem, gatinha - Falei ao lembrar e ela assentiu, saiu correndo para o quarto.Terminei de assar a carne, tirei o cuscuz do fogo e coloquei em um prato par
RAEL- Lis - Eu disse e todos me olharam confusos.- A Lis? Como assim? - A Clarissa perguntou desacreditada e eu continuei.- Ela tá agindo diferente. As atitudes dela em questão aos acontecimentos não foram nem um pouco solidárias - Eu disse e a Clarissa me olhou intrigada, talvez lembrando de como a Lis ajudou a arrumar as malas e das suas falas de como poderia ajudar no que precisasse antes de subimos pro morro.Eu estava muito alheio no momento, mas quando o Neguinho levantou o papo de x9, eu liguei todos os pontos. E falar pra vocês, a Lis sempre foi péssima em mentir e demonstrar sentimentos.As vezes ela até convence, mas não quando está nervosa. Assim como estava de manhã mais cedo, e uma das coisas que ela costumava fazer quando estava assim era perguntar a mesma coisa repetidas vezes.- A troco de quê ela faria um bagulho desse? - O Talibã perguntou me encarando e dei de ombros.- Eu não sei. Mas eu conheço ela como ninguém, até mais que a minha mãe. E a Lis não está sendo
LIS- Vai fazer tudo que eu mandar, não vai? - O Gledson me abraçou por trás, distribuindo beijos pelo meu pescoço enquanto eu pegava minhas roupas sobre o velho colchão em cima da cama de alvenaria.- Tudo que você quer eu também quero. Não irei te decepcionar - Falei e logo virei para o mesmo, tomando sua boca em um beijo lento.- Só não esquece que a PM é minha - Parou o beijo e com uma das mãos segurou o meu rosto com força, e logo sorriu quando eu assenti.- Não vou esquecer - Afirmei.- Boa menina! - Deixou um selinho em minha boca e um tapa estalado em minha bunda, enquanto me olhava nos olhos.O beijei mais uma vez e ele puxou o meu cabelo, aprofundando mais o beijo até que...- Bora GD, seu tempo acabou! - O carcereiro falou encostado na parede ao lado sem nos olhar.Saí de seus braços e comecei a me vestir rapidamente. Eu ainda tinha muitas coisas a fazer teria que ir ao Santa Marta falar com os meninos.Ter um outro plano e conseguir executa-lo, era a prioridade no momento.
LUCAS- Solta o verbo - Mandei e sem dar muita importância, estiquei minhas pernas sobre a mesinha de centro.- Como sabem, o Gledson vai sair daqui à três semanas do presídio. Até lá, vamos deixar tudo como está - Jogou a bolsa em cima do sofá e prendeu o cabelo - Talvez já tenham um novo esquema de segurança, e não vai ser fácil de descobrir algo ou eu entrar no morro. Soube que proibiram a entrada de pessoas que não são do morro - Suspirou - Farei o possível para conseguir entrar lá e seguir todos os passos da Clarissa. E eu quero todos preparados para quando o Gledson sair. A invasão irá acontecer no mesmo dia e eu farei um mapa para vocês - Terminou enrolando a blusa, deixando a barriga a mostra e logo foi para a cozinha.- Isso é um plano? - O 99 questionou baixo e eu dei de ombros - Tão simples e sem graça. Vindo dela, eu esperava mais - Debochou e eu ri.Vi ela voltar da cozinha com um copo de água em sua mão e parar na janela.- Alguma dúvida? - Perguntou virando para nos enc
RAEL- Você não dormiu, né? - A Aninha entrou na cozinha com o Rian nos braços.Eu tinha apenas cochilado. Mesmo cansado, não consegui dormir direito. Tudo o que vinha acontecendo até a Lis ser uma suspeita, nada disso saía da minha cabeça.- Pouco só - Coloquei o café na garrafa - Fica com a Rita hoje? Vou levar a Clara pra fazer o exame aí - Falei e ela assentiu colocando o Rian no chão.- Tá feliz? - Ela perguntou divertida e eu sorri, por um momento esquecendo todos os problemas que rodeavam a minha mente.- Papo reto? E como! Tenho nem palavras para descrever, pô. Só que Deus ta me devolvendo tudo que eu perdi, tá ligada?! - Respondi com um sorriso no rosto e ela assentiu sorrindo - Mas bate aquela insegurança, de ser alarme falso sabe? Ou que por ela ser muito nova, possa per... - Não consegui terminar, formou um nó na minha garganta.Meu medo de passar por tudo de novo era grande demais.- Rael, para! - Me olhou - Você não vai passar por tudo de novo! Você mesmo que acabou de d
SORRISOEu sempre tive uma vida maneira, tá ligado? Eu tinha pai, mãe. Eu era feliz pra caralho. Mas a vida é uma filha da puta e sempre arruma um jeito de foder com tudo.Meu pai era o Thales, melhor amigo do Talibã e braço direito no comando do morro. Minha mãe, era uma garota simples aqui do morro mesmo que sempre corria atrás do dela mas acabou se apaixonando pelo traficante, e aí o clichê começa.Brigas, traições e as merdas todas. Mas chegou a notícia que eu tava a caminho e os dois tomaram um rumo certo e ficaram juntos até onde Deus permitiu. E eu fui crescendo né, um menorzinho sagaz e todo risonho.Um dia aí, na mesma invasão que a mulher do Rael morreu o meu pai foi de ralo também. Morreu com tiro certeiro na cabeça.Minha mãe ficou arrasadona pô, e eu? Queria ter morrido junto com ele. Se pá, até no lugar dele. Fiquei malzão mesmo. Quase caí numa depressão fodida, tá ligado? Mas o Talibã não deixou, fortaleceu eu e minha coroa como pude. E com a companhia dele e dos moleq
SORRISONão era nem meio-dia, mas o sol já tava dando moca bonito pô. Nem teve como eu subir de moto com todas as malas, tive que deixar minha moto na boca e ajudar a subir a pé mesmo.- Coloco onde? - Perguntei das malas e o Neguinho colocou a garotinha no chão e deixou uma mochila em cima do sofá.- A Emanuelly vai escolher o quarto dela e da Sofia, e tu leva as malas mais pesadas pra lá - Falou e eu desviei meu olhar para a morena, que já subia as escadas acompanhada da mãe do Neguinho e da garotinha.- Tranquilo, Alípio - Falei e ouvi ele me xingar. Ri e segui elas até a escada logo subindo com duas malas, uma na mão e outra com a alça no ombro.A senhora foi pro último quarto no fim do corredor, e a morena ficou com o quarto do meio. O primeiro da ponta era do Neguinho.Ela abriu a porta e entrou primeiro com a garotinha, e eu entrei logo em seguida colocando as duas malas no chão.- Vou subir pra casa do Rael! Sofia quer ir comigo não? Lá tem criança pra tu brincar - O Neguinho