O príncipe encantado, lindo, gentil que Cristina amava com toda a sua alma, somente existia em sua cabeça, durante anos ele a enganava, e o pior, todos juntos escondiam isso dela. Todo seu lado mulher ferida pela traição recém descoberta, o amor que achou que viveu foi uma completo mentira, seu marido era um traidor.
Cristina, olhava para todos enquanto a mulher falava, e todos abaixaram a cabeça de vergonha, somente os seus familiares pareciam tão chocados quanto ela. Deu um passo próximo do caixão para olhar mais um vez, agora no rosto pálido de Thomas. Os pais dele, somente repetiam olhando para ela:
— Nós realmente sentimos muito Cristina, queríamos lhe contar mas nosso filho não nos permitiu, fique calma.
Cristina, lembrou de como Thomas havia mudado de um tempo para cá, de como estava frio e até gritando com ela estava fazendo. Sua ficha começou a cair naquele momento, tudo fez sentido, e num ato de fúria, sem aviso prévio gritou com a voz carregada de raiva e mágoa:
— Pois bem, obrigada por me contar que era amante do meu marido e me revelar o que todos me parecem agora que já sabiam. Vou lhe mostrar a porta da saída agora,querida. — Com força, do mesmo jeito que grudava no braço de Gabriela, a conduziu até a porta, jogando-a para fora da sala:
— Seu lugar é aqui, na rua. — A mulher ainda tentou retornar para dentro, mas o olhar que Cristina lançou, fez com que recuasse. — Nem pense em colocar mais um pé aqui dentro, estou me controlando pelos meus filhos que carrego para não dar na sua cara de pau em vim aqui me confrontar.
E num movimento brusco e violento, fechou a porta de vidro na cara da Gabriela, quando virou-se para quem estava na sala, todos ali estavam chocados com tudo que ela fez. Ninguém ali esperava o tanto de personalidade que Cristina tinha. Com os olhos em brasa, era raiva misturada com suas lágrimas, apontou para todos ali:
— E convido a todos que se retirem agora, aqui só ficará a família.— Todos se olhavam tentando decidir se iam ou não, mas o grito de Cristina os fizeram estremecer.
— Saiam daqui agora!
Ao saírem todos, ficando a sua família e a do seu marido, ela fechou a porta, suas pernas ficaram fracas, e seus pais a socorreram, a colocando sentada. Os pais de Thomas ao tentarem falar algo, ela já se antecipou, colocando a mão em sinal para eles ficarem longe dela:
— A partir de hoje, minha relação com os senhores terminou aqui. Descobrir no meu pior momento da minha vida, onde perdi o meu amor, que eu era traída, não só pelo filho de vocês, mas por todos, me doeu mais do que machucaria se soubesse antes do dia de hoje.
Eles se calaram, e até o fim do velório, ninguém falou mais nenhuma palavra naquela sala. Cristina chorava com dor e uma mágoa que crescia em seu peito, todo o sonho de amor verdadeiro era uma ilusão!
Estava humilhada, ferida e agora, sozinha com dois filhos para criar. E naquele instante, lhe fez uma promessa para si mesma que se dependesse dela, eles não sofreriam pela falta de um pai, pois ela daria somente para eles todo o amor, não abriria seu coração para mais ninguém.
Anteriormente, quando escutava outras mulheres lhe contando de traições e sobre amantes, nunca imaginou viver isso um dia. Ao amanhecer, na hora do enterro, Cristina também enterrou o último pedaço do seu coração junto com o corpo de Thomas, sua vida seria para seus filhos e o seu projeto de vida.
Suas lembranças foram interrompidas por batidas na porta, e vozes infantis que a chamavam:
— Mamãe, mamãe. — Cristina simulou um sorriso, limpando as lágrimas em seu rosto.
— A mamãe está saindo dos meus amores.
Abrindo a porta, seus filhos amados, que a ajudaram a passar pela dor, estavam sentados em sua cama. Ângelo e Sofia, cada um parecia com um dos pais. Ângelo lembrava ela, mas a personalidade era do pai, e a Sofia era Thomas na aparência, porém o seu gênio era o dela todo.
— Mamãe hoje você trabalha?— Perguntou Ângelo enquanto limpava o seu nariz, que estava curando de uma gripe recente. Seus pequenos eram a cópia dela e de Thomas, seu menino lembrava ela e sua filha, era o rosto do pai.
— Sim, hoje mamãe trabalha, vocês ficaram com a vovó Silvia. Mas antes, os dois vem aqui me dar um grande beijo de bom dia.
— A senhora vai demorar mamãe?- A pequena Sofia lhe deu um beijo, depois de lhe perguntar isso.
— Não sei filhinha, mas prometo que ao terminar, vou voltar correndo para os meus amores maiores. E trarei guloseimas para vocês.
— Eba! — Em coro os dois comemoraram, era fácil os agradarem. Eram os motivos da Cristina lutar, levou os pequenos ao banheiro e lhes deu um banho e depois desceram para tomar café da manhã.
E foram rumo logo a seguir, à casa da sua mãe, sua grande parceira em tudo que viveu, a sua melhor amiga, afinal, nunca virou as costas. Seus filhos amavam a vovó Silvia e o vovô Omar.
Era de lei, chegar em frente a casa deles e os dois pequenos entrarem correndo gritando o nome dos avós. Cristina tinha sua rede de apoio, que era sua família amada.
Somente esses dois pequenos eram capazes de ainda obter algum sentimento e demonstração de amor de Cristina. Eles se tornaram o centro do mundo dela, seria capaz de tudo para protegê-los. Todos à questionavam o porque não ia em busca de um novo amor, mas só dela ouvir sobre o tema, ela recordava tudo que viveu e o medo a preenchia em imaginar passar por tudo de ruim que aconteceu novamente.
Cristina havia criado uma casca em volta do seu coração para seguir em frente, hoje dona da sua empresa e independente, decidiu que o tópico amor em sua vida estava descartado para sempre. Entretanto, a vida nos surpreende, ela não é algo controlado por Cristina e mais adiante, algo novo a encontraria pelas estradas do destino que já estava traçado em seu caminho.
— Olha quem chegou na casa da vovó. — Silvia, agarrou Ângelo e Sofia, e vendo sua filha, deu um beijo em Cristina. — E você meu amor, está bem?— Sim mãe, papai já foi trabalhar?— Saiu daqui às seis, vamos tomar um café? Fiz um bolo de cenoura maravilhoso.— Nós já comemos algo, eu vou tomar somente aquele café preto que somente a senhora sabe fazer. Eu tento fazer igual, mas é impossível mãe!— A mãe de Cristina riu:— É os anos de experiência minha filha. E vocês, pequenos, querem o bolo da vovó?— Queremos! — Tudo era uma festa para eles, e como gêmeos, mesmo sendo diferentes, sempre respondiam juntos algumas frases sem ao menos combinar um com o outro.— Cristina, hoje você irá demorar para chegar?— Acho que não mãe, tenho uma reunião com um possível arquiteto lá na empresa, mas acho que até às seis da tarde eu chego.— Tudo bem então, vem que a mãe fará aquele frango assado que você ama.Mesmo com tudo que viveu, sua carreira profissional deslanchou. Abriu sua empresa de cosmé
Cristina, mesmo sendo quem é hoje em dia, quis fugir dali nesse exato momento. Fernando ainda não sabia o efeito que causava nela. Ela, fingiu não ouvi-lo, tinha que focar no que vieram fazer ali. Seu lado profissional tinha que ser o seu objetivo. Não podia quebrar a sua promessa!— Bem, Miguel me informou que você tem algumas ideias para me mostrar. Quero ver se a sua ideia combina com a que já possuo.— Claro. — Com um sorriso ele tirando da sua bolsa, ele jogou sobre a mesa vários papéis com o design da loja como se já estivesse pronta. Cristina ficou encantada, parecia que ele havia tirado suas ideias de tudo que sonhava para a sua loja. Ele, ao vê-la passando a mão nos desenhos, percebeu que tinha acertado o gosto dela, realmente os estudos prévios que havia feito, tinha o ajudado. Não podia perder esse trabalho por vários motivos, porém ele não queria deixar de estar ao lado de Cristina. Ele sentia que atrás daquela postura fechada, algo dizia para ele que no fundo ela era do
— Eu não devia ter feito isso! — Fernando, ao voltar para a sua casa, ficava repetindo para si mesmo essa frase. Como ele poderia ter beijado sua possível contratante? Dentro dele era um misto de emoção e medo do que acabou de fazer. Beijar alguém assim, sem nem ao menos conhecê-la, era algo novo em sua vida.Antes de chegar em casa, passou em uma loja de conveniência para comprar o que ele chamava todos os dias da sua janta. Que era um macarrão instantâneo, um salgado sabor carne e um refrigerante de soda. Fernando desde que a sua avó faleceu no ano anterior, era raro as vezes que ele preparava uma refeição de verdade. E Sônia, a ajudante em sua casa, nunca permitiu que a mesma cozinhasse para ele. Nunca foi de abusar das pessoas em sua vida, então se virava na cozinha como podia.Ao chegar em frente da sua casa, toda vez sem perceber, ele por segundos ficava receoso para entrar. Mesmo hoje ele sendo um homem adulto e que saiba se defender, o seu menino que ainda vivia dentro dele nã
Cristina, hoje amanheceu diferente dos outros dias, onde ficava olhando no espelho e revivendo toda sua vida por muito tempo. Enquanto se via refletida ficava passando a mão em seu rosto tentando encontrar alguma marca causada pelo tempo. Tentou falhamente esquecer o beijo com Fernando, porém era impossível que isso acontecesse, algo dentro dela havia mudado.Hoje, diferente dos outros dias, sem perceber escolheu a melhor roupa que possuía e até ousou passar um gloss com um tom bem claro de rosa. Os seus filhos ficaram encantados em como a sua mãe estava linda com um conjunto vermelho de um terno antigo que ela tinha, onde era um colete e uma calça da mesma cor em alfaiataria. Nem ela recordava a quanto tempo o guarda e fazia tempos que não o colocava.Ela tinha perdido a vontade de se arrumar a anos. Cristina não queria admitir mas toda essa produção era para alguém, sendo ele o recém contratado por ela para ser o arquiteto principal em sua nova loja, o Fernando. Na noite anterior ai
Cristina sentia a respiração de Fernando tão próxima que o seu coração acelerou sem que ela pudesse controlar, tinha medo dele conseguir escutar. Uma mecha solta do cabelo do Fernando roçava suavemente em seus lábios. Era um toque leve, era suave, mas que fez seu corpo inteiro reagir com um arrepio. Os olhos de Fernando estavam fixos nos dela, e a recordação do beijo do dia anterior percorreu sua mente, provocando outro arrepio involuntário. Era como uma confissão silenciosa do desejo que implorava dentro dela, suplicando por mais, muito mais daquele beijo.A respiração de Fernando tornou-se mais acelerada. O calor de seu corpo se aproximava, até que os dois estavam tão próximos que ele podia sentir o perfume suave dela, um aroma que parecia impregnado em sua mente. Nem ele entendia por que agia assim, mas algo nele ansiava desesperadamente por Cristina. A sua mão, hesitante, deslizou lentamente até sua cintura, e Cristina, sem se mover, apenas se deixava levar. Seu olhar denunciava
Cristina observava o semblante dele à sua frente e viu o quanto as suas palavras o deixaram desapontado, algo dentro dela também estava. Não entendia essa vontade dentro dela em se justificar, ela somente queria fugir de qualquer envolvimento entre os dois.— Não sei o que deu em mim ontem, espero que não pense errado sobre a minha pessoa. Vamos deixar a nossa relação no campo profissional, e provavelmente você deve pensar o mesmo que eu. — Não deve colocar palavras na minha boca Cristina, eu tinha outros planos para nós….— Não pense, por favor. Não quero viver nada relacionado com romances em minha vida. Na sala ficou um silêncio entre os dois, Fernando queria argumentar e convencê-la a mudar de ideia, porém não podia obrigá-la. Cristina olhava somente para sua bolsa, aquela mesma voz de antes gritava para ela não fazer isso, não o afaste, entretanto o seus traumas e medos a impedia de querer algo a mais com ele. Ela ia levantando para partir, achou que o assunto já havia terminad
A correria da inauguração da Renova, com seus últimos detalhes e a ansiedade de todos eram visíveis, mas finalmente cedeu espaço para a empolgação dos preparativos da viagem que Cristina havia preparado. Cristina, com um sorriso radiante que iluminava seu rosto, distribuía os últimos detalhes aos funcionários, visivelmente animada com a perspectiva de presentear a equipe que tanto se dedicaram à construção de seu sonho. Fernando, observando-a de longe, sentia um calor estranho no peito, uma mistura de admiração e desejo que o consumia. Como ela era linda, pensou, com a luz do sol refletindo em seus cabelos e a alegria transbordando em seus olhos.Por dias, ele tentou se aproximar, buscando brechas em sua armadura, mas Cristina parecia evitá-lo a todo custo. No entanto, ele via nos olhos dela, fugazes e intensos, que o beijo trocado entre eles havia mexido com seus sentimentos, despertando uma chama que ela lutava para apagar. A viagem, pensou ele, seria um respiro necessário para tod
Os dois dias naquele paraíso em São Vicente fizeram que Cristina se divertisse como a muito tempo não fazia. Fernando a todo momento a fazia sorrir, ainda não tinha tido outro beijo entre eles, pois sempre alguém aparecia para atrapalhá-los. Um dia antes de voltarem para a cidade, Fernando esperou um breve momento a sós com Cristina para lhe falar algo. Correu e a puxou para trás de um quiosque que ficava próximo da praia.— Por que me puxou para cá, Fernando? — É que sei que não deseja que ninguém nos veja juntos, mas queria te comunicar que mais tarde te preparei uma surpresa.— Que tipo de surpresa? — Ela perguntou com curiosidade com uma pitada de ansiedade. Entretanto, Fernando somente sorriu antes de respondê-la:— Não vou estragar tudo que preparei para você. Espere, tenho certeza que adorará.Para a surpresa de Cristina, ele antes de sair quase que correndo, lhe roubou um selinho suave. Ela encostou suas costas próxima ao quiosque, como era maravilhoso se sentir assim, feli