LeonardoVoltava de uma reunião, cansado, com dor de cabeça e faminto. Mais um dia em que tentei me jogar no trabalho, porém minha mente estava longe. Nenhum sinal sobre o paradeiro das duas e a cada dia que passava sem Jéssica e Valentina, era como se um buraco se abrisse mais ainda em meu coração.Fábio estacionou na entrada da mansão, desejei boa noite para o meu motorista. O trajeto foi feito praticamente em silêncio. Não tinha vontade alguma de conversar, nem mesmo ouvir meu motorista afirmar que eu as encontraria. Era algo que a cada dia se mostrava impossível. Entrei em casa, encontrando tudo em completo silêncio. Tirei o terno, desfiz o nó da gravata, larguei tudo em cima do sofá. Pelo horário, todos já deveriam estar dormindo. Fui para a cozinha, encontrando em cima da bancada uma vasilha de vidro com meu jantar. Era só esquentar no micro-ondas, jantar e subir para tomar um banho quente, tomar o remédio para dormir, me deitar na cama e acordar no dia seguinte.Como médico, ti
LeonardoMeu coração batia tão depressa, que antes de embarcar tomei um calmante, para manter minha emoção controlada. Não conseguia acreditar que quase um ano depois, estaria com minha filha em meus braços novamente. Assim que a mulher, chamada Sandra, entrou em contato comigo, passei o endereço da sua casa e o nome da cidade para que Diego, averiguasse as informações, antes que eu me deslocasse da capital até Itaberá. Ao lembrar o nome da cidadezinha, sem acreditar que as duas estavam todos esses meses tão perto de mim. Não contei nada para os meus pais, era melhor ter a confirmação, as duas ao meu lado e assim eu ligaria para o meu pai e com toda certeza doutor Ricardo surtaria por enfim a neta ter reaparecido. E quanto a Jéssica… só em imaginar rever minha mulher outra vez, meu coração se alegrava e eu me sentia um adolescente. Pediria perdão por tudo, por omitir as coisas e contaria que não era culpado pelo atentado ao Pedro Pascal. Faria o possível e impossível para que Jéssica
LeonardoAgradeci dona Sandra, por ser um anjo para minha filha. A mulher respondeu que não fez mais do que sua obrigação, ao ajudar uma criança perdida. Disse para Valentina, que nem todas as pessoas eram boas como ela. Que a menina nunca mais fizesse uma arte como essa. Nos despedimos, assim que saímos da casa, me deparei com alguns moradores que vieram falar comigo. Dei atenção por alguns minutos, contudo ainda tinha bastante coisa para resolver antes de me reencontrar com a Jéssica. O endereço que Valentina me passou, enviei para Diego conferir a região e descobri que era bem próximo de onde a menina foi encontrada. Meu funcionário perguntou se era necessário um dos homens ir até a casa primeiro, além disso, era preciso organizar a região para minha chegada. Neguei qualquer atitude, respondendo apenas que eu desejava, primeiro, almoçar, já que na c
Jéssica — Mãe! Quando olhei para Valentina parada ao lado de seu pai, senti o chão abrir a minha frente. Leonardo pegou a filha pela mão e eles caminharam em minha direção. Tentei acalmar meus nervos dizendo que estava feliz por ter Valentina de volta, mas meu medo e desespero de ser encontrada eram maiores. Pedro, do meu lado, me olhou tentando me dar forças, por saber o que eu teria que enfrentar agora que Leonardo sabia o nosso paradeiro. — Menina, onde você se meteu? Digo, assim, que os dois se aproximam de mim e do Pedro. — Mamãe, encontrei meu pai e agora ele vai me levar de volta para nossa casa — Valentina fala, sorrindo para mim. Olho para Pedro desesperada, enquanto Leonardo se mantém calado. — Vamos entrar em casa, que a senhorita tem muito que me explicar — respondo, pegando na mão da menina, contudo Valentina se esquiva, ficando atrás do pai como forma de defesa. Olho para a cena surpresa ao mesmo tempo, chateada, com a forma que minha filha está agindo. — Jéssica
Leonardo Voltava para São Paulo, com um alívio no coração por ter novamente Jéssica e Valentina comigo. Mesmo que Jéssica me odeie neste momento, não me importava com nada além das duas comigo outra vez. Usei de certa forma a chantagem, convencendo-a de que chamaria a polícia para o Pedro por ajudar com a fuga. Quando eu jamais teria coragem de fazer algo assim. Contudo, ela não precisava saber e agora sentada ao meu lado no jatinho que nos levava de volta para casa, olhando o céu repleto de nuvens pela janela. Valentina não quis permanecer sentada conosco, quis ficar com a aeromoça, que conversava com minha filha mostrando algo no tablet. Jéssica se mantinha distante de mim, quando saímos da casa em que viveu durante todos esses meses, não disfarçou a raiva em estar sendo obrigada por mim a retornar para nossa casa. Mas eu de verdade pouco me importava, com sua raiva e ódio por mim na situação em que iria viver ao meu lado, eu não ligava. Bastava ter as duas em minha vida outra vez.
JéssicaEntrei na mansão com Valentina ao meu lado. Seu Ricardo, Áurea, Joana e Regina nos aguardavam na sala. Mal colocamos o pé para dentro, as três mulheres foram até nós duas nos receber com beijos, abraços e choro.— Não faça mais isso — Regina diz assim que beija meu rosto — sentimos sua falta e da princesinha todos esses meses.— Tias, agora voltei e nunca mais vou embora novamente — Valentina diz.— Minha neta amada, até que enfim você voltou — Seu Ricardo diz, abrindo os braços para receber a neta. Valentina corre até o avô, abraçando-o e contando sua aventura, de como foi esperta e “sozinha” conseguiu encontrar o pai. O homem, com certa dificuldade, pega a neta no colo caminhando com a menina até o sofá que fica na sala. Viro o rosto vendo Leonardo entrar em casa com expressão séria. As palavras trocadas no jatinho a caminho de casa, foram necessárias para que Leonardo não pensasse que assim que voltasse para sua prisão o nosso relacionamento seria como antes. Eu precisava s
LeonardoPermaneci parado no mesmo lugar, mesmo depois que Jéssica saiu do quarto. Teria uma longa batalha contra a raiva que ela estava sentindo por mim. Contudo, ao contrário do que fiz, ao descobrir que tínhamos uma filha, agiria de uma forma totalmente diferente. Conhecia bem a minha mulher e tinha plena consciência de que convencer Jéssica do meu amor verdadeiro seria uma batalha onde eu teria que agir com paciência.Olhei mais uma vez o quarto em que ela ficaria, rezando para que durasse pouco sua permanência neste espaço. Ter Jéssica tão perto, mas, ao mesmo tempo, tão longe seria um inferno. Saio do quarto, descendo as escadas indo para a sala. Encontro meu pai conversando com Jéssica sentados no sofá e Valentina no colo do avô prestando atenção a tudo que os adultos falam.— Leonardo, venha sentar conosco, meu filho. J&eacut
JéssicaDeitada sozinha, naquela cama enorme, pensava em tudo que aconteceu nas últimas horas. O jantar foi melhor do que eu esperava. Seu Ricardo em nenhum momento me tratou mal e percebi que algo entre pai e filho aconteceu na minha ausência. Imaginava que encontraria desprezo e raiva vindo do avô da minha filha, contudo me surpreendi com o senhor me tratando tão bem. Até melhor do que antes. Quando fiquei sozinha com ele na sala, seu Ricardo disse que apoiaria a decisão que eu tomasse, que se não desejasse mais morar com Leonardo, que me ajudaria no que fosse necessário. Toda essa conversa me deixou bastante confusa, porém me sentia com a cabeça cheia, queria apenas fechar os olhos, dormir e acordar no dia seguinte de volta em Itaberá. Valentina pediu que o pai a colocasse na cama, então para mim sobrou apenas para ajudar na cozinha, mesmo ouvindo a recla