Megan ainda parecia desacreditada com tudo que estava acontecendo e com o problema no qual havia se metido. Era pedir demais continuar vivendo sua vida pacata? — Preciso levá-lo agora. Quanto mais eu demorar para buscar tratamento, maior será o risco. Posso pedir que mais dois homens que estão lá fora entrem? — ele pediu, respeitoso, já que a casa era dela. Incapaz de responder com palavras, Megan apenas fez um leve gesto com a cabeça, concedendo sua permissão. Caio dirigiu-se à porta e sinalizou para que dois homens entrassem. Assim que chegaram, ele foi direto: — Benjamim está no sofá e está ferido. Peguem-no com cuidado e levem para o carro. Eu vou em seguida. Os dois homens obedeceram sem hesitação e carregaram Benjamim cuidadosamente para fora. Assim que eles saíram, Megan pareceu recobrar a lucidez e se aproximou de Caio.— Aqui está o celular dele. Caio pegou o aparelho, lançou um olhar para Megan, que ainda parecia assustada, agradeceu e reforçou o pedido: — Obrigado por
Andrew se aproximou de Caio, cruzando os braços enquanto fazia a pergunta que ele já esperava. — Já vimos que meu irmão está bem. Agora, explique como isso aconteceu. Caio respirou fundo, o incômodo evidente em sua voz enquanto tentava se justificar: — Eu não estava com ele no momento. Deixei-o no apartamento da Harper. Ele disse que teriam um encontro para comemorar o aniversário deles. — A culpa parecia pesar em cada palavra. Andrew estreitou o olhar, a irritação transparecendo: — Ele sabe que tem inimigos e insiste em sair sozinho. — Seu irmão é bom com armas e com os punhos, você sabe disso. — Caio manteve a firmeza enquanto levantava suas suspeitas. — Mas acredito que ele caiu em uma armadilha. Para capturá-lo dessa forma, só se ele estivesse com a guarda baixa. E, se estava com Harper, como já aconteceu antes, é compreensível que baixasse a guarda. Caio não confiava em Harper. Ele nunca gostou dela. Já a flagrara sendo rude com os funcionários, embora mudasse completament
Megan acordou bem depois do meio-dia, ainda sentindo o peso do cansaço. Talvez todas as mudanças recentes em sua rotina tivessem drenado suas energias. Depois de um banho, decidiu comer fora. Precisava respirar um pouco de ar fresco e se afastar de tudo. Sempre que passava pela sala, a imagem de Benjamim deitado no sofá a assombrava. Megan queria apagar de sua memória a experiência no hospital, assim como aquele cenário familiar que agora parecia estranho.Enquanto se organizava para sair, ela não fazia ideia de que os dois lados da confusão em que se envolvera estavam focados no mesmo objetivo: descobrir sua verdadeira identidade. Se ao menos suspeitasse disso, estaria em pânico naquele momento.Antes de sair, Megan inspecionou cuidadosamente o visor do interfone e as câmeras externas para se certificar de que não havia ninguém à espreita. Com o coração ainda acelerado, trancou as portas, entrou no carro e abriu o portão. Partiu rumo à avenida, sem notar a moto estacionada próximo à
Benjamim despertou lentamente, piscando para ajustar a visão enquanto analisava o ambiente ao seu redor. Ele se lembrava de estar na casa da mulher que o ajudou, mas percebeu que já não estava mais lá. Agora estava em outro lugar. Seus olhos recaíram sobre o braço, onde viu o cateter conectado a um soro. Foi nesse momento que percebeu estar em uma clínica ou hospital. Levantando o olhar, avistou Caio sentado em uma cadeira próxima, os olhos fixos em algo no iPad. Ele parecia tão concentrado que nem notou que Benjamim havia acordado. — Muito trabalho ou está vendo pornografia? — provocou Benjamim, arrancando Caio de sua concentração. Caio ergueu os olhos do iPad, surpreso, e se aproximou da cama. — Como você está se sentindo? — perguntou, com um tom genuinamente preocupado. — Como alguém que levou um tiro — respondeu Benjamim, esboçando um meio sorriso. — Pelo visto, está bem. Já está até fazendo piadas. Mas, falando sério, está mesmo se sentindo bem? — insistiu Caio, com o
Melinda entrou e a abraçou, deixando as lágrimas rolarem. Megan, sem entender o que estava acontecendo, fechou a porta com um leve empurrão e retribuiu o abraço.— Linda, o que aconteceu? Por que está chorando assim? Você está me assustando — perguntou, visivelmente preocupada.Melinda afastou-se lentamente, enxugando as lágrimas, e puxou Megan em direção ao sofá. Sentou-se e começou a explicar:— Não tivemos a oportunidade de conversar direito no hospital. Eu esperava fazer isso depois do expediente, mas toda aquela loucura aconteceu... Agora estou aqui. Me desculpe por vir sem avisar.— Ei, não precisa pedir desculpas. Sabe que sempre estarei aqui por você. — Megan a consolou, enxugando uma lágrima que ainda descia pelo rosto da amiga. — Agora, me conte o que aconteceu.— Depois que você saiu da festa, chegamos a cantar os parabéns. Eu tentei manter a calma, achando que poderíamos conversar direito, mas acabamos brigando novamente.Naquele momento, Megan compreendeu que o assunto er
No movimentado hospital particular no centro de Seattle, Megan Davis acabara de terminar mais uma cirurgia e voltava para seu escritório. O desânimo e o cansaço eram evidentes em sua expressão, mas, acima de tudo, o que mais pesava era ter que trabalhar com seu ex-namorado e a atual namorada dele. Assim como Megan, Lucas era médico e trabalhava no mesmo hospital e, naquele dia, estavam no mesmo plantão. Ter que ver Lucas quase todos os dias e, em alguns momentos, acompanhado de sua nova namorada era, no mínimo, torturante. Ela parou seus passos quando o viu passar sorrindo, enquanto conversava com a namorada.— Quando vai superar? Até parece que gosta de sofrer — falou Melinda, chamando a atenção de Megan.— Acha mesmo que não quero superá-lo e seguir em frente, Linda? Isso é tudo o que eu mais quero, mas você sabe como esse término me deixou insegura. Você, melhor do que ninguém, sabe das palavras que ele usou quando terminou comigo — murmurou Megan, enquanto voltavam a caminhar.—
Quando Megan se aproximou da cozinha, ouviu vozes alteradas. Uma delas era inconfundivelmente de Melinda. Reconhecendo a voz da amiga, Megan apressou-se na direção de onde parecia estar acontecendo uma discussão. Ao entrar na cozinha, deparou-se com Ivan e Melinda discutindo acaloradamente. Embora não prestasse atenção a todos os detalhes da conversa, ficou claro para ela que o motivo era ciúmes.De repente, Ivan empurrou Melinda, que bateu contra o balcão. Ao ver sua amiga ser agredida, Megan sentiu uma onda de coragem surgir de um lugar que nem sabia existir. Sem hesitar, ela interveio. Empurrou Ivan e ergueu a voz:— Que merda você pensa que está fazendo? Você não tem o direito de encostar nela! Você não é pai dela, Ivan, é só o maldito namorado!Megan não era do tipo que confrontava as pessoas, especialmente quando se tratava de si mesma. Mas, quando o assunto envolvia aqueles que amava, tudo mudava num piscar de olhos. Ela também não costumava xingar, mas naquele momento, aprovei
Megan chegou em casa, mas não conseguia tirar Melinda da cabeça. A preocupação com a amiga naquela festa, principalmente com o que Ivan pudesse fazer, a consumia. Assim que guardou as chaves, mandou uma mensagem para Melinda e decidiu que só ficaria tranquila quando obtivesse uma resposta.Enquanto esperava, sentiu o corpo tenso. Seus olhos vagaram até o pequeno bar da sala, e ela resolveu beber algo. Sentia que merecia; e precisava, daquilo. Escolheu um vinho, serviu-se e voltou ao sofá. Com o celular nas mãos, Megan olhava ao redor e, pela primeira vez em muito tempo, reconheceu sua solidão. Essa era sua rotina ultimamente: sair do hospital e voltar para casa. Sua vida parecia completamente desprovida de emoção; algo que Lucas fez questão de jogar em sua cara no término.Inquieta, levantou-se e se aproximou do espelho no aparador. Estudou seu reflexo. Era uma mulher morena, alta, com um e setenta, cabelos lisos e olhos castanhos. Sim, podia se considerar bonita, mas sabia que certos