Cristina, mesmo sendo quem é hoje em dia, quis fugir dali nesse exato momento. Fernando ainda não sabia o efeito que causava nela. Ela, fingiu não ouvi-lo, tinha que focar no que vieram fazer ali. Seu lado profissional tinha que ser o seu objetivo. Não podia quebrar a sua promessa!
— Bem, Miguel me informou que você tem algumas ideias para me mostrar. Quero ver se a sua ideia combina com a que já possuo.
— Claro. — Com um sorriso ele tirando da sua bolsa, ele jogou sobre a mesa vários papéis com o design da loja como se já estivesse pronta. Cristina ficou encantada, parecia que ele havia tirado suas ideias de tudo que sonhava para a sua loja.
Ele, ao vê-la passando a mão nos desenhos, percebeu que tinha acertado o gosto dela, realmente os estudos prévios que havia feito, tinha o ajudado. Não podia perder esse trabalho por vários motivos, porém ele não queria deixar de estar ao lado de Cristina. Ele sentia que atrás daquela postura fechada, algo dizia para ele que no fundo ela era doce.
Aproveitou por breves segundos a visão dela admirando seu trabalho, como podia existir uma mulher tão linda assim?
— Eu estudando sobre a sua loja, vi que gosta muito de cores pastéis, com um toque de elegância e aconchego. Então, sugiro as cores rosas, lavanda e um pequeno toque de verde menta para trazer a delicadeza que o ambiente precisa. E, aqui no salão principal, eu sugiro que coloquemos luzes quentes e suaves trazendo o acolhimento para os clientes ao adentrar no espaço da loja.
Cristina, estava maravilhada com todas as ideias propostas por Fernando, ele entre todos que entrevistou, foi o que chegou onde ela queria. Muitos queriam até insinuar que ela não entendia de nada sobre o assunto, eles não comentavam além porque ela os cortava, mas sentia o tom de que somente homens entendiam do assunto. Ia agora lançar um teste para realmente ter certeza se Fernando era ideal para trabalhar com ela.
— Posso sugerir pontos a mudar em seus desenhos, senhor Fernando?
— Fique à vontade, tenho certeza que trabalharemos em conjunto, como uma equipe. — O coração de Cristina quase quis sair pela boca, teve que controlar-se muito para não dar um sorriso. Qual era o efeito que ele estava causando nela?
— Ótimo, vamos começar?
Uma hora que ela achava que no máximo iria ficar com ele, teve alguns que chegou ao recorde de dez minutos somente. Fernando, sem reclamar aceitou todas as mudanças que ela queria, e fez algo que anos ninguém fazia com Cristina, a fez rir com leveza.
Certo momento, ela foi apontar algo em um dos papéis de desenhos, as mãos dos dois se tocaram. Ao tentar fugir, pois sentiu um arrepio ao toque dele, Cristina não viu um pedaço de madeira atrás dela e iria tropeçar, mas antes de alcançar o chão, sentiu os braços de Fernando entrelaçar sua cintura, fazendo os seus corpos ficarem colados um no outro.
Fazia anos que ela não sentia o toque de um homem em seu corpo, ele quando puxou para junto do seu corpo, Cristina parecia escutar o coração dele batendo, os seus olhos agora próximos, pareciam enxergar a alma um do outro. Os seus lábios de ambos, implorando por um beijo. Tudo em volta dos dois, parecia em câmera lenta, somente o desejo que nasceu gritava dentro dela, e dele e sem nem entenderem o porquê, os dois deram um beijo profundo.
O beijo foi como um choque elétrico no corpo de Cristina, despertando sensações muito adormecidas dentro dela. A intensidade do momento a assustou, mas também a atraiu, como se um véu tivesse sido retirado, revelando um desejo que ela nem sabia que existia.
Fernando, com seus lábios macios e o calor de seu corpo, parecia ter desvendado um segredo guardado a sete chaves dentro dela. E a sua promessa, parecia ter sido quebrada naquele instante.
Quando o beijo terminou, o silêncio preencheu o espaço, carregado de uma tensão palpável entre os dois. Cristina se afastou, o rosto corado de vergonha e o coração acelerado. Ela não conseguia encontrar as palavras, perdida em meio a uma confusão de emoções.
Fernando, por sua vez, a observava com um brilho nos olhos, como se tivesse encontrado algo precioso que buscava há tempos.
— Cristina..— Ele começou, a voz rouca, mas ela o interrompeu, afastando-se ainda mais.
— Não diga nada. — Cristina sussurrou, a voz embargada. — Precisamos... precisamos terminar o trabalho aqui.
Apesar da tentativa de manter a compostura, a voz de Cristina tremia, denunciando o turbilhão de sentimentos que a invadiu de uma vez só, como um soco em seu coração. Ela pegou os desenhos, as mãos ainda trêmulas, e tentou se concentrar nas anotações, mas a imagem do beijo insistia em se repetir em sua mente.
Fernando, percebendo o desconforto dela, recuou, dando-lhe espaço. Ele sabia que havia ultrapassado um limite, mas não se arrependia. Havia algo em Cristina que o atraía irresistivelmente, uma mistura de força e fragilidade que o intrigava.
As horas seguintes foram um borrão, Cristina e Fernando mal se olhavam e focavam somente no trabalho, mas a tensão entre eles era quase sentida no ar. Cristina tentava se concentrar no trabalho, mas sua mente vagava para o beijo, para o toque de Fernando, para a forma como ele a fazia sentir. Ela se sentia vulnerável, exposta, como se ele tivesse visto através de todas as suas defesas,feito quebrar as suas promessas.
Quando finalmente terminaram a reunião, Cristina se sentiu exausta, tanto física quanto emocionalmente. Ela se despediu de Fernando com um aceno de cabeça, a voz presa na garganta, e saiu apressada, como se estivesse fugindo de algo. Ela sentia que tinha que fugir.
Ao entrar no carro, Cristina respirou fundo, tentando acalmar o coração que ainda estava acelerado. Ela precisava colocar seus pensamentos em ordem, entender o que havia acontecido. O beijo a havia desestabilizado, despertando emoções que ela havia enterrado há muito tempo.
Ela dirigiu sem rumo, perdida em seus pensamentos, até que parou em um parque tranquilo. Sentou-se em um banco, observando as crianças brincarem, e deixou as lágrimas rolarem livremente. Ela não sabia o que o futuro lhe reservava, mas sabia que algo havia mudado dentro dela. O beijo de Fernando havia aberto uma porta, revelando um lado seu que ela havia esquecido, um lado que ansiava por amor e conexão.
Cristina sabia que precisava ser forte, que não podia se deixar levar por seus sentimentos. Mas, pela primeira vez em muito tempo, ela se permitiu sentir, se permitiu questionar suas próprias escolhas. Agora, restava uma dúvida: Continuaria a trabalhar com Fernando ou preferiria manter ele bem longe?
— Eu não devia ter feito isso! — Fernando, ao voltar para a sua casa, ficava repetindo para si mesmo essa frase. Como ele poderia ter beijado sua possível contratante? Dentro dele era um misto de emoção e medo do que acabou de fazer. Beijar alguém assim, sem nem ao menos conhecê-la, era algo novo em sua vida.Antes de chegar em casa, passou em uma loja de conveniência para comprar o que ele chamava todos os dias da sua janta. Que era um macarrão instantâneo, um salgado sabor carne e um refrigerante de soda. Fernando desde que a sua avó faleceu no ano anterior, era raro as vezes que ele preparava uma refeição de verdade. E Sônia, a ajudante em sua casa, nunca permitiu que a mesma cozinhasse para ele. Nunca foi de abusar das pessoas em sua vida, então se virava na cozinha como podia.Ao chegar em frente da sua casa, toda vez sem perceber, ele por segundos ficava receoso para entrar. Mesmo hoje ele sendo um homem adulto e que saiba se defender, o seu menino que ainda vivia dentro dele nã
Cristina, hoje amanheceu diferente dos outros dias, onde ficava olhando no espelho e revivendo toda sua vida por muito tempo. Enquanto se via refletida ficava passando a mão em seu rosto tentando encontrar alguma marca causada pelo tempo. Tentou falhamente esquecer o beijo com Fernando, porém era impossível que isso acontecesse, algo dentro dela havia mudado.Hoje, diferente dos outros dias, sem perceber escolheu a melhor roupa que possuía e até ousou passar um gloss com um tom bem claro de rosa. Os seus filhos ficaram encantados em como a sua mãe estava linda com um conjunto vermelho de um terno antigo que ela tinha, onde era um colete e uma calça da mesma cor em alfaiataria. Nem ela recordava a quanto tempo o guarda e fazia tempos que não o colocava.Ela tinha perdido a vontade de se arrumar a anos. Cristina não queria admitir mas toda essa produção era para alguém, sendo ele o recém contratado por ela para ser o arquiteto principal em sua nova loja, o Fernando. Na noite anterior ai
Cristina sentia a respiração de Fernando tão próxima que o seu coração acelerou sem que ela pudesse controlar, tinha medo dele conseguir escutar. Uma mecha solta do cabelo do Fernando roçava suavemente em seus lábios. Era um toque leve, era suave, mas que fez seu corpo inteiro reagir com um arrepio. Os olhos de Fernando estavam fixos nos dela, e a recordação do beijo do dia anterior percorreu sua mente, provocando outro arrepio involuntário. Era como uma confissão silenciosa do desejo que implorava dentro dela, suplicando por mais, muito mais daquele beijo.A respiração de Fernando tornou-se mais acelerada. O calor de seu corpo se aproximava, até que os dois estavam tão próximos que ele podia sentir o perfume suave dela, um aroma que parecia impregnado em sua mente. Nem ele entendia por que agia assim, mas algo nele ansiava desesperadamente por Cristina. A sua mão, hesitante, deslizou lentamente até sua cintura, e Cristina, sem se mover, apenas se deixava levar. Seu olhar denunciava
Cristina observava o semblante dele à sua frente e viu o quanto as suas palavras o deixaram desapontado, algo dentro dela também estava. Não entendia essa vontade dentro dela em se justificar, ela somente queria fugir de qualquer envolvimento entre os dois.— Não sei o que deu em mim ontem, espero que não pense errado sobre a minha pessoa. Vamos deixar a nossa relação no campo profissional, e provavelmente você deve pensar o mesmo que eu. — Não deve colocar palavras na minha boca Cristina, eu tinha outros planos para nós….— Não pense, por favor. Não quero viver nada relacionado com romances em minha vida. Na sala ficou um silêncio entre os dois, Fernando queria argumentar e convencê-la a mudar de ideia, porém não podia obrigá-la. Cristina olhava somente para sua bolsa, aquela mesma voz de antes gritava para ela não fazer isso, não o afaste, entretanto o seus traumas e medos a impedia de querer algo a mais com ele. Ela ia levantando para partir, achou que o assunto já havia terminad
A correria da inauguração da Renova, com seus últimos detalhes e a ansiedade de todos eram visíveis, mas finalmente cedeu espaço para a empolgação dos preparativos da viagem que Cristina havia preparado. Cristina, com um sorriso radiante que iluminava seu rosto, distribuía os últimos detalhes aos funcionários, visivelmente animada com a perspectiva de presentear a equipe que tanto se dedicaram à construção de seu sonho. Fernando, observando-a de longe, sentia um calor estranho no peito, uma mistura de admiração e desejo que o consumia. Como ela era linda, pensou, com a luz do sol refletindo em seus cabelos e a alegria transbordando em seus olhos.Por dias, ele tentou se aproximar, buscando brechas em sua armadura, mas Cristina parecia evitá-lo a todo custo. No entanto, ele via nos olhos dela, fugazes e intensos, que o beijo trocado entre eles havia mexido com seus sentimentos, despertando uma chama que ela lutava para apagar. A viagem, pensou ele, seria um respiro necessário para tod
Os dois dias naquele paraíso em São Vicente fizeram que Cristina se divertisse como a muito tempo não fazia. Fernando a todo momento a fazia sorrir, ainda não tinha tido outro beijo entre eles, pois sempre alguém aparecia para atrapalhá-los. Um dia antes de voltarem para a cidade, Fernando esperou um breve momento a sós com Cristina para lhe falar algo. Correu e a puxou para trás de um quiosque que ficava próximo da praia.— Por que me puxou para cá, Fernando? — É que sei que não deseja que ninguém nos veja juntos, mas queria te comunicar que mais tarde te preparei uma surpresa.— Que tipo de surpresa? — Ela perguntou com curiosidade com uma pitada de ansiedade. Entretanto, Fernando somente sorriu antes de respondê-la:— Não vou estragar tudo que preparei para você. Espere, tenho certeza que adorará.Para a surpresa de Cristina, ele antes de sair quase que correndo, lhe roubou um selinho suave. Ela encostou suas costas próxima ao quiosque, como era maravilhoso se sentir assim, feli
Tudo foi tão maravilhoso entre os dois novos apaixonados depois daquela noite mágica sob as estrelas de São Vicente. Cada toque, cada olhar trocado à beira-mar, havia tecido uma tapeçaria de sentimentos que ambos ansiavam por continuar a explorar. Cristina estava radiante, um brilho suave emanava de seus olhos, refletindo a felicidade que há tanto tempo estava adormecida. O retorno para a cidade seria no dia seguinte, marcando o fim de uma breve fuga, mas o início de algo que ambos esperavam ser duradouro. A inauguração da Renova, a loja com móveis planejados que Cristina tanto se dedicou a construir, aconteceria na segunda-feira. Um evento que agora carregava uma expectativa ainda maior, a de compartilhar esse novo capítulo de sua vida com Fernando.A viagem de volta para São Paulo, na confortável van que os havia levado ao litoral, foi permeada por uma atmosfera de doce contentamento. Trocas de olhares discretos entre Cristina e Fernando eram constantes, como se seus olhos buscassem
— Não pode ser, Fernando irmão da que foi amante de Thomas! — Cristina falava consigo mesma no banheiro enquanto lavava o seu rosto. O baque de ver novamente alguém do seu passado, despertou vários gatilhos que agora ela achava que iria se curar. Não conseguia acreditar o quanto o destino a surpreendeu de novo!Foi quando escutou a porta do banheiro se abrir, tentou ir para dentro de uma cabine de um dos banheiros, mas ao virar-se deu de cara com ela, Gabriela. Que a olhava fixamente com um sorriso discreto em seu rosto:— Quando o meu irmão me avisou que havia conhecido uma mulher, eu cheguei a ficar feliz por ele. Entretanto, nunca imaginei que seria você!Aquele mesmo ódio que sentiu no dia do velório voltou, Cristina queria voar no p