Eu estava ali, em frente a Isaías, na mesa onde acabávamos de compartilhar uma refeição simples, mas que, de alguma forma, nos uniu de uma maneira tão profunda que eu ainda não sabia como explicar.
Os olhares trocados, o silêncio preenchido por uma tensão que não podia mais ser disfarçada, uma intensidade sutil que parecia crescer a cada segundo.Nossas carícias, nossos beijos estavam nos levando a algo mais.Era como se o ar tivesse ficado mais quente, e eu me dei conta de que não era só a comida que estava sendo digerida ali, mas algo mais profundo.Algo que ambos sentíamos, mas que até então não ousávamos dizer em palavras.Ele estava ali, tão perto de mim, os olhos fixos nos meus.Tudo o que eu precisava estava bem diante de mim: ele.E, naquele instante, foi como se o tempo tivesse desacelerado.Não havia mais nada ao nosso redor, a casa, a mesa, o jantar.Nada disso importava.Foi então que ele se aproximou ainda mais, seu movimeDespertei com Isaías ao meu lado e foi uma sensação maravilhosa.Logo seus olhos me alcancaram e ele me puxou para si.Me refugiei em seus grandes braços e me senti em casa. — Alby, preciso falar sobre algo, antes de sairmos desse nosso momento.Eu fiquei esperando, não iria interromper seja lá o que ele estava prestes a falar. Isaías respirou fundo antes de começar, seus olhos fixos no horizonte como se buscasse coragem em algum lugar além da realidade. A tensão em seus ombros era visível, e sua voz, quando veio, era baixa, quase um sussurro carregado de emoções pesadas. — Alby, eu não consegui te explicar... — ele hesitou, mordendo o lábio, como se as palavras fossem difíceis demais de sair. — Mas eu acho que agora você merece saber. Eu fiquei em silêncio, esperando por suas palavras.— O dia em que você foi levada pelos rebeldes… eu nunca me senti tão impotente na minha vida — Ele fechou os olhos, como se revivesse o momento.
Ele ergueu os olhos lentamente, encontrando os meus, e naquele momento, vi algo que ele nunca havia deixado transparecer: uma vulnerabilidade crua, quase palpável. — A verdade, Alby... — Ele respirou fundo, como se reunisse forças para continuar essa batalha interna — A verdade… é que eu nunca deixei de pensar em você — Seus olhos se encheram de uma mistura de dor e intensidade que me atingiu como uma onda. — Cada noite, cada maldito segundo que se passava, eu revivia aquele momento. A forma como eu te deixei para trás... como eu escolhi a saída mais fácil. Isaías esfregou as mãos no rosto, os ombros caídos como se carregassem um peso insuportável. — Eu me odiava — A voz dele quebrou, e por um instante, parecia que ele estava à beira de desmoronar. — Ainda me odeio, na verdade. Porque eu não fui forte o suficiente. Porque, em vez de lutar por você, escolhi fugir. Escolhi preservar a mim mesmo da dor, quando deveria ter feito qua
O dia amanheceu com uma suavidade que eu nunca tinha imaginado possível. O céu estava limpo, sem nuvens, e a brisa suave de outono entrava pela janela do nosso quarto, trazendo consigo uma sensação de paz que me envolvia. Eu estava nervosa, é claro. O coração batia rápido, e minhas mãos, que há instantes estavam tranquilas, agora tremiam levemente. Mas, ao mesmo tempo, havia uma felicidade tão imensa dentro de mim que qualquer medo parecia pequeno demais para me afetar.Era o dia do nosso casamento. O dia que nós dois esperávamos, cada um de um jeito diferente, mas com o mesmo desejo ardente de nos entregarmos completamente um ao outro. O que antes parecia um sonho distante, agora estava aqui, a poucos passos de se tornar realidade. E, mesmo com tudo o que passamos, com as inseguranças e os obstáculos que surgiram, o que importava era que, finalmente, estávamos juntos, prontos para construir nossa vida.Isaías ainda estava dormindo ao meu l
O altar, os votos, as palavras trocadas... tudo parecia fluir em um ritmo próprio, como se o tempo tivesse decidido parar para nos dar uma chance de sentir cada segundo. Quando o beijo foi trocado, aplaudido por todos ao redor, o mundo parecia ter se ajeitado em sua ordem natural. Era como se, finalmente, todas as peças do quebra-cabeça estivessem se encaixando. Eu e Isaías, depois de tantas lutas internas e externas, estávamos finalmente nos tornando algo sólido, real. Mas foi então que olhei para ela, para Alice, nossa princesinha, e a emoção que se apossou de mim foi tão forte que eu mal conseguia respirar. Alice, com o vestido de daminha que parecia brilhar com a pureza de sua alma, olhava para nós com aquele olhar sincero e cheio de amor. Ela havia sido nossa menina desde o momento em que entrou em nossas vidas, mas agora, ali, diante de todos, ela parecia ser a peça que faltava
O som das ondas quebrando contra a areia era quase hipnotizante. A lua alta no céu refletia sua luz prateada sobre o mar tranquilo, criando um cenário mágico que parecia saído de um sonho. Mas não era um sonho. Era real. Era nossa lua de mel.Eu estava na varanda da nossa suíte, sentindo a brisa morna acariciar minha pele enquanto observava Isaías dentro do quarto, ocupado em abrir uma garrafa de vinho. Cada movimento dele era deliberado, cheio de uma calma encantadora que me fazia sorrir. Ele sempre parecia tão seguro de si, mas ali, sob o brilho suave das velas espalhadas pelo quarto, havia algo diferente nele. Algo mais leve. Como se, por um momento, todas as pressões do mundo tivessem se dissipado.Quando ele finalmente se aproximou, carregando duas taças, seus olhos escuros brilharam com algo indescritível. Um sentimento que fez meu coração acelerar. Ele me entregou uma das taças e, antes que eu pudesse levar o vinh
Alguns anos depois A azia não dava trégua. Desde que aquela maldita dor começara, Alby tentou de tudo: chá de ervas, remédios naturais, e até os comprimidos que eu trouxe com a certeza de que resolveriam o problema. Eu me via correndo de um lado para o outro, suando frio, com um semblante de preocupação estampado no rosto. Tudo o que eu queria era que ela ficasse bem, e nada parecia funcionar.— Isaías, não precisa exagerar — Alby me disse com uma voz calma, mas exasperada, enquanto eu observava ela se revirando na cama.— Exagerar? — Eu estava quase entrando em pânico. — Você mal comeu hoje e essa azia não passa. Eu não vou esperar mais. Vamos ao hospital.Antes que ela pudesse protestar, já a ajudei a levantar, quase a conduzindo para o carro como se fosse uma criança. Minha cabeça estava em um turbilhão de pensamentos. O que se passava com ela? Por que ela estava assim? Por que ela não estava melhorando?Eu dirigia sem
— Que merda é essa?! — gritei, a raiva fervendo em minhas veias como um vulcão prestes a entrar em erupção. A cena diante de mim parecia uma piada de mau gosto, um pesadelo que eu esperava apenas encontrar nas novelas mexicanas. Mas ali estava eu, diante da realidade cruel e suja, muito pior do que qualquer ficção. Depois de dias longe, me deparo com a imagem que jamais imaginei ver: meu namorado, jogado na cama da minha melhor amiga, com quem divido meu apartamento. Nu. Por cima dela. E Ana, aquela desgraçada, se contorcia como uma gata no cio, miando de tanto prazer, como se estivesse tirando um atraso de anos. Que pesadelo! A traição não era apenas uma facada; era uma tortura, um golpe baixo na confiança que eu havia depositado naqueles dois. Eles estavam me fazendo de trouxa esse tempo todo, fingindo uma animosidade na minha frente e se comendo pelas minhas costas. Meus olhos ardiam. Não sabia se era pela raiva ou pela decepção. Talvez pelos dois. Eu estava parada
Alguns anos depois… — Nossa gata, hoje você humilhou! Pensei que teríamos que tirar a senhora Gomes a força da sala de reuniões. — Para você vê Marco , que ninguém mandou ela querer vir com mentiras, já havíamos alertado, que caso os números da franquia dela não melhorasse, iríamos pedir para que se retirasse do grupo. Ela pagou para ver… e agora, está fora! Marco fica me olhando, sei que meu amigo ainda se espanta com a forma que eu levo meu trabalho. Mas se ele soubesse que tudo isso aqui é apenas um disfarce, que na realidade inventei um personagem quando cheguei aqui e ainda faço uso dele. Quando um amigo me ofertou essa vaga de trabalho na empresa de um amigo. Eu quase declinei, porque não queria ficar longe do Denis e muito menos minha até então, “amiga”, Ana. Mas quando vi os dois na maior safadeza em minha casa, aquilo foi o combustível que me faltava. Eu não morria de amores pelo Denis, mas tínhamos algo legal. E de repente ser sacaneada do jeito que eu