Leonardo— Como o garoto do Pedro apareceu aqui e ninguém viu nada? — questiono das funcionárias recebendo o silêncio como resposta. Passo a mão no rosto, nervoso por começar a pensar numa fuga dela, assim como foi anos atrás.— Senhor, a dona Jessica um dia antes, voltou para casa no carro do senhor Pedro — meu segurança diz, apontando para o tablet. Tiro o aparelho das mãos do meu pai, verificando os outros vídeos. Era noite quando Pedro a deixou em casa, conversaram por alguns minutos, se despediram com um abraço e logo depois Jessica entrou em casa. Devolvo o tablet para o meu pai, seguindo para o nosso quarto. Ao entrar encontrei tudo como deixei, o que me chama atenção é um papel com a caixinha de joias em cima do colchão. Nervoso, peguei o papel nas mãos e cada palavra que leio vai me deixando sem reação ao que estava escrito. Releio a carta para tentar compreender tudo que foi dito em sua despedida. Jéssica não foi sequestrada ou estava trancada em algum lugar. Ela simplesment
Leonardo“Esqueça que eu existo”“Não quero continuar ao lado, de um homem que nunca me amou”“Minha filha não merece ter um pai, que a quer apenas para continuar no poder”Voltei para a mansão, encontrei meu pai aguardando por notícias. Ao contar para ele que Jéssica fugiu levando consigo minha filha, o doutor Ricardo, confuso, tentava entender o porquê da fuga quando estávamos de casamento marcado, felizes como uma verdadeira família dias atrás. Pensei em revelar toda verdade, porém não queria contar a verdade nesse momento. Apenas disse que Diego iria começar a procurar pelas duas, solicitando as gravações de todos os terminais rodoviários de São Paulo. Minhas funcionárias não paravam de chorar, por descobrir que não voltariam a ver minha filha correndo pela mansão, enquanto eu nem mesmo conseguia pronunciar uma palavra que fosse de consolo. Dispensei todos, pedi que papai fosse para casa descansar e subi para o meu quarto. Após um banho quente, dois comprimidos para dor de cabeça,
LeonardoEu deveria ter sido honesto desde o começo, ter lhe dito tudo, mas fui covarde como sempre e acabei perdendo pela segunda vez a mulher que eu amo. Após terminar a refeição, deixei o prato na pia, caminhando até a sala, vestindo o terno que deixei no sofá e rumo em direção a garagem. Fábio me aguarda e assim que entro no carro, peço que dirija até o apartamento da Larissa. Estranhei o fato dela não ter ligado, enviado mensagem ou tentado limpar a bagunça que a fuga da Jéssica me causou. E isso só mostra que tudo foi armado por ela.Vejo quando o carro para no estacionamento do prédio. Aviso para meu motorista que não vou demorar.Saio do carro, notando um homem sair do elevador e faço sinal para que meus seguranças esperem. Ao prestar atenção vejo que se tratava do advogado do Marcelo, lembrava-me bem do rosto do homem, porque por meses me incomodou quando aquele canalha foi preso, tentando me chantagear.Mas que porra ele fazia no prédio que Larissa morava?Vi quando entrou e
Leonardo Pedi para Fábio me deixar em meu gabinete. Precisava que o documento, exonerando Larissa do cargo de assessora, ficasse pronto hoje mesmo. Aquela maldita, nem mesmo pensou nas consequências, se achando no direito de jogar na minha cara o que fez por mim. Mentiu para Jéssica, contando sua versão falsa das coisas, colocando meu trabalho e minha honra em jogo.Pedro tinha razão, quando disse ser hora de parar de ser bonzinho, confiar e acreditar em tudo que as pessoas me diziam. Larissa por todo esse tempo, agiu pelas minhas costas e como as pessoas dizem: “por anos dormia com o meu inimigo sem nem mesmo saber. Diego ligou informando estar com as filmagens em mãos de todos os terminais rodoviários, que iria conferir novamente, minuto a minuto. Jéssica não su
Leonardo Dois dias! Dois malditos dias, se passaram e Jéssica com minha filha, tinham simplesmente evaporado. Os seguranças, aguardavam a chegada do ônibus que saiu de São Paulo, rumo ao Norte do país. Quando os passageiros desembarcaram, descobriram que duas passageiras idênticas às duas eram quem desceu do ônibus. Agora eu não sabia, mas o que fazer, nem aonde procurar sem levantar suspeitas sobre o desaparecimento de ambas. Meu pai queria acionar a polícia, contudo expliquei que se acontecesse isso, seria uma confusão que não eu não desejava lidar no momento. Agora estava em meu escritório, pensando em qual atitude iria tomar em relação ao desaparecimento delas. Não conseguia dormir direito, nem mesmo co
Leonardo— Leonardo, na reunião com o secretário de educação, acredito que um aumento, no momento em que estamos, não será necessário. Essa ameaça de greve, vem do lado da oposição apenas para te deixar em uma situação complicada. Participo da reunião semanal com Jorge, contudo minha mente se encontra longe daqui. Uma semana se passou, desde o sumiço dela e ninguém conseguiu notícias ou uma pista concreta que indicasse a cidade que as duas estavam. Uma semana em que eu não conseguia comer direito, dormir ou me concentrar no trabalho. Após a conversa com meu pai, o tratamento para comigo mudou da água para o vinho. Pensei que ele contaria toda a verdade para minha mãe, entretanto me disse que da boca dele, ela nunca saberia. Que sou eu quem deveria revelar toda a situação e assim, perceberia que o filho dela era humano com falhas e defeitos. - Você ouve o que estou falando? Jorge chama minha atenção e peço desculpas por não estar focado no assunto. Ninguém sabia do sumiço da Jéssic
Leonardo10 meses depoisMais um dia sem notícias. Um dia, uma semana, um mês…. 10 meses se passaram desde o sumiço dela e meus dias se resumiam a procurar por ambas. Todas as pistas encontradas se mostraram falsas. Como num passe de mágica, Jéssica desapareceu com minha filha. Perdi ao lado da Valentina nosso primeiro dia dos pais juntos, nosso Natal e Ano Novo como uma família de verdade e nem mesmo raiva da mulher que eu amava conseguia sentir. Tudo que estava passando, o único culpado era eu. Por ter me enganado por tantos anos, por não ter me declarado quando ainda era tempo e por ter me deixado levar por promessas e mentiras. Nesse quase um ano, tantas coisas aconteceram. Larissa voltou para sua cidade natal, assim não tive notícias sobre o que fazia e eu nem mesmo queria saber de nada que vinha daquela mentirosa.Estávamos no mês de maio, em alguns meses a campanha política iria começar, às vezes sentia vontade de abandonar tudo, a vida pública, recomeçar apenas como um médic
JéssicaItaberá, interior de São Paulo— Eu quero meu pai! Quero voltar para minha casa e eu não gosto mais da senhora.Já estava me acostumando com as palavras ditas diariamente. Valentina, como eu já imaginava, não aceitou nossa fuga e se rebelou contra mim. Todos os dias ela queria o pai, chorava para falar com Leonardo e passou a me tratar mal. O rendimento na escolinha do bairro caiu, que por várias vezes fui chamada até a coordenação. Morávamos na cidade há 10 meses, fugi para cá e venho conseguindo me manter escondida até hoje. Durante o dia, trabalhava em um salão que ficava localizado próximo da casa em que morava. Trabalhando como manicure e esteticista. Como Valentina estudava na parte da manhã, pagava a filha da vizinha para buscar minha filha na escola e ficar com ela até a hora de chegar. Era praticamente a mesma rotina do Rio de Janeiro. A diferença é que eu agora vivia como uma foragida, nervosa e ansiosa o tempo todo com medo de que os homens do Leonardo me encontras