Acordo incomodada. A raposa me observa sentada em minha barriga e me cutuca com a pata fofa entre os seios. Acorde! Parece dizer. Ela pisca os olhinhos marrons fixos aos meus e inclina levemente a cabecinha para o lado. Pisco para ela também, desnorteada com o despertar e ainda me sinto cansada, como se não tivesse dormido uma hora sequer essa noite. Talvez, não tenha dormido. Cortesia do pesadelo horrível que venho tendo há algumas noites.
Jogo as cobertas de lado e coço entre as orelhas de Pandora, que acata o carinho abanando a ponta do rabo foto. Meus pés tocam o chão e mesmo por cima do tapete felpudo o frio irradia pelos dedos. Abro uma pequena fresta da cortina e está escuro lá fora. A floresta dorme profundamente e as nuvens pesadas ameaçam uma tempestade a qualquer minuto. Faço uma careta para o sol que se recusa a esquentar a terra e pela ideia de que preciso sair para trabalhar. Gosto do que faço, mas ninguém merece ter que sair da cama com esse tempo instável e gélido.
Frio. Está frio, mas estamos no outono para a temperatura cair desse tanto. Olho as horas no relógio da mesinha de cabeceira e os ponteiros fazem seu tic-tac monótono marcando 5:30. Cedo demais. Por isso o sol não nascera.
Pondero comigo mesma se voltar para a cama é uma boa opção e logo decido que, na verdade, é péssima. Se voltar a dormir implica em mais pesadelos que arrepiam minha espinha e suam minha pele até molhar os lençóis, então não, muito obrigada. Mesmo estando nos últimos minutos da madrugada e uma enorme parte da cidade ainda dormir, visto uma calça legging preta, tênis de corrida e um top preto. Jogo um moletom azul pastel curto por cima – apenas para manter o calor enquanto preciso dele – e prendo os cabelos para o alto com um elástico.
Evito o espelho ao realizar as necessidades no banheiro, pois, sei o que encontrarei. Olheiras arroxeadas sob as pálpebras e olhos exaustos cheios de ansiedade e em estado de recuperação pós sonho ruim e noite horrível. Meus pesadelos são incomuns. As pessoas geralmente despertam deles, mesmo que na pior fase do sonho, mas eu não. Meu subconsciente me mantém presa e refém das cenas catastróficas que se repetem.
Sangue. Dor. Morte. Escuridão. Uma gigantesca repetição da guerra que causei, da morte dos meus pais e de centenas de feéricos. Do ódio e da fúria que se instaurou no reino depois disso e dos duzentos anos encarcerada nas profundezas do palácio até que a rainha decidisse ser o momento da punição. E então vem a parte do penhasco, do oceano, da morte que não veio para mim quando afundei. Eu deveria ter morrido naquele dia. Eu queria ter morrido naquele dia.
Meu olhar ganha foco e volto a escovar os dentes. Enxaguo a boca e por fim deixo o quarto com Pandora nos calcanhares. Permito esmaecer os pensamentos mórbidos a caminho da lavanderia no final do corredor, entro e agarro a coleira da raposa saltitante no chão. Fecho a porta do cômodo e a maçaneta da sala do Victor reluz a direita. Sinto o coração se apertar no peito e engulo em seco a falta que ele faz nessa casa e nessa cidade.
Ele era conhecido e amado por muitos, seu funeral estava cheio de médicos e pessoas importantes de Nova Orleans e nenhuma delas jamais soube sobre mim. Ele não permitiu que fosse assim, porque sabia como todos reagiriam sobre a filha adotiva estranha e talvez, ele fosse gentil e demasiado bom para me expor a tal coisa. Fui ao funeral, porém somente depois que todos foram embora e pude ficar sozinha com um corpo gelado e arrumado, pronto para ser incinerado e virar cinzas.
Eu nunca derramei uma lágrima. E isso é assustador.
Pandora arranha minha panturrilha, tirando-me do devaneio triste e sorrio para ela.
— Acalme-se, pequena. – Agacho para colocá-la na coleira e sou lambida na bochecha. — Prontas? – Pergunto como se ela fosse responder e obtenho um abanar de rabo alegre.
Saio para o ar livre e frio da floresta. A grama parece úmida e as plantas ao redor da fundação da casa tem gotículas de orvalho nas folhas e pétalas das flores. O cheiro de terra molhada, chuva e frescor dos pinheiros me abraça e conforta a mente perturbada dessa manhã.
Começo a correr pela margem da floresta onde o terreno ainda é plano e as árvores espaçadas. A raposa me acompanha, veloz como o vento batendo contra o rosto e invadindo os pulmões com o aroma floral e amadeirado. A visibilidade ruim faz com que eu tropece nas raízes altas e nas pedras grandes demais. As nuvens pesam, ameaçadoras acima da cabeça e trovões ressoam longínquos, avisando a todos da chuva em breve.
Ouço as batidas do coração, aceleradas a cada passo à frente, o sangue correndo pelas veias latejam nos ouvidos e sinto a pulsação na garganta. Os músculos da perna reclamam com o impacto, a força excessiva e imploram para que eu pare de usá-los. Meu corpo reclama por completo e luto contra cada instinto de parar. Preciso disso. Preciso do vento agressivo, das pernas doloridas, do pulmão a ponto de explodir. Preciso de cada uma dessas sensações para apagar as que me corroem. Sobrepor a culpa, o medo e a ansiedade que me devoram. Concentro todos esses sentimentos na respiração e inspiro e expiro, deixando sair tudo.
Só paro quando as veias pulsam na garganta, quando o sangue correndo ecoa em meus ouvidos, quando meus joelhos tremem e quase cedem. Pandora também para e sua língua está de fora. Tento controlar a respiração, inspirar e expirar, deter a dor do esforço e da falta de ar. Arfo com as mãos nas coxas e observo a raposa coçar uma das orelhas e sacudir a cabeça. Ela adora sair de casa, apesar de amar o conforto e o luxo do lar. É quando o instinto animal dela se liberta e aprendi dar esse espaço a ela. Todos devemos libertar a fera interior de vez em quando. Isso impede desastres mais do que podemos imaginar.
Quando volto para casa já são 6:30 da manhã. Quando saio do banho e desço pronta para o café são 7 horas. Alimento a raposa e me sirvo de uma torrada com geleia de framboesa e café puro. Reúno o restante das coisas entre chaves, celular e uma bolsa limpa e diferente da de ontem, já que essa continua suja com gotas secas do sangue de Noah. Merda, Noah. Lembro-me do que prometi a ele e reúno em uma caixa de papelão algumas ervas e outros itens para repor na sala dos fundos da floricultura, incluindo o necessário para o curativo do mortal. Em seguida, me despeço de Pandora, que se enrolou nas almofadas no sofá e tranco a porta da frente.
A chuva começa a cair na metade do caminho e uma neblina espessa toma conta da estrada, escondendo o caminho metros á frente e tornando o clima sombrio da floresta que cerca o caminho todo até as primeiras ruas civilizadas. Sigo para o centro e o trânsito está um caos com pessoas correndo sob seus guarda-chuvas, apressadas para sair do frio e da água gélida para dentro de um ambiente acalorado e seco. Como de costume, Nova Orleans recebe uma onda de turistas no outono para comemorar o halloween e eles abarrotam o quartel francês, tornando ainda mais eufórica a cidade do Jazz conforme o dia das bruxas se aproxima.
Estaciono às pressas e procuro as chaves da loja na bolsa, um pouco atrapalhada com a caixa em um dos braços. Mesmo acordando bem mais cedo do que precisava e saindo de casa a tempo, consegui me atrasar. Maldita chuva! Praguejo girando a chave na fechadura e empurro a porta com o ombro. Assim que entro, a fecho e viro a placa de aberto.
Encaro o interior parcialmente iluminado pela luz do dia e ascendo as luzes para complementar a iluminação. Suspiro ao notar um rastro de gotas escarlates ressecadas no chão, seguindo da entrada até a cortina de miçangas. Sei o que tem além dela. Sangue e uma bagunça que deixei ontem depois de salvar Noah. Respiro fundo para tomar coragem e começar os afazeres.
Limpar, organizar e limpar de novo. Uma hora depois todo sangue some e tenho panos sujos na lata de lixo da rua junto a caules de flores cortados, restos de papeis de presentes e fitas usadas. Também reponho o estoque na cristaleira e arrumo os papéis bagunçados da mesa. Ajeito a tiara trançada com meu próprio cabelo e os fios azuis que caem soltos do topo da cabeça e retoco o batom no espelho acima do aparador com a tequila – por sorte, não há sangue em mim dessa vez.
O sino da entrada toca e preparo um sorriso saindo da sala dos fundos.
O dia é produtivo e as vendas melhores ainda. Vendo rosas, orquídeas e peônias, alguns buquês com um misto de outras flores, ursinhos de pelúcia e laços gigantes em cestas de doces. Ligo para refazer pedidos de reposição entre um cliente e outro, confiro o relatório da semana de vendas e despesas antes de entrega-lo a Dáhlia.
Subo a pequena e estreita escada circular ao lado da minha sala pessoal e a porta vermelha com um olho mágico se ergue adiante. Empurro o relatório por debaixo dela. Não tenho permissão para incomodar Dáhlia durante os sábados, por isso sequer bato para anunciar que estou ali. Espero que ela tenha ficado dentro do apartamento e não saído para ver o desastre que deixei noite passada.
Quando desço de novo, um jovem menino entra acompanhado de uma criancinha loira e graciosa. Ela parece feliz e animada e ele tedioso e indiferente, talvez, até mesmo irritado por estar ali com a garotinha.
— Sejam bem-vindos! – Sorrio nos últimos degraus e vou até eles. O garoto me olha por um instante o suficiente para se assemelhar a um julgamento interno e depois olha ao redor, torcendo o nariz para a floricultura. — Desejam ajuda?
— Você tem, eu não sei... – Ele gesticula para as flores. — Quero qualquer uma delas. Tanto faz. – Completa dando de ombros e checando o celular vibrante com mensagens.
— Não, Ryan! – A criança solta a mão dele e abraça a girafa de pelúcia contra o peito. Um pequeno ser dentro de um vestido surrado e meias calças rasgadas. O cabelo loiro fino e caindo em cachos pelos ombros. — Não pode ser qualquer uma delas! Tem que ser uma especial. É para mamãe! – Ela pisca os olhinhos pequenos e azuis para mim e se aproxima. — O papai deixou a mamãe triste e eu e meu irmãozinho queremos deixar ela feliz.
— Chloe, calada. – O jovem reprende a irmã e revira os olhos enraivecidos. Depois, se volta para mim. — Ela não sabe o que fala.
Seguro seu olhar por um segundo franzindo a testa e tentando entender a bagunça que são esses dois. A vida deles não é do meu interesse, mas, por algum motivo, meu coração se aperta com desconfiança e pena da pequenina Chloe. Os pais provavelmente brigaram, ou pior, além de serem negligentes em relação aos filhos pelo estado das roupas mal cuidadas e ouso dizer da má educação; o irmão dela é um adolescente dominado pelos hormônios da fúria e egocentrismo. Sorrio para ela.
— Acho que eu tenho algo para você, pequena. – Digo e vou até um enfeite pronto com um botão de rosa e um ursinho branco com olhos negros envolvendo a flor. Mostro a eles e agacho perto de Chloe, que sorri de orelha a orelha. — O que acha?
— É lindo! – A voz fina e infantil parecendo uma melodia doce.
— De jeito nenhum! – Ryan nega balançando a cabeça e a puxa pelo pulso para longe do enfeite. — Por favor, Ryan! Tem um ursinho! A mamãe adora ursinhos! – Ela implora e ele persiste na decisão lançando a ela um olhar amedrontador para uma criança tão pequena e inocente. — Não, Chloe. Você adora ursinhos. As lagrimas brotam nos cílios loiros dela e tenho vontade de abraça-la e confortá-la, de dizer que o irmão dela é um babaca de merda que não sabe como cuidar de uma criança. Porém, por outro lado, ele não tem o dever de saber como cuidar de uma criança se ele não é o pai dela. E, por um terceiro lado, talvez, ele seja obrigado a tomar conta da irmã, porque os próprios pais lavaram as mãos. Fico imaginando cenários para a vida deles e nenhum deles é bom. Ryan percebe que estou presa em pensamentos enquanto os encaro e engole em seco coçando a garganta em voz alta. — Quanto custa? – Pergunta desviando os olhos para qualquer lugar exceto os meus
Deslumbrante. Fico deslumbrante dentro do vestido de franjas finas e douradas, esvoaçantes até metade das minhas coxas. É quase obsceno e curto demais se o tema da festa não fosse os sete pecados capitais escondidos por trás das máscaras. Uma simulação da realidade na Terra, sinceramente. Afinal, todos temos dentro de nós, ao menos um desses pecados, se não mais de um. Sendo franca com meu reflexo no espelho, a luxúria me cai bem. Ajeito as alças finas acima das clavículas graciosamente ressaltadas e iluminadas com o brilho suave de um pó luminoso que passei nos ombros e colo. Meus olhos estão opacos em sombra dourada suave, enquanto o batom marrom queimado chama toda a atenção para meus lábios cheios e contornados. O rosado demarca as bochechas coradas e os cílios alongados as sombreiam, junto a algumas mechas do cabelo, que caem em ondas naturais nas têmporas e nas laterais para esconder as pontas das orelhas. O restante delas estão presas no topo
Mesmo com os pés reclamando dentro do salto alto, começo a caminhas sobre as estrelas que ainda permanecem no céu, em direção à praça Jackson, na esperança de ter algum táxi passando por lá a essa hora. São seis quadras, virando a segunda à direita e depois reto até o fim. A cidade dorme e as ruas estão solitárias, apenas um ou dois carros nos semáforos. Um terceiro parece diminuir a velocidade ao se aproximar e acompanhar meus passos. O vidro do Sedan preto se abaixa revelando a inveja. Ele sorri abaixando a visão para conseguir me ver. — Quer carona? – Pergunta e sigo andando. Sorrio negando com a cabeça, surpresa pela abordagem, mas não tanto assim. — Sabe, é perigoso para uma dama indefesa andar sozinha por essas bandas a essa hora. — Quem te disse que sou uma dama indefesa? – Retruco olhando para o horizonte, para o meu destino final e para a lua que paira nas nuvens entre a arquitetura velha e francesa dos cortiços. — O carro não é bom o bastan
Domingo são dias esquisitamente lentos para mim. Talvez, por que não trabalhe ou sequer saia de casa para alguma coisa. Na verdade, sequer saio da cama para qualquer coisa, apenas para comer e ir ao banheiro quando meu estômago ameaça me trucidar de fome ou minha bexiga ameaça estourar. Essa manhã não foi diferente. Acordo com Pandora enroscada no espaço entre a cintura e o braço, um ninho perfeito nos lençóis cheirando a amaciante. Ela ainda dorme e ronca baixinho pelo focinho quadrado, uma bolinha de água se forma em um dos orifícios e sorrio com o feito. São 12:30 segundo os ponteiros do relógio na cabeceira. Praguejo levando um dos travesseiros ao rosto e afundo nas plumas macias em um suspiro. Lembranças da noite barra madrugada retornam à mente e repasso o que restou – as partes que o álcool permitiu que ficassem – as têmporas latejam. Lembro-me de dançar até quase cair, de flertar com o barmen de pele bronzeada e olhos amendoados. Ta
— Confesso que achei... Curiosa sua escolha de lugar quando vi a mensagem. – Paro na plataforma, um pequeno espaço quadrado na troca de lances da escada, mas só porque ele para também, o que me força a estacar ali. Noah me encara com diversão no olhar e o sol se esconde detrás das nuvens, levando a luz que ilumina o verde das irizeis e o calor que aquece nossa pele. Dou de ombros. — O que? — Curiosa é sinônimo de esquisita — Não é não. – Retruco. — Nesse caso é. Ele volta a subir os degraus para o segundo andar do prédio e abre uma das janelas como se soubesse que está aberta. Sigo seu olhar, uma ordem para que eu passe pela abertura e franzo a testa ao hesitar. — Pedir que eu use a janela, ao invés da porta – Troco o peso de uma perna para a outra cruzando os braços. — Isso, é esquisito. — Tenho cara de psicopata? — Psicopatas não tem cara de psicopatas e eu mal conheço você. – Argumento. Analiso o ro
Desço os lances de escada, atravesso a rua para o carro e realmente faço compras de halloween. Compro abóboras para entalhar, chocolates, balas, caramelos e pirulitos, guirlandas de folhas de outono para as portas e luzes pisca-pisca em roxo e laranja com mini morcegos pendurados para os arbustos na entrada da casa. Paro para comer um pretzel no meio da tarde junto a um chocolate quente. Também compro outros mantimentos no mercado para repor nos armários da dispensa e são quase oito da noite quando desligo o motor no meu gramado. Pandora pula em mim ao abrir a porta e quase que as sacolas vão ao chão. Recobro o equilíbrio e despejo tudo no balcão ilha da cozinha. Agacho-me e pego a raposa no colo, acariciando entre as orelhas. — Está acordada, pequena? – Ela pisca e vejo o potinho de comida vazio. — Está com fome, certo? Com Pandora ainda nos braços, sirvo frutas vermelhas com certa dificuldade em fazer com que elas caiam dentro do porte e então, a d
Assim que ficamos seguros dentro da casa, ajudo o feérico a se apoiar no balcão ilha e corro para o escritório de Victor. Depois que ele morreu, suas coisas continuaram intactas, pois, não consigo arrumar uma razão para mexer em suas gavetas cheias de históricos de pacientes antigos, ou, nas cristaleiras com seus instrumentos e remédios. Para que me livrar se algum dia essas coisas serão úteis? São úteis agora. Penso evitando respirar muito profundamente e inalar o forte cheiro de sangue grudado em minha camiseta pijama. Tal pensamento me leva a concluir que eu estou um tanto indecente para receber visitas, ainda mais inesperadas. Ignoro minha consciência e vergonha, já que se fosse eu quem estivesse sangrando, com certeza, deixaria passar batido o fato de ter pernas demais a mostra. Pego gaze e alguns objetos de uma sutura que Victor me ensinou a usar em uma chuvosa tarde de sábado quando abri um corte na cabeça ao bater em uma das pedras no lago. Na teoria
A irmã traidora de Duvessa. Engulo o bolo na garganta ao saber como sou conhecida agora e que todos sabem sobre mim, sabem que sobrevivi a queda do penhasco e sabem que estou viva no mundo mortal. Prefiro nem saber o que mais sabem sobre mim em Illinea. — Como descobriram que sobrevivi? – Tento controlar a tremedeira que retorna aos dedos e aumentam a pressão com que espalho a pasta na pele inflamada. — Por que estão me procurando? — Digamos que o reino sofreu mudanças drásticas. – Terence suspira e saio detrás dele, abandonando o recipiente no balcão. Agarro uma das faixas de ataduras e a desenrolo pela metade, já a enrolando no corpo dele, sobre o machucado. — Sua irmã se revelou uma traidora. Pisco perplexa com a revelação e arqueio as sobrancelhas. Encaro as irizes douradas congelando a última volta da bandagem ao redor das costelas. Percebo que ele se esquiva da pergunta, mas minha curiosidade é maior ainda em relação a Duvessa. — O que