4 anos depoisLeonardo— Doutor, o senhor tem pacientes agendados até as dezenove horas hoje.— Obrigado Roberta, você pode ir agora — minha secretária, saí do meu consultório, deixando-me sozinho para terminar de arrumar a agenda do dia. Quatro anos depois, voltei a clinicar, entregando o governo para Jorge que continuaria o trabalho que começamos oito anos atrás. Minha vida deu uma virada, após Jéssica retornar para minha vida. Completamos quatro anos de casados. Com três filhos maravilhosos e nossa vida era como tantos casamentos reais. Minha mulher estava no terceiro ano de medicina, estudando com afinco e sendo a esposa e mãe maravilhosa que sempre foi. No último ano do meu segundo mandato, disse que daria um tempo na política, não aceitando fazer parte da equipe de governo do Jorge. Foram oito anos, trabalhando bastante e me dedicando somente ao Estado. Precisava de uma pausa e necessitava de um descanso e claro ter mais tempo ao lado dos meus filhos e da minha mulher. Ainda que
Jéssica — Valentina, guarda esse celular que chegamos — chamei atenção da menina, que desde o momento em que saímos de casa, não tirava os olhos da tela do aparelho. Lidar com uma pré-adolescente é complicado às vezes. Mesmo Valentina sendo uma menina estudiosa e obediente, ainda assim era como qualquer garota da sua idade, viciada em redes sociais e internet. — A mana, deve estar conversando com o Francisco — Sofia diz, com um sorrisinho, fazendo com que a irmã brigue com ela. — Francisco é meu melhor amigo, sua tonta — Valentina reclama, guardando o celular dentro da bolsa. — Amigo ou não amigo, quando entrarmos na casa dos seus avós, não quero você mexendo no celular e dê atenção ao seu avô Ricardo. Respondi, fazendo sinal para os três. Leandro era mais calmo e não dava tanto trabalho assim. — Fábio, você pode descansar um pouco e daqui a pouco vá jantar. Leonardo deve estar chegando em breve e voltamos com você no carro. — Certo, dona Jéssica. Vou esperar na cozinha, assim
LeonardoHoje era o dia em que assumiria o comando do maior Estado do País. Minha posse como governador de São Paulo aconteceria daqui alguns minutos. Pedi que meus pais me deixassem sozinho por um instante. Minha vida mudou tanto desde o momento que assumi o cargo como diretor até ser eleito no primeiro turno. Durante os quatro anos que passei como secretário de saúde, dei o meu melhor. Trabalhei com afinco, me dediquei de coração a tudo que fazia e segui sendo o mesmo homem que meus pais criaram. Mesmo que no caminho algumas coisas tenham acontecido e por pouco não me desviei do que era certo, no final tudo acabou bem e agora eu começaria a lidar com uma nova fase na minha vida. Minha campanha foi limpa, sem atacar o adversário e justa com tudo que me propus a fazer. Marcelo foi condenado pelos crimes que cometeu e agora cumpria pena em Brasília. Pelo que ouvi de alguns conhecidos ele lutava para sair da prisão antes do tempo. Eu tinha uma boa relação com praticamente todos os membr
2 anos depoisLeonardo—Senhor Governador, a inauguração da primeira escola integral em favelas, já está confirmada para daqui um mês.Participava da minha quarta reunião naquele dia. Foram duas pela manhã, seguida de um almoço e agora finalizava meu último encontro com alguns secretários que terminaria com um jantar no hotel que acontecia o encontro. Dois anos do meu primeiro mandato, onde consegui lidar bem com os problemas que surgiram. Me desviando de pessoas que a todo custo tentavam me corromper e do Marcelo. O desgraçado mesmo preso, seguia infernizando a minha vida. Sempre jogando que eu cheguei ao poder graças a ele. Do contrário permaneceria como um diretor de uma comunidade como Estrela Guia.—Lorenzo, acredito que Estrela Guia está, mas do que pronta para esse momento. Estive conversando com Pedro em nosso último encontro ele me contou, que a secretária de educação vem fazendo tudo que foi prometido. É de extrema importância para seguirmos com o nosso trabalho de campanha.
Jessica—Mamãe, a tia Nanda chega de viagem quando?Valentina me ajudava a guardar a louça. Minha filha estava agora com 6 anos. Esperta, inteligente e atenta a tudo ao seu redor. Continuava morando no mesmo bairro de quando fiquei grávida, depois de anos vivendo no Rio de Janeiro eu já havia me acostumado a cidade Maravilhosa. Nanda me deixou responsável pela casa, me cobrando apenas as despesas de água e luz. Minha amiga trilhava o caminho que eu não pude, por conta da minha gravidez inesperada. E agora dois anos depois, penso que Valentina foi o milagre em minha vida. Que o destino a colocou, para que eu mudasse de verdade. Vivendo uma vida normal, criando minha filha sozinha, longe de tudo que lembrava o meu passado sujo. Ainda trabalhava na mesma clínica de estética, porém eu era formada, depois de ter concluído o curso através da bolsa de estudos em uma faculdade particular. Fernanda foi quem me incentivou a seguir com essa profissão, mesmo me dizendo que eu ganharia muito mais
Jéssica—Jess, não acredito que você esperou eu voltar pro Brasil pra me contar essa bomba.Fernanda havia chegado de viagem na noite passada. Minha amiga retornou dois dias antes da formatura da Valentina. Com presentes para minha filha e as novidades da sua última loucura na Inglaterra. Valentina brincava no quintal de casa, enquanto nós duas conversávamos bebendo o chocolate que minha amiga trouxe da França. Era sábado e a formatura aconteceria na segunda-feira na parte da tarde na escolinha. Eu havia reservado minha passagem e da minha filha para o próximo final de semana. Duas semanas se passaram desde a ligação do Pedro. Dias depois foi Sofia que me ligou, implorando que eu voltasse. Que minha tia havia melhorado depois que Pedro contou que eu decidi retornar.—Nanda, sabe que voltar inclui lembrar de tudo, encontrar pessoas que não desejo. Preciso fingir que não ligo, quando chegar naquela comunidade com uma menina na barra do vestido.—Hey garota! Nada de falar assim da minha
JéssicaSentada na sala de casa, esperava Fernanda sair do quarto. Nossas coisas estavam prontas em uma única mala de viagem. Decidi levar pouquíssimas coisas já que eu tinha certeza que ficaria ali no máximo uma semana. Fernanda acabou decidindo ir comigo, depois de ter me encontrado chorando na varanda na noite da formatura da minha filha. Enquanto a maioria das meninas dançaram com os pais, Valentina foi a única da sala que não e mesmo demonstrando tá tudo bem com isso, não consegui esconder por muito tempo a tristeza depois que minha filha dormiu. Chorei de raiva e ódio por ter que esconder a verdade dela. Fernanda me disse que eu precisava ter a coragem de procurar Leonardo e contar sobre a filha. Porém eu nunca faria algo assim. Ser tratada com desprezo por ele, como na noite em que Valentina foi concebida era algo que não desejava outra vez.—Jess, demorei porque aproveitei para lavar o cabelo, já que nosso voo é depois do almoço — Fernanda se senta ao meu lado. Minha amiga era
JessicaEu deveria ter confiado na minha intuição, que me dizia para não trazer Valentina comigo. Mal desembarquei nesta cidade m*****a e coloquei os pés novamente nesta comunidade, minha filha some da minha vista por causa de uma brincadeira. Pensei que ela estava falando por falar quando viu toda aquela agitação de pessoas e a entrada de Estrela Guia decorada com balões e outros enfeites. Não tinha ideia de que estava acontecendo um evento nesta tarde, e agora, ao lado da Nanda, procurávamos minha filha como duas loucas. Saí perguntando a alguns moradores desconhecidos, vi os conhecidos me olhando surpresos ao me verem ali novamente, já que eu estava mais velha e muito mudada. — Amiga, fica calma, tudo bem? Vamos encontrar aquela mocinha. Eu vou por esta rua, e você segue na frente, onde tem aqueles carros parados. Viu como tem um monte de gente ao redor? Nanda me diz e, carregando a mala de viagem numa mão, ando apressada, me aproximando daquela multidão que se encontrava perto de