Entre a Lei e o Crime- O DONO DO MORRO E A POLÍCIAL
Entre a Lei e o Crime- O DONO DO MORRO E A POLÍCIAL
Por: Dreeh Lopes
1- Meu mundo caiu

Anyelle

10 anos Antes

— Estão invadindo o morro, filha vai para o quarto blindado, e só abra a porta quando eu, ou seu padrinho aparecer.

— E a mamãe?

— Já mandei uns vapores procurarem ela, fica calma minha princesa, o papai vai voltar.

Ele sai e eu me tranco no quarto blindado, começo a chorar desesperada. Já aconteceu várias invasões, e meu pai sempre vence. Mas dessa vez eu me sinto angustiada. Escuto tiros cada vez mais altos, e me encolhi com medo.

Alguém b**e na porta e eu me assusto.

— Filha abre, é a mamãe.

Abro a porta e abraço a mamãe, ela estava junto com um vapor.

- Entra patroa, e já sabe, não abram a porta para ninguém.

Fico abraçada a minha mãe, e choramos juntas.

— Filha me escuta, não saia daqui por nada.

— Onde vai mamãe?

— Vou atrás do seu pai, sinto que ele precisa de mim.

— Não vai mamãe, tem muito tiro.

— A mamãe sabe se defender amor, fica aqui, eu já volto, e vou trazer seu pai junto.

— Não mamãe .

— Filha, você já tem 13 anos, é uma mocinha, entenda meu amor, a mamãe precisa ajudar nosso morro, eu ficarei bem, não é a primeira vez que a mamãe vai a guerra, eu te amo Any, tranque a porta.

Ela sai e eu tranco a porta chorando muito, aquela angustia não sai de mim.

Passou horas e os tiros diminuíram. Batem na porta e eu sorrio, ouvindo a voz do dindo.

— Any abre a porta rápido.

— Dindo

— Any me escuta, você precisa fugir, o morro foi tomado.

— Cadê o papai e a mamãe?

— O PH matou os dois.

Meu mundo caiu, desmoronou, se destruiu.

— Any olha pra mim, o Ph matou o Terror, e depois matou sua mãe, para ela não assumir o morro, e agora ele esta atrás de você, e quer te matar, pois você é a herdeira do morro. Any precisamos fugir, vou te manter segura princesa.

Eu paralisei, não conseguia falar nada, só queria meus pais aqui.

— Princesa não temos tempo de levar nada, peguei um dinheiro do cofre do seu pai, guarda isso com você, temos que ir Any.

Descemos correndo, encontramos alguns vapores do tal Ph no caminho, e meu dindo matou todos. Ficamos um tempo escondidos em um beco. Até meu dindo ser rendido por um cara.

— Any corre... fuja!

Saí correndo, e ouço um disparo, olho para trás, e vejo o meu dindo morto, com um tiro na cabeça. Corri o mais rápido que pude, fui me escondendo entre os becos, até conseguir sair do morro.

Eu já estava bem longe do morro, mas continuei correndo, quando eu já não aguentava mais, parei um pouco.

Fiquei caminhando sozinha, naquela madrugada fria, correndo o risco de ser assaltada, estuprada ou até morta. Eu não sabia o que fazer, não tinha pra onde ir. Perdi meus pais e meu dindo, minha única família, estou sozinha nesse mundo.

Senti que estava sendo seguida, olho várias vezes para trás, um homem aponta uma arma pra mim. E já penso que é do bando do PH.

- Anda, passa a mochila e não faça escândalo ou eu atiro.

Entreguei minha mochila a ele, com medo, mas um pouco aliviada por não ser um cara do PH. Melhor assaltada do que morta.

Já estava caminhando por horas, não sabia que horas eram, a noite estava fria e minha barriga estava roncando. Vi que eu tinha alguns trocados no bolso do meu shorts, lembro que foi o troco do picolé que comprei antes de tudo acontecer.

Logo a frente vi uma lanchonete e entrei para ver oque eu conseguia comprar com 4,25. A garçonete vem até mim e a reconheço, era a Bruna, filha da antiga dona da lanchonete lá do morro. Eu lembro que adorava os salgados de lá.

— Anyelle, quanto tempo.

— Oi Bruna, faz muito tempo mesmo. Como está a dona Carla e o senhor Alberto?

— Morando em Londres, papai recebeu uma proposta de emprego e desde então vivem lá.

— Que legal, fico feliz por eles.

— Então me conta, fugiu de casa, porque tá sozinha a essa hora na rua?

Eu conto tudo a Bruna, e ela me ouve atenta.

— Meus Deus, sangue de Jesus tem poder, como você sofreu menina. Você precisa sair das ruas, é perigoso demais, você deu sorte por ter sido apenas roubada. Me espera aí, logo estou saindo do trabalho e te levo para minha casa.

Fui com a Bruna, como a conhecia, fiquei um pouco tranquila. Pelo menos por essa noite não iria dormir nas ruas.

— Só tem um quarto, podemos dormir na mesma cama, se você não se incomodar.

— Claro que não me incomodo, você já ta fazendo muito por mim.

Eu penso em tudo que passei hoje, queria que fosse um pesadelo e quando eu acordasse meus pais estivessem aqui, mas sei que não será assim, eu nunca irei vê-los novamente.

Eu juro que vingarei a morte dos meus pais, e do meu dindo, e o pior que nem sei se vó Olivia e o Gabriel estão vivos. Biel é filho do dindo e vó Olivia mãe, a considero como vó. Ph eu te odeio com todas as minhas forças, e te farei pagar por todo mal que me causou.

...

Depois de vários pesadelos eu me acordo, tive uma péssima noite. Vejo que a Bruna ainda dorme, coitada, passou a noite cuidando de mim.

Levantei, fiz minha higiene com uma escova que ela me deu ontem. Fui até a cozinha e preparei alguma coisa para eu e Bruna, posso está sendo incoveniente em mexer nas coisas dela, será que ela vai se incomodar.

— Bom dia florzinha, acordou cedo.

— Bom dia Bru, eu fiz o café, desculpa mexer nas suas coisas.

— Que isso, eu disse para ficar a vontade.

— Vem, vamos tomar café.

— Então como você ta se sentindo hoje?

— Melhor, mas ainda dói.

— E vai doer ainda por muito tempo, você é tão jovem, não merecia tá passando por isso.

— Oque vou fazer da minha vida, não tenho parentes.

— Você pode ficar comigo.

— Mas não tenho como pagar e nem posso trabalhar.

— Não se preocupe com isso, vamos nos virar.

Bruna foi trabalhar e fiquei sozinha em casa, a noite chegou e já fiz o jantar, eram nove horas, e a Bru só chega de madrugada. Fiquei assistindo o jornal, vi uma reportagem que me deixou em pânico.

"O morro Senegal foi tomado essa noite, o antigo dono, Alexandre Soares, vulgo Terror, foi morto junto com sua esposa Priscila, o novo dono é o jovem Phellipe, vulgo PH de 18 anos. Nosso helicóptero está sobrevoando o morro, e da para ver nitidamente vários corpos no chão."

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