Quando comecei a sentir meus dedos dos pés e das mãos sendo congelados pelo frio, decidi entrar. Coloquei um copo de leite para aquecer e assim que ouvi o bipp do microondas.
Peguei o copo de leite quentinho usando como um aquecedor para minhas mãos geladas e passei pela sala tentando gravar cada pedacinho do melhor espaço dessa casa. Subi as escadas e inevitavelmente a madeira rangeu e eu murmurei palavrões esperando que todos estivessem num sono tão profundo que nem tivessem ouvido.
Ao entrar no meu quarto observei a tinta amarela e gasta nas paredes do meu quarto, minha cômoda rosa bebê que eu e papai havíamos pintado, deixando bem na quina nossa assinatura, e pensar que todos os móveis iriam ser cobertos e a casa seria esquecida me deu um aperto no coração.
O que mais ocupava meu quarto, era a grande janela, definitivamente fiz bem em escolher esse quarto, nunca me arrependi na escolha. A lua cheia se notava no céu deixando todas as estrelas mais minúsculas do que já eram, era como se todas elas não fossem páreo para aquela lua.
A chuva que molhava o outro lado da minha janela parecia um pouco forte, mas ainda assim me mantive observando, era normal estar frio, principalmente à noite, estávamos no outono, então também era normal chover dessa maneira.
Eu já deveria estar na cama mas... com tudo o que estava prestes a acontecer, meio que tirou o meu sono.
— Não deveria estar dormindo? — papai apareceu com um sorriso singelo.
— Acho que só estou pensativa demais — falei enquanto olhava para o leite.
Bebi o meu leite e logo depois coloquei o copo vazio na mesa-de-cabeceira. Papai me cubriu e eu não contive em rir um pouco, com dezaseis anos meu pai ainda me cobria como se eu fosse uma criança. Ele se sentou do meu lado e afagou meus cabelos enquanto cantava uma música que eu amava ouvir enquanto criança.
Swing low, sweet chariot
Coming for to carry me home,Swing low, sweet chariot,Coming for to carry me home.I looked over Jordan, and what did I seeComing for to carry me home?A band of angels coming after me,Coming for to carry me home.Mesmo sua voz não sendo a mais adequada para aquela música por ele desafinar, eu amava ouvir, lembro que ele cantava essa música quando eu tinha um pesadelo ou simplesmente quando eu não queria dormir, às vezes eu ficava tão agitada, mas... papai se sentada do meu lado afagando meus cabelos e começava a cantar, eu automaticamente parava de chorar ouvindo a doce melodia que transbordava de afeto sendo cantada pelo meu pai.
Meus olhos começaram a pesar mas eu me recusava a fechá-los tentando terminar de ouvir. Era a minha parte preferida.
Sometimes I'm up, and sometimes I'm down,
(Coming for to carry me home)But still my soul feels heavenly bound.(Coming for to carry me home)The brightest day that I can say,(Coming for to carry me home)When Jesus washed my sins away.(Coming for to carry me home)Fechei os olhos apreciando a boa música e dormi com um sorriso no rosto sabendo que papai terminaria a música mesmo sabendo que eu já estava dormindo, ele sabia, ele sabia que eu queria terminar de ouvi-la.
O outono fazia tudo mais bonito. Onde o som do vento se ouve e sacode as árvores, as folhas amarelas caem e começa a chuva fresca. Era tudo tão bonito de se ver na janela do meu quarto, principalmente porque no campo, não tinha o som dos motores de carro ou construções. Não, era só o vento, as folhas e o céu.Não poderia imaginar vida melhor, mas agora seria diferente. Observei as caixas que insistiam em me lembrar que eu tinha que enche-las para levar para a doação ou apenas para o sótão.A revista em cima da cama que eu lia, era bem informativa, mas eu preferia correr sobre as folhas amareladas do outono, ainda mais com o som do vento. Estava debruçada sobre a cama lendo sobre cinquenta fatos de uma garota da cidade, apesar de gost
Olhei mais uma vez para meu quarto para ter a certeza que não estava esquecendo de nada. Era isso... esse quarto ia ser marcado por toda a minha vida e eu ia sentir falta.— O café está na mesa — Callen falou encostado no batente da porta.— Eu já desço — fitei meu irmão.— Vai ser legal lá, só não tenta pensar muito no lado negativo — sua voz era calma e baixa, era até estranho ouvi-lo dessa maneira.— Oww, está tentando me consolar?! — brinquei com uma voz de bebê.— Você é... impossível — movimentou as mãos como s
Me joguei no sofá, e liguei a TV pra ver se estava passando alguma coisa de bom. Nada tomou minha atenção, então decidi ir trocar de roupa. Não entendo o motivo de um uniforme. Eu preferia mil vezes minhas botas de cowboy e minha jardineira. Callen entrou na cozinha como um furacão para pegar batatas e refrigerante e depois olhou pra mim com aqueles olhos pedintes.— Você pode me emprestar um dinheiro? — perguntou.— Que educação a minha!! Olá maninha, como está? Como correu o dia? — ironizei.— Desculpa — sorriu para mim — oi formiguinha, como foi o seu dia?— Hugh, sabe que odeio que me chame assim — revi
Pousei minha mochila no sofá e sentei à mesa pra tomar o café da manhã. Não havia nada que faltasse na mesa. Tinha suco, leite, panquecas, waffles. Aquilo dava pra alimentar um batalhão.— Bom dia mãe, pai — saudei enchendo meu copo de leite.— Bom dia — disseram em uníssono.— Eu preciso mesmo ir pra escola com o motorista? — perguntei meio triste — quero dizer, eu podia ir de ônibus.Papai levantou os olhos no jornal no qual estava concentrado e me olhou pensativo.— Prefere ir de ônibus? — perguntou com o cenho franzido e eu assenti — muito bem, se
Sai correndo procurando um lugar para me esconder, por sorte encontrei uma entrada que dava no ginásio. Adentrei e encontrei mais uma porta que dava no vestiário feminino. Abri a minha mochila e me deparei com meus cadernos todos húmidos e cheirando a leite azedo. Obviamente agora teria que tratar de comprar novos cadernos e uma mochila.Vi uma sombra de esperança ao me lembrar que o uniforme de educação física estava intacto. A sorte é que eu havia o colocado dentro de uma malinha junto com produtos de higiene quando fosse tomar banho depois da aula. Peguei os produtos de higiene e entrei no chuveiro não me importando nem mesmo com a água gelada que saia. Me permiti chorar ao lembrar da humilhação, não tinha mais volta, eu seria a novata mais zuada do ano.
Mamãe encostou sua testa na minha verificando mais uma vez minha temperatura, eu esperei o veredito mesmo sabendo que já não sentia nenhum sintoma de gripe.— Você não tem mais febre — declarou minha mãe — mas por precaução vou colocar um comprimido para dores na sua mochila e se não funcionar quero que vá à enfermaria — eu assenti lembrando o que significava não estar mais doente — está tudo bem, Brianna? — perguntou pela décima vez essa semana.Acho que pais tinham algum tipo de sensor. Desde que fiquei doente, ela me perguntou mais de dez vezes se eu estava bem porque eu parecia triste. Eu só disse que estava cheia de trabalhos.É t&atild
— Até de perna pra cima ela consegue ser irritante e ao mesmo tempo bonita — reclamou Selene — como ela consegue?Genevieve estava sentada na sua cadeira de rodas recebendo toda a atenção, todos estavam bastante "preocupados" com ela, queriam saber mais e mais como tinha acontecido e Genevieve aproveitou sempre aumentando a história para torná-la mais incrível. Ao que parece empurraram ela sem querer da passarela e Genevieve quebrou a perna, acho que isso não foi de todo ruim, agora ela recebe mais atenção do que antes.— Inveja dá ruga, cuidado maninha! — brincou Vincent.— Sai pra lá, credo, não roga praga pra mim não — jogou uma batatinha na cara do ir
Com o natal chegando e os jogos da escola Bryatt, todos pareciam estar agitados, os professores nos empanturravam de mais matéria para a prova como se eles pensassem que meu cérebro aguentava tanta matéria em apenas uma ou duas horas de aulas. A escola inteira já animada com o que iria acontecer no próximo mês, já eu estava mais destraida mas feliz que em breve acabaríamos o ano e em breve o ano letivo.As largas árvores que faziam da entrada da escola a mais bonitas que já vira estava sempre ocupadas com pessoas em baixo desfrutando do seus tempos livres, mas com o tempo frio e nada acalentador, todos se escondiam no interior deixando pouco espaço pra quem queria passar no corredor, além de correr o risco e cair de bunda no chão se o chão estivesse molhado.
Último capítulo