A primeira vez que entrei no psicólogo, ele me disse que o luto era algo nosso, havia diferentes maneiras de fazê-lo, uns choravam, outros se calavam perante à dor, outros esboçavam sorrisos falsos, entendi que o luto era somente meu e aquele psicólogo de merda não tinha nada haver com isso, foi por esse motivo que eu deixei a sala sem me expressar, o que era exatamente o que eu devia ter feito ao ter entrado no recinto.
— Vai ficar tudo bem...
Papai me prometeu que tudo ficaria bem, ele mentiu pra mim, mas eu não poderia culpa-lo, ele não era o culpado da sua morte, uma gangue o matou. Toquei a arma do meu pai, ele guardava pro caso de necessidade, nós tínhamos necessidade naquele dia e meu pai não pegou.
— Você demorou — Alfie se aproximou observando o corpo.Eu peguei o galão de sua mão e deixei o líquido molhar o corpo sem vida e tudo que estava envolta. Acendi o isqueiro assim acendendo o fogo. As labaredas pareciam enfim trazer a minha vingança mas ainda sim sentia que o fogo não era o suficiente pra ele.— Morreram todos os integrantes? — perguntei enquanto observava a cena como se fosse a minha cena mais almejada.— Sem testemunhos.— O dinheiro já foi transferido pra sua conta — avisei.— Tem sangue no seu ombro — olhei para o ombro. Um curativo improvisado terá que ser
6 Meses depoisDescontrolada jogo tudo que se quebra no chão, acho que nem as coisas que não eram de vidro conseguiram se salvar do meu ataque de ódio. Estava tudo correndo como planeado. Durante todo esse tempo fiz Beatrice ter medo até da sua própria sombra, meses de trabalho pra jogar no lixo, tudo porque Parker entrou na sua vida e isso não está facilitando a minha vingança.— Escuta aqui, eu to farta das suas ameaças, me deixa em paz psicopata, eu sou Beatrice Connor, não sigo ordens de um perseguidor — desligou na minha cara.Até aí eu me contive, tinha um plano B caso ela tivesse a ideia de se tornar numas das três mosqueteiras corajosas, havia pensado
Capítulo com palavras fortes.Sentei na cadeira sentindo um clima estranho. Nesse exato momento, eu estava sentada à frente de Callen e mamãe estava do meu lado, era literalmente a coisa mais estranha do mundo, Callen remexia na comida como se fosse a coisa mais grotante do mundo, já mamãe comia como se ela estivesse no automático, pensativa, mas o que eu mais queria, era que apesar da morte do papai, nossa família se reerguesse, era por isso que o diálogo era importante.— Como está o trabalho? — perguntei a mamãe.— Está ótimo — tentou dar um de seus sorrisos, mas falhou miseravelmente — deixei os seus remédios na sua cama.
Olhei para Beatrice adormecida, ela estava mau apoiada na cadeira velha, eu sentia raiva pulsando no meu peito. Um filme de todas as maldades que ela me fez inundou meus pensamentos. Eu sentia tudo aquilo... bem aqui. A foto da turma da nossa infância estava bem ali na minha mão.— Covarde, covarde, covarde...Vozes gritavam na minha cabeça. Eu podia sentir tudo ali, inclusive a dor, porque enquanto eu olhava para ela, eu não me sentia completa?! Porque tudo isso me fazia pensar no que eu ia perder?!Não!! Eu não perdi nada. Ela mereceu. Tom mereceu. Estão aqui porque me magoaram e merecem ser punidos, são todos doidos e sem coração, eu não fiz nada! Sou estou retribuindo, isso não me torna m&aacut
Saber que dia após dia ficaria nesse lugar não me confortava nem me deixava feliz, mas descobri da pior maneira que a solidão por vezes é a coisa mais segura, para além de vergonha sem fim, eu tinha vergonha daqueles que eu magoei, daqueles que eu maltratei e daqueles que estavam lá e eu os menosprezei.A primeira vez que entrei aqui, não fazia ideia do quão me senti grata na minha recuperação, é claro que é triste saber que todos os planos que fiz durante a minha vida nunca iria realizá-los, porque ficaria aqui pra sempre, no entanto, sabia que era seguro, mais seguro que lá fora, sabia que não magoaria ninguém, e isso me deixou aliviada.Saber que não fazia parte da sociedade, também haviam vantagens, como a ap
Se eu me olhasse no espelho veria uma mulher feita, mas insegura e não era isso o que eu queria ver, eu simplesmente queria ser corajosa para o que vinha a seguir. Eu planejei esse dia o ano inteiro, e psicologicamente eu devia estar pronta, então porque justo agora nesta manhã pensei nas coisas mais absurdas que poderiam acontecer?!Já chega! Confia em si mesma, Beatrice.Sentei na cadeira esperando Eliot terminar seus cereais, eu podia sentir minha mãos suando frio. O cheiro de panquecas no ar me fazia pensar no quão Zack está de bom humor, geralmente ele prefere torradas, mas hoje ele fez um banquete.— Não vai comer? — sentou na cadeira ao lado já erguendo a sobrancelha.
Meu pai gostava de lírios.Me lembro até hoje no dia seguinte no funeral do meu avô. Eu e ele fazíamos comida no silêncio da cozinha. Eu estava inquieta e curiosa, ele como o melhor pai entendeu que eu tinha dúvidas e me perguntou o que tanto me incomodava.— Porque não ouve flores no enterro do vovô? É algum tipo de tradição familiar na morte? Um costume?Apesar de ter receio em perguntar, sabia que ele era o único que podia me responder, nunca poderia perguntar à mamãe, pelo menos não naquele momento. Tenho a certeza que não seria muito educado. Ela não gostaria. Papai me olhou por breves segundos antes de espalhar o tempero pelo frango.
Sonhos.Nos fazem imaginar no que tudo pode ser incrível, o difícil é chegar lá. Estarmos numa constante batalha cansa até mesmo para o soldado mais corajoso. É difícil. Eu abri mão da batalha há um tempo atrás, achei que estava perdida, mas no final, acho que me descobri.Descobri que tudo que fiz de maldade me resultou em nada. Me deixei levar pela inveja. Hoje vejo o quanto estava errada, todos temos o nosso final feliz, só precisamos parar de entrar na história dos outros e tentar se focar na sua, é isso que eu estou fazendo nesse exato momento.Não propriamente agora. No momento estou perante ao túmulo do papai. Deixei lírios bem ao lado da sua foto, logo embaixo dizia "