Neal Sullyvan
Em busca dos Sonhos
Boston, Anos atrás.
— Damon, avise a tia Elizabeth que estou me mudando, arrumei um lugar que posso pagar e que fica próximo do meu trabalho. — Digo e não espero pela resposta do mauricinho do meu primo, saio batendo a porta, seguindo meu caminho.
Não sou nenhum ingrato, só que você não faz ideia do que tive que suportar esses seis meses em que apenas dormi nessa casa, mas espera que vou te contar.
Quando vim morar aqui em Boston eu já estava bem perto de completar meus dezoito anos, só faltavam mais seis meses e na semana passada, mais precisamente dia 27 de outubro, tornei-me um homem adulto e hoje eu me presenteei, enfim, aluguei o meu cantinho. Mais um sonho realizado. Só assim eu vou poder enfim ter sossego para poder estudar e conseguir concluir minha faculdade.
Meu nome é Neal Farrell Sullyvan, tenho hoje dezoito anos e, a pouco mais de seis meses fui aceito na Universidade de Harvard onde estou cursando engenharia civil.
Com muito esforço e determinação consegui uma bolsa de estudos que está me proporcionado a realização desse sonho, mas para isso eu preciso estudar muito, pois se eu não obtiver notas excepcionais, correrei o risco de perder tudo que tanto lutei para conseguir. Ser aceito em Harvard é mais do que um dia eu pude sonhar, pois sei que aqui só entra os melhores.
Sou o filho mais velho de um casal simples, porém batalhador. Minha mãe é enfermeira e o meu pai é motorista particular e, mesmo vivendo no aperto, enfrentando dias bons e dias difíceis, eles nunca deixaram nada nos faltar. Mas mesmo assim, mesmo nunca antes tendo passado fome ou qualquer outra necessidade, quero poder dar uma vida melhor para ambos, assim como também, quero dá uma vida melhor para meus irmãos.
Meu irmão Erick, tem apenas quinze anos e já sonha com o dia em que ele próprio estiver indo para faculdade, já minha irmã Bianca, essa tem apenas treze anos, ainda é nossa menininha e tenho uma forte impressão que nunca deixará de ser.
Sai da minha cidade, deixando lá a minha família, mais com fé e força de vontade eu sei que vou conseguir conquistar meus objetivos, que é um dia, ser um grande engenheiro. Quero poder construir, não só os meus, como também os sonhos, de muitas pessoas. Não quero construir apenas prédios grandes e luxuosos, quero também tornar possível o sonho de muitas pessoas simples, como meus pais, como eu e meus irmãos. Quero poder realizar o sonho dessas pessoas tão simples, e batalhadoras, que sonham em um dia, ter sua casa própria.
Para seguir o meu sonho também deixei para trás minha namorada. Não sei se vamos conseguir levar nosso relacionamento em frente morando tão longe um do outro, afinal somos jovens e um relacionamento a distância para dois jovens não sei se é o mais prudente. Porém de minha parte, honrarei esse compromisso, pois amo a Thaís e, apesar de algumas vezes, ela me irritar com sua ideia estapafúrdia como a de que deveríamos ter nos casados antes que eu viesse para Boston, confesso que não sei o porquê ela acha que um casamento possa mudar alguma coisa. Como se para eu honrar o meu compromisso com ela, precisasse está casado.
Eu a amo e a respeito, não preciso me casar para poder ser fiel, tenho um compromisso com ela e assim manterei. Minha estadia em Boston é apenas para meus estudos e não para curtição e Thaís precisa compreender isso e aprender a confiar em mim assim como eu confio nela, pois isso sim é importante. Confiança.
Ela cisma em dizer que eu a estou enrolando, me veio com chantagem dizendo que já namoramos a dois anos e que está na hora de darmos o próximo passo, chegando a me insultar dizendo que eu não quero me casar porque não a amo, o que me irrita muito, pois eu a amo sim, mas com essas brigas e com a distância, não sei se nosso amor será forte o bastante para suportar.
O amor é como uma planta. Ele precisa ser regado e cuidado. Precisa de confiança assim como a planta precisa do sol. Eu estou tentando, só espero que ela também faça o mesmo.
Sorrio lembrando do que Erick disse quando lhe contei sobre essa exigência da Thaís.
"Vai ver irmão, a água oxigenada que ela usa nos cabelos danificou o cérebro".
Meu irmão não perde uma oportunidade. Não sei o porquê e ele não faz questão de esconder que não suporta a Thaís.
Só que as vezes chego a pensar que ela não pensa direito, afinal, como eu poderia me casar aos dezessete anos, sem ter uma profissão, sem ter um emprego?
Eu poderia viver como muitas pessoas, trabalhar por um salário, construir minha família e viver pagando hoje o que comeu ontem. Só que esse não sou eu. Não tenho nada contra a quem decide, ou, por ironia do destino acaba vivendo assim, o que é o caso dos meus pais. Só que eu quero mais. Eu tenho um sonho e por ele eu vou seguir em frente. Só se eu fosse louco largaria tudo que tanto ralei para conseguir. E louco eu te garanto, eu não sou. Sei muito bem o que quero e o que preciso para crescer na vida, e casar nesse momento, não é uma delas.
Se eu pretendo me casar um dia? Com toda certeza, sim. Quando eu estiver formado e estiver de fato trabalhando, sendo capaz de cumprir com as obrigações de um dono de casa.
Com muito sacrifício, trabalhando nas minhas horas vagas, ainda quando estava em Seattle, aproveitando os trabalhos temporários que vez ou outro surge na cidade e muitas vezes sendo servente de pedreiro nos finais de semana, conseguir juntar um dinheirinho para poder me manter aqui em Boston pois não vou pedir a meus pais. Sempre procurei trabalhar e ter meu dinheirinho para quando quisesse comprar um sorvete ou até mesmo uma roupa para usar. Imaginava que precisava ter algum dinheiro de reserva enquanto tentava conseguir algum emprego para que eu pudesse pagar meu cantinho e minha alimentação afinal, não dá para contar com a sorte nunca e o que eu trouxe não era muito, logo iria acabar se não começasse a repor.
Meus pais, não tem o suficiente nem para eles e meus irmãos, muito menos para me mandar, apesar de saber que eles arrumariam se acaso eu chegasse a precisar o que farei o impossível para não acontecer.
Quando recebi a carta dizendo que eu tinha sido aceito em Harvard cheguei a pensar em não aceitar pensando justamente nessas dificuldades, minha aceitação foi tardia pois foi uma das últimas universidades que me inscrevi o que me fez perder o lugar em um dos alojamentos da faculdade, mas minha mãe não me deixou desistir e para isso, ligou para tia Elizabeth, sua irmã, pedindo-lhe para que eu morasse com ela durante meu tempo na faculdade, uma situação que não deixou ninguém feliz.
Minha tia é um ser esnobe e arrogante demais. Não consegue ser generosa nem mesmo para ajudar um sobrinho, mas mesmo sem vontade, disse sim.
Eu não pretendia ficar em sua casa por muito tempo e por isso fiz de tudo para juntar o máximo de dinheiro possível antes de me mudar, esse foi mais um motivo para fazer tantos bicos e trabalhar feito um louco, pois assim que a oportunidade aparecesse de eu poder pagar um lugar não muito caro onde eu pudesse me manter, de sua casa eu logo sairia sem nem olhar para trás.
Assim que cheguei a Boston fui logo conhecer a Universidade e também procurar saber sobre vagas de empregos nas redondezas, o que uma semana depois, graças ao meu bom Deus eu consegui um emprego de garçom em um dos restaurantes bem próximo a faculdade, trabalhando durante o dia com um horário corrido o que me deixa tempo para estudar e a noite eu vou para faculdade.
Decidi que precisava juntar alguma quantia antes de me mudar e além do mais, nenhum dos lugares encontrados para aluguel coincidia com o que eu poderia pagar, por isso tive que suportar alguns meses a mais do que pretendia vivendo naquela casa.
No período em que fiquei na minha tia eu apenas dormia, passava todo o tempo livre estudando em alguma biblioteca ou na própria Universidade já que estudar em casa era praticamente impossível.
Comer em sua casa, era coisa rara pois nunca tinha comida para mim e assim foi durante o tempo que morei lá do qual ao meu ver foi um tempo muito longo. Ainda não consigo entender o porquê dela falar para minha mãe que eu poderia ficar em sua casa, se ia me tratar como a um leproso.
Muitas vezes cheguei da faculdade com vontade de fazer um lanche, mas acabava indo para cama só na vontade, pois isso sempre esteve fora de cogitação já que eu fazia de tudo para evitar gastar alguma coisa daquela casa. Eu nunca falei nada para meus pais e nem vou falar pois quero muito concluir minha faculdade a qual estou apenas começando. Então eu sempre procurei me alimentar pela rua ou no restaurante onde consegui trabalho.
Foram os piores seis meses da minha vida, até que consegui alugar meu cantinho.
É apenas uma kitchenette que ficou vaga e como Deus é maravilhoso tive muita sorte pois fica bem próximo do meu trabalho, além de estar dentro das minhas condições. Não pensei duas vezes antes de fechar o contrato com o proprietário e enfim poder me mudar. Já sabia como era o lugar pois um outro rapaz que também trabalha comigo mora em uma outra kitchenette que fica no andar de baixo.
O aluguel é bem em conta e, o lugar já estava tudo pronto com um sofá cama e uma pequena estante onde logo pensei nos meus livros, além de uma cômoda onde poderia guardar minhas roupas melhor do que na minha mala, na cozinha tem armários, fogão e uma geladeira, a lavanderia fica no andar de baixo onde todos os inquilinos podem usar, já o banheiro, não e tão grande, mas é o suficiente o que para mim já era o bastante. Só em não ouvir mais todos os dias minha tia chorando mísera querendo dinheiro para ajudar nas despesas como se passasse fome a qual eu fingia não ouvir já que nem um prato de comida ela me dava em troca, eu disse para mim mesmo que ali era meu paraíso.
E assim eu fiz.
Foi a melhor sensação da minha vida.Liberdade, paz e sossego.Neal SullyvanDepois que resolvi tudo com o proprietário e peguei minhas chaves fui para a casa da minha tia chegando lá como sempre, encontrando meu primo jogando vídeo game, jogado em um sofá com uma caixa de pizza vazia do seu lado e algumas garrafas vazias de cerveja. Passei pelo mesmo sem nem olhar de lado indo direto para o pequeno quarto que fica em baixo da escada pois esse foi o único quarto que tiveram coragem de me colocar como se eu fosse vassoura.Respiro fundo juntando minhas roupas e livros. Colocando tudo o que cabe na minha mala e o resto em uma caixa de papelão. E assim de lá sai passando por Damon que continuava largado no sofá onde eu apenas lhe comuniquei da minha mudança sem nem esperar por sua resposta, deixando-o com os olhos arregalados para mim como se tivesse vendo um fantasma.Que fique aí no seu sofá, seu babaca! Graças a Deus eu tenho disposição, saúde e força de vontade. Escolhi vencer na vida e sair dessa casa faz parte disso.***Boston, Faltam poucos
Seattle residência dos Sullyvan.Neal SullyvanChega o dia da comemoração e aqui estou eu em Seattle, na casa dos meus pais, onde minha mãe e meu pai querem comemorar a formatura do seu primeiro filho, infelizmente minha tia e cia, também estão presentes já que é família.Eu não suporto meu primo Damon, ele é metido, arrogante e se acha, não respeita ninguém e quer ser melhor que os outros. Não passa de um babaca preguiçoso e invejoso, que quer as coisas fácies, já mudou de curso três vezes e tenho quase certeza que nunca vai se formar, já que é o tipo de pessoa que acha que dinheiro dá em árvore. Tenho é pena de tio Robert que se mata de trabalhar para dá a boa vida aos filhos e a esposa. Mas bem que ele é culpado por isso. Deveria dá um basta nessa situação e não alimentá-la dando sempre o que eles querem.Já estou com tudo pronto, não contei nem para Thaís ela só reclama por atenção e essa semana foi uma correria para organizar tudo pois viajo domingo. Ela continua insistindo no ca
Neal SullyvanQuando abro a porta do meu quarto que vejo a minha namorada, de quatro, com meu primo por trás segurando seus cabelos, chamando-a por palavras obscenas, enquanto a tomava feito um desesperado, meu sangue ferve em minhas veias.— Isso Damon, com força! Assim... — Fala a ordinária, miando e gemendo com o rosto enterrado em meu travesseiro enquanto é tomada por Damon. Eu não consigo acreditar no que vejo!MAS O QUE É ISSO? Minha namorada de quatro, sendo tomada por meu primo, enquanto grita como uma felina e para completar, estão no meu quarto!— Isso gata! Toma sua safada. — Berra, Damon gemendo. — Empina esse rabinho pra mim, vai sua cadela, isso, empina esse rabo gostoso.Por dez segundos eu observo a cena sem poder acreditar no que estou vendo. Acho que meu sangue subiu todo para minha cabeça pois meus ouvidos estão zunindo e estou sentindo meu rosto esquentar.— THAÍS! — Grito com fúria.— Neal! — Thaís me encara com surpresa, atreves do espelho na parede oposta, sua b
Neal Sullyvan— Estou falando dos dias que passei na casa da minha querida titia Elizabeth. Não foi mesmo titia! Quantas vezes eu cheguei do trabalho e tinha pelo menos um pão com ovo para mim jantar para poder ir para a faculdade? Quantas vezes eu cheguei da faculdade e encontrei um prato com alguma comida para mim dentro do micro-ondas? Em titia? Nunca! Mas reclamar a todo tempo dos gastos e que o dinheiro não dava para nada, isso eu ouvia muito desde quando comecei a trabalhar. Foi por isso que assim que consegui um cantinho eu fui embora da sua casa. E quer saber? Foi a melhor decisão que tomei. Aí agora porque o garçom metido a engenheiro, o pobretão, conseguiu um bom emprego, vocês já estão de olho, querendo uma fatia do bolo. Bando de interesseiros! Filhos de uma puta! Vão se ferrar!— Meu Deus, Elizabeth! — Minha mãe fica em choque olhando para a irmã que nesse momento me olha com raiva.— E porque não nos avisou meu filho? — Pergunta meu pai com o rosto triste ao olhar para m
Neal SullyvanHá sete anos saí da minha cidade em busca de um sonho. Um sonho que consegui apesar dos muitos desafios, realiza-lo. Agora sete anos depois, estou pronto para voltar.A saudade é grande, pois, durante todo esse tempo, só tenho conversado e visto minha família através do Skype. Meu irmão Erick, já está noivo, e vive me cobrando para ir fazer uma visita para eles, mas só vou voltar quando resolver tudo que quero.Durante todos esses anos, trabalhando sem parar eu economizei muito dinheiro, e com algumas aplicações, aqui e ali, hoje estou preparado para abrir minha própria empresa e ser dono do meu próprio negócio. Mais um sonho, que se Deus quiser, também vou realizar.Me sinto curado, renovado, e preparado para voltar. Nada e nem ninguém me intimida mais. Hoje, eu não sou mais aquele de quem zoavam por ser pobre, bolsista e garçom. E nem tão pouco o corno que foi traído em sua própria cama. Hoje eu sou mais eu.Você pode me perguntar, e a diversão Neal? Posso te responder
Neal SullyvanConversamos por muito tempo sobre como passei esses anos e também como eles passaram. Também conversei com Erick sobre a minha empresa e não vejo a hora de começar a trabalhar e colocar em prática todos os meus projetos.Minha mãe nos chama para o jantar e continuamos conversando.Deus, como senti falta deles! Combinamos de na manhã seguinte ir ao prédio onde vai ser minha empresa para que eu possa ver como estão as coisas.— Pai, amanhã vai chegar um homem que vai trabalhar comigo, ele trabalha como segurança e vai ser meu motorista, o nome dele é Michael Bennett, vocês podem chama-lo de Bennett. Ele é muito sério, mais é uma pessoa de confiança, sua cara séria apenas faz parte de seu modo de vida, ele é um ex fuzileiro.— Para que diabos tu queres um ex fuzileiro como motorista? — Pergunta Erick.— Por que preciso, Erick, ele vai contratar o restante do pessoal para cuidar da segurança da casa e no decorrer do tempo, vou ver se vou precisar contratar guarda-costas para
Melinda WatsonArquiteta e designer de interiores, essa é minha profissão. Sou filha única de Samuel Watson e Ava Watson. Duas pessoas simples, porém de um coração grandioso. Meu pai é agricultor e minha mãe, doméstica. Bom, na verdade, eles eram, pois, depois que comecei a ganhar meu dinheiro, pude dar um descanso para eles. Hoje eles têm uma chácara onde meu pai cuida de alguns cavalos, pois segundo ele, não consegue morar na cidade. Mas minha vida não era tão fácil assim.Ralei muito para chegar até aqui. Sempre fui estudiosa e aos 16 anos, já estava indo para a faculdade. Graças a minha vontade de ter uma vida melhor do que a dos meus pais, eu estudei muito, e com isso consegui uma bolsa de estudos integral, só que infelizmente não era na minha cidade e quando muito triste falei para os meus pais, eles logo decidiram que, mesmo assim eu iria, com o que eles ganhavam dava para pagar um lugar para mim, e assim fizeram.Logo me mudei de Portland para Seattle, e lá com muito sacrifíci
Melinda WatsonCinco Anos Atrás.Estou com vinte anos, minha vida tem sido estudar e ultimamente estou estagiando, fazendo alguns trabalhos de arquitetura e isso tem me ajudado bastante, pois, minha mãezinha não precisa mais me ajudar, com isso ela diminuiu as faxinas, já que ela tinha saído da casa da senhora Flores.Há uns três meses encontrei uma prima minha que veio transferida para Seattle e está estudando na mesma faculdade. Ela é sobrinha do meu pai, a minha tia mãe dela, faleceu vítima de um acidente de carro junto com o esposo quando Karoline ainda era criança. Ela foi criada pelos avós, os pais do pai dela, que faleceram à, alguns meses e com isso, ela não quis mais ficar em Denver e pediu transferência para Seattle. Nós sabíamos da existência uma da outra, porém não tínhamos muito contato, mas agora que nos encontramos viramos irmãs.Ela me chamou para sair, vou com ela pois amanhã não trabalho e também os trabalhos da faculdade estão tudo em dia.Termino de me arrumar e lo