Cristina, uma mulher de 34 anos de idade, moradora da grande metrópole de São Paulo. Vive somente com seus dois filhos em um pequeno e confortável apartamento deixado pelo que um dia foi o seu marido. Ela, cada dia que acorda e se olha no espelho de seu banheiro, percebendo as marcas do tempo em sua aparência lhe atinge dia após dia, era até frustrante ter que se olhar no espelho enquanto escova seus dentes.
Cristina ficava se perguntando porque tudo na vida amorosa dela deu errado? E o porquê suas escolhas de vida as transformaram tanto? Ficava recordando todos os dias do seu jeito doce com a vida, seu otimismo, e hoje, parece viver em amarguras e saudades do que um dia foi no passado não tão distante.
E sem controlar seus pensamentos, começou a recordar tudo que viveu antes de transformar-se nessa mulher de hoje, fria e um pouco amargurada. Cristina era muito romântica, parecia até estranha que um dia chegasse a ser como é hoje,fechada para o amor .
Nunca foi de muitos namorados, seu sonho era se casar com o seu amor verdadeiro, ter seu príncipe encantado popularmente desejado por todas suas amigas. Vivia imaginando viver um amor de novela, com direito a declarações e um homem que a amasse com toda a sua alma.
Quando completou vinte cinco anos, conheceu Thomas. Ele era o seu sonho de amor que sempre quis, tinha mais de 1,80 de altura, pele morena, seus cabelos eram ondulados. Fazendo com que ficasse mais charmoso do que era, seus olhos eram castanhos-claro, seus lábios eram carnudos, e ela desde que o viu, desejava ser beijada intensamente por ele.
Mas o que a deixava mais atraída por ele, era a sua personalidade que o fazia ser mais atraente aos olhos apaixonados da jovem e romântica Cristina. Thomas era tímido e bem calado, já ela era o oposto dele, tinha somente 1,60 de altura, cabelo liso e comprido preto, seus olhos eram verdes, e sua personalidade era muito extrovertida.O romance entre os dois iniciou logo após Cristina ingressar na universidade.
Como eram diferentes entre si, até os cursos eram opostos, Ela cursava Administração da área das ciências sociais,e ele, Engenharia civil, do mundo das ciências exatas. Cristina, entrou no curso por causa de um sonho, sempre quis ter sua própria empresa, ser dona de algo e poder alcançar o sucesso como empresária.
E Thomas, diferente dela, estava na faculdade por pressão familiar, como eram mais abastados financeiramente falando e tinham uma empresa de construção civil, um dos filhos tinham que seguir com os negócios da família, e ele foi o escolhido por seu pai.
A paixão dos dois, foi como o povo chama de amor à primeira vista, Cristina até no dia fez uma poesia para descrever o que seu corpo sentiu ao vê-lo andando em sua direção pelo corredor da faculdade. Thomas, quando a viu, abriu o mais lindo sorriso, que quase a fez derreter enquanto tentava seguir o trajeto até sua sala de aula. E a partir daí foi um pulo para os dois se aproximaram, e diferente da sua família, ele a incentivava em seu projeto de vida.
E tudo entre eles, hoje Cristina lembrando foi muito rápido, com menos de três meses ela foi apresentada para sua família. Ele fez uma cena digna do romance que ela via nos filmes e queria viver, ajoelhou e a pediu em namoro na frente de todos, depois desse dia eles não desgrudaram mais.
Tudo durante cinco anos foi um verdadeiro conto de fadas, tinha um parceiro doce, companheiro que sempre a fazia se sentir amada. Ela se gabava com suas amigas, do quanto a vida foi boa com ela, a trazendo um verdadeiro príncipe encantado. Ao terminarem seus cursos na faculdade, decidiram que iam morar juntos naquele ano.
Um mês depois de irem para o apartamento que Cristina vive até hoje, ela descobriu que estava grávida. No começo foi um susto para ela, mas como tinha certeza absoluta da relação com Thomas, isso não atrapalha a história deles, mesmo parecendo que pularam fases a serem feitas em seu relacionamento. Mas como ela o amava, achava que nada mudaria o amor de Thomas por ela.
Cristina fechou o espelho do banheiro, seu semblante estava sério, seus olhos cheios de lágrimas. Lembrou que preparou uma surpresa no dia que descobriu sua gravidez, arrumou a roupinha de um bebê na cama, balões espalhados, frase escrita: você foi promovido ao cargo de papai!
Thomas nunca atrasou para chegar em casa, mas nesse dia começou a passar do horário combinado. Ela ficou horas esperando, quando estava cochilando duas horas depois, escutou a porta do apartamento ser aberta. Porém, ele estava diferente, bêbado e com marcas de batons de variadas cores em sua camisa.
Cristina parecia agora que lembrava do baque que foi aquela cena, e quando ela perguntou, diferente dos cinco anos juntos, Thomas pela primeira vez foi ríspido e gritou para ela deixá-lo em paz. Ela, por amor, ainda o ajudou a ir para cama, tirou sua roupa suja que cheirava a perfume feminino barato.
Seu coração sofreu o primeiro golpe, será que seu amor estava com outra mulher? Ao pensar nessa hipótese, ela não queria acreditar que seria possível. No outro dia, ele ao acordar e ver a decoração deixada no quarto, parecia que voltou a ser o homem de sempre que ela conheceu. Se desculpou, ele no mesmo instante ligou para o médico da família e marcou uma consulta para aquela tarde.
Ao passarem na consulta, o doutor propôs que realizassem uma ultrassom para saberem de quantas semanas era o bebê. Cristina deitou na maca muito nervosa, passou uns minutos o doutor com a expressão surpresa disse:
— Mamãe, você foi presenteada pela vida.
— Por que doutor?
— Parabéns para os papais. — O doutor virou o monitor da ultrassom para que apontasse na tela, e revelou. — Está vendo esses dois sacos gestacionais? Significa que tem dois bebês! E já está com oito semanas de gestação.
— Doutor, fale o mês que está! Não entendo nada de semanas. — Perguntou Thomas, o doutor riu, pois era normal pais de primeira viagem não saberem essas coisas de semanas da gravidez.
— Papai, a mamãe aqui está há dois meses. Parabéns aos papais em dose dupla!
Thomas levantou rindo comemorando a notícia, ela deitada, quase sentiu sua alma saindo na hora do seu corpo. Além de ser uma gravidez não planejada, ainda foi contemplada com dois filhos de uma vez só. Mas seu instinto materno já gritava dentro de si, o amor nasceu no mesmo instante que soube que seus filhos cresciam dentro dela.
Tudo era um sonho, mas a pergunta amarga que Cristina fez durante todos esses anos ao recordar tudo que viveu ao lado de Thomas: O porque o seu príncipe encantando se transformou em um sapo?
Todos que contaram a novidade, comemoraram e felicitaram o casal. Os pais dos dois, aconselharam que o casamento acontecesse antes que a barriga aparecesse. E depois de um mês, casou com Thomas no cartório, agora ela faria a sua família ao lado do homem da sua vida. Seria como nos livros agora, o fim do capítulo final, onde o casal vive feliz para sempre, mas o para sempre estava mais para o início de um epílogo de: A ruína de um feliz que devia ser para sempre na vida de Cristina mas não foi.Parecia que depois que casaram, seu agora marido Thomas, chegava tarde todas as noites. Evitava conversar com ela, e com a barriga surgindo, evitava ser visto ao seu lado. Ela, pela fragilidade do momento, ainda tentava entender as mudanças do comportamento do seu marido. Com tudo, nada poderia ser mais cruel com uma alma amorosa, o que vinha a seguir. Quando chegou com oito meses de gestação dos seus gêmeos, era um casal por sinal, os dois viviam brigando. Com direito a xingamentos, Cristina es
As duas mulheres o acompanharam, Cristina queria somente ter contato com hospital, quando seus bebês nascessem no mês seguinte. Ao entrarem sentaram-se, e o doutor Marcos sentou-se e começou a contar:— Bem, senhora Cristina. O seu esposo, o Thomas, se envolveu em acidente, colidindo com outro carro que vinha na pista contrária. — Ele está bem doutor? — Cristina agarrava com força sua mãe pelo braço com força, que nem percebia que fazia isso.— Eu peço que você seja forte, vejo que está grávida...— Diga logo doutor, por favor! — Gritou Cristina dentro da sala, nunca gostou de surpresas em sua vida.— Tem coisas nessa vida senhora que nos pega de surpresa....— Doutor não enrole, como está o meu marido? — Lágrimas brotavam em seu rosto, tinha que escutar o que já gritava em seu cérebro a resposta.— Eu sinto muito, mas infelizmente o seu esposo faleceu antes mesmo de chegar aqui no hospital.A cabeça da Cristina girou, parecia um filme de terror, onde agora seu pior pesadelo se torn
O príncipe encantado, lindo, gentil que Cristina amava com toda a sua alma, somente existia em sua cabeça, durante anos ele a enganava, e o pior, todos juntos escondiam isso dela. Todo seu lado mulher ferida pela traição recém descoberta, o amor que achou que viveu foi uma completo mentira, seu marido era um traidor.Cristina, olhava para todos enquanto a mulher falava, e todos abaixaram a cabeça de vergonha, somente os seus familiares pareciam tão chocados quanto ela. Deu um passo próximo do caixão para olhar mais um vez, agora no rosto pálido de Thomas. Os pais dele, somente repetiam olhando para ela:— Nós realmente sentimos muito Cristina, queríamos lhe contar mas nosso filho não nos permitiu, fique calma.Cristina, lembrou de como Thomas havia mudado de um tempo para cá, de como estava frio e até gritando com ela estava fazendo. Sua ficha começou a cair naquele momento, tudo fez sentido, e num ato de fúria, sem aviso prévio gritou com a voz carregada de raiva e mágoa:— Pois bem,
— Olha quem chegou na casa da vovó. — Silvia, agarrou Ângelo e Sofia, e vendo sua filha, deu um beijo em Cristina. — E você meu amor, está bem?— Sim mãe, papai já foi trabalhar?— Saiu daqui às seis, vamos tomar um café? Fiz um bolo de cenoura maravilhoso.— Nós já comemos algo, eu vou tomar somente aquele café preto que somente a senhora sabe fazer. Eu tento fazer igual, mas é impossível mãe!— A mãe de Cristina riu:— É os anos de experiência minha filha. E vocês, pequenos, querem o bolo da vovó?— Queremos! — Tudo era uma festa para eles, e como gêmeos, mesmo sendo diferentes, sempre respondiam juntos algumas frases sem ao menos combinar um com o outro.— Cristina, hoje você irá demorar para chegar?— Acho que não mãe, tenho uma reunião com um possível arquiteto lá na empresa, mas acho que até às seis da tarde eu chego.— Tudo bem então, vem que a mãe fará aquele frango assado que você ama.Mesmo com tudo que viveu, sua carreira profissional deslanchou. Abriu sua empresa de cosmé
Cristina, mesmo sendo quem é hoje em dia, quis fugir dali nesse exato momento. Fernando ainda não sabia o efeito que causava nela. Ela, fingiu não ouvi-lo, tinha que focar no que vieram fazer ali. Seu lado profissional tinha que ser o seu objetivo. Não podia quebrar a sua promessa!— Bem, Miguel me informou que você tem algumas ideias para me mostrar. Quero ver se a sua ideia combina com a que já possuo.— Claro. — Com um sorriso ele tirando da sua bolsa, ele jogou sobre a mesa vários papéis com o design da loja como se já estivesse pronta. Cristina ficou encantada, parecia que ele havia tirado suas ideias de tudo que sonhava para a sua loja. Ele, ao vê-la passando a mão nos desenhos, percebeu que tinha acertado o gosto dela, realmente os estudos prévios que havia feito, tinha o ajudado. Não podia perder esse trabalho por vários motivos, porém ele não queria deixar de estar ao lado de Cristina. Ele sentia que atrás daquela postura fechada, algo dizia para ele que no fundo ela era do
— Eu não devia ter feito isso! — Fernando, ao voltar para a sua casa, ficava repetindo para si mesmo essa frase. Como ele poderia ter beijado sua possível contratante? Dentro dele era um misto de emoção e medo do que acabou de fazer. Beijar alguém assim, sem nem ao menos conhecê-la, era algo novo em sua vida.Antes de chegar em casa, passou em uma loja de conveniência para comprar o que ele chamava todos os dias da sua janta. Que era um macarrão instantâneo, um salgado sabor carne e um refrigerante de soda. Fernando desde que a sua avó faleceu no ano anterior, era raro as vezes que ele preparava uma refeição de verdade. E Sônia, a ajudante em sua casa, nunca permitiu que a mesma cozinhasse para ele. Nunca foi de abusar das pessoas em sua vida, então se virava na cozinha como podia.Ao chegar em frente da sua casa, toda vez sem perceber, ele por segundos ficava receoso para entrar. Mesmo hoje ele sendo um homem adulto e que saiba se defender, o seu menino que ainda vivia dentro dele nã
Cristina, hoje amanheceu diferente dos outros dias, onde ficava olhando no espelho e revivendo toda sua vida por muito tempo. Enquanto se via refletida ficava passando a mão em seu rosto tentando encontrar alguma marca causada pelo tempo. Tentou falhamente esquecer o beijo com Fernando, porém era impossível que isso acontecesse, algo dentro dela havia mudado.Hoje, diferente dos outros dias, sem perceber escolheu a melhor roupa que possuía e até ousou passar um gloss com um tom bem claro de rosa. Os seus filhos ficaram encantados em como a sua mãe estava linda com um conjunto vermelho de um terno antigo que ela tinha, onde era um colete e uma calça da mesma cor em alfaiataria. Nem ela recordava a quanto tempo o guarda e fazia tempos que não o colocava.Ela tinha perdido a vontade de se arrumar a anos. Cristina não queria admitir mas toda essa produção era para alguém, sendo ele o recém contratado por ela para ser o arquiteto principal em sua nova loja, o Fernando. Na noite anterior ai
Cristina sentia a respiração de Fernando tão próxima que o seu coração acelerou sem que ela pudesse controlar, tinha medo dele conseguir escutar. Uma mecha solta do cabelo do Fernando roçava suavemente em seus lábios. Era um toque leve, era suave, mas que fez seu corpo inteiro reagir com um arrepio. Os olhos de Fernando estavam fixos nos dela, e a recordação do beijo do dia anterior percorreu sua mente, provocando outro arrepio involuntário. Era como uma confissão silenciosa do desejo que implorava dentro dela, suplicando por mais, muito mais daquele beijo.A respiração de Fernando tornou-se mais acelerada. O calor de seu corpo se aproximava, até que os dois estavam tão próximos que ele podia sentir o perfume suave dela, um aroma que parecia impregnado em sua mente. Nem ele entendia por que agia assim, mas algo nele ansiava desesperadamente por Cristina. A sua mão, hesitante, deslizou lentamente até sua cintura, e Cristina, sem se mover, apenas se deixava levar. Seu olhar denunciava