Leonardo
Pedi para Fábio me deixar em meu gabinete. Precisava que o documento, exonerando Larissa do cargo de assessora, ficasse pronto hoje mesmo. Aquela maldita, nem mesmo pensou nas consequências, se achando no direito de jogar na minha cara o que fez por mim. Mentiu para Jéssica, contando sua versão falsa das coisas, colocando meu trabalho e minha honra em jogo.
Pedro tinha razão, quando disse ser hora de parar de ser bonzinho, confiar e acreditar em tudo que as pessoas me diziam. Larissa por todo esse tempo, agiu pelas minhas costas e como as pessoas dizem: “por anos dormia com o meu inimigo sem nem mesmo saber. Diego ligou informando estar com as filmagens em mãos de todos os terminais rodoviários, que iria conferir novamente, minuto a minuto. Jéssica não su
Leonardo Dois dias! Dois malditos dias, se passaram e Jéssica com minha filha, tinham simplesmente evaporado. Os seguranças, aguardavam a chegada do ônibus que saiu de São Paulo, rumo ao Norte do país. Quando os passageiros desembarcaram, descobriram que duas passageiras idênticas às duas eram quem desceu do ônibus. Agora eu não sabia, mas o que fazer, nem aonde procurar sem levantar suspeitas sobre o desaparecimento de ambas. Meu pai queria acionar a polícia, contudo expliquei que se acontecesse isso, seria uma confusão que não eu não desejava lidar no momento. Agora estava em meu escritório, pensando em qual atitude iria tomar em relação ao desaparecimento delas. Não conseguia dormir direito, nem mesmo co
Leonardo— Leonardo, na reunião com o secretário de educação, acredito que um aumento, no momento em que estamos, não será necessário. Essa ameaça de greve, vem do lado da oposição apenas para te deixar em uma situação complicada. Participo da reunião semanal com Jorge, contudo minha mente se encontra longe daqui. Uma semana se passou, desde o sumiço dela e ninguém conseguiu notícias ou uma pista concreta que indicasse a cidade que as duas estavam. Uma semana em que eu não conseguia comer direito, dormir ou me concentrar no trabalho. Após a conversa com meu pai, o tratamento para comigo mudou da água para o vinho. Pensei que ele contaria toda a verdade para minha mãe, entretanto me disse que da boca dele, ela nunca saberia. Que sou eu quem deveria revelar toda a situação e assim, perceberia que o filho dela era humano com falhas e defeitos. - Você ouve o que estou falando? Jorge chama minha atenção e peço desculpas por não estar focado no assunto. Ninguém sabia do sumiço da Jéssic
Leonardo10 meses depoisMais um dia sem notícias. Um dia, uma semana, um mês…. 10 meses se passaram desde o sumiço dela e meus dias se resumiam a procurar por ambas. Todas as pistas encontradas se mostraram falsas. Como num passe de mágica, Jéssica desapareceu com minha filha. Perdi ao lado da Valentina nosso primeiro dia dos pais juntos, nosso Natal e Ano Novo como uma família de verdade e nem mesmo raiva da mulher que eu amava conseguia sentir. Tudo que estava passando, o único culpado era eu. Por ter me enganado por tantos anos, por não ter me declarado quando ainda era tempo e por ter me deixado levar por promessas e mentiras. Nesse quase um ano, tantas coisas aconteceram. Larissa voltou para sua cidade natal, assim não tive notícias sobre o que fazia e eu nem mesmo queria saber de nada que vinha daquela mentirosa.Estávamos no mês de maio, em alguns meses a campanha política iria começar, às vezes sentia vontade de abandonar tudo, a vida pública, recomeçar apenas como um médic
JéssicaItaberá, interior de São Paulo— Eu quero meu pai! Quero voltar para minha casa e eu não gosto mais da senhora.Já estava me acostumando com as palavras ditas diariamente. Valentina, como eu já imaginava, não aceitou nossa fuga e se rebelou contra mim. Todos os dias ela queria o pai, chorava para falar com Leonardo e passou a me tratar mal. O rendimento na escolinha do bairro caiu, que por várias vezes fui chamada até a coordenação. Morávamos na cidade há 10 meses, fugi para cá e venho conseguindo me manter escondida até hoje. Durante o dia, trabalhava em um salão que ficava localizado próximo da casa em que morava. Trabalhando como manicure e esteticista. Como Valentina estudava na parte da manhã, pagava a filha da vizinha para buscar minha filha na escola e ficar com ela até a hora de chegar. Era praticamente a mesma rotina do Rio de Janeiro. A diferença é que eu agora vivia como uma foragida, nervosa e ansiosa o tempo todo com medo de que os homens do Leonardo me encontras
JéssicaTrabalhava no automático, desde o dia que Valentina disse que iria atrás do pai. Me sentia um monstro por afastar minha filha do homem que eu deveria odiar, contudo, o sentimento por ele a cada dia que passava aumentava. Leonardo era como uma mancha em meu corpo, que nunca poderia ser removida. As noites sozinha na cama, eram um tormento, as lembranças das promessas feitas e não cumpridas. Eu sofria tanto quanto minha filha, porém meu sofrimento precisava ter um fim e eu tinha que arrancar do coração o amor que sentia por ele. Em casa, Valentina respondia apenas o essencial, eu não sabia como lidar com sua rebeldia e pensei em procurar ajuda médica. Entretanto, tinha medo de acabar sendo exposta com Valentina contando quem era o pai. Na escola, tive que inventar uma mentira para a direção, usando a desculpa que eu não mantinha contato com ele. Tanto que eu proib
JéssicaCheguei em casa, encontrando Joyce e Agnes me esperando na porta. As duas chorando, desesperadas pelo sumiço da minha filha.— Jéssica me perdoa! Me desculpa, por cometer esse erro — Joyce se agarrou a mim, segurando meus braços, chorando sem parar. Ainda tentava processar tudo que estava acontecendo. No caminho para casa, prestava atenção a tudo, perguntando de algumas pessoas se tinham visto Valentina. Ninguém sabia sobre a menina e o desespero aumentava à medida que me aproximava da casa.— Calma Joyce. Você não tem culpa de nada. Vamos entrar primeiro. Dona Agnes, pega um copo de água com açúcar para Joyce.Entramos em casa, e agradeci que os vizinhos da rua ainda não sabiam do sumiço da menina. Tinha medo de que alguém divulgasse e a notícia se espalhasse e de alguma forma o Leonardo descobri
JéssicaEstou em frente a casa, em que o carro que Valentina entrou estava estacionado, aguardava ao lado de Joyce a vizinha retornar. Não quis entrar com a senhora, preferindo esperar do lado de fora. As lágrimas desciam do meu rosto e não conseguia pensar direito no que fazer. O correto era contar para o Leonardo, se nossa filha não fosse encontrada, por outro a razão e o sentimento de ter sido enganada falava mais alto. Joyce, abraçada comigo, me soltou assim que o portão abriu e outra senhora de uns 60 anos apareceu ao lado da vizinha.— Boa noite!Digo, ao encontrar a mulher que se aproxima de mim com uma expressão triste.— Senhorita, Léa me contou o que aconteceu com a sua filha. Liguei na mesma hora para o meu genro, contudo Juliano me disse que não viu nenhuma criança dentro do carro dele.A mulher mexia as mãos em sinal de nervosismo.Ao ouvir as palavras da mulher, sinto o chão se abrir. Não caí no chão, porque Joyce me amparou.— Filha, eu estava presente na hora que a Fra
LeonardoVoltava de uma reunião, cansado, com dor de cabeça e faminto. Mais um dia em que tentei me jogar no trabalho, porém minha mente estava longe. Nenhum sinal sobre o paradeiro das duas e a cada dia que passava sem Jéssica e Valentina, era como se um buraco se abrisse mais ainda em meu coração.Fábio estacionou na entrada da mansão, desejei boa noite para o meu motorista. O trajeto foi feito praticamente em silêncio. Não tinha vontade alguma de conversar, nem mesmo ouvir meu motorista afirmar que eu as encontraria. Era algo que a cada dia se mostrava impossível. Entrei em casa, encontrando tudo em completo silêncio. Tirei o terno, desfiz o nó da gravata, larguei tudo em cima do sofá. Pelo horário, todos já deveriam estar dormindo. Fui para a cozinha, encontrando em cima da bancada uma vasilha de vidro com meu jantar. Era só esquentar no micro-ondas, jantar e subir para tomar um banho quente, tomar o remédio para dormir, me deitar na cama e acordar no dia seguinte.Como médico, ti