O Jogo

Onde eu estava com a cabeça quando fui para cima daquela desconhecida?

Uma completa estranha.

Eu, Isaías Castellar, com tantas opções ao meu redor, terminei a noite com alguém cuja vida eu não sabia nada, com uma desconhecida.

Que tolice.

Mas, honestamente?

Valeu cada segundo.

Aquela mulher... surreal.

Do tipo que você encontra uma vez na vida, se tiver sorte.

Desde o momento que a vi, senti que seria diferente.

Não sou de perder o controle assim, mas havia algo nela.

Um mistério que me puxava.

E, naquele instante, pensei: por que não?

Nunca fui do tipo que foge de uma boa oportunidade.

A vida é feita dessas jogadas imprevisíveis.

Eu a levei para minha cama.

Uma noite que começou quente e terminou ainda melhor.

Não foi como as outras noites que andei tendo ultimamente – rápidas, superficiais, onde tudo se resume a prazer momentâneo.

Com ela foi intenso, algo que não experimento com frequência.

O jeito como ela se entregou, sem questionar, sem hesitar... foi como se estivéssemos em perfeita sintonia, mesmo que eu não soubesse nada sobre ela, nem mesmo seu nome.

E claro, eu não sou homem para essas coisinhas de relacionamento.

Essas baboseiras sentimentais.

Não sou homem de flores e bombom.

Do, bom dia querida!

Não.

Eu gosto da minha liberdade.

Gosto de fazer o que quero, quando quero, com quem eu quero.

Mas isso não significa que não aprecie uma boa companhia de vez em quando.

Sou prático.

Se algo é bom, aproveito.

Se não é, deixo pra trás.

E aquela noite? Ah, foi boa.

Foi mais do que boa, foi melhor do que eu esperava, até.

Melhor do que muitas noites que já vivi por aí.

Ainda assim, quando acordei na manhã seguinte, fiz o que sempre faço.

Deixei-a na cama, sozinha.

Não sou o tipo de cara que perde tempo com despedidas.

Aliás, o que poderia ter dito?

Que foi uma noite incrível?

Que talvez a gente se visse de novo?

Não.

Eu sabia que não havia necessidade.

Era o tipo de situação que não precisava de palavras.

Saí do quarto com a mesma facilidade que entrei.

E foi melhor assim.

Uma história para lembrar quando a solidão bater.

Mas, sinceramente?

Eu não costumo me apegar ao passado.

E agora, aqui estou eu, indo para o escritório do advogado do meu irmão.

Ele sempre foi o bonzinho da família, o cara que acreditava em laços, em família, em todas essas coisas que nunca fizeram muito sentido para mim.

Eu sou diferente.

Eu faço o que tem que ser feito, sem enrolação.

E agora, com meu irmão morto, cabe a mim resolver os problemas que ele deixou para trás.

Nunca fomos muito próximos, ele seguia a vida dele e eu a minha, às vezes quando havia necessidade, nos falávamos e enfim, senti a morte dele, claro, mas não a sua ausência.

Acho que ainda não parei para pensar nisso.

Quando chego ao escritório, meu humor já está ácido.

Odeio perder tempo com essas formalidades, mas o que posso fazer?

Assuntos de família exigem atenção, e eu sou o único que resta para cuidar disso.

Até tentei resolver tudo por telefone, pois tinha muitas outras coisas a fazer.

Mas não teve jeito, precisei vir pessoalmente.

Abro a porta do escritório sem cerimônias, a mesma porta que abri tantas outras vezes para situações mais simples, menos pesadas.

Hoje, porém, há uma tensão no ar, algo que ainda não consigo explicar.

Mas o que realmente me tira do eixo é quando vejo que não estamos sozinhos.

Há uma mulher sentada em uma das poltronas do escritório.

Uma mulher não, uma bela mulher!

Ela me encara e algo nela me parece familiar.

Estranho não me lembro de conhecê-la, tenho uma mente que não esquece rostos.

Algo nela mexe comigo e saio fazendo algo que não me é muito comum.

— Isaías Castellar — me apresento, minha voz firme, controlada e exigente.

Ela me olha por um segundo, e algo no olhar dela me faz perceber que há uma conexão silenciosa entre nós, e isso não passa despercebido por ela…

E nem por mim.

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