Tudo foi tão maravilhoso entre os dois novos apaixonados depois daquela noite mágica sob as estrelas de São Vicente. Cada toque, cada olhar trocado à beira-mar, havia tecido uma tapeçaria de sentimentos que ambos ansiavam por continuar a explorar. Cristina estava radiante, um brilho suave emanava de seus olhos, refletindo a felicidade que há tanto tempo estava adormecida. O retorno para a cidade seria no dia seguinte, marcando o fim de uma breve fuga, mas o início de algo que ambos esperavam ser duradouro. A inauguração da Renova, a loja com móveis planejados que Cristina tanto se dedicou a construir, aconteceria na segunda-feira. Um evento que agora carregava uma expectativa ainda maior, a de compartilhar esse novo capítulo de sua vida com Fernando.A viagem de volta para São Paulo, na confortável van que os havia levado ao litoral, foi permeada por uma atmosfera de doce contentamento. Trocas de olhares discretos entre Cristina e Fernando eram constantes, como se seus olhos buscassem
— Não pode ser, Fernando irmão da que foi amante de Thomas! — Cristina falava consigo mesma no banheiro enquanto lavava o seu rosto. O baque de ver novamente alguém do seu passado, despertou vários gatilhos que agora ela achava que iria se curar. Não conseguia acreditar o quanto o destino a surpreendeu de novo!Foi quando escutou a porta do banheiro se abrir, tentou ir para dentro de uma cabine de um dos banheiros, mas ao virar-se deu de cara com ela, Gabriela. Que a olhava fixamente com um sorriso discreto em seu rosto:— Quando o meu irmão me avisou que havia conhecido uma mulher, eu cheguei a ficar feliz por ele. Entretanto, nunca imaginei que seria você!Aquele mesmo ódio que sentiu no dia do velório voltou, Cristina queria voar no p
Fernando chegou em casa com o peso de um mundo nos ombros, o coração em pedaços. Em poucos dias, Cristina havia se tornado importante em sua vida, uma presença tão necessária que jamais imaginou ser possível precisar. A intensidade desse sentimento o pegou desprevenido, e agora, a única coisa que o consumia era a necessidade urgente de desvendar o motivo por trás daquele fim.Ao cruzar a porta, encontrou Gabriela na sala, absorta em um filme que passava na televisão. A luz baixa da tela dançava em seu rosto, mas não conseguiu disfarçar a preocupação que a invadiu ao fitar a expressão sombria do irmão.— O evento de inauguração já terminou, Fernando? — Indagou ela, a voz carregada de uma cautela forçada. S
Cristina despertou com o corpo pesado, a cama parecia um ímã que queria prendê-la. Como o destino ousara trançar em sua vida um laço tão cruel, unindo Gabriela pelo sangue a Fernando? A noite anterior gravou em sua memória a tortura de romper o elo com Fernando, um nó que apertava sua garganta com cada palavra não dita. A verdade pelo fim dos dois, era o parentesco inesperado com Gabriela, permaneceria um segredo. Não magoaria Fernando a dor de um conflito familiar, conhecendo a fragilidade dos laços que o uniam à irmã, sabia que os dois eram órfãos.A ideia de exigir uma escolha dilacerava seu peito. Com um impulso, abandonou a cama, buscando refúgio na rotina, na solidez de sua empresa e no amor incondicional de seus filhos. Acreditava, ingenuamente, que a distância seria um bálsamo
Cristina correu até o pai bem rápido, a lembrança de ter negado qualquer envolvimento com Fernando mais cedo a atingiu com muita força, e agora ali estavam, flagrados por ele em um beijo. O olhar de seu pai a atingiu, carregado de uma decepção cortante, antes que ele quase se atirasse sobre Fernando, agarrando-o pelo colarinho da camisa, quase o levantando do chão.— Que história é essa de beijar a minha filha, mocinho? — A voz de Omar trovejava de raiva, e Cristina estremeceu, nunca o vira daquela forma, tinha que intervir antes que ele agredisse o Fernando.— Me perdoe, senhor, eu e a sua filha…— Solta ele, pai. Eu explico tudo para o senhor. — Cristina segurou os braços do pai, tentando faz&ecir
A mente de Gabriela ao ver o pai de Cristina atacando o seu irmão, pensou em um plano rápido, não poderia ser vista e tirou do seu bolso o seu celular. Jamais desconfiaram que ela, a irmã atenciosa de Fernando pensaria em criar um perfil virtual que usaria para destruir este relacionamento de Cristina e Fernando. Tinha que agir agora, antes que o seu passado fosse revelado.— Vou afastar você do meu irmão para sempre.— Ao finalizar a gravação, saiu o mais depressa possível do local, sua presença não podia ser notada.Ao chegar em casa, correu para a rede social e criou um perfil anônimo. Munida de informações sobre a reforma da loja e os encontros furtivos com o seu irmão, Gabriela semeou "indícios" na rede em vídeos editados e fotos alteradas.Eram sugestões maliciosas que, com a edição precisa, retrataram Fernando
Fernando, vendo ela abalada depois disso tudo que foi divulgado, desejava tomar essas dores para ele mesmo. Cristina estava deitada no seu colo, enquanto ele acariciava seus cabelos.— Quem será que está fazendo tudo isso comigo? Melhor falando, com nós, Fernando?— Alguém muito maldoso, fazer algo assim demonstra a falta de caráter da pessoa. Nem ligo em falarem sobre mim, mas ver tudo que estão te xingando, fico louco de ódio.Ainda abalada, ela olhou nos olhos dele, era bom ter um apoio nessa hora de conflitos. Lembrou-se dos anos que sofreu calada, mesmo tendo sua família não era a mesma coisa do que alguém de fora apoiá-la e lhe dar acalento.— Obrigada por ter vindo ao me
Fernando tentava processar todos os eventos que havia acontecido, a sua descrença ainda pairava como uma nuvem densa em sua mente. Não podia ser verdade, sua razão se voltada contra a cruel realidade que se apresentava diante dos seus olhos. Em um esforço desesperado por clareza, sua mente repassou a lista de pessoas que cruzavam dentro de seu lar: ele próprio, sua irmã Gabriela, e a fiel dona Sônia, a encarregada da faxina, uma presença constante e discreta dentro da sua casa.Enquanto era escoltado pelos corredores frios e silenciosos da delegacia, um único anseio consumia Fernando: a oportunidade de fitar os olhos de Cristina e desfazer a sombra de dúvida que certamente essa acusação contra ele. Fernando precisava, desesperadamente, clamar sua inocência, jurar que seus dedos jamais haviam digitado aquela