2- Um dia eu voltarei

Anyelle

Meu sangue ferveu na hora, comecei a chorar desesperada. Desgraçado maldito!

Fiquei no chão chorando, até que a porta se abre, e uma Bruna com sangue nos olhos aparece, mas ainda são dez da noite.

— O que aconteceu?

— Fui demitida

— Nossa sinto muito, o que houve?

— Eu tive uma leve discussão com um cliente.

— Leve?

— Ta, eu soquei a cara do imbecil, mas ele passou a mão em mim.

— Que absurdo.

— Minha única preocupação agora, é como vamos nos sustentar.

— Eu vou embora

— O que, nem pensar, pra onde você vai, eu sou responsável por você agora.

— Eu não posso viver a suas custas Bru. Eu preciso me virar.

— E pra onde a senhorita pensa em ir. Sua única família ta de baixo de sete palmos... Ah Any me desculpa, as vezes não controlo minha língua.

— Tudo bem Bru, é a realidade.

— Você não vai embora.

— Mas eu só tenho 13 anos, ainda não posso trabalhar, como vou te ajudar.

— Vamos dar um jeito, eu irei procurar outro emprego.

A Bruna é uma pessoa maravilhosa, me reencontrou ontem depois de anos, e já me trata como uma irmã, ela nem parece ter seus 18 anos, é um doce de pessoa e tão madura.

...

Semanas se passaram, e Bruna ainda não havia arrumado emprego, e o dinheiro que ela recebeu do antigo trabalho já estava acabando.

— Any, meus pais me ligaram, e eu falei toda situação que estávamos passando, e eles querem que a gente vá morar com eles.

— Mas seus pais moram em Londres.

— Sim e nós iremos.

— Nós?

— Claro, sou sua irmã, e não te deixarei.

Meus olhos lacrimejam.

— Eu juro que um dia irei te recompensar por tudo que tem feito por mim.

— Só em ver esse seu sorriso já estou recompensada.

Dias Depois

Como eu precisei fazer a solicitação da segunda via de meus documentos e passaporte, devido ao roubo, não pudemos ir atrás do visto. Porém acabei de recebe-los e já fomos na entrevista para tirar o visto. Já havia feito viagens internacionais com meus pais. Mesmo meu pai sendo procurado pela polícia, sempre viajamos em jatinhos particulares, e a polícia nunca o pegou.

Mas fomos surpreendidas com a necessidade da autorização dos pais para viagem. Sou menor de idade, e não pensamos que precisaria de permissão assinada, mesmo viajando com uma pessoa maior de idade.

— Que droga Bruna, porque não avisaram antes, só fizemos gastar dinheiro com o pedido de entrada dos vistos.

— Não podemos sair do país sem autorização dos seus pais.

— Meus pais morreram, eles tem que entender.

— Se souberem te levam para um orfanato Any, eu não tenho nenhum parentesco com você para ser responsável.

— Oque faremos?

Ficamos ali sem saber oque fazer, já sinto lágrimas nos olhos. Percebo um velho me olhando e já sinto medo de ser um homem do Ph.

— Bruna, aquele cara não tira os olhos de mim.

— Pedófilo, esse cara tem a idade do meu avô. Vou armar barraco.

— Não Bru, e se ele for homem do Ph. Temos que sair daqui.

Antes de conseguir sair, o homem se aproxima e já me preparo para correr.

- Anyelle ?

— Não, você me confundiu.

- Eu sou Celso Lopez, o advogado do Alexandre. — eu lembro desse nome, Celso Lopez, meu pai já falou dele. — Eu te procurei tanto depois que soube da morte de seus pais.

— O que você quer com ela? — Bruna pergunta com desconfiança.

— Eu fui muito fiel ao seu pai, e ele me deixou uma missão.

— Missão? — pergunto sem entender, meu pai nunca comentou nada sobre.

— Sim, venham comigo.

— Só avisando que eu tenho um spray de pimenta e sei usá-lo. — Bruna fala me defendendo.

Fomos com ele até uma sala.

— Você tem os olhos da sua mãe.— ele diz e me sinto triste, nunca vou me conformar com essa perda.

— Deixa de falar nos olhos dela e vamos focar no assunto que nos trouxe aqui.

Ele me entrega uns papéis e eu leio, mas entendo nada.

— O que é isso?

— O testamento do seu pai. Ele deixa tudo pra você e sua mãe, mas como sua mãe também faleceu, tudo vai pra você, todos os bens dele, como a casa na praia e a fazenda, além de uma boa quantia em dinheiro, mas que você só pode retirar quando fizer 18 anos. Porém receberá todo mês uma pensão para se sustentar.

— Eu tô rica?

— Diria milionária, seu pai tinha muito dinheiro.

— Olha só minha florzinha, que notícia boa.

— E como eu faço para receber esse dinheiro?

— Como eu disse, você só pode retirar o dinheiro quando tiver 18 anos, mas a pensão você receberá todo mês. Como seus pais tinham medo que acontecesse algo a eles, me foi dado a missão de redigir uma documentação que a torna emancipada.

— Nossa isso é ótimo, facilitará minha vida.

— Podemos resolver tudo hoje mesmo.

— Claro, quanto antes melhor.

Passamos praticamente a tarde toda assinando papelada, recebi na hora um cartão, onde será debitado a pensão que receberei todo mês. E o número da conta onde se encontra meus milhões. Meu Deus, eu tô rica.

— Ainda vai querer ir para Londres, você esta rica agora. — Bruna diz animada.

— Nós estamos ricas amiga, e sim irei. Quanto mais longe eu ficar, melhor.

— Seu cartão é internacional, então não terá problemas em usá-lo em outro país. Mas peço que assim que fizer 18 anos, abra uma conta no país que mora e transfira uma parte de seu dinheiro, para não está precisando voltar ao Brasil para ir a banco.

— Entendido e as propriedades?

— Tudo está em seu nome, você decide oque fazer com elas. Apenas as casas do morro que não será possível reverter a situação, você não pode nem pensar em voltar lá.

— Mas as casas do morro continuam sendo minhas?

— Sim, você é a única herdeira, mas agora ele foi tomado, e se eu fosse você nem chegaria mais perto de lá, você viu oque aconteceu com meu amigo e sua mãe. Você está milionária Anyelle, nem vai sentir falta das casas daquele lugar.

Engano seu, foi o lugar onde me criei e vivi com meus pais, Claro que sentirei falta e vou querer de volta.

— Tudo bem, ficarei longe.

— Com essa emancipação não teremos problemas em viajar para fora do país, não iremos mais precisar de autorização?

— Não, é como se ela fosse maior de idade e totalmente independente.

— Celso pode nos ajudar a tirar o visto, acho que você como advogado pode acelerar as coisas.

— Sim, como trabalho aqui, farei o possível para adiantar as coisas, não se preocupem, logo estará com seu visto em mãos.

Agradeço ao Celso e saio feliz de lá, tenho todas as documentações dos meus bens guardadas em um cofre. Agora é seguir minha vida. Claro que não saiu de graça esse trabalho, Celso recebeu uma fortuna do meu pai e também tive que pagar a ele uma grande quantia, mas valeu a pena, ele foi realmente bem fiel ao meu pai, pois se fosse outro, eu tinha levado um golpe e nunca iria saber da minha fortuna.

Agora é uma nova vida em Londres, mas nunca esquecerei oque passei aqui, um dia eu voltarei e me vingarei.

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