Leonardo Voltava para São Paulo, com um alívio no coração por ter novamente Jéssica e Valentina comigo. Mesmo que Jéssica me odeie neste momento, não me importava com nada além das duas comigo outra vez. Usei de certa forma a chantagem, convencendo-a de que chamaria a polícia para o Pedro por ajudar com a fuga. Quando eu jamais teria coragem de fazer algo assim. Contudo, ela não precisava saber e agora sentada ao meu lado no jatinho que nos levava de volta para casa, olhando o céu repleto de nuvens pela janela. Valentina não quis permanecer sentada conosco, quis ficar com a aeromoça, que conversava com minha filha mostrando algo no tablet. Jéssica se mantinha distante de mim, quando saímos da casa em que viveu durante todos esses meses, não disfarçou a raiva em estar sendo obrigada por mim a retornar para nossa casa. Mas eu de verdade pouco me importava, com sua raiva e ódio por mim na situação em que iria viver ao meu lado, eu não ligava. Bastava ter as duas em minha vida outra vez.
JéssicaEntrei na mansão com Valentina ao meu lado. Seu Ricardo, Áurea, Joana e Regina nos aguardavam na sala. Mal colocamos o pé para dentro, as três mulheres foram até nós duas nos receber com beijos, abraços e choro.— Não faça mais isso — Regina diz assim que beija meu rosto — sentimos sua falta e da princesinha todos esses meses.— Tias, agora voltei e nunca mais vou embora novamente — Valentina diz.— Minha neta amada, até que enfim você voltou — Seu Ricardo diz, abrindo os braços para receber a neta. Valentina corre até o avô, abraçando-o e contando sua aventura, de como foi esperta e “sozinha” conseguiu encontrar o pai. O homem, com certa dificuldade, pega a neta no colo caminhando com a menina até o sofá que fica na sala. Viro o rosto vendo Leonardo entrar em casa com expressão séria. As palavras trocadas no jatinho a caminho de casa, foram necessárias para que Leonardo não pensasse que assim que voltasse para sua prisão o nosso relacionamento seria como antes. Eu precisava s
LeonardoPermaneci parado no mesmo lugar, mesmo depois que Jéssica saiu do quarto. Teria uma longa batalha contra a raiva que ela estava sentindo por mim. Contudo, ao contrário do que fiz, ao descobrir que tínhamos uma filha, agiria de uma forma totalmente diferente. Conhecia bem a minha mulher e tinha plena consciência de que convencer Jéssica do meu amor verdadeiro seria uma batalha onde eu teria que agir com paciência.Olhei mais uma vez o quarto em que ela ficaria, rezando para que durasse pouco sua permanência neste espaço. Ter Jéssica tão perto, mas, ao mesmo tempo, tão longe seria um inferno. Saio do quarto, descendo as escadas indo para a sala. Encontro meu pai conversando com Jéssica sentados no sofá e Valentina no colo do avô prestando atenção a tudo que os adultos falam.— Leonardo, venha sentar conosco, meu filho. J&eacut
JéssicaDeitada sozinha, naquela cama enorme, pensava em tudo que aconteceu nas últimas horas. O jantar foi melhor do que eu esperava. Seu Ricardo em nenhum momento me tratou mal e percebi que algo entre pai e filho aconteceu na minha ausência. Imaginava que encontraria desprezo e raiva vindo do avô da minha filha, contudo me surpreendi com o senhor me tratando tão bem. Até melhor do que antes. Quando fiquei sozinha com ele na sala, seu Ricardo disse que apoiaria a decisão que eu tomasse, que se não desejasse mais morar com Leonardo, que me ajudaria no que fosse necessário. Toda essa conversa me deixou bastante confusa, porém me sentia com a cabeça cheia, queria apenas fechar os olhos, dormir e acordar no dia seguinte de volta em Itaberá. Valentina pediu que o pai a colocasse na cama, então para mim sobrou apenas para ajudar na cozinha, mesmo ouvindo a recla
LeonardoPassaram-se dois dias desde o retorno de Jéssica e Valentina para a nossa residência. Dois dias em que vivia no paraíso e no inferno ao mesmo tempo. Enquanto a minha filha não me deixava nem por um segundo, Jéssica mantinha-se afastada de mim, respondendo apenas o que era necessário e, quando eu colocava os pés em casa, ela retirava-se do lugar para não me olhar. Tomava café, almoçava e jantava sozinho com Valentina. Nossa filha percebeu a tensão entre os pais, me perguntou duas vezes o porquê da mãe dormindo em outro quarto e o motivo do silêncio entre nós dois. Usei a desculpa de que estávamos brigados por um motivo bobo, algo que não convenceu a menina de jeito nenhum. Quando me arrumava para o trabalho, hoje de manhã após o café, Valentina ficou comigo no escritório e acabou contando que ouvia a mã
JéssicaEstava sentada na cama, esperando os minutos passarem, para que eu pudesse sair de casa, sem ter que esbarrar no Leonardo pelos cômodos. Mal preguei os olhos durante a noite toda. Bastava fechar os olhos, para ouvir a voz dele no corredor, tentando conversar comigo e eu ignorando. Valentina havia me enviado mensagem de “bom dia” bem cedinho. Seu Ricardo, avisou que passaria o sábado com a neta no haras em que visitamos e que não era para me preocupar com minha filha. Não queria ter que passar o dia fora de casa, contudo ficar sozinha com Leonardo não era uma boa ideia. O que eu pudesse fazer para evitar sua presença eu faria. Olhei a hora no meu relógio de pulso, passava das oito e meu estômago roncava. Desceria apressada, tomaria o café da manhã na cozinha e iria pedir um Uber para me levar até Estrela Guia. Levanto-me da cama, pego minha bolsa, guardo meu t
Leonardo Um mês se passou, desde o retorno de Jéssica e Valentina. Estávamos no início de junho, as férias se iniciavam na sexta-feira e minha filha ficaria em casa por 20 dias. Preparei uma viagem para Argentina com mãe e filha, contudo Jéssica ainda não sabia e deixei para avisar próximo do dia. Desde a sua volta e nossa última discussão no meu escritório, vivíamos na mesma casa como dois estranhos. O final de semana sem Valentina foi um fiasco, já que ela passou o dia inteiro fora, retornando a noite e se trancando no quarto o domingo inteiro. Eu vivia em completa tensão, tentando de todas as formas me aproximar dela. A ideia da viagem em família foi feita pelo Pedro. O homem me contou que Jéssica apareceu na comunidade por duas vezes, tentando ajuda para conseguir uma casa, porém ele recusou dizendo que não era certo essa obsessão em fugir. Me surpreendi ao ouvir ele contando, que aconselhou que Jéssica me perdoasse, passasse uma borracha no passado e recomeçasse ao meu lado. Con
JéssicaSubi as escadas me tremendo de raiva. Leonardo tenta novamente manipular as situações que favorecem apenas a sua reputação, sem ao menos se importar com o que eu possa pensar. Não cederia a essa viagem repentina. Claro que existiam segundas intenções, esse homem não dava um passo que não fosse muito bem pensado. Mantendo a calma, entrei no quarto da minha filha, encontrando Valentina com seu pijama, sentada na cama me esperando. Minha filha crescia tão rápido, que às vezes eu queria apenas que o tempo parasse e assim não teria como lidar com seu crescimento. Deixei a porta aberta, com certeza Leonardo subiria, para falar com a filha antes de dormir.— Mamãe, já escovei os dentes e troquei de roupa — responde, indo para debaixo das cobertas, deixando um espaço na cama para que eu sente ao seu lado.— Notei como minha princesa está se tornando uma mocinha — digo, me acomodando ao seu lado, aproveito para trazer seu corpinho para junto de mim.— Meu pai fala isso sempre para mim