Meu pai gostava de lírios.
Me lembro até hoje no dia seguinte no funeral do meu avô. Eu e ele fazíamos comida no silêncio da cozinha. Eu estava inquieta e curiosa, ele como o melhor pai entendeu que eu tinha dúvidas e me perguntou o que tanto me incomodava.
— Porque não ouve flores no enterro do vovô? É algum tipo de tradição familiar na morte? Um costume?
Apesar de ter receio em perguntar, sabia que ele era o único que podia me responder, nunca poderia perguntar à mamãe, pelo menos não naquele momento. Tenho a certeza que não seria muito educado. Ela não gostaria. Papai me olhou por breves segundos antes de espalhar o tempero pelo frango.
Sonhos.Nos fazem imaginar no que tudo pode ser incrível, o difícil é chegar lá. Estarmos numa constante batalha cansa até mesmo para o soldado mais corajoso. É difícil. Eu abri mão da batalha há um tempo atrás, achei que estava perdida, mas no final, acho que me descobri.Descobri que tudo que fiz de maldade me resultou em nada. Me deixei levar pela inveja. Hoje vejo o quanto estava errada, todos temos o nosso final feliz, só precisamos parar de entrar na história dos outros e tentar se focar na sua, é isso que eu estou fazendo nesse exato momento.Não propriamente agora. No momento estou perante ao túmulo do papai. Deixei lírios bem ao lado da sua foto, logo embaixo dizia "
Desci as escadas sorrateiramente tentando não fazer barulho para não acordar alguém. Abri a porta ignorando o frio e sentei sobre a cerca de madeira que separava a varanda do jardim, olhei para tudo ao meu redor sentida porque em breve eu não teria mais isso, não teria mais esse silêncio, até o cheiro dos animais eu sentiria falta.Quando comecei a sentir meus dedos dos pés e das mãos sendo congelados pelo frio, decidi entrar. Coloquei um copo de leite para aquecer e assim que ouvi o bipp do microondas.Peguei o copo de leite quentinho usando como um aquecedor para minhas mãos geladas e passei pela sala tentando gravar cada pedacinho do melhor espaço dessa casa. Subi as escadas e inevitavelmente a madeira rangeu e eu murmurei palavrõe
O outono fazia tudo mais bonito. Onde o som do vento se ouve e sacode as árvores, as folhas amarelas caem e começa a chuva fresca. Era tudo tão bonito de se ver na janela do meu quarto, principalmente porque no campo, não tinha o som dos motores de carro ou construções. Não, era só o vento, as folhas e o céu.Não poderia imaginar vida melhor, mas agora seria diferente. Observei as caixas que insistiam em me lembrar que eu tinha que enche-las para levar para a doação ou apenas para o sótão.A revista em cima da cama que eu lia, era bem informativa, mas eu preferia correr sobre as folhas amareladas do outono, ainda mais com o som do vento. Estava debruçada sobre a cama lendo sobre cinquenta fatos de uma garota da cidade, apesar de gost
Olhei mais uma vez para meu quarto para ter a certeza que não estava esquecendo de nada. Era isso... esse quarto ia ser marcado por toda a minha vida e eu ia sentir falta.— O café está na mesa — Callen falou encostado no batente da porta.— Eu já desço — fitei meu irmão.— Vai ser legal lá, só não tenta pensar muito no lado negativo — sua voz era calma e baixa, era até estranho ouvi-lo dessa maneira.— Oww, está tentando me consolar?! — brinquei com uma voz de bebê.— Você é... impossível — movimentou as mãos como s
Me joguei no sofá, e liguei a TV pra ver se estava passando alguma coisa de bom. Nada tomou minha atenção, então decidi ir trocar de roupa. Não entendo o motivo de um uniforme. Eu preferia mil vezes minhas botas de cowboy e minha jardineira. Callen entrou na cozinha como um furacão para pegar batatas e refrigerante e depois olhou pra mim com aqueles olhos pedintes.— Você pode me emprestar um dinheiro? — perguntou.— Que educação a minha!! Olá maninha, como está? Como correu o dia? — ironizei.— Desculpa — sorriu para mim — oi formiguinha, como foi o seu dia?— Hugh, sabe que odeio que me chame assim — revi
Pousei minha mochila no sofá e sentei à mesa pra tomar o café da manhã. Não havia nada que faltasse na mesa. Tinha suco, leite, panquecas, waffles. Aquilo dava pra alimentar um batalhão.— Bom dia mãe, pai — saudei enchendo meu copo de leite.— Bom dia — disseram em uníssono.— Eu preciso mesmo ir pra escola com o motorista? — perguntei meio triste — quero dizer, eu podia ir de ônibus.Papai levantou os olhos no jornal no qual estava concentrado e me olhou pensativo.— Prefere ir de ônibus? — perguntou com o cenho franzido e eu assenti — muito bem, se
Sai correndo procurando um lugar para me esconder, por sorte encontrei uma entrada que dava no ginásio. Adentrei e encontrei mais uma porta que dava no vestiário feminino. Abri a minha mochila e me deparei com meus cadernos todos húmidos e cheirando a leite azedo. Obviamente agora teria que tratar de comprar novos cadernos e uma mochila.Vi uma sombra de esperança ao me lembrar que o uniforme de educação física estava intacto. A sorte é que eu havia o colocado dentro de uma malinha junto com produtos de higiene quando fosse tomar banho depois da aula. Peguei os produtos de higiene e entrei no chuveiro não me importando nem mesmo com a água gelada que saia. Me permiti chorar ao lembrar da humilhação, não tinha mais volta, eu seria a novata mais zuada do ano.
Mamãe encostou sua testa na minha verificando mais uma vez minha temperatura, eu esperei o veredito mesmo sabendo que já não sentia nenhum sintoma de gripe.— Você não tem mais febre — declarou minha mãe — mas por precaução vou colocar um comprimido para dores na sua mochila e se não funcionar quero que vá à enfermaria — eu assenti lembrando o que significava não estar mais doente — está tudo bem, Brianna? — perguntou pela décima vez essa semana.Acho que pais tinham algum tipo de sensor. Desde que fiquei doente, ela me perguntou mais de dez vezes se eu estava bem porque eu parecia triste. Eu só disse que estava cheia de trabalhos.É t&atild