LeonardoAguardava a volta da minha esposa, sentado na varanda admirando a noite estrelada. O dia em família foi com direito a almoço no centro da cidade, seguido de um passeio animado com Valentina atenta a tudo. Os gêmeos se comportaram muito bem, tanto que minha esposa não teve trabalho algum. Era como se os dois entendessem o significado desta viagem. Sofia não parava de olhar tudo ao redor, enquanto Leandro, ficou mais tempo dormindo que qualquer outra coisa. Conversei com Jorge sobre o trabalho, meu vice- governador disse que tudo seguia sob controle e que eu aproveitasse o fim de semana com minha família. Papai também ligou para saber dos netos e Valentina, ficou com o avô conversando por chamada de vídeo. Virei meu rosto para o lado direito da praia, só então notei uma tenda armada na areia e fiquei confuso sobre o que seria. Só então lembrei da minha esposa, insinuando que nossa noite seria especial e que esperava que os gêmeos deixassem os pais passarem um tempo sozinhos. Ou
JessicaDeitada nos braços do Leonardo, admiramos as estrelas, do lado de fora da tenda. Após o jantar, decidimos dar uma caminhada pela praia, parando para descansar um pouco afastado da casa e dos olhares dos seguranças. Aurea ligou um pouco antes, para contar que os gêmeos tinham acordado com fome, porém dormiam novamente depois de tomar a mamadeira. Falei que voltaria para casa, contudo minha funcionária disse que eu deveria aproveitar a noite com meu marido.— Não sabe o quanto eu amo esse lugar — disse, levantando a cabeça para olhar o rosto dele. Leonardo sorriu para mim, tocando meu rosto com carinho.— Essa casa é especial para nós dois — respondeu ao beijar meus lábios.— Vou começar a planejar as festas de fim de ano aqui. Convidar o Pedro com a Viviane e os filhos deles, seu pai, Jorge e Elisa…Não toquei no nome da Soraia, porque aquela mulher jamais seria bem-vinda em qualquer lugar que eu estivesse.— Eu acredito que um dia, você e a minha mãe vão acabar se entendendo.
Leonardo Sentado em uma das cadeiras na varanda, observava de longe Jéssica com Valentina e Viviane junto dos filhos. Ao meu lado, sentado na cadeira oposta a minha Pedro, bebia sua cerveja, observando sua família. Era irônico imaginar que um dia, os dois rivais estariam passando o natal juntos com ambas as famílias.— Doutor, se alguém me contasse que estaria sentado ao seu lado, na sua casa, passando o natal ao lado da sua família, diria que a pessoa estava completamente louca.Pedro disse, levantando a garrafa de cerveja para mim. Eu pensava o mesmo, visto que nós dois não fomos amigos quando nos conhecemos, porém as circunstâncias fizeram com que ambos se entendessem.— As coisas mudam Pedro Pascal. Agora estamos aqui comemorando o natal em família e claro fazendo planos para os próximos anos do meu segundo mandato e de como posso continuar ajudando Estrela Guia e todos os moradores.Disse, ao citar a política e claro a comunidade que trouxe para a minha vida o meu amor.— Temos
4 anos depoisLeonardo— Doutor, o senhor tem pacientes agendados até as dezenove horas hoje.— Obrigado Roberta, você pode ir agora — minha secretária, saí do meu consultório, deixando-me sozinho para terminar de arrumar a agenda do dia. Quatro anos depois, voltei a clinicar, entregando o governo para Jorge que continuaria o trabalho que começamos oito anos atrás. Minha vida deu uma virada, após Jéssica retornar para minha vida. Completamos quatro anos de casados. Com três filhos maravilhosos e nossa vida era como tantos casamentos reais. Minha mulher estava no terceiro ano de medicina, estudando com afinco e sendo a esposa e mãe maravilhosa que sempre foi. No último ano do meu segundo mandato, disse que daria um tempo na política, não aceitando fazer parte da equipe de governo do Jorge. Foram oito anos, trabalhando bastante e me dedicando somente ao Estado. Precisava de uma pausa e necessitava de um descanso e claro ter mais tempo ao lado dos meus filhos e da minha mulher. Ainda que
Jéssica — Valentina, guarda esse celular que chegamos — chamei atenção da menina, que desde o momento em que saímos de casa, não tirava os olhos da tela do aparelho. Lidar com uma pré-adolescente é complicado às vezes. Mesmo Valentina sendo uma menina estudiosa e obediente, ainda assim era como qualquer garota da sua idade, viciada em redes sociais e internet. — A mana, deve estar conversando com o Francisco — Sofia diz, com um sorrisinho, fazendo com que a irmã brigue com ela. — Francisco é meu melhor amigo, sua tonta — Valentina reclama, guardando o celular dentro da bolsa. — Amigo ou não amigo, quando entrarmos na casa dos seus avós, não quero você mexendo no celular e dê atenção ao seu avô Ricardo. Respondi, fazendo sinal para os três. Leandro era mais calmo e não dava tanto trabalho assim. — Fábio, você pode descansar um pouco e daqui a pouco vá jantar. Leonardo deve estar chegando em breve e voltamos com você no carro. — Certo, dona Jéssica. Vou esperar na cozinha, assim
LeonardoHoje era o dia em que assumiria o comando do maior Estado do País. Minha posse como governador de São Paulo aconteceria daqui alguns minutos. Pedi que meus pais me deixassem sozinho por um instante. Minha vida mudou tanto desde o momento que assumi o cargo como diretor até ser eleito no primeiro turno. Durante os quatro anos que passei como secretário de saúde, dei o meu melhor. Trabalhei com afinco, me dediquei de coração a tudo que fazia e segui sendo o mesmo homem que meus pais criaram. Mesmo que no caminho algumas coisas tenham acontecido e por pouco não me desviei do que era certo, no final tudo acabou bem e agora eu começaria a lidar com uma nova fase na minha vida. Minha campanha foi limpa, sem atacar o adversário e justa com tudo que me propus a fazer. Marcelo foi condenado pelos crimes que cometeu e agora cumpria pena em Brasília. Pelo que ouvi de alguns conhecidos ele lutava para sair da prisão antes do tempo. Eu tinha uma boa relação com praticamente todos os membr
2 anos depoisLeonardo—Senhor Governador, a inauguração da primeira escola integral em favelas, já está confirmada para daqui um mês.Participava da minha quarta reunião naquele dia. Foram duas pela manhã, seguida de um almoço e agora finalizava meu último encontro com alguns secretários que terminaria com um jantar no hotel que acontecia o encontro. Dois anos do meu primeiro mandato, onde consegui lidar bem com os problemas que surgiram. Me desviando de pessoas que a todo custo tentavam me corromper e do Marcelo. O desgraçado mesmo preso, seguia infernizando a minha vida. Sempre jogando que eu cheguei ao poder graças a ele. Do contrário permaneceria como um diretor de uma comunidade como Estrela Guia.—Lorenzo, acredito que Estrela Guia está, mas do que pronta para esse momento. Estive conversando com Pedro em nosso último encontro ele me contou, que a secretária de educação vem fazendo tudo que foi prometido. É de extrema importância para seguirmos com o nosso trabalho de campanha.
Jessica—Mamãe, a tia Nanda chega de viagem quando?Valentina me ajudava a guardar a louça. Minha filha estava agora com 6 anos. Esperta, inteligente e atenta a tudo ao seu redor. Continuava morando no mesmo bairro de quando fiquei grávida, depois de anos vivendo no Rio de Janeiro eu já havia me acostumado a cidade Maravilhosa. Nanda me deixou responsável pela casa, me cobrando apenas as despesas de água e luz. Minha amiga trilhava o caminho que eu não pude, por conta da minha gravidez inesperada. E agora dois anos depois, penso que Valentina foi o milagre em minha vida. Que o destino a colocou, para que eu mudasse de verdade. Vivendo uma vida normal, criando minha filha sozinha, longe de tudo que lembrava o meu passado sujo. Ainda trabalhava na mesma clínica de estética, porém eu era formada, depois de ter concluído o curso através da bolsa de estudos em uma faculdade particular. Fernanda foi quem me incentivou a seguir com essa profissão, mesmo me dizendo que eu ganharia muito mais