JéssicaItaberá, interior de São Paulo— Eu quero meu pai! Quero voltar para minha casa e eu não gosto mais da senhora.Já estava me acostumando com as palavras ditas diariamente. Valentina, como eu já imaginava, não aceitou nossa fuga e se rebelou contra mim. Todos os dias ela queria o pai, chorava para falar com Leonardo e passou a me tratar mal. O rendimento na escolinha do bairro caiu, que por várias vezes fui chamada até a coordenação. Morávamos na cidade há 10 meses, fugi para cá e venho conseguindo me manter escondida até hoje. Durante o dia, trabalhava em um salão que ficava localizado próximo da casa em que morava. Trabalhando como manicure e esteticista. Como Valentina estudava na parte da manhã, pagava a filha da vizinha para buscar minha filha na escola e ficar com ela até a hora de chegar. Era praticamente a mesma rotina do Rio de Janeiro. A diferença é que eu agora vivia como uma foragida, nervosa e ansiosa o tempo todo com medo de que os homens do Leonardo me encontras
JéssicaTrabalhava no automático, desde o dia que Valentina disse que iria atrás do pai. Me sentia um monstro por afastar minha filha do homem que eu deveria odiar, contudo, o sentimento por ele a cada dia que passava aumentava. Leonardo era como uma mancha em meu corpo, que nunca poderia ser removida. As noites sozinha na cama, eram um tormento, as lembranças das promessas feitas e não cumpridas. Eu sofria tanto quanto minha filha, porém meu sofrimento precisava ter um fim e eu tinha que arrancar do coração o amor que sentia por ele. Em casa, Valentina respondia apenas o essencial, eu não sabia como lidar com sua rebeldia e pensei em procurar ajuda médica. Entretanto, tinha medo de acabar sendo exposta com Valentina contando quem era o pai. Na escola, tive que inventar uma mentira para a direção, usando a desculpa que eu não mantinha contato com ele. Tanto que eu proib
JéssicaCheguei em casa, encontrando Joyce e Agnes me esperando na porta. As duas chorando, desesperadas pelo sumiço da minha filha.— Jéssica me perdoa! Me desculpa, por cometer esse erro — Joyce se agarrou a mim, segurando meus braços, chorando sem parar. Ainda tentava processar tudo que estava acontecendo. No caminho para casa, prestava atenção a tudo, perguntando de algumas pessoas se tinham visto Valentina. Ninguém sabia sobre a menina e o desespero aumentava à medida que me aproximava da casa.— Calma Joyce. Você não tem culpa de nada. Vamos entrar primeiro. Dona Agnes, pega um copo de água com açúcar para Joyce.Entramos em casa, e agradeci que os vizinhos da rua ainda não sabiam do sumiço da menina. Tinha medo de que alguém divulgasse e a notícia se espalhasse e de alguma forma o Leonardo descobri
JéssicaEstou em frente a casa, em que o carro que Valentina entrou estava estacionado, aguardava ao lado de Joyce a vizinha retornar. Não quis entrar com a senhora, preferindo esperar do lado de fora. As lágrimas desciam do meu rosto e não conseguia pensar direito no que fazer. O correto era contar para o Leonardo, se nossa filha não fosse encontrada, por outro a razão e o sentimento de ter sido enganada falava mais alto. Joyce, abraçada comigo, me soltou assim que o portão abriu e outra senhora de uns 60 anos apareceu ao lado da vizinha.— Boa noite!Digo, ao encontrar a mulher que se aproxima de mim com uma expressão triste.— Senhorita, Léa me contou o que aconteceu com a sua filha. Liguei na mesma hora para o meu genro, contudo Juliano me disse que não viu nenhuma criança dentro do carro dele.A mulher mexia as mãos em sinal de nervosismo.Ao ouvir as palavras da mulher, sinto o chão se abrir. Não caí no chão, porque Joyce me amparou.— Filha, eu estava presente na hora que a Fra
LeonardoVoltava de uma reunião, cansado, com dor de cabeça e faminto. Mais um dia em que tentei me jogar no trabalho, porém minha mente estava longe. Nenhum sinal sobre o paradeiro das duas e a cada dia que passava sem Jéssica e Valentina, era como se um buraco se abrisse mais ainda em meu coração.Fábio estacionou na entrada da mansão, desejei boa noite para o meu motorista. O trajeto foi feito praticamente em silêncio. Não tinha vontade alguma de conversar, nem mesmo ouvir meu motorista afirmar que eu as encontraria. Era algo que a cada dia se mostrava impossível. Entrei em casa, encontrando tudo em completo silêncio. Tirei o terno, desfiz o nó da gravata, larguei tudo em cima do sofá. Pelo horário, todos já deveriam estar dormindo. Fui para a cozinha, encontrando em cima da bancada uma vasilha de vidro com meu jantar. Era só esquentar no micro-ondas, jantar e subir para tomar um banho quente, tomar o remédio para dormir, me deitar na cama e acordar no dia seguinte.Como médico, ti
LeonardoMeu coração batia tão depressa, que antes de embarcar tomei um calmante, para manter minha emoção controlada. Não conseguia acreditar que quase um ano depois, estaria com minha filha em meus braços novamente. Assim que a mulher, chamada Sandra, entrou em contato comigo, passei o endereço da sua casa e o nome da cidade para que Diego, averiguasse as informações, antes que eu me deslocasse da capital até Itaberá. Ao lembrar o nome da cidadezinha, sem acreditar que as duas estavam todos esses meses tão perto de mim. Não contei nada para os meus pais, era melhor ter a confirmação, as duas ao meu lado e assim eu ligaria para o meu pai e com toda certeza doutor Ricardo surtaria por enfim a neta ter reaparecido. E quanto a Jéssica… só em imaginar rever minha mulher outra vez, meu coração se alegrava e eu me sentia um adolescente. Pediria perdão por tudo, por omitir as coisas e contaria que não era culpado pelo atentado ao Pedro Pascal. Faria o possível e impossível para que Jéssica
LeonardoAgradeci dona Sandra, por ser um anjo para minha filha. A mulher respondeu que não fez mais do que sua obrigação, ao ajudar uma criança perdida. Disse para Valentina, que nem todas as pessoas eram boas como ela. Que a menina nunca mais fizesse uma arte como essa. Nos despedimos, assim que saímos da casa, me deparei com alguns moradores que vieram falar comigo. Dei atenção por alguns minutos, contudo ainda tinha bastante coisa para resolver antes de me reencontrar com a Jéssica. O endereço que Valentina me passou, enviei para Diego conferir a região e descobri que era bem próximo de onde a menina foi encontrada. Meu funcionário perguntou se era necessário um dos homens ir até a casa primeiro, além disso, era preciso organizar a região para minha chegada. Neguei qualquer atitude, respondendo apenas que eu desejava, primeiro, almoçar, já que na c
Jéssica — Mãe! Quando olhei para Valentina parada ao lado de seu pai, senti o chão abrir a minha frente. Leonardo pegou a filha pela mão e eles caminharam em minha direção. Tentei acalmar meus nervos dizendo que estava feliz por ter Valentina de volta, mas meu medo e desespero de ser encontrada eram maiores. Pedro, do meu lado, me olhou tentando me dar forças, por saber o que eu teria que enfrentar agora que Leonardo sabia o nosso paradeiro. — Menina, onde você se meteu? Digo, assim, que os dois se aproximam de mim e do Pedro. — Mamãe, encontrei meu pai e agora ele vai me levar de volta para nossa casa — Valentina fala, sorrindo para mim. Olho para Pedro desesperada, enquanto Leonardo se mantém calado. — Vamos entrar em casa, que a senhorita tem muito que me explicar — respondo, pegando na mão da menina, contudo Valentina se esquiva, ficando atrás do pai como forma de defesa. Olho para a cena surpresa ao mesmo tempo, chateada, com a forma que minha filha está agindo. — Jéssica